Mudanças climáticas: Concentração de metano na atmosfera tem aumento recorde


Aumentos nos níveis do gás em 2020 e 2021 foram os maiores desde que a manutenção sistemática de registros começou, há quase 40 anos

Por Redação
Atualização:

A quantidade de metano (CH4) na atmosfera avança em ritmo acelerado e ameaça minar os esforços para desacelerar as mudanças climáticas. Isso é o que aponta um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta quarta-feira, 26.

Conforme o boletim de gases do efeito estufa, “as emissões globais se recuperaram após os lockdowns relacionados à covid” e os aumentos nos níveis de metano em 2020 e 2021 foram os maiores desde que a manutenção sistemática de registros começou, em 1983.

O estudo vem no mesmo dia de um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontar que os governos do mundo não se comprometeram o suficiente a reduzir as emissões climáticas, abrindo caminho para um aumento de 2,5ºC nas temperaturas globais até o final do século.

A análise disse que o nível de emissões estabelecido nos compromissos dos países era menor do que há um ano, mas ainda levaria a um aumento total da temperatura além do nível alvo definido nas cúpulas climáticas mais recentes.

Secretário-executivo da Secretaria de Mudanças Climáticas da ONU, Simon Stiell disse que “ainda não estamos nem perto da escala e do ritmo das reduções de emissões necessárias para nos colocar no caminho de um mundo de 1,5ºC”.

Criação de gado é uma das atividades com maior produção de metano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas apontam que a maneira mais rápida de afetar o ritmo do aquecimento global seria cortar as emissões de metano, o segundo maior contribuinte para as mudanças climáticas. O gás tem um impacto de aquecimento 80 vezes maior do que o dióxido de carbono em um período de 20 anos.

A OMM disse que a quantidade de metano na atmosfera aumentou 15 partes por bilhão em 2020 e 18 partes por bilhão em 2021.

Cientistas agora estão estudando se os aumentos nos níveis de metano atmosférico em 2020 e 2021 são o resultado de um “feedback climático” de fontes naturais, como pântanos tropicais e arrozais, ou se são o resultado de gás natural produzido pelo homem e vazamento industrial. Ou mesmo ambos.

Efeitos de um planeta mais quente

A OMM disse que, à medida que o planeta fica mais quente, o material orgânico se decompõe de forma mais rápida. Se o material orgânico se decompõe na água – sem oxigênio – isso leva a emissões de metano.

Esse processo pode se retroalimentar: se as zonas úmidas tropicais se tornarem mais úmidas e mais quentes, mais emissões serão possíveis.

Os níveis atmosféricos dos outros dois principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono e óxido nitroso – também atingiram recordes em 2021, segundo estudo da OMM.

As concentrações de dióxido de carbono em 2021 foram de 415,7 partes por milhão. De metano, 1.908 partes por bilhão. E de óxido nitroso, 334,5 partes por bilhão. Esses valores representavam 149%, 262% e 124% dos níveis pré-industriais.

O relatório “sublinhou, mais uma vez, o enorme desafio – e a necessidade vital – de uma ação urgente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar que as temperaturas globais subam ainda mais no futuro”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Como outros, Taalas tem incentivado a busca de técnicas baratas para capturar o metano de vida curta, especialmente quando se trata de capturar gás natural. Por causa de sua vida útil relativamente curta, o “impacto do metano no clima é reversível”, disse ele.

A OMM também apontou para o aquecimento dos oceanos e da terra, bem como da atmosfera. “Do total de emissões de atividades humanas durante o período 2011-2020, cerca de 48% se acumularam na atmosfera, 26% no oceano e 29% na terra”, disse o relatório.

O relatório da OMM vem pouco antes da próxima Cúpula do Clima da ONU (COP-27), que acontece no próximo mês no Egito.

No ano passado, no período que antecedeu a conferência do clima em Glasgow, Escócia, os Estados Unidos e a União Europeia assumiram a liderança na promoção do Compromisso Global do Metano, que estabeleceu a meta de alcançar uma redução de 30% na atmosfera até 2030.

