Peixes mortos no Rio Piracicaba são retirados pela Defesa Civil; veja vídeo


Despejo de poluente causou a morte de cerca de 50 toneladas de animais; Cetesb multou usina em R$ 18 milhões, mas empresa diz que não foi comprovada sua responsabilidade no caso

Por Redação

A Defesa Civil de São Paulo começou nesse domingo, 21, uma operação de retirada dos peixes mortos no Rio Piracicaba, no interior do Estado. A ação recebe apoio do Sistema de Proteção e Defesa Civil. Até o momento, foram retiradas 36 toneladas de peixes, segundo balanço parcial.

Especialistas apontam que o impacto na fauna aquática do Rio Piracicaba e deve durar vários anos. Foto: Cecom/Prefeitura de Piracicaba/Divulgação

O despejo de uma substância poluente no rio causou a morte de cerca de 50 toneladas de peixes entre os dias 7 e 15 deste mês. A maior mortandade foi na região do Tanquã, reserva ambiental conhecida como Mini Pantanal Paulista.

Na sexta-feira, 19, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) multou em R$ 18 milhões a Usina São José, apontada como responsável pela poluição. O Ministério Público Estadual abriu inquérito para apurar o caso. A empresa afirma que não foi comprovada sua responsabilidade pelo despejo e diz colaborar com a investigação.

Defesa Civil inicia retirada de peixes mortos no Rio Piracicaba Foto: Divulgação/Defesa Civil

Desde a manhã deste domingo, equipes lideradas pela Polícia Militar Ambiental e a Defesa Civil do Estado estão com dez embarcações de pequeno porte e mais dois hidrotratores para fazer a limpeza no rio. Ao todo, mais de 30 homens atuam no apoio.

Os hidrotratores retiram os cardumes maiores, enquanto as embarcações menores fazem a retirada manual. A Defesa Civil diz conduzir o trabalho “com extremo cuidado, pensando na preservação do ambiente e na recuperação da fauna afetada”.

A prefeitura de Piracicaba informou também usar tratores aquáticos para remover as 50 toneladas de peixes mortos. Os trabalhos nessa frente começaram na tarde da última sexta-feira, e tinham previsão de se estender por todo o fim de semana.

A prefeitura informou que as máquinas iam recolher o material e levá-lo até a margem, onde caminhões fariam o carregamento e o transporte até o aterro sanitário, em Piracicaba, para fazer o descarte do material.

Cetesb estima perda de ao menos 235 mil espécimes

Segundo estimativa da Cetesb, morreram ao menos 235 mil espécimes nativas em decorrência da poluição. A agência informou ter identificado o elo direto entre o extravasamento de resíduos da cana-de-açúcar na Usina São José e a morte dos peixes. A substância poluente resulta do processo industrial e do melaço da cana-de-açúcar utilizado na fabricação de açúcar e álcool.

O montante da multa foi agravado pelo alto volume de peixes mortos e pelo atingimento de área de proteção ambiental. O órgão estadual vai estabelecer exigências técnicas e medidas corretivas a serem adotadas pela usina.

Conforme a agência, com o extravasamento na usina, no dia 7, as águas residuárias com mel de cana-de-açúcar, substância densa e de difícil diluição, foram arrastadas para o Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Piracicaba. A água ficou ácida e a carga orgânica foi levada até o Rio Piracicaba, reduzindo o nível de oxigenação da água a zero e inviabilizando a vida aquática.

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Despejo de poluente causou morte de cerca de 50 toneladas de animais; Defesa Civil faz remoção

A poluição foi arrastada por cerca de 60 quilômetros. Depois disso, se acumulou no Tanquã, onde causou outro grande evento de mortandade na segunda-feira, 15.

A Cetesb usou imagens de satélite e colhidas por drones para quantificar o número de animais mortos e realiza tratativas para a retirada das carcaças, objetivando interromper a contaminação do local. Uma força-tarefa que reúne outros órgãos do governo, como a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, a Fundação Florestal, além da Cetesb, atuará em parceria com a prefeitura para remover os peixes mortos.

Segundo estimativa da Cetesb, morreram ao menos 235 mil espécimes nativas em decorrência da poluição Foto: Cecom/Prefeitura de Piracicaba/Divulgação

O que diz a Usina São José, apontada como responsável pela poluição

Em nota enviada à reportagem na última semana, a Usina São José diz que segue à disposição das autoridades e não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público.

