Mancha de poluição do Rio Tietê avança mais de 40% em um ano, diz estudo


Monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica aponta que sujeira se estende agora por 122km; Estado anuncia nesta quinta programa de mais de meio bilhão de reais

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

O Rio Tietê amargou mais um avanço na sujeira de suas águas entre 2021 e 2022. A mancha de poluição em um ano aumentou mais de 40%, passando de 85 quilômetros para 122 quilômetros nos 55 pontos de medição em sua bacia, conforme monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica. No mesmo período, a extensão da água de boa qualidade despencou de 124 quilômetros no ano passado para 60 na atual medição.

Entre os motivos da perda de qualidade da água estão a transferência de sedimentos contaminados acumulados no reservatório de Pirapora do Bom Jesus para o Médio Tietê. Segundo o relatório Observando o Tietê 2022, esses sedimentos com altas cargas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) carregam remanescentes de esgotos e de fontes difusas de poluição, como lixo, agrotóxicos, fuligem de carros, entre outros.

Em julho, o Rio Tietê amanheceu coberto por uma espuma tóxica, no trecho que passa por Salto (SP) Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO CONTEUDO

Gustavo Veronesi, coordenador da Mata Atlântica, diz que a retomada da atividade econômica após dois anos da pandemia de covid-19 também entra nessa conta, mas não pode ser encarada como a única responsável pelo aumento. “Mesmo na pandemia, as pessoas continuaram gerando esgoto doméstico, as produções agrícolas continuaram acontecendo, mas, sim, ter mais pessoas na rua gerando poluição difusa que acaba indo para o rio contribui para o avanço da poluição”, afirma.

Em 2021, a pandemia prejudicou a medição, que é feita por grupos voluntários ao longo da bacia do Tietê. “Antes da pandemia, tínhamos mais de cem grupos nas bacias do alto e médio Tietê e que agora estão voltando”, diz Veronesi.

O monitoramento foi realizado por 35 grupos voluntários da SOS Mata Atlântica, entre setembro de 2021 e agosto de 2022, ao longo de 576 quilômetros do rio, desde a nascente, em Salesópolis, até a jusante da eclusa do Reservatório de Barra Bonita. O Tietê se estende por 1.100 km de sua nascente à foz, no Rio Paraná.

O relatório divulgado nesta quinta-feira, 22, quando é lembrado do Dia do Rio Tietê, e que não dá muitos motivos para comemoração, faz parte do projeto Observando os Rios, que conta com o apoio da Ypê. Dos 55 pontos de coleta, distribuídos por 31 rios da bacia, 34 estão situados ao longo do rio principal.

Em três deles foi constatada melhora na qualidade da água, todos na chamada região Tietê Cabeceira. Em cinco pontos houve piora: no trecho do rio Tietê entre Botucatu e Barra Bonita a água passou de boa para regular e, em Laranjal Paulista, de regular para ruim. Em Santana de Parnaíba a classificação da qualidade foi péssima. Em Anhembi, Barra Bonita, Mogi das Cruzes, Pirapora do Bom Jesus, Salto e Tietê os índices se mantiveram como regular. Em Guarulhos, Itaquaquecetuba e Suzano, na Grande São Paulo, ruim.

Segundo Veronesi, quando se compara o dado atual com o que já foi a poluição do rio nos anos 1990, a situação agora é bem melhor, mas nem por isso o retrato mais recente deve deixar de ser considerado preocupante. “Se a gente considerar todos os rios da bacia houve certa estabilidade. A piora mesmo foi no Tietê em si”, diz o coordenador do SOS Mata Atlântica.

“Há 20 anos, essa mancha de poluição era de mais de 500 km e foi regredindo, mas é triste ver que aumentou de 85 km para 122 km em um ano. A gente não queria isso.” Desde 2010, nenhum ponto de medição longo do rio apresenta qualidade da água considerada ótima.

Rio Tietê poluído em São Paulo, na altura da Ponte das Bandeiras Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO

Na região metropolitana, o projeto de recuperação do Rio Pinheiros, que faz parte da bacia do Tietê, tem repercussões na qualidade da água e seu modelo de gestão e pagamento das empresas prestadoras de serviço deveria ser levado ao maior rio do Estado, diz Veronesi. “Temos a possibilidade de sermos muito mais céleres (na limpeza do Tietê) e se não aconteceu até agora é porque não fizeram o que como no Pinheiros agora”, afirma. “E isso tem que ser feito seja qual for a gestão ou o governo. Tem de ser um plano de Estado, não de governo.”

Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, no período de pandemia, de acordo com o relatório da própria SOS Mata Atlântica 2021, a medição foi prejudicada em razão da diminuição dos pontos e da frequência das análises. Em nota, a pasta do governo estadual afirma que “outros estudos sobre a queda da poluição difusa na Grande São Paulo durante a quarentena, entre os quais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), também mostram que não é possível comparar períodos atípicos.”

A secretaria afirma que não teve acesso ao estudo da SOS Mata Atlântica, mas, que conforme as informações encaminhadas pela imprensa, “é possível constatar recuo de cerca de 25% da poluição comparado ao ano de 2019, quando a mancha foi registrada em 163 quilômetros do rio dos 576 monitorados pela fundação.”

Estado lança projeto com financiamento do BID

Nesta quinta-feira, 22, o governo estadual anunciará que ainda neste mês, São Paulo assinará o contrato do programa Renasce Tietê, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A medida será apresentada em reunião do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), e terá investimentos de US$100 milhões (R$ 517 milhões) do Governo de São Paulo, dos quais US$80 milhões por meio de financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

O projeto engloba a construção e reforma de dois núcleos de educação, cultura, lazer e esporte no município de Salesópolis, onde nasce o Tietê. No local o Estado administra uma área com mais de um milhão de metros quadrados de Mata Atlântica e cerca de 70 espécies de fauna paulista. Será realizado ainda o reflorestamento de 36 hectares de vegetação e matas ciliares degradadas.

Vaca pasta na margem do Rio Pinheiros, que passa por processo de despoluição Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO

O investimento também prevê o fomento à economia circular, capacitação em atividades produtivas com foco na mulher com o objetivo de implementar programas de empoderamento social nos espaços criados pelo projeto para sustentabilidade das ações, além da ampliação do uso de novas tecnologias de controle para o monitoramento qualitativo e quantitativo das águas do rio e o desassoreamento dos pontos críticos na calha e nos principais afluentes. Conforme o Estado, o Renasce Tietê será iniciado em 2023 e ocorrerá paralelamente ao trabalho realizado pela Sabesp.

O Rio Tietê amargou mais um avanço na sujeira de suas águas entre 2021 e 2022. A mancha de poluição em um ano aumentou mais de 40%, passando de 85 quilômetros para 122 quilômetros nos 55 pontos de medição em sua bacia, conforme monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica. No mesmo período, a extensão da água de boa qualidade despencou de 124 quilômetros no ano passado para 60 na atual medição.

Entre os motivos da perda de qualidade da água estão a transferência de sedimentos contaminados acumulados no reservatório de Pirapora do Bom Jesus para o Médio Tietê. Segundo o relatório Observando o Tietê 2022, esses sedimentos com altas cargas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) carregam remanescentes de esgotos e de fontes difusas de poluição, como lixo, agrotóxicos, fuligem de carros, entre outros.

Em julho, o Rio Tietê amanheceu coberto por uma espuma tóxica, no trecho que passa por Salto (SP) Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO CONTEUDO

Gustavo Veronesi, coordenador da Mata Atlântica, diz que a retomada da atividade econômica após dois anos da pandemia de covid-19 também entra nessa conta, mas não pode ser encarada como a única responsável pelo aumento. “Mesmo na pandemia, as pessoas continuaram gerando esgoto doméstico, as produções agrícolas continuaram acontecendo, mas, sim, ter mais pessoas na rua gerando poluição difusa que acaba indo para o rio contribui para o avanço da poluição”, afirma.

Em 2021, a pandemia prejudicou a medição, que é feita por grupos voluntários ao longo da bacia do Tietê. “Antes da pandemia, tínhamos mais de cem grupos nas bacias do alto e médio Tietê e que agora estão voltando”, diz Veronesi.

O monitoramento foi realizado por 35 grupos voluntários da SOS Mata Atlântica, entre setembro de 2021 e agosto de 2022, ao longo de 576 quilômetros do rio, desde a nascente, em Salesópolis, até a jusante da eclusa do Reservatório de Barra Bonita. O Tietê se estende por 1.100 km de sua nascente à foz, no Rio Paraná.

