Na COP, Ucrânia em guerra revela efeito oculto de ataques russos


Pavilhões dos dois países ficam próximos na Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, mas com propostas completamente diferentes; veja imagens

Por Priscila Mengue

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Pavilhão ucraniano explora impactos ambientais da guerra, enquanto russos ignoraram conflito

ENVIADA ESPECIAL A BAKU - Em meio a uma escalada de ataques e importantes sinalizações do atual e do próximo presidente dos Estados Unidos nos últimos dias, a Guerra na Ucrânia também tem sido discutida no mais importante evento sobre mudanças climáticas do mundo, a COP-29, no Azerbaijão. O conflito é tratado, contudo, de forma distinta nos pavilhões oficiais dos dois adversários: enquanto é praticamente ignorado pelos russos, é o tema principal do espaço ucraniano.

Nesta segunda-feira, 18, por exemplo, era “business day” na programação da Rússia. O pavilhão é decorado com temática típica, com pinturas e três esculturas de matrioskas gigantes. Não há referências explícitas à guerra. Essa não é a primeira COP em que ambos convivem no mesmo ambiente desde o início do conflito.

Pavilhão da Ucrânia na COP-29. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Já o estande da Ucrânia é organizado como uma espécie de exposição sobre os apontados impactos ambientais da guerra e os esforços do país nesse setor. A mostra traz (e exibe) um painel solar destruído por um ataque russo em Mykolaiv, no sul do país. Destaca-se, contudo, que foi substituído no dia seguinte, o que seria uma prova da “resiliência” ucraniana.

O tema está presente em grande parte da programação da Ucrânia e, quando não é o principal, é ao menos mencionado. Além disso, foi também tratado em eventos no pavilhão dos Estados Unidos. Ao todo, mais de 100 nações e organizações mantêm estandes na chamada “zona sul” da COP, aberta apenas a pessoas credenciadas.

Na semana passada, a maior autoridade de clima na ONU, Simon Stiell, compareceu a um evento do pavilhão ucraniano. Em seu discurso, mencionou que dois terços das instalações energéticas da Ucrânia foram destruídas, o que motivou ações da organização de suporte à instalação de painéis de energia fotovoltaica, como em 21 hospitais.

“Isso não apenas garante um fornecimento de energia mais confiável, mas também promove a soberania energética e a transição limpa da Ucrânia”, afirmou.

A COP ocorre após meses de defesa de uma “trégua da paz” durante o evento, o que não ocorreu. A proposta de apaziguamento — em um ano marcado por extremos climáticos e grandes conflitos mundiais — era inspirada nos Jogos Olímpicos.

Divergências geopolíticas chegaram até ao discurso do presidente anfitrião, Ilham Aliyev, o que gerou uma crise com a França, chamada de “colonialista”. Além disso, a saída da delegação da Argentina após determinação do seu presidente, Javier Milei, também trouxe tensão. Mesmo assim, as negociações entre quase 200 países continuam, com o evento em curso ao menos até a sexta-feira, 22, e ainda se espera um resultado.

Pavilhão da Ucrânia exibe painel solar que teria sido atingido por ataque russo. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Dados sobre impactos ambientais da guerra têm sido apresentados por pesquisadores e organizações não governamentais. O Parlamento Europeu também se manifestou sobre o tema, apontando a dita “massiva poluição do ar, da água, da terra e do solo” e os “significativos danos a ecossistemas”, calculados em bilhões de euros.

Outro ponto que tem sido destacado é que uma parte da Ucrânia está no chamado “coração verde da Europa”, uma área de alta biodiversidade, com pântanos, florestas e outras formações. Segundo a WWF, o país abrange 35% da biodiversidade europeia, com 70 mil espécies diferentes registradas.

No sábado, 16, na COP, a Ucrânia e os Estados Unidos anunciaram um acordo de expansão de novos reatores de energia nuclear no país europeu, como uma alternativa oficialmente de transição para usinas a carvão. Os três primeiros projetos terão um suporte americano de US$ 30 milhões.