“Em relação ao relatório da Cetesb, a empresa está avaliando o teor da decisão, bem como seus eventuais desdobramentos. Por ora, cabe destacar que até o momento a empresa não recebeu evidências que demonstrem nexo causal entre suas operações e a mortandade de peixes registrada ao longo do Rio Piracicaba e no Tanquã.”

Segundo a empresa, termo de vistoria ambiental da Polícia Militar Ambiental de 8 de julho conclui não ter havido “apontamento de danos ambientais no ato da vistoria”. O mesmo documento, segundo a usina, aponta a existência de galeria pluvial sob a Ponte do Funil, que estaria “despejando um líquido perene com volume alto, amarelado e odor forte, através de uma manilha de plástico de 10 polegadas”.

O local fica a 12 quilômetros da usina, entre Santa Bárbara d’Oeste e Limeira, e não foi considerado no relatório final apresentado nesta sexta, segundo a empresa.

Força-tarefa atua para retirar cerca de 50 toneladas de peixes mortos Foto: Divulgação/Defesa Civil de São Paulo

Ainda conforme a usina, o relatório aponta “lançamento de efluentes de cor escura e odor característico de esgoto sanitário” e “carreamento de material flutuante” em saídas de estações de tratamento de efluentes no Ribeirão dos Toledos, em Santa Bárbara d’Oeste, mas não aprofunda investigações a respeito.

“As operações da usina estavam interrompidas desde 2020, tendo sido retomadas somente em maio de 2024; nos últimos 10 anos houve pelo menos 17 ocorrências dessa natureza na região”, afirma.

A Usina São José informou ainda que não tem produção de etanol e, portanto, não gera a vinhaça, subproduto presente em vários dos casos registrados anteriormente. “O relatório não menciona inspeção e monitoramento em empresas que tenham sido autuados anteriormente, nem em outros trechos do rio onde possa ter havido eventuais despejos irregulares.” /COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA

A Defesa Civil de São Paulo começou nesse domingo, 21, uma operação de retirada dos peixes mortos no Rio Piracicaba, no interior do Estado. A ação recebe apoio do Sistema de Proteção e Defesa Civil. Até o momento, foram retiradas 36 toneladas de peixes, segundo balanço parcial.

Especialistas apontam que o impacto na fauna aquática do Rio Piracicaba e deve durar vários anos. Foto: Cecom/Prefeitura de Piracicaba/Divulgação

O despejo de uma substância poluente no rio causou a morte de cerca de 50 toneladas de peixes entre os dias 7 e 15 deste mês. A maior mortandade foi na região do Tanquã, reserva ambiental conhecida como Mini Pantanal Paulista.

Na sexta-feira, 19, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) multou em R$ 18 milhões a Usina São José, apontada como responsável pela poluição. O Ministério Público Estadual abriu inquérito para apurar o caso. A empresa afirma que não foi comprovada sua responsabilidade pelo despejo e diz colaborar com a investigação.

Defesa Civil inicia retirada de peixes mortos no Rio Piracicaba Foto: Divulgação/Defesa Civil

Desde a manhã deste domingo, equipes lideradas pela Polícia Militar Ambiental e a Defesa Civil do Estado estão com dez embarcações de pequeno porte e mais dois hidrotratores para fazer a limpeza no rio. Ao todo, mais de 30 homens atuam no apoio.

Os hidrotratores retiram os cardumes maiores, enquanto as embarcações menores fazem a retirada manual. A Defesa Civil diz conduzir o trabalho “com extremo cuidado, pensando na preservação do ambiente e na recuperação da fauna afetada”.

A prefeitura de Piracicaba informou também usar tratores aquáticos para remover as 50 toneladas de peixes mortos. Os trabalhos nessa frente começaram na tarde da última sexta-feira, e tinham previsão de se estender por todo o fim de semana.

A prefeitura informou que as máquinas iam recolher o material e levá-lo até a margem, onde caminhões fariam o carregamento e o transporte até o aterro sanitário, em Piracicaba, para fazer o descarte do material.

Cetesb estima perda de ao menos 235 mil espécimes

Segundo estimativa da Cetesb, morreram ao menos 235 mil espécimes nativas em decorrência da poluição. A agência informou ter identificado o elo direto entre o extravasamento de resíduos da cana-de-açúcar na Usina São José e a morte dos peixes. A substância poluente resulta do processo industrial e do melaço da cana-de-açúcar utilizado na fabricação de açúcar e álcool.

