O Planeta em Banho-Maria


No Day After da COP-27, a velocidade lenta de implantação das soluções turbina o aquecimento global

Por Estadão Blue Studio

Entre copos meio cheios e meio vazios, como se discutiu no Diálogos Estadão Think que repercutiu os resultados práticos da COP-27 – a conferência climática da ONU realizada no Egito, em novembro –, existe uma unanimidade, segundo os especialistas. A velocidade de implantação, seja das soluções diplomáticas, seja dos caminhos tecnológicos que existem para o enfrentamento das mudanças climáticas, precisa ser turbinada, principalmente em países como o Brasil.

Divulgação Foto: div

“Os movimentos estão sendo feitos. O problema é que eles estão em uma velocidade muito baixa em relação ao tamanho do desafio que temos de enfrentar. Temos que reduzir as emissões em um prazo relativamente curto”, afirma Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima. De acordo com o especialista, todos têm muita dificuldade em lidar com questões exponenciais, como é o caso dos efeitos das mudanças climáticas. O fenômeno não gera consequências lineares, mas problemas que vão se avolumando, como várias bolas de neve. “Somando todos os compromissos de todos os países, se colocarmos os melhores esforços sobre a mesa, na melhor das hipóteses, vamos chegar a 2030 com no máximo 3% menos de emissões do que a gente tinha em 2020. Esse é o cenário hoje”, afirma Azevedo.

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“Os movimentos estão sendo feitos. O problema é que eles estão em uma velocidade muito baixa em relação ao tamanho do desafio que temos de enfrentar. Temos que reduzir as emissões em um prazo relativamente curto”

Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima

O fio condutor entre o que é decidido nas salas de reuniões anódicas das conferências climáticas da ONU e as ações de políticas públicas ambientais em níveis nacionais, é claro, segundo Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade. “Estive na minha vigésima COP. E não costumo esperar dessas reuniões a velocidade que muitos cobram. A urgência, que concordo que precisa existir, está ligada às eleições nacionais e às pessoas que são eleitas”, explica a especialista em clima. Para Toni, a não reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos e do presidente Jair Bolsonaro, no Brasil, indica que a destruição ambiental pode ter pesado na decisão política das pessoas. “Espero que o novo governo avance em programas nesse campo”, argumenta.

Amplificadora de crises

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, é bastante enfático quando menciona as mudanças climáticas globais. Entre os termos que ele costuma utilizar, está o de chamar o fenômeno como “amplificador de crises”. O que serve como uma luva bem ajustada ao Brasil. “O grande problema aqui é o impacto que existe sobre a segurança alimentar e energética, que vai sempre impactar os mais pobres. Porque os ricos conseguem dar um jeito”, afirma Tasso Azevedo.

A partir desse contexto, segundo Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília, é que o sinal amarelo deve ser ligado. “Quando pensamos no Brasil, e em todas as nossas mazelas, na nossa desigualdade social histórica secular, temos que ter em mente que todas as políticas de combate e redução da pobreza que forem feitas hoje precisam incluir o tópico das mudanças climáticas em sua abordagem”, afirma a pesquisadora. Caso contrário, diz a especialista, a pessoa pode até sair da pobreza, mas as mudanças climáticas vão levá-la de volta. “Historicamente, o Brasil é um quadro de tragédias anunciadas quando se olha como o País utilizou os seus recursos. Mas até temos a oportunidade de mudar isso, por exemplo, por ser um país com mais de 40 mil espécies de plantas.”

Neutralidade é fazer parte do problema

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Para Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, enquanto o governo de transição debate nomes de ministeriáveis, ela não tem dúvida em afirmar: “O ministério mais importante para a agenda de clima do futuro do Brasil é o da Educação. Trazer o tema do clima para os nossos jovens e crianças é absolutamente essencial. Temos que prepará-los para esse mundo que a nossa geração está deixando”.

Em relação ao presente, diz Toni, ela concorda que a questão climática nada mais é do que um acelerador de pobreza e desigualdade. “Estamos falando de desenvolvimento na veia. Se alguém achou que é um tema limitado ao meio ambiente, errou.”

A mensagem que deve ficar para a sociedade, segundo a executiva, seja para as empresas ou para os vários níveis do setor público, é que, se você não é parte da solução, então, faz parte do problema. “Não existe neutralidade, não há essa escolha. Não dá para dizer que não tenho nada com isso e que a minha agenda não fala com o tema climático.”

