Além dos frequentadores habituais, o grupo contou com o apoio de gente de bairros distantes da zona oeste, como o empresário aposentado Massayoshi Furuno, morador da Freguesia do Ó, na zona norte. Entre outras atividades, ele ajudou a plantar uma árvore próxima do lago. "Me surpreendeu a beleza daqui. Um lago muito bonito e muita gente boa! Temos que fazer outros desses", disse enquanto cavava o berço para abrigar a nespereira, ou ameixa- amarela.
Morador do bairro da Saúde, na zona sul, Gerson Pinheiro também compareceu à Praça. Trouxe consigo vinte lambaris e seis camarões de água doce. "Os camarões irão ajudar a filtrar as impurezas do ambiente". Além dos peixes, plantou mudas de taioba e jambu no entorno do lago. Estes últimos, segundo ele, atraem muitas abelhas - sua especialidade - Gerson faz parte do grupo de voluntários SOS Resgate de Abelhas Sem Ferrão. "Pretendo mais para frente trazer uma colmeia de abelhas sem ferrão para ajudar na polinização aqui das plantas da praça", disse empolgado, entre uma explicação e outra do papel das abelhas na natureza.
A artista plástica Andrea Valencio Pesek, uma das voluntárias do coletivo Ocupe e Abrace, responsável pela revitalização da Praça, iniciada em 2013, resumiu bem aquilo que estava no ar, nas conversas entre os participantes: "Como algo ruim se transforma em algo tão bom!". Dentre as principais atividades realizadas ela destacou a melhora na contenção da barragem do lago, feita com velhos galhos de um eucalipto que havia sido cortado no entorno, podas nas bananeiras, plantação de nova vegetação aquática e a introdução de novos peixes.
E mais gente da região aproveitou para conhecer a praça e fazer amizades, como foi o caso da designer Erica Bettiol, de 41 anos. Ela já havia percorrido de bicicleta a área e percebido como o local era tratado com carinho. Nas redes sociais leu sobre o vandalismo e veio ajudar. Trouxe aguapés para colocar no lago. "Quando a gente vai para a natureza despertamos a sensibilidade. Eu precisava encontrar um pedaço de terra e pessoas que se interessassem por isso. Encontrei muito do que procurava por aqui!".
E no final do dia, depois de muito mão na terra, conversas e novas amizades, presencio uma cena inusitada; o senhor Pedro José Juren, de 67 anos, mas folego e agilidades de menino, sobe na goiabeira próxima ao lago para apanhar as frutas. Embaixo, um dos que pegava ávido as goiabas era Luiz Scrimin, morador do bairro que se lembra dos tempos de criança, quando passava as tardes na parte alta da praça empinando pipa com a molecada. Ele apresentava o "método do peteleco" para a pequena Julia Scrimin, de 5 anos. "Filha, pode comer a goiaba sem medo, se vir o bichinho dá um peteleco nele", dizia dando risada. Me despedi da praça e dos voluntários registrando na câmera e na minha memória pai e filha alimentando os peixes do lago com a "deliciosa iguaria".