O montante da multa foi agravado pelo alto volume de peixes mortos e pelo atingimento de área de proteção ambiental. O órgão estadual vai estabelecer exigências técnicas e medidas corretivas a serem adotadas pela usina.

Conforme a agência, com o extravasamento na usina, no dia 7, as águas residuárias com mel de cana-de-açúcar, substância densa e de difícil diluição, foram arrastadas para o Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Piracicaba. A água ficou ácida e a carga orgânica foi levada até o Rio Piracicaba, reduzindo o nível de oxigenação da água a zero e inviabilizando a vida aquática.

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Despejo de poluente causou morte de cerca de 50 toneladas de animais; Defesa Civil faz remoção

A poluição foi arrastada por cerca de 60 quilômetros. Depois disso, se acumulou no Tanquã, onde causou outro grande evento de mortandade na segunda-feira, 15.

A Cetesb usou imagens de satélite e colhidas por drones para quantificar o número de animais mortos e realiza tratativas para a retirada das carcaças, objetivando interromper a contaminação do local. Uma força-tarefa que reúne outros órgãos do governo, como a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, a Fundação Florestal, além da Cetesb, atuará em parceria com a prefeitura para remover os peixes mortos.

Segundo estimativa da Cetesb, morreram ao menos 235 mil espécimes nativas em decorrência da poluição Foto: Cecom/Prefeitura de Piracicaba/Divulgação

O que diz a Usina São José, apontada como responsável pela poluição

Em nota enviada à reportagem na última semana, a Usina São José diz que segue à disposição das autoridades e não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público.

“Em relação ao relatório da Cetesb, a empresa está avaliando o teor da decisão, bem como seus eventuais desdobramentos. Por ora, cabe destacar que até o momento a empresa não recebeu evidências que demonstrem nexo causal entre suas operações e a mortandade de peixes registrada ao longo do Rio Piracicaba e no Tanquã.”

Segundo a empresa, termo de vistoria ambiental da Polícia Militar Ambiental de 8 de julho conclui não ter havido “apontamento de danos ambientais no ato da vistoria”. O mesmo documento, segundo a usina, aponta a existência de galeria pluvial sob a Ponte do Funil, que estaria “despejando um líquido perene com volume alto, amarelado e odor forte, através de uma manilha de plástico de 10 polegadas”.

O local fica a 12 quilômetros da usina, entre Santa Bárbara d’Oeste e Limeira, e não foi considerado no relatório final apresentado nesta sexta, segundo a empresa.

Força-tarefa atua para retirar cerca de 50 toneladas de peixes mortos Foto: Divulgação/Defesa Civil de São Paulo

Ainda conforme a usina, o relatório aponta “lançamento de efluentes de cor escura e odor característico de esgoto sanitário” e “carreamento de material flutuante” em saídas de estações de tratamento de efluentes no Ribeirão dos Toledos, em Santa Bárbara d’Oeste, mas não aprofunda investigações a respeito.

“As operações da usina estavam interrompidas desde 2020, tendo sido retomadas somente em maio de 2024; nos últimos 10 anos houve pelo menos 17 ocorrências dessa natureza na região”, afirma.

A Usina São José informou ainda que não tem produção de etanol e, portanto, não gera a vinhaça, subproduto presente em vários dos casos registrados anteriormente. “O relatório não menciona inspeção e monitoramento em empresas que tenham sido autuados anteriormente, nem em outros trechos do rio onde possa ter havido eventuais despejos irregulares.” /COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA

A Defesa Civil de São Paulo começou nesse domingo, 21, uma operação de retirada dos peixes mortos no Rio Piracicaba, no interior do Estado. A ação recebe apoio do Sistema de Proteção e Defesa Civil. Até o momento, foram retiradas 36 toneladas de peixes, segundo balanço parcial.

Especialistas apontam que o impacto na fauna aquática do Rio Piracicaba e deve durar vários anos. Foto: Cecom/Prefeitura de Piracicaba/Divulgação

O despejo de uma substância poluente no rio causou a morte de cerca de 50 toneladas de peixes entre os dias 7 e 15 deste mês. A maior mortandade foi na região do Tanquã, reserva ambiental conhecida como Mini Pantanal Paulista.