Segunda-feira, 18, foi 'business day' no pavilhão da Rússia. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Como é o pavilhão da Ucrânia, afinal?

No pavilhão ucraniano, tanto o revestimento das paredes quanto os panfletos são de papel reciclado com sementes de flores, que serão plantadas em diferentes lugares após o evento. Há óculos de realidade aumentada e outros recursos voltados à interatividade.

Nesta terça-feira, 19, um evento chamado “1000 dias de guerra” terá a presença da ministra de Proteção Ambiental e dos Recursos Naturais, Svitlana Grynchuk, para falar sobre os impactos ambientais do conflito. Em outro evento nesta semana, a vice-ministra do Meio Ambiente, Viktoria Kireeva, deve falar sobre o que estão chamando de um “ecocídio”. Outro painel previsto para essa semana é voltado à atuação russa na Crimeia, dentre outros.

Logo na entrada, o texto de apresentação é finalizado com a seguinte frase: “Apesar do terror russo, o qual está comprometendo os ecossistemas, a energia e a segurança alimentar de todo o mundo, a Ucrânia continua um parceiro confiável para se chegar às metas climáticas globais”. A mostra também é repleta de ilustrações da artista Oleksandra Zhumailova.

Pavilhão da Ucrânia aborda impactos ambientais da guerra. Foto: Priscila Mengue/Estadão

A exposição traz a chamada “fórmula da paz” do presidente Volodymyr Zelensky, a qual abrange 10 pontos. O primeiro deles é um dos mais controversos no meio internacional (“segurança radioativa e nuclear”), mas há destaque maior para o oitavo: “segurança ecológica”.

Ao longo dos espaços expositivos, a guerra é referida em diversas outras ocasiões, como ao mencionar que ações russas estariam “ameaçando a segurança alimentar de ao menos 70 milhões de pessoas no mundo”, assim como para reforçar medidas ucranianas, como a continuidade da exportação de parte da produção agrícola mesmo em meio à guerra. Um caso mencionado é o ataque a uma represa, em 2023, que teria afetado 20 mil pessoas.

Também tem-se mencionado o conceito de “Build back better. Build back greener”, mais utilizado como referência à recuperação após desastres, não guerras. Na prática, envolve uma reconstrução de forma mais sustentável e resiliente à crise climática. Além disso, defende-se que o apoio à produção de energia verde na Ucrânia seria uma forma de reduzir a dependência mundial dos combustíveis fósseis produzidos na Rússia.

Em um painel sobre carbono neutro nesta tarde, por exemplo, a guerra foi mencionada logo nas primeiras palavras do mediador. Já a climatologista Svitlana Krakovska, referência no país, explicou os impactos das mudanças climáticas na Ucrânia, como secas e chuvas extremas, com implicações em setores como energia e agricultura. Um relatório de 50 páginas sobre os impactos ambientais também foi entregue neste mês pelo governo ucraniano.

*A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

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Pavilhão ucraniano explora impactos ambientais da guerra, enquanto russos ignoraram conflito

ENVIADA ESPECIAL A BAKU - Em meio a uma escalada de ataques e importantes sinalizações do atual e do próximo presidente dos Estados Unidos nos últimos dias, a Guerra na Ucrânia também tem sido discutida no mais importante evento sobre mudanças climáticas do mundo, a COP-29, no Azerbaijão. O conflito é tratado, contudo, de forma distinta nos pavilhões oficiais dos dois adversários: enquanto é praticamente ignorado pelos russos, é o tema principal do espaço ucraniano.

Nesta segunda-feira, 18, por exemplo, era “business day” na programação da Rússia. O pavilhão é decorado com temática típica, com pinturas e três esculturas de matrioskas gigantes. Não há referências explícitas à guerra. Essa não é a primeira COP em que ambos convivem no mesmo ambiente desde o início do conflito.

Pavilhão da Ucrânia na COP-29. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Já o estande da Ucrânia é organizado como uma espécie de exposição sobre os apontados impactos ambientais da guerra e os esforços do país nesse setor. A mostra traz (e exibe) um painel solar destruído por um ataque russo em Mykolaiv, no sul do país. Destaca-se, contudo, que foi substituído no dia seguinte, o que seria uma prova da “resiliência” ucraniana.

