SÃO PAULO - Em meio à crise econômica e diante do risco de ter um orçamento ainda mais reduzido no ano que vem, o Ministério do Meio Ambiente ampliou a comitiva que vai para a Conferência do Clima (COP) da Organização das Nações Unidas e vai desembolsar cerca de R$ 500 mil para levar 29 servidores para Bonn, na Alemanha. A COP começa na segunda-feira e vai até o dia 17.
São nove pessoas a mais do que a equipe que a pasta levou para a conferência do ano passado, realizada em Marrakesh e quase o triplo da que foi à Conferência de Paris (11 pessoas, incluindo a então ministra Izabella Teixeira), em 2015, a mais importante dos últimos anos sobre mudanças climáticas. Foi lá que foi fechado o Acordo de Paris, esforço com o qual 196 países se comprometeram a combater o problema.
Desde então, em reuniões menores e nas conferências anuais (do ano passado e esta agora), os países vêm se reunindo para decidir como vão colocar o acordo de pé. O evento de Bonn é considerado de “meio do caminho”, uma vez que somente em 2018 deve ser concluído o chamado “livro de regras” – a regulamentação sobre como de fato o acordo vai funcionar.
O Estado apurou que a quantidade de pessoas levadas para Bonn chegou a provocar um mal-estar entre funcionários do ministério, por não verem justificativa para tantas pessoas viajarem em meio a um cenário de crise. Rumores internos são de que no total seriam 35 pessoas, mas a pasta só confirmou 29.
O custo por servidor, de acordo com o próprio órgão, é de R$ 17 mil (valor que inclui passagem, hospedagem e diárias).
Além do ministro Sarney Filho, que deve chegar na segunda semana, seu secretário executivo, Marcelo Cruz, também vai ao evento (na primeira semana), junto com sua chefe de gabinete. Em geral, apenas o próprio líder da pasta vai à conferência. Sarney vai acompanhando de quatro assessores diretos.
Além da diplomacia. Por meio de nota, o ministério disse que o número de servidores se justifica porque o País organiza o Espaço Brasil, uma espécie de estande onde ocorrem vários eventos para discutir temas relativos ao clima, como florestas e energia. Países como Estados Unidos e China também têm seus espaços próprios. Para este ano, ao longo das duas semanas, estão previstos 60 eventos, muitos dos quais são conduzidos por universidades e ONGs.
“Daí a necessidade de uma quantidade maior de servidores – o Brasil deixou de participar apenas das negociações diplomáticas e passou a protagonizar entre os espaços com maior destaque da conferência”, diz a nota. O Espaço Brasil, porém, não é novidade. Ele já tinha sido organizado na conferência de 2016, com cerca de 40 eventos. E em 2015, em Paris, houve também uma semana de discussões e apresentações paralelas na Embaixada do Brasil.
Segundo a nota, o ministério “é o grande ator e responsável pela imagem do País na conferência”. A gestão Michel Temer tem sido alvo de críticas na área ambiental, após propor a redução de áreas de conservação e a extinção de uma reserva mineral na Amazônia.
A pasta diz que nesta conferência, “além da presença da Secretaria de Mudança do Clima e Floresta, unidade de planejamento da política climática no ministério, essencial nas mesas de negociação, contará também com Serviço Florestal Brasileiro, Agência Nacional de Águas e Ibama, cuja atuação na gestão, fiscalização e conservação ambiental é fundamental para a implementação da contribuição brasileira assumida sob o Acordo de Paris e o atingimento das metas nacionais de redução dos gases de efeito estufa”.