O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira, 24, a atuação de seu governo nos incêndios que se alastraram pelo País, mas admitiu a necessidade de o governo federal fazer mais contra a crise climática. Durante a abertura do Debate Geral da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o petista disse que o Palácio do Planalto “não terceiriza responsabilidades”.
A gestão federal tem sido alvo de críticas diante do avanço da seca e da escalada de incêndios nas últimas semanas - o governo tem sido alertado sobre os riscos desde o início do ano, conforme mostrou o Estadão. Na Amazônia e no Pantanal, o número de queimadas bateu recorde no 1º semestre. Já a estiagem é a mais grave em sete décadas, desde o início das medições federais.
O discurso de Lula destacou as mudanças climáticas. O presidente afirmou que seu governo também luta contra quem “lucra com a degradação ambiental” e criticou o garimpo ilegal e o crime organizado.
“No Sul do Brasil, tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo País e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto”, disse Lula.
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“O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer muito mais”, emendou o petista.
Lula disse que o Brasil reduziu o desmatamento na Amazônia em 50% no último ano e prometeu erradicá-lo até 2030. O presidente defendeu que não é admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas e outras comunidades tradicionais.
“Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada na bioeconomia. O Brasil sediará a COP-30 (a Cúpula do Clima da ONU, que será realizada em Belém) em 2025 convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a mudança climática”, disse.
“Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada (a NDC, metas de corte de emissões de gases estufa apresentadas por cada um dos países) será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC”, disse.