Entre copos meio cheios e meio vazios, como se discutiu no Diálogos Estadão Think que repercutiu os resultados práticos da COP-27 – a conferência climática da ONU realizada no Egito, em novembro –, existe uma unanimidade, segundo os especialistas. A velocidade de implantação, seja das soluções diplomáticas, seja dos caminhos tecnológicos que existem para o enfrentamento das mudanças climáticas, precisa ser turbinada, principalmente em países como o Brasil.

Divulgação Foto: div

“Os movimentos estão sendo feitos. O problema é que eles estão em uma velocidade muito baixa em relação ao tamanho do desafio que temos de enfrentar. Temos que reduzir as emissões em um prazo relativamente curto”, afirma Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima. De acordo com o especialista, todos têm muita dificuldade em lidar com questões exponenciais, como é o caso dos efeitos das mudanças climáticas. O fenômeno não gera consequências lineares, mas problemas que vão se avolumando, como várias bolas de neve. “Somando todos os compromissos de todos os países, se colocarmos os melhores esforços sobre a mesa, na melhor das hipóteses, vamos chegar a 2030 com no máximo 3% menos de emissões do que a gente tinha em 2020. Esse é o cenário hoje”, afirma Azevedo.

“Os movimentos estão sendo feitos. O problema é que eles estão em uma velocidade muito baixa em relação ao tamanho do desafio que temos de enfrentar. Temos que reduzir as emissões em um prazo relativamente curto”

Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima

O fio condutor entre o que é decidido nas salas de reuniões anódicas das conferências climáticas da ONU e as ações de políticas públicas ambientais em níveis nacionais, é claro, segundo Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade. “Estive na minha vigésima COP. E não costumo esperar dessas reuniões a velocidade que muitos cobram. A urgência, que concordo que precisa existir, está ligada às eleições nacionais e às pessoas que são eleitas”, explica a especialista em clima. Para Toni, a não reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos e do presidente Jair Bolsonaro, no Brasil, indica que a destruição ambiental pode ter pesado na decisão política das pessoas. “Espero que o novo governo avance em programas nesse campo”, argumenta.

Amplificadora de crises

O secretário-geral da ONU, António Guterres, é bastante enfático quando menciona as mudanças climáticas globais. Entre os termos que ele costuma utilizar, está o de chamar o fenômeno como “amplificador de crises”. O que serve como uma luva bem ajustada ao Brasil. “O grande problema aqui é o impacto que existe sobre a segurança alimentar e energética, que vai sempre impactar os mais pobres. Porque os ricos conseguem dar um jeito”, afirma Tasso Azevedo.

A partir desse contexto, segundo Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília, é que o sinal amarelo deve ser ligado. “Quando pensamos no Brasil, e em todas as nossas mazelas, na nossa desigualdade social histórica secular, temos que ter em mente que todas as políticas de combate e redução da pobreza que forem feitas hoje precisam incluir o tópico das mudanças climáticas em sua abordagem”, afirma a pesquisadora. Caso contrário, diz a especialista, a pessoa pode até sair da pobreza, mas as mudanças climáticas vão levá-la de volta. “Historicamente, o Brasil é um quadro de tragédias anunciadas quando se olha como o País utilizou os seus recursos. Mas até temos a oportunidade de mudar isso, por exemplo, por ser um país com mais de 40 mil espécies de plantas.”

Neutralidade é fazer parte do problema

Para Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, enquanto o governo de transição debate nomes de ministeriáveis, ela não tem dúvida em afirmar: “O ministério mais importante para a agenda de clima do futuro do Brasil é o da Educação. Trazer o tema do clima para os nossos jovens e crianças é absolutamente essencial. Temos que prepará-los para esse mundo que a nossa geração está deixando”.

Em relação ao presente, diz Toni, ela concorda que a questão climática nada mais é do que um acelerador de pobreza e desigualdade. “Estamos falando de desenvolvimento na veia. Se alguém achou que é um tema limitado ao meio ambiente, errou.”

A mensagem que deve ficar para a sociedade, segundo a executiva, seja para as empresas ou para os vários níveis do setor público, é que, se você não é parte da solução, então, faz parte do problema. “Não existe neutralidade, não há essa escolha. Não dá para dizer que não tenho nada com isso e que a minha agenda não fala com o tema climático.”