O tema está presente em grande parte da programação da Ucrânia e, quando não é o principal, é ao menos mencionado. Além disso, foi também tratado em eventos no pavilhão dos Estados Unidos. Ao todo, mais de 100 nações e organizações mantêm estandes na chamada “zona sul” da COP, aberta apenas a pessoas credenciadas.

Na semana passada, a maior autoridade de clima na ONU, Simon Stiell, compareceu a um evento do pavilhão ucraniano. Em seu discurso, mencionou que dois terços das instalações energéticas da Ucrânia foram destruídas, o que motivou ações da organização de suporte à instalação de painéis de energia fotovoltaica, como em 21 hospitais.

“Isso não apenas garante um fornecimento de energia mais confiável, mas também promove a soberania energética e a transição limpa da Ucrânia”, afirmou.

A COP ocorre após meses de defesa de uma “trégua da paz” durante o evento, o que não ocorreu. A proposta de apaziguamento — em um ano marcado por extremos climáticos e grandes conflitos mundiais — era inspirada nos Jogos Olímpicos.

Divergências geopolíticas chegaram até ao discurso do presidente anfitrião, Ilham Aliyev, o que gerou uma crise com a França, chamada de “colonialista”. Além disso, a saída da delegação da Argentina após determinação do seu presidente, Javier Milei, também trouxe tensão. Mesmo assim, as negociações entre quase 200 países continuam, com o evento em curso ao menos até a sexta-feira, 22, e ainda se espera um resultado.

Pavilhão da Ucrânia exibe painel solar que teria sido atingido por ataque russo. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Dados sobre impactos ambientais da guerra têm sido apresentados por pesquisadores e organizações não governamentais. O Parlamento Europeu também se manifestou sobre o tema, apontando a dita “massiva poluição do ar, da água, da terra e do solo” e os “significativos danos a ecossistemas”, calculados em bilhões de euros.

Outro ponto que tem sido destacado é que uma parte da Ucrânia está no chamado “coração verde da Europa”, uma área de alta biodiversidade, com pântanos, florestas e outras formações. Segundo a WWF, o país abrange 35% da biodiversidade europeia, com 70 mil espécies diferentes registradas.

No sábado, 16, na COP, a Ucrânia e os Estados Unidos anunciaram um acordo de expansão de novos reatores de energia nuclear no país europeu, como uma alternativa oficialmente de transição para usinas a carvão. Os três primeiros projetos terão um suporte americano de US$ 30 milhões.

Segunda-feira, 18, foi 'business day' no pavilhão da Rússia. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Como é o pavilhão da Ucrânia, afinal?

No pavilhão ucraniano, tanto o revestimento das paredes quanto os panfletos são de papel reciclado com sementes de flores, que serão plantadas em diferentes lugares após o evento. Há óculos de realidade aumentada e outros recursos voltados à interatividade.

Nesta terça-feira, 19, um evento chamado “1000 dias de guerra” terá a presença da ministra de Proteção Ambiental e dos Recursos Naturais, Svitlana Grynchuk, para falar sobre os impactos ambientais do conflito. Em outro evento nesta semana, a vice-ministra do Meio Ambiente, Viktoria Kireeva, deve falar sobre o que estão chamando de um “ecocídio”. Outro painel previsto para essa semana é voltado à atuação russa na Crimeia, dentre outros.

Logo na entrada, o texto de apresentação é finalizado com a seguinte frase: “Apesar do terror russo, o qual está comprometendo os ecossistemas, a energia e a segurança alimentar de todo o mundo, a Ucrânia continua um parceiro confiável para se chegar às metas climáticas globais”. A mostra também é repleta de ilustrações da artista Oleksandra Zhumailova.

Pavilhão da Ucrânia aborda impactos ambientais da guerra. Foto: Priscila Mengue/Estadão

A exposição traz a chamada “fórmula da paz” do presidente Volodymyr Zelensky, a qual abrange 10 pontos. O primeiro deles é um dos mais controversos no meio internacional (“segurança radioativa e nuclear”), mas há destaque maior para o oitavo: “segurança ecológica”.