O relatório divulgado nesta quinta-feira, 22, quando é lembrado do Dia do Rio Tietê, e que não dá muitos motivos para comemoração, faz parte do projeto Observando os Rios, que conta com o apoio da Ypê. Dos 55 pontos de coleta, distribuídos por 31 rios da bacia, 34 estão situados ao longo do rio principal.

Em três deles foi constatada melhora na qualidade da água, todos na chamada região Tietê Cabeceira. Em cinco pontos houve piora: no trecho do rio Tietê entre Botucatu e Barra Bonita a água passou de boa para regular e, em Laranjal Paulista, de regular para ruim. Em Santana de Parnaíba a classificação da qualidade foi péssima. Em Anhembi, Barra Bonita, Mogi das Cruzes, Pirapora do Bom Jesus, Salto e Tietê os índices se mantiveram como regular. Em Guarulhos, Itaquaquecetuba e Suzano, na Grande São Paulo, ruim.

Segundo Veronesi, quando se compara o dado atual com o que já foi a poluição do rio nos anos 1990, a situação agora é bem melhor, mas nem por isso o retrato mais recente deve deixar de ser considerado preocupante. “Se a gente considerar todos os rios da bacia houve certa estabilidade. A piora mesmo foi no Tietê em si”, diz o coordenador do SOS Mata Atlântica.

“Há 20 anos, essa mancha de poluição era de mais de 500 km e foi regredindo, mas é triste ver que aumentou de 85 km para 122 km em um ano. A gente não queria isso.” Desde 2010, nenhum ponto de medição longo do rio apresenta qualidade da água considerada ótima.

Rio Tietê poluído em São Paulo, na altura da Ponte das Bandeiras Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO

Na região metropolitana, o projeto de recuperação do Rio Pinheiros, que faz parte da bacia do Tietê, tem repercussões na qualidade da água e seu modelo de gestão e pagamento das empresas prestadoras de serviço deveria ser levado ao maior rio do Estado, diz Veronesi. “Temos a possibilidade de sermos muito mais céleres (na limpeza do Tietê) e se não aconteceu até agora é porque não fizeram o que como no Pinheiros agora”, afirma. “E isso tem que ser feito seja qual for a gestão ou o governo. Tem de ser um plano de Estado, não de governo.”

Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, no período de pandemia, de acordo com o relatório da própria SOS Mata Atlântica 2021, a medição foi prejudicada em razão da diminuição dos pontos e da frequência das análises. Em nota, a pasta do governo estadual afirma que “outros estudos sobre a queda da poluição difusa na Grande São Paulo durante a quarentena, entre os quais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), também mostram que não é possível comparar períodos atípicos.”

A secretaria afirma que não teve acesso ao estudo da SOS Mata Atlântica, mas, que conforme as informações encaminhadas pela imprensa, “é possível constatar recuo de cerca de 25% da poluição comparado ao ano de 2019, quando a mancha foi registrada em 163 quilômetros do rio dos 576 monitorados pela fundação.”

Estado lança projeto com financiamento do BID

Nesta quinta-feira, 22, o governo estadual anunciará que ainda neste mês, São Paulo assinará o contrato do programa Renasce Tietê, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A medida será apresentada em reunião do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), e terá investimentos de US$100 milhões (R$ 517 milhões) do Governo de São Paulo, dos quais US$80 milhões por meio de financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

O projeto engloba a construção e reforma de dois núcleos de educação, cultura, lazer e esporte no município de Salesópolis, onde nasce o Tietê. No local o Estado administra uma área com mais de um milhão de metros quadrados de Mata Atlântica e cerca de 70 espécies de fauna paulista. Será realizado ainda o reflorestamento de 36 hectares de vegetação e matas ciliares degradadas.

Vaca pasta na margem do Rio Pinheiros, que passa por processo de despoluição Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO

O investimento também prevê o fomento à economia circular, capacitação em atividades produtivas com foco na mulher com o objetivo de implementar programas de empoderamento social nos espaços criados pelo projeto para sustentabilidade das ações, além da ampliação do uso de novas tecnologias de controle para o monitoramento qualitativo e quantitativo das águas do rio e o desassoreamento dos pontos críticos na calha e nos principais afluentes. Conforme o Estado, o Renasce Tietê será iniciado em 2023 e ocorrerá paralelamente ao trabalho realizado pela Sabesp.