Caminhos para reduzir emissão de metano no Brasil

No Brasil, como mostrou o Estadão na última semana, ampliar políticas e medidas que já existem nos setores de agropecuária, energia, saneamento e controle do desmatamento pode reduzir as emissões de metano em até 36% em relação aos níveis de 2020, conforme relatório do Observatório do Clima (OC).

A estimativa é maior do que os 30% propostos para 2030 pelo acordo voluntário assinado pelo Brasil e cerca de 120 países em 2021, em Glasgow, durante a Cúpula do Clima da ONU (COP-26).

Em longo prazo, com políticas de corte mais profundas e investimento maior, as emissões podem ser reduzidas em até 75%, aponta o OC, rede da sociedade civil brasileira formada por 77 organizações, como ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais.

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do OC, aponta que, se mantidas as políticas atuais de controle de emissões de metano, o Brasil chegará a 2030 emitindo 7% a mais do que em 2020.

A ampliação de uma série de políticas e medidas em todos os setores, no entanto, permite reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte, a meta proposta pelo OC ao Brasil.

“Estamos propondo que o Brasil adote a meta de 36% até 2030 comparada a 2020. A gente acha que é plenamente possível fazer isso e o Brasil sairia na frente e puxaria a meta de reduções”, afirmou na última semana Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima e do SEEG.

Entre as medidas para alcançar essa meta estão, na agropecuária: o manejo dos dejetos animais, o melhoramento genético do rebanho bovino e a adoção da terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais, e a eliminação da queima da palha da cana – prática já adotada no Estado de São Paulo, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar.

Além disso, nos outros setores, podem ser adotadas medidas como zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade – compromisso assumido pelo governo brasileiro –, erradicar os lixões, gradualmente eliminar a deposição em aterros sanitários e aproveitar 50% do biogás gerado.

O Brasil é o 5º país no ranking de emissões mundiais de metano, com 5,5% do despejo global desse gás na atmosfera, o que representa 20,2 milhões de toneladas em 2020, segundo o SEEG. Desse valor, 72% vêm da agropecuária. O maior vilão é a emissão resultante da fermentação entérica bovina, ou seja o “arroto do boi”. Apenas esse processo no gado de corte responde por mais de 50% (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo País.

Atrás, e distante do volume de emissões da agropecuária, está o setor de resíduos, com 3,17 milhões de toneladas, ou 16% do total. A maior parte dessas emissões vem da disposição final de lixo e do esgoto doméstico e industrial. Em 3º lugar aparece a queima de biomassa relacionada ao desmate, principalmente na Amazônia, com 9% das emissões brasileiras. Os setores de energia e processos industriais respondem juntos por 3% do volume total. /COM INFORMAÇÕES DO THE WASHINGTON POST

A quantidade de metano (CH4) na atmosfera avança em ritmo acelerado e ameaça minar os esforços para desacelerar as mudanças climáticas. Isso é o que aponta um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta quarta-feira, 26.

Conforme o boletim de gases do efeito estufa, “as emissões globais se recuperaram após os lockdowns relacionados à covid” e os aumentos nos níveis de metano em 2020 e 2021 foram os maiores desde que a manutenção sistemática de registros começou, em 1983.

O estudo vem no mesmo dia de um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontar que os governos do mundo não se comprometeram o suficiente a reduzir as emissões climáticas, abrindo caminho para um aumento de 2,5ºC nas temperaturas globais até o final do século.

A análise disse que o nível de emissões estabelecido nos compromissos dos países era menor do que há um ano, mas ainda levaria a um aumento total da temperatura além do nível alvo definido nas cúpulas climáticas mais recentes.

Secretário-executivo da Secretaria de Mudanças Climáticas da ONU, Simon Stiell disse que “ainda não estamos nem perto da escala e do ritmo das reduções de emissões necessárias para nos colocar no caminho de um mundo de 1,5ºC”.

Criação de gado é uma das atividades com maior produção de metano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas apontam que a maneira mais rápida de afetar o ritmo do aquecimento global seria cortar as emissões de metano, o segundo maior contribuinte para as mudanças climáticas. O gás tem um impacto de aquecimento 80 vezes maior do que o dióxido de carbono em um período de 20 anos.