Entre copos meio cheios e meio vazios, como se discutiu no Diálogos Estadão Think que repercutiu os resultados práticos da COP-27 – a conferência climática da ONU realizada no Egito, em novembro –, existe uma unanimidade, segundo os especialistas. A velocidade de implantação, seja das soluções diplomáticas, seja dos caminhos tecnológicos que existem para o enfrentamento das mudanças climáticas, precisa ser turbinada, principalmente em países como o Brasil.

Divulgação Foto: div

“Os movimentos estão sendo feitos. O problema é que eles estão em uma velocidade muito baixa em relação ao tamanho do desafio que temos de enfrentar. Temos que reduzir as emissões em um prazo relativamente curto”, afirma Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima. De acordo com o especialista, todos têm muita dificuldade em lidar com questões exponenciais, como é o caso dos efeitos das mudanças climáticas. O fenômeno não gera consequências lineares, mas problemas que vão se avolumando, como várias bolas de neve. “Somando todos os compromissos de todos os países, se colocarmos os melhores esforços sobre a mesa, na melhor das hipóteses, vamos chegar a 2030 com no máximo 3% menos de emissões do que a gente tinha em 2020. Esse é o cenário hoje”, afirma Azevedo.

“Os movimentos estão sendo feitos. O problema é que eles estão em uma velocidade muito baixa em relação ao tamanho do desafio que temos de enfrentar. Temos que reduzir as emissões em um prazo relativamente curto”

Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima

O fio condutor entre o que é decidido nas salas de reuniões anódicas das conferências climáticas da ONU e as ações de políticas públicas ambientais em níveis nacionais, é claro, segundo Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade. “Estive na minha vigésima COP. E não costumo esperar dessas reuniões a velocidade que muitos cobram. A urgência, que concordo que precisa existir, está ligada às eleições nacionais e às pessoas que são eleitas”, explica a especialista em clima. Para Toni, a não reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos e do presidente Jair Bolsonaro, no Brasil, indica que a destruição ambiental pode ter pesado na decisão política das pessoas. “Espero que o novo governo avance em programas nesse campo”, argumenta.

Amplificadora de crises

O secretário-geral da ONU, António Guterres, é bastante enfático quando menciona as mudanças climáticas globais. Entre os termos que ele costuma utilizar, está o de chamar o fenômeno como “amplificador de crises”. O que serve como uma luva bem ajustada ao Brasil. “O grande problema aqui é o impacto que existe sobre a segurança alimentar e energética, que vai sempre impactar os mais pobres. Porque os ricos conseguem dar um jeito”, afirma Tasso Azevedo.

A partir desse contexto, segundo Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília, é que o sinal amarelo deve ser ligado. “Quando pensamos no Brasil, e em todas as nossas mazelas, na nossa desigualdade social histórica secular, temos que ter em mente que todas as políticas de combate e redução da pobreza que forem feitas hoje precisam incluir o tópico das mudanças climáticas em sua abordagem”, afirma a pesquisadora. Caso contrário, diz a especialista, a pessoa pode até sair da pobreza, mas as mudanças climáticas vão levá-la de volta. “Historicamente, o Brasil é um quadro de tragédias anunciadas quando se olha como o País utilizou os seus recursos. Mas até temos a oportunidade de mudar isso, por exemplo, por ser um país com mais de 40 mil espécies de plantas.”

Neutralidade é fazer parte do problema

Para Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, enquanto o governo de transição debate nomes de ministeriáveis, ela não tem dúvida em afirmar: “O ministério mais importante para a agenda de clima do futuro do Brasil é o da Educação. Trazer o tema do clima para os nossos jovens e crianças é absolutamente essencial. Temos que prepará-los para esse mundo que a nossa geração está deixando”.

Em relação ao presente, diz Toni, ela concorda que a questão climática nada mais é do que um acelerador de pobreza e desigualdade. “Estamos falando de desenvolvimento na veia. Se alguém achou que é um tema limitado ao meio ambiente, errou.”

A mensagem que deve ficar para a sociedade, segundo a executiva, seja para as empresas ou para os vários níveis do setor público, é que, se você não é parte da solução, então, faz parte do problema. “Não existe neutralidade, não há essa escolha. Não dá para dizer que não tenho nada com isso e que a minha agenda não fala com o tema climático.”

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