O Rio Tietê amargou mais um avanço na sujeira de suas águas entre 2021 e 2022. A mancha de poluição em um ano aumentou mais de 40%, passando de 85 quilômetros para 122 quilômetros nos 55 pontos de medição em sua bacia, conforme monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica. No mesmo período, a extensão da água de boa qualidade despencou de 124 quilômetros no ano passado para 60 na atual medição.

Entre os motivos da perda de qualidade da água estão a transferência de sedimentos contaminados acumulados no reservatório de Pirapora do Bom Jesus para o Médio Tietê. Segundo o relatório Observando o Tietê 2022, esses sedimentos com altas cargas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) carregam remanescentes de esgotos e de fontes difusas de poluição, como lixo, agrotóxicos, fuligem de carros, entre outros.

Em julho, o Rio Tietê amanheceu coberto por uma espuma tóxica, no trecho que passa por Salto (SP) Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO CONTEUDO

Gustavo Veronesi, coordenador da Mata Atlântica, diz que a retomada da atividade econômica após dois anos da pandemia de covid-19 também entra nessa conta, mas não pode ser encarada como a única responsável pelo aumento. “Mesmo na pandemia, as pessoas continuaram gerando esgoto doméstico, as produções agrícolas continuaram acontecendo, mas, sim, ter mais pessoas na rua gerando poluição difusa que acaba indo para o rio contribui para o avanço da poluição”, afirma.

Em 2021, a pandemia prejudicou a medição, que é feita por grupos voluntários ao longo da bacia do Tietê. “Antes da pandemia, tínhamos mais de cem grupos nas bacias do alto e médio Tietê e que agora estão voltando”, diz Veronesi.

O monitoramento foi realizado por 35 grupos voluntários da SOS Mata Atlântica, entre setembro de 2021 e agosto de 2022, ao longo de 576 quilômetros do rio, desde a nascente, em Salesópolis, até a jusante da eclusa do Reservatório de Barra Bonita. O Tietê se estende por 1.100 km de sua nascente à foz, no Rio Paraná.

O relatório divulgado nesta quinta-feira, 22, quando é lembrado do Dia do Rio Tietê, e que não dá muitos motivos para comemoração, faz parte do projeto Observando os Rios, que conta com o apoio da Ypê. Dos 55 pontos de coleta, distribuídos por 31 rios da bacia, 34 estão situados ao longo do rio principal.

Em três deles foi constatada melhora na qualidade da água, todos na chamada região Tietê Cabeceira. Em cinco pontos houve piora: no trecho do rio Tietê entre Botucatu e Barra Bonita a água passou de boa para regular e, em Laranjal Paulista, de regular para ruim. Em Santana de Parnaíba a classificação da qualidade foi péssima. Em Anhembi, Barra Bonita, Mogi das Cruzes, Pirapora do Bom Jesus, Salto e Tietê os índices se mantiveram como regular. Em Guarulhos, Itaquaquecetuba e Suzano, na Grande São Paulo, ruim.

Segundo Veronesi, quando se compara o dado atual com o que já foi a poluição do rio nos anos 1990, a situação agora é bem melhor, mas nem por isso o retrato mais recente deve deixar de ser considerado preocupante. “Se a gente considerar todos os rios da bacia houve certa estabilidade. A piora mesmo foi no Tietê em si”, diz o coordenador do SOS Mata Atlântica.

“Há 20 anos, essa mancha de poluição era de mais de 500 km e foi regredindo, mas é triste ver que aumentou de 85 km para 122 km em um ano. A gente não queria isso.” Desde 2010, nenhum ponto de medição longo do rio apresenta qualidade da água considerada ótima.

Rio Tietê poluído em São Paulo, na altura da Ponte das Bandeiras Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO

Na região metropolitana, o projeto de recuperação do Rio Pinheiros, que faz parte da bacia do Tietê, tem repercussões na qualidade da água e seu modelo de gestão e pagamento das empresas prestadoras de serviço deveria ser levado ao maior rio do Estado, diz Veronesi. “Temos a possibilidade de sermos muito mais céleres (na limpeza do Tietê) e se não aconteceu até agora é porque não fizeram o que como no Pinheiros agora”, afirma. “E isso tem que ser feito seja qual for a gestão ou o governo. Tem de ser um plano de Estado, não de governo.”

Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, no período de pandemia, de acordo com o relatório da própria SOS Mata Atlântica 2021, a medição foi prejudicada em razão da diminuição dos pontos e da frequência das análises. Em nota, a pasta do governo estadual afirma que “outros estudos sobre a queda da poluição difusa na Grande São Paulo durante a quarentena, entre os quais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), também mostram que não é possível comparar períodos atípicos.”

A secretaria afirma que não teve acesso ao estudo da SOS Mata Atlântica, mas, que conforme as informações encaminhadas pela imprensa, “é possível constatar recuo de cerca de 25% da poluição comparado ao ano de 2019, quando a mancha foi registrada em 163 quilômetros do rio dos 576 monitorados pela fundação.”

Estado lança projeto com financiamento do BID

Nesta quinta-feira, 22, o governo estadual anunciará que ainda neste mês, São Paulo assinará o contrato do programa Renasce Tietê, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A medida será apresentada em reunião do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), e terá investimentos de US$100 milhões (R$ 517 milhões) do Governo de São Paulo, dos quais US$80 milhões por meio de financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

O projeto engloba a construção e reforma de dois núcleos de educação, cultura, lazer e esporte no município de Salesópolis, onde nasce o Tietê. No local o Estado administra uma área com mais de um milhão de metros quadrados de Mata Atlântica e cerca de 70 espécies de fauna paulista. Será realizado ainda o reflorestamento de 36 hectares de vegetação e matas ciliares degradadas.

Vaca pasta na margem do Rio Pinheiros, que passa por processo de despoluição Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO

O investimento também prevê o fomento à economia circular, capacitação em atividades produtivas com foco na mulher com o objetivo de implementar programas de empoderamento social nos espaços criados pelo projeto para sustentabilidade das ações, além da ampliação do uso de novas tecnologias de controle para o monitoramento qualitativo e quantitativo das águas do rio e o desassoreamento dos pontos críticos na calha e nos principais afluentes. Conforme o Estado, o Renasce Tietê será iniciado em 2023 e ocorrerá paralelamente ao trabalho realizado pela Sabesp.

O Rio Tietê amargou mais um avanço na sujeira de suas águas entre 2021 e 2022. A mancha de poluição em um ano aumentou mais de 40%, passando de 85 quilômetros para 122 quilômetros nos 55 pontos de medição em sua bacia, conforme monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica. No mesmo período, a extensão da água de boa qualidade despencou de 124 quilômetros no ano passado para 60 na atual medição.

Entre os motivos da perda de qualidade da água estão a transferência de sedimentos contaminados acumulados no reservatório de Pirapora do Bom Jesus para o Médio Tietê. Segundo o relatório Observando o Tietê 2022, esses sedimentos com altas cargas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) carregam remanescentes de esgotos e de fontes difusas de poluição, como lixo, agrotóxicos, fuligem de carros, entre outros.

Em julho, o Rio Tietê amanheceu coberto por uma espuma tóxica, no trecho que passa por Salto (SP) Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO CONTEUDO

Gustavo Veronesi, coordenador da Mata Atlântica, diz que a retomada da atividade econômica após dois anos da pandemia de covid-19 também entra nessa conta, mas não pode ser encarada como a única responsável pelo aumento. “Mesmo na pandemia, as pessoas continuaram gerando esgoto doméstico, as produções agrícolas continuaram acontecendo, mas, sim, ter mais pessoas na rua gerando poluição difusa que acaba indo para o rio contribui para o avanço da poluição”, afirma.

Em 2021, a pandemia prejudicou a medição, que é feita por grupos voluntários ao longo da bacia do Tietê. “Antes da pandemia, tínhamos mais de cem grupos nas bacias do alto e médio Tietê e que agora estão voltando”, diz Veronesi.

O monitoramento foi realizado por 35 grupos voluntários da SOS Mata Atlântica, entre setembro de 2021 e agosto de 2022, ao longo de 576 quilômetros do rio, desde a nascente, em Salesópolis, até a jusante da eclusa do Reservatório de Barra Bonita. O Tietê se estende por 1.100 km de sua nascente à foz, no Rio Paraná.