A OMM disse que a quantidade de metano na atmosfera aumentou 15 partes por bilhão em 2020 e 18 partes por bilhão em 2021.

Cientistas agora estão estudando se os aumentos nos níveis de metano atmosférico em 2020 e 2021 são o resultado de um “feedback climático” de fontes naturais, como pântanos tropicais e arrozais, ou se são o resultado de gás natural produzido pelo homem e vazamento industrial. Ou mesmo ambos.

Efeitos de um planeta mais quente

A OMM disse que, à medida que o planeta fica mais quente, o material orgânico se decompõe de forma mais rápida. Se o material orgânico se decompõe na água – sem oxigênio – isso leva a emissões de metano.

Esse processo pode se retroalimentar: se as zonas úmidas tropicais se tornarem mais úmidas e mais quentes, mais emissões serão possíveis.

Os níveis atmosféricos dos outros dois principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono e óxido nitroso – também atingiram recordes em 2021, segundo estudo da OMM.

As concentrações de dióxido de carbono em 2021 foram de 415,7 partes por milhão. De metano, 1.908 partes por bilhão. E de óxido nitroso, 334,5 partes por bilhão. Esses valores representavam 149%, 262% e 124% dos níveis pré-industriais.

O relatório “sublinhou, mais uma vez, o enorme desafio – e a necessidade vital – de uma ação urgente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar que as temperaturas globais subam ainda mais no futuro”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Como outros, Taalas tem incentivado a busca de técnicas baratas para capturar o metano de vida curta, especialmente quando se trata de capturar gás natural. Por causa de sua vida útil relativamente curta, o “impacto do metano no clima é reversível”, disse ele.

A OMM também apontou para o aquecimento dos oceanos e da terra, bem como da atmosfera. “Do total de emissões de atividades humanas durante o período 2011-2020, cerca de 48% se acumularam na atmosfera, 26% no oceano e 29% na terra”, disse o relatório.

O relatório da OMM vem pouco antes da próxima Cúpula do Clima da ONU (COP-27), que acontece no próximo mês no Egito.

No ano passado, no período que antecedeu a conferência do clima em Glasgow, Escócia, os Estados Unidos e a União Europeia assumiram a liderança na promoção do Compromisso Global do Metano, que estabeleceu a meta de alcançar uma redução de 30% na atmosfera até 2030.

Caminhos para reduzir emissão de metano no Brasil

No Brasil, como mostrou o Estadão na última semana, ampliar políticas e medidas que já existem nos setores de agropecuária, energia, saneamento e controle do desmatamento pode reduzir as emissões de metano em até 36% em relação aos níveis de 2020, conforme relatório do Observatório do Clima (OC).

A estimativa é maior do que os 30% propostos para 2030 pelo acordo voluntário assinado pelo Brasil e cerca de 120 países em 2021, em Glasgow, durante a Cúpula do Clima da ONU (COP-26).

Em longo prazo, com políticas de corte mais profundas e investimento maior, as emissões podem ser reduzidas em até 75%, aponta o OC, rede da sociedade civil brasileira formada por 77 organizações, como ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais.

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do OC, aponta que, se mantidas as políticas atuais de controle de emissões de metano, o Brasil chegará a 2030 emitindo 7% a mais do que em 2020.

A ampliação de uma série de políticas e medidas em todos os setores, no entanto, permite reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte, a meta proposta pelo OC ao Brasil.

“Estamos propondo que o Brasil adote a meta de 36% até 2030 comparada a 2020. A gente acha que é plenamente possível fazer isso e o Brasil sairia na frente e puxaria a meta de reduções”, afirmou na última semana Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima e do SEEG.

Entre as medidas para alcançar essa meta estão, na agropecuária: o manejo dos dejetos animais, o melhoramento genético do rebanho bovino e a adoção da terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais, e a eliminação da queima da palha da cana – prática já adotada no Estado de São Paulo, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar.

Além disso, nos outros setores, podem ser adotadas medidas como zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade – compromisso assumido pelo governo brasileiro –, erradicar os lixões, gradualmente eliminar a deposição em aterros sanitários e aproveitar 50% do biogás gerado.