Ao longo dos espaços expositivos, a guerra é referida em diversas outras ocasiões, como ao mencionar que ações russas estariam “ameaçando a segurança alimentar de ao menos 70 milhões de pessoas no mundo”, assim como para reforçar medidas ucranianas, como a continuidade da exportação de parte da produção agrícola mesmo em meio à guerra. Um caso mencionado é o ataque a uma represa, em 2023, que teria afetado 20 mil pessoas.

Também tem-se mencionado o conceito de “Build back better. Build back greener”, mais utilizado como referência à recuperação após desastres, não guerras. Na prática, envolve uma reconstrução de forma mais sustentável e resiliente à crise climática. Além disso, defende-se que o apoio à produção de energia verde na Ucrânia seria uma forma de reduzir a dependência mundial dos combustíveis fósseis produzidos na Rússia.

Em um painel sobre carbono neutro nesta tarde, por exemplo, a guerra foi mencionada logo nas primeiras palavras do mediador. Já a climatologista Svitlana Krakovska, referência no país, explicou os impactos das mudanças climáticas na Ucrânia, como secas e chuvas extremas, com implicações em setores como energia e agricultura. Um relatório de 50 páginas sobre os impactos ambientais também foi entregue neste mês pelo governo ucraniano.

*A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade

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Pavilhão ucraniano explora impactos ambientais da guerra, enquanto russos ignoraram conflito

ENVIADA ESPECIAL A BAKU - Em meio a uma escalada de ataques e importantes sinalizações do atual e do próximo presidente dos Estados Unidos nos últimos dias, a Guerra na Ucrânia também tem sido discutida no mais importante evento sobre mudanças climáticas do mundo, a COP-29, no Azerbaijão. O conflito é tratado, contudo, de forma distinta nos pavilhões oficiais dos dois adversários: enquanto é praticamente ignorado pelos russos, é o tema principal do espaço ucraniano.

Nesta segunda-feira, 18, por exemplo, era “business day” na programação da Rússia. O pavilhão é decorado com temática típica, com pinturas e três esculturas de matrioskas gigantes. Não há referências explícitas à guerra. Essa não é a primeira COP em que ambos convivem no mesmo ambiente desde o início do conflito.

Pavilhão da Ucrânia na COP-29. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Já o estande da Ucrânia é organizado como uma espécie de exposição sobre os apontados impactos ambientais da guerra e os esforços do país nesse setor. A mostra traz (e exibe) um painel solar destruído por um ataque russo em Mykolaiv, no sul do país. Destaca-se, contudo, que foi substituído no dia seguinte, o que seria uma prova da “resiliência” ucraniana.

O tema está presente em grande parte da programação da Ucrânia e, quando não é o principal, é ao menos mencionado. Além disso, foi também tratado em eventos no pavilhão dos Estados Unidos. Ao todo, mais de 100 nações e organizações mantêm estandes na chamada “zona sul” da COP, aberta apenas a pessoas credenciadas.

Na semana passada, a maior autoridade de clima na ONU, Simon Stiell, compareceu a um evento do pavilhão ucraniano. Em seu discurso, mencionou que dois terços das instalações energéticas da Ucrânia foram destruídas, o que motivou ações da organização de suporte à instalação de painéis de energia fotovoltaica, como em 21 hospitais.

“Isso não apenas garante um fornecimento de energia mais confiável, mas também promove a soberania energética e a transição limpa da Ucrânia”, afirmou.

A COP ocorre após meses de defesa de uma “trégua da paz” durante o evento, o que não ocorreu. A proposta de apaziguamento — em um ano marcado por extremos climáticos e grandes conflitos mundiais — era inspirada nos Jogos Olímpicos.

Divergências geopolíticas chegaram até ao discurso do presidente anfitrião, Ilham Aliyev, o que gerou uma crise com a França, chamada de “colonialista”. Além disso, a saída da delegação da Argentina após determinação do seu presidente, Javier Milei, também trouxe tensão. Mesmo assim, as negociações entre quase 200 países continuam, com o evento em curso ao menos até a sexta-feira, 22, e ainda se espera um resultado.