O relatório divulgado nesta quinta-feira, 22, quando é lembrado do Dia do Rio Tietê, e que não dá muitos motivos para comemoração, faz parte do projeto Observando os Rios, que conta com o apoio da Ypê. Dos 55 pontos de coleta, distribuídos por 31 rios da bacia, 34 estão situados ao longo do rio principal.

Em três deles foi constatada melhora na qualidade da água, todos na chamada região Tietê Cabeceira. Em cinco pontos houve piora: no trecho do rio Tietê entre Botucatu e Barra Bonita a água passou de boa para regular e, em Laranjal Paulista, de regular para ruim. Em Santana de Parnaíba a classificação da qualidade foi péssima. Em Anhembi, Barra Bonita, Mogi das Cruzes, Pirapora do Bom Jesus, Salto e Tietê os índices se mantiveram como regular. Em Guarulhos, Itaquaquecetuba e Suzano, na Grande São Paulo, ruim.

Segundo Veronesi, quando se compara o dado atual com o que já foi a poluição do rio nos anos 1990, a situação agora é bem melhor, mas nem por isso o retrato mais recente deve deixar de ser considerado preocupante. “Se a gente considerar todos os rios da bacia houve certa estabilidade. A piora mesmo foi no Tietê em si”, diz o coordenador do SOS Mata Atlântica.

“Há 20 anos, essa mancha de poluição era de mais de 500 km e foi regredindo, mas é triste ver que aumentou de 85 km para 122 km em um ano. A gente não queria isso.” Desde 2010, nenhum ponto de medição longo do rio apresenta qualidade da água considerada ótima.

Rio Tietê poluído em São Paulo, na altura da Ponte das Bandeiras Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO

Na região metropolitana, o projeto de recuperação do Rio Pinheiros, que faz parte da bacia do Tietê, tem repercussões na qualidade da água e seu modelo de gestão e pagamento das empresas prestadoras de serviço deveria ser levado ao maior rio do Estado, diz Veronesi. “Temos a possibilidade de sermos muito mais céleres (na limpeza do Tietê) e se não aconteceu até agora é porque não fizeram o que como no Pinheiros agora”, afirma. “E isso tem que ser feito seja qual for a gestão ou o governo. Tem de ser um plano de Estado, não de governo.”

Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, no período de pandemia, de acordo com o relatório da própria SOS Mata Atlântica 2021, a medição foi prejudicada em razão da diminuição dos pontos e da frequência das análises. Em nota, a pasta do governo estadual afirma que “outros estudos sobre a queda da poluição difusa na Grande São Paulo durante a quarentena, entre os quais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), também mostram que não é possível comparar períodos atípicos.”

A secretaria afirma que não teve acesso ao estudo da SOS Mata Atlântica, mas, que conforme as informações encaminhadas pela imprensa, “é possível constatar recuo de cerca de 25% da poluição comparado ao ano de 2019, quando a mancha foi registrada em 163 quilômetros do rio dos 576 monitorados pela fundação.”

Estado lança projeto com financiamento do BID

Nesta quinta-feira, 22, o governo estadual anunciará que ainda neste mês, São Paulo assinará o contrato do programa Renasce Tietê, com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A medida será apresentada em reunião do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), e terá investimentos de US$100 milhões (R$ 517 milhões) do Governo de São Paulo, dos quais US$80 milhões por meio de financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

O projeto engloba a construção e reforma de dois núcleos de educação, cultura, lazer e esporte no município de Salesópolis, onde nasce o Tietê. No local o Estado administra uma área com mais de um milhão de metros quadrados de Mata Atlântica e cerca de 70 espécies de fauna paulista. Será realizado ainda o reflorestamento de 36 hectares de vegetação e matas ciliares degradadas.

Vaca pasta na margem do Rio Pinheiros, que passa por processo de despoluição Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO

O investimento também prevê o fomento à economia circular, capacitação em atividades produtivas com foco na mulher com o objetivo de implementar programas de empoderamento social nos espaços criados pelo projeto para sustentabilidade das ações, além da ampliação do uso de novas tecnologias de controle para o monitoramento qualitativo e quantitativo das águas do rio e o desassoreamento dos pontos críticos na calha e nos principais afluentes. Conforme o Estado, o Renasce Tietê será iniciado em 2023 e ocorrerá paralelamente ao trabalho realizado pela Sabesp.

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