O Brasil é o 5º país no ranking de emissões mundiais de metano, com 5,5% do despejo global desse gás na atmosfera, o que representa 20,2 milhões de toneladas em 2020, segundo o SEEG. Desse valor, 72% vêm da agropecuária. O maior vilão é a emissão resultante da fermentação entérica bovina, ou seja o “arroto do boi”. Apenas esse processo no gado de corte responde por mais de 50% (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo País.

Atrás, e distante do volume de emissões da agropecuária, está o setor de resíduos, com 3,17 milhões de toneladas, ou 16% do total. A maior parte dessas emissões vem da disposição final de lixo e do esgoto doméstico e industrial. Em 3º lugar aparece a queima de biomassa relacionada ao desmate, principalmente na Amazônia, com 9% das emissões brasileiras. Os setores de energia e processos industriais respondem juntos por 3% do volume total. /COM INFORMAÇÕES DO THE WASHINGTON POST

A quantidade de metano (CH4) na atmosfera avança em ritmo acelerado e ameaça minar os esforços para desacelerar as mudanças climáticas. Isso é o que aponta um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta quarta-feira, 26.

Conforme o boletim de gases do efeito estufa, “as emissões globais se recuperaram após os lockdowns relacionados à covid” e os aumentos nos níveis de metano em 2020 e 2021 foram os maiores desde que a manutenção sistemática de registros começou, em 1983.

O estudo vem no mesmo dia de um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontar que os governos do mundo não se comprometeram o suficiente a reduzir as emissões climáticas, abrindo caminho para um aumento de 2,5ºC nas temperaturas globais até o final do século.

A análise disse que o nível de emissões estabelecido nos compromissos dos países era menor do que há um ano, mas ainda levaria a um aumento total da temperatura além do nível alvo definido nas cúpulas climáticas mais recentes.

Secretário-executivo da Secretaria de Mudanças Climáticas da ONU, Simon Stiell disse que “ainda não estamos nem perto da escala e do ritmo das reduções de emissões necessárias para nos colocar no caminho de um mundo de 1,5ºC”.

Criação de gado é uma das atividades com maior produção de metano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas apontam que a maneira mais rápida de afetar o ritmo do aquecimento global seria cortar as emissões de metano, o segundo maior contribuinte para as mudanças climáticas. O gás tem um impacto de aquecimento 80 vezes maior do que o dióxido de carbono em um período de 20 anos.

A OMM disse que a quantidade de metano na atmosfera aumentou 15 partes por bilhão em 2020 e 18 partes por bilhão em 2021.

Cientistas agora estão estudando se os aumentos nos níveis de metano atmosférico em 2020 e 2021 são o resultado de um “feedback climático” de fontes naturais, como pântanos tropicais e arrozais, ou se são o resultado de gás natural produzido pelo homem e vazamento industrial. Ou mesmo ambos.

Efeitos de um planeta mais quente

A OMM disse que, à medida que o planeta fica mais quente, o material orgânico se decompõe de forma mais rápida. Se o material orgânico se decompõe na água – sem oxigênio – isso leva a emissões de metano.

Esse processo pode se retroalimentar: se as zonas úmidas tropicais se tornarem mais úmidas e mais quentes, mais emissões serão possíveis.

Os níveis atmosféricos dos outros dois principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono e óxido nitroso – também atingiram recordes em 2021, segundo estudo da OMM.

As concentrações de dióxido de carbono em 2021 foram de 415,7 partes por milhão. De metano, 1.908 partes por bilhão. E de óxido nitroso, 334,5 partes por bilhão. Esses valores representavam 149%, 262% e 124% dos níveis pré-industriais.

O relatório “sublinhou, mais uma vez, o enorme desafio – e a necessidade vital – de uma ação urgente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar que as temperaturas globais subam ainda mais no futuro”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Como outros, Taalas tem incentivado a busca de técnicas baratas para capturar o metano de vida curta, especialmente quando se trata de capturar gás natural. Por causa de sua vida útil relativamente curta, o “impacto do metano no clima é reversível”, disse ele.

A OMM também apontou para o aquecimento dos oceanos e da terra, bem como da atmosfera. “Do total de emissões de atividades humanas durante o período 2011-2020, cerca de 48% se acumularam na atmosfera, 26% no oceano e 29% na terra”, disse o relatório.