Pavilhão da Ucrânia exibe painel solar que teria sido atingido por ataque russo. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Dados sobre impactos ambientais da guerra têm sido apresentados por pesquisadores e organizações não governamentais. O Parlamento Europeu também se manifestou sobre o tema, apontando a dita “massiva poluição do ar, da água, da terra e do solo” e os “significativos danos a ecossistemas”, calculados em bilhões de euros.

Outro ponto que tem sido destacado é que uma parte da Ucrânia está no chamado “coração verde da Europa”, uma área de alta biodiversidade, com pântanos, florestas e outras formações. Segundo a WWF, o país abrange 35% da biodiversidade europeia, com 70 mil espécies diferentes registradas.

No sábado, 16, na COP, a Ucrânia e os Estados Unidos anunciaram um acordo de expansão de novos reatores de energia nuclear no país europeu, como uma alternativa oficialmente de transição para usinas a carvão. Os três primeiros projetos terão um suporte americano de US$ 30 milhões.

Segunda-feira, 18, foi 'business day' no pavilhão da Rússia. Foto: Priscila Mengue/Estadão

Como é o pavilhão da Ucrânia, afinal?

No pavilhão ucraniano, tanto o revestimento das paredes quanto os panfletos são de papel reciclado com sementes de flores, que serão plantadas em diferentes lugares após o evento. Há óculos de realidade aumentada e outros recursos voltados à interatividade.

Nesta terça-feira, 19, um evento chamado “1000 dias de guerra” terá a presença da ministra de Proteção Ambiental e dos Recursos Naturais, Svitlana Grynchuk, para falar sobre os impactos ambientais do conflito. Em outro evento nesta semana, a vice-ministra do Meio Ambiente, Viktoria Kireeva, deve falar sobre o que estão chamando de um “ecocídio”. Outro painel previsto para essa semana é voltado à atuação russa na Crimeia, dentre outros.

Logo na entrada, o texto de apresentação é finalizado com a seguinte frase: “Apesar do terror russo, o qual está comprometendo os ecossistemas, a energia e a segurança alimentar de todo o mundo, a Ucrânia continua um parceiro confiável para se chegar às metas climáticas globais”. A mostra também é repleta de ilustrações da artista Oleksandra Zhumailova.

Pavilhão da Ucrânia aborda impactos ambientais da guerra. Foto: Priscila Mengue/Estadão

A exposição traz a chamada “fórmula da paz” do presidente Volodymyr Zelensky, a qual abrange 10 pontos. O primeiro deles é um dos mais controversos no meio internacional (“segurança radioativa e nuclear”), mas há destaque maior para o oitavo: “segurança ecológica”.

Ao longo dos espaços expositivos, a guerra é referida em diversas outras ocasiões, como ao mencionar que ações russas estariam “ameaçando a segurança alimentar de ao menos 70 milhões de pessoas no mundo”, assim como para reforçar medidas ucranianas, como a continuidade da exportação de parte da produção agrícola mesmo em meio à guerra. Um caso mencionado é o ataque a uma represa, em 2023, que teria afetado 20 mil pessoas.

Também tem-se mencionado o conceito de “Build back better. Build back greener”, mais utilizado como referência à recuperação após desastres, não guerras. Na prática, envolve uma reconstrução de forma mais sustentável e resiliente à crise climática. Além disso, defende-se que o apoio à produção de energia verde na Ucrânia seria uma forma de reduzir a dependência mundial dos combustíveis fósseis produzidos na Rússia.

Em um painel sobre carbono neutro nesta tarde, por exemplo, a guerra foi mencionada logo nas primeiras palavras do mediador. Já a climatologista Svitlana Krakovska, referência no país, explicou os impactos das mudanças climáticas na Ucrânia, como secas e chuvas extremas, com implicações em setores como energia e agricultura. Um relatório de 50 páginas sobre os impactos ambientais também foi entregue neste mês pelo governo ucraniano.

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