O relatório da OMM vem pouco antes da próxima Cúpula do Clima da ONU (COP-27), que acontece no próximo mês no Egito.

No ano passado, no período que antecedeu a conferência do clima em Glasgow, Escócia, os Estados Unidos e a União Europeia assumiram a liderança na promoção do Compromisso Global do Metano, que estabeleceu a meta de alcançar uma redução de 30% na atmosfera até 2030.

Caminhos para reduzir emissão de metano no Brasil

No Brasil, como mostrou o Estadão na última semana, ampliar políticas e medidas que já existem nos setores de agropecuária, energia, saneamento e controle do desmatamento pode reduzir as emissões de metano em até 36% em relação aos níveis de 2020, conforme relatório do Observatório do Clima (OC).

A estimativa é maior do que os 30% propostos para 2030 pelo acordo voluntário assinado pelo Brasil e cerca de 120 países em 2021, em Glasgow, durante a Cúpula do Clima da ONU (COP-26).

Em longo prazo, com políticas de corte mais profundas e investimento maior, as emissões podem ser reduzidas em até 75%, aponta o OC, rede da sociedade civil brasileira formada por 77 organizações, como ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais.

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do OC, aponta que, se mantidas as políticas atuais de controle de emissões de metano, o Brasil chegará a 2030 emitindo 7% a mais do que em 2020.

A ampliação de uma série de políticas e medidas em todos os setores, no entanto, permite reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte, a meta proposta pelo OC ao Brasil.

“Estamos propondo que o Brasil adote a meta de 36% até 2030 comparada a 2020. A gente acha que é plenamente possível fazer isso e o Brasil sairia na frente e puxaria a meta de reduções”, afirmou na última semana Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima e do SEEG.

Entre as medidas para alcançar essa meta estão, na agropecuária: o manejo dos dejetos animais, o melhoramento genético do rebanho bovino e a adoção da terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais, e a eliminação da queima da palha da cana – prática já adotada no Estado de São Paulo, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar.

Além disso, nos outros setores, podem ser adotadas medidas como zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade – compromisso assumido pelo governo brasileiro –, erradicar os lixões, gradualmente eliminar a deposição em aterros sanitários e aproveitar 50% do biogás gerado.

O Brasil é o 5º país no ranking de emissões mundiais de metano, com 5,5% do despejo global desse gás na atmosfera, o que representa 20,2 milhões de toneladas em 2020, segundo o SEEG. Desse valor, 72% vêm da agropecuária. O maior vilão é a emissão resultante da fermentação entérica bovina, ou seja o “arroto do boi”. Apenas esse processo no gado de corte responde por mais de 50% (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo País.

Atrás, e distante do volume de emissões da agropecuária, está o setor de resíduos, com 3,17 milhões de toneladas, ou 16% do total. A maior parte dessas emissões vem da disposição final de lixo e do esgoto doméstico e industrial. Em 3º lugar aparece a queima de biomassa relacionada ao desmate, principalmente na Amazônia, com 9% das emissões brasileiras. Os setores de energia e processos industriais respondem juntos por 3% do volume total. /COM INFORMAÇÕES DO THE WASHINGTON POST

A quantidade de metano (CH4) na atmosfera avança em ritmo acelerado e ameaça minar os esforços para desacelerar as mudanças climáticas. Isso é o que aponta um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta quarta-feira, 26.

Conforme o boletim de gases do efeito estufa, “as emissões globais se recuperaram após os lockdowns relacionados à covid” e os aumentos nos níveis de metano em 2020 e 2021 foram os maiores desde que a manutenção sistemática de registros começou, em 1983.

O estudo vem no mesmo dia de um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontar que os governos do mundo não se comprometeram o suficiente a reduzir as emissões climáticas, abrindo caminho para um aumento de 2,5ºC nas temperaturas globais até o final do século.

A análise disse que o nível de emissões estabelecido nos compromissos dos países era menor do que há um ano, mas ainda levaria a um aumento total da temperatura além do nível alvo definido nas cúpulas climáticas mais recentes.

Secretário-executivo da Secretaria de Mudanças Climáticas da ONU, Simon Stiell disse que “ainda não estamos nem perto da escala e do ritmo das reduções de emissões necessárias para nos colocar no caminho de um mundo de 1,5ºC”.

Criação de gado é uma das atividades com maior produção de metano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas apontam que a maneira mais rápida de afetar o ritmo do aquecimento global seria cortar as emissões de metano, o segundo maior contribuinte para as mudanças climáticas. O gás tem um impacto de aquecimento 80 vezes maior do que o dióxido de carbono em um período de 20 anos.

A OMM disse que a quantidade de metano na atmosfera aumentou 15 partes por bilhão em 2020 e 18 partes por bilhão em 2021.

Cientistas agora estão estudando se os aumentos nos níveis de metano atmosférico em 2020 e 2021 são o resultado de um “feedback climático” de fontes naturais, como pântanos tropicais e arrozais, ou se são o resultado de gás natural produzido pelo homem e vazamento industrial. Ou mesmo ambos.

Efeitos de um planeta mais quente

A OMM disse que, à medida que o planeta fica mais quente, o material orgânico se decompõe de forma mais rápida. Se o material orgânico se decompõe na água – sem oxigênio – isso leva a emissões de metano.

Esse processo pode se retroalimentar: se as zonas úmidas tropicais se tornarem mais úmidas e mais quentes, mais emissões serão possíveis.

Os níveis atmosféricos dos outros dois principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono e óxido nitroso – também atingiram recordes em 2021, segundo estudo da OMM.

As concentrações de dióxido de carbono em 2021 foram de 415,7 partes por milhão. De metano, 1.908 partes por bilhão. E de óxido nitroso, 334,5 partes por bilhão. Esses valores representavam 149%, 262% e 124% dos níveis pré-industriais.

O relatório “sublinhou, mais uma vez, o enorme desafio – e a necessidade vital – de uma ação urgente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar que as temperaturas globais subam ainda mais no futuro”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Como outros, Taalas tem incentivado a busca de técnicas baratas para capturar o metano de vida curta, especialmente quando se trata de capturar gás natural. Por causa de sua vida útil relativamente curta, o “impacto do metano no clima é reversível”, disse ele.

A OMM também apontou para o aquecimento dos oceanos e da terra, bem como da atmosfera. “Do total de emissões de atividades humanas durante o período 2011-2020, cerca de 48% se acumularam na atmosfera, 26% no oceano e 29% na terra”, disse o relatório.

O relatório da OMM vem pouco antes da próxima Cúpula do Clima da ONU (COP-27), que acontece no próximo mês no Egito.

No ano passado, no período que antecedeu a conferência do clima em Glasgow, Escócia, os Estados Unidos e a União Europeia assumiram a liderança na promoção do Compromisso Global do Metano, que estabeleceu a meta de alcançar uma redução de 30% na atmosfera até 2030.

Caminhos para reduzir emissão de metano no Brasil

No Brasil, como mostrou o Estadão na última semana, ampliar políticas e medidas que já existem nos setores de agropecuária, energia, saneamento e controle do desmatamento pode reduzir as emissões de metano em até 36% em relação aos níveis de 2020, conforme relatório do Observatório do Clima (OC).

A estimativa é maior do que os 30% propostos para 2030 pelo acordo voluntário assinado pelo Brasil e cerca de 120 países em 2021, em Glasgow, durante a Cúpula do Clima da ONU (COP-26).

Em longo prazo, com políticas de corte mais profundas e investimento maior, as emissões podem ser reduzidas em até 75%, aponta o OC, rede da sociedade civil brasileira formada por 77 organizações, como ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais.

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do OC, aponta que, se mantidas as políticas atuais de controle de emissões de metano, o Brasil chegará a 2030 emitindo 7% a mais do que em 2020.

A ampliação de uma série de políticas e medidas em todos os setores, no entanto, permite reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte, a meta proposta pelo OC ao Brasil.

“Estamos propondo que o Brasil adote a meta de 36% até 2030 comparada a 2020. A gente acha que é plenamente possível fazer isso e o Brasil sairia na frente e puxaria a meta de reduções”, afirmou na última semana Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima e do SEEG.

Entre as medidas para alcançar essa meta estão, na agropecuária: o manejo dos dejetos animais, o melhoramento genético do rebanho bovino e a adoção da terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais, e a eliminação da queima da palha da cana – prática já adotada no Estado de São Paulo, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar.

Além disso, nos outros setores, podem ser adotadas medidas como zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade – compromisso assumido pelo governo brasileiro –, erradicar os lixões, gradualmente eliminar a deposição em aterros sanitários e aproveitar 50% do biogás gerado.

O Brasil é o 5º país no ranking de emissões mundiais de metano, com 5,5% do despejo global desse gás na atmosfera, o que representa 20,2 milhões de toneladas em 2020, segundo o SEEG. Desse valor, 72% vêm da agropecuária. O maior vilão é a emissão resultante da fermentação entérica bovina, ou seja o “arroto do boi”. Apenas esse processo no gado de corte responde por mais de 50% (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo País.

Atrás, e distante do volume de emissões da agropecuária, está o setor de resíduos, com 3,17 milhões de toneladas, ou 16% do total. A maior parte dessas emissões vem da disposição final de lixo e do esgoto doméstico e industrial. Em 3º lugar aparece a queima de biomassa relacionada ao desmate, principalmente na Amazônia, com 9% das emissões brasileiras. Os setores de energia e processos industriais respondem juntos por 3% do volume total. /COM INFORMAÇÕES DO THE WASHINGTON POST

A quantidade de metano (CH4) na atmosfera avança em ritmo acelerado e ameaça minar os esforços para desacelerar as mudanças climáticas. Isso é o que aponta um estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta quarta-feira, 26.

Conforme o boletim de gases do efeito estufa, “as emissões globais se recuperaram após os lockdowns relacionados à covid” e os aumentos nos níveis de metano em 2020 e 2021 foram os maiores desde que a manutenção sistemática de registros começou, em 1983.

O estudo vem no mesmo dia de um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) apontar que os governos do mundo não se comprometeram o suficiente a reduzir as emissões climáticas, abrindo caminho para um aumento de 2,5ºC nas temperaturas globais até o final do século.

A análise disse que o nível de emissões estabelecido nos compromissos dos países era menor do que há um ano, mas ainda levaria a um aumento total da temperatura além do nível alvo definido nas cúpulas climáticas mais recentes.

Secretário-executivo da Secretaria de Mudanças Climáticas da ONU, Simon Stiell disse que “ainda não estamos nem perto da escala e do ritmo das reduções de emissões necessárias para nos colocar no caminho de um mundo de 1,5ºC”.

Criação de gado é uma das atividades com maior produção de metano Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Especialistas apontam que a maneira mais rápida de afetar o ritmo do aquecimento global seria cortar as emissões de metano, o segundo maior contribuinte para as mudanças climáticas. O gás tem um impacto de aquecimento 80 vezes maior do que o dióxido de carbono em um período de 20 anos.

A OMM disse que a quantidade de metano na atmosfera aumentou 15 partes por bilhão em 2020 e 18 partes por bilhão em 2021.

Cientistas agora estão estudando se os aumentos nos níveis de metano atmosférico em 2020 e 2021 são o resultado de um “feedback climático” de fontes naturais, como pântanos tropicais e arrozais, ou se são o resultado de gás natural produzido pelo homem e vazamento industrial. Ou mesmo ambos.

Efeitos de um planeta mais quente

A OMM disse que, à medida que o planeta fica mais quente, o material orgânico se decompõe de forma mais rápida. Se o material orgânico se decompõe na água – sem oxigênio – isso leva a emissões de metano.

Esse processo pode se retroalimentar: se as zonas úmidas tropicais se tornarem mais úmidas e mais quentes, mais emissões serão possíveis.

Os níveis atmosféricos dos outros dois principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono e óxido nitroso – também atingiram recordes em 2021, segundo estudo da OMM.

As concentrações de dióxido de carbono em 2021 foram de 415,7 partes por milhão. De metano, 1.908 partes por bilhão. E de óxido nitroso, 334,5 partes por bilhão. Esses valores representavam 149%, 262% e 124% dos níveis pré-industriais.

O relatório “sublinhou, mais uma vez, o enorme desafio – e a necessidade vital – de uma ação urgente para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar que as temperaturas globais subam ainda mais no futuro”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.

Como outros, Taalas tem incentivado a busca de técnicas baratas para capturar o metano de vida curta, especialmente quando se trata de capturar gás natural. Por causa de sua vida útil relativamente curta, o “impacto do metano no clima é reversível”, disse ele.

A OMM também apontou para o aquecimento dos oceanos e da terra, bem como da atmosfera. “Do total de emissões de atividades humanas durante o período 2011-2020, cerca de 48% se acumularam na atmosfera, 26% no oceano e 29% na terra”, disse o relatório.

O relatório da OMM vem pouco antes da próxima Cúpula do Clima da ONU (COP-27), que acontece no próximo mês no Egito.

No ano passado, no período que antecedeu a conferência do clima em Glasgow, Escócia, os Estados Unidos e a União Europeia assumiram a liderança na promoção do Compromisso Global do Metano, que estabeleceu a meta de alcançar uma redução de 30% na atmosfera até 2030.

Caminhos para reduzir emissão de metano no Brasil

No Brasil, como mostrou o Estadão na última semana, ampliar políticas e medidas que já existem nos setores de agropecuária, energia, saneamento e controle do desmatamento pode reduzir as emissões de metano em até 36% em relação aos níveis de 2020, conforme relatório do Observatório do Clima (OC).

A estimativa é maior do que os 30% propostos para 2030 pelo acordo voluntário assinado pelo Brasil e cerca de 120 países em 2021, em Glasgow, durante a Cúpula do Clima da ONU (COP-26).

Em longo prazo, com políticas de corte mais profundas e investimento maior, as emissões podem ser reduzidas em até 75%, aponta o OC, rede da sociedade civil brasileira formada por 77 organizações, como ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais.

O Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do OC, aponta que, se mantidas as políticas atuais de controle de emissões de metano, o Brasil chegará a 2030 emitindo 7% a mais do que em 2020.

A ampliação de uma série de políticas e medidas em todos os setores, no entanto, permite reduzir as emissões até 2030 para 13,75 milhões de toneladas, ou 36,5% de corte, a meta proposta pelo OC ao Brasil.

“Estamos propondo que o Brasil adote a meta de 36% até 2030 comparada a 2020. A gente acha que é plenamente possível fazer isso e o Brasil sairia na frente e puxaria a meta de reduções”, afirmou na última semana Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima e do SEEG.

Entre as medidas para alcançar essa meta estão, na agropecuária: o manejo dos dejetos animais, o melhoramento genético do rebanho bovino e a adoção da terminação intensiva, como é conhecido o abate precoce com engorda acelerada dos animais, e a eliminação da queima da palha da cana – prática já adotada no Estado de São Paulo, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar.

Além disso, nos outros setores, podem ser adotadas medidas como zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade – compromisso assumido pelo governo brasileiro –, erradicar os lixões, gradualmente eliminar a deposição em aterros sanitários e aproveitar 50% do biogás gerado.

O Brasil é o 5º país no ranking de emissões mundiais de metano, com 5,5% do despejo global desse gás na atmosfera, o que representa 20,2 milhões de toneladas em 2020, segundo o SEEG. Desse valor, 72% vêm da agropecuária. O maior vilão é a emissão resultante da fermentação entérica bovina, ou seja o “arroto do boi”. Apenas esse processo no gado de corte responde por mais de 50% (11,5 milhões de toneladas) do metano lançado na atmosfera pelo País.

Atrás, e distante do volume de emissões da agropecuária, está o setor de resíduos, com 3,17 milhões de toneladas, ou 16% do total. A maior parte dessas emissões vem da disposição final de lixo e do esgoto doméstico e industrial. Em 3º lugar aparece a queima de biomassa relacionada ao desmate, principalmente na Amazônia, com 9% das emissões brasileiras. Os setores de energia e processos industriais respondem juntos por 3% do volume total. /COM INFORMAÇÕES DO THE WASHINGTON POST

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