Na sexta-feira, 19, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) multou em R$ 18 milhões a Usina São José, apontada como responsável pela poluição. O Ministério Público Estadual abriu inquérito para apurar o caso. A empresa afirma que não foi comprovada sua responsabilidade pelo despejo e diz colaborar com a investigação.

Defesa Civil inicia retirada de peixes mortos no Rio Piracicaba Foto: Divulgação/Defesa Civil

Desde a manhã deste domingo, equipes lideradas pela Polícia Militar Ambiental e a Defesa Civil do Estado estão com dez embarcações de pequeno porte e mais dois hidrotratores para fazer a limpeza no rio. Ao todo, mais de 30 homens atuam no apoio.

Os hidrotratores retiram os cardumes maiores, enquanto as embarcações menores fazem a retirada manual. A Defesa Civil diz conduzir o trabalho “com extremo cuidado, pensando na preservação do ambiente e na recuperação da fauna afetada”.

A prefeitura de Piracicaba informou também usar tratores aquáticos para remover as 50 toneladas de peixes mortos. Os trabalhos nessa frente começaram na tarde da última sexta-feira, e tinham previsão de se estender por todo o fim de semana.

A prefeitura informou que as máquinas iam recolher o material e levá-lo até a margem, onde caminhões fariam o carregamento e o transporte até o aterro sanitário, em Piracicaba, para fazer o descarte do material.

Cetesb estima perda de ao menos 235 mil espécimes

Segundo estimativa da Cetesb, morreram ao menos 235 mil espécimes nativas em decorrência da poluição. A agência informou ter identificado o elo direto entre o extravasamento de resíduos da cana-de-açúcar na Usina São José e a morte dos peixes. A substância poluente resulta do processo industrial e do melaço da cana-de-açúcar utilizado na fabricação de açúcar e álcool.

O montante da multa foi agravado pelo alto volume de peixes mortos e pelo atingimento de área de proteção ambiental. O órgão estadual vai estabelecer exigências técnicas e medidas corretivas a serem adotadas pela usina.

Conforme a agência, com o extravasamento na usina, no dia 7, as águas residuárias com mel de cana-de-açúcar, substância densa e de difícil diluição, foram arrastadas para o Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Piracicaba. A água ficou ácida e a carga orgânica foi levada até o Rio Piracicaba, reduzindo o nível de oxigenação da água a zero e inviabilizando a vida aquática.

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Despejo de poluente causou morte de cerca de 50 toneladas de animais; Defesa Civil faz remoção

A poluição foi arrastada por cerca de 60 quilômetros. Depois disso, se acumulou no Tanquã, onde causou outro grande evento de mortandade na segunda-feira, 15.

A Cetesb usou imagens de satélite e colhidas por drones para quantificar o número de animais mortos e realiza tratativas para a retirada das carcaças, objetivando interromper a contaminação do local. Uma força-tarefa que reúne outros órgãos do governo, como a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, a Fundação Florestal, além da Cetesb, atuará em parceria com a prefeitura para remover os peixes mortos.

Segundo estimativa da Cetesb, morreram ao menos 235 mil espécimes nativas em decorrência da poluição Foto: Cecom/Prefeitura de Piracicaba/Divulgação

O que diz a Usina São José, apontada como responsável pela poluição

Em nota enviada à reportagem na última semana, a Usina São José diz que segue à disposição das autoridades e não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público.

“Em relação ao relatório da Cetesb, a empresa está avaliando o teor da decisão, bem como seus eventuais desdobramentos. Por ora, cabe destacar que até o momento a empresa não recebeu evidências que demonstrem nexo causal entre suas operações e a mortandade de peixes registrada ao longo do Rio Piracicaba e no Tanquã.”

Segundo a empresa, termo de vistoria ambiental da Polícia Militar Ambiental de 8 de julho conclui não ter havido “apontamento de danos ambientais no ato da vistoria”. O mesmo documento, segundo a usina, aponta a existência de galeria pluvial sob a Ponte do Funil, que estaria “despejando um líquido perene com volume alto, amarelado e odor forte, através de uma manilha de plástico de 10 polegadas”.

O local fica a 12 quilômetros da usina, entre Santa Bárbara d’Oeste e Limeira, e não foi considerado no relatório final apresentado nesta sexta, segundo a empresa.

Força-tarefa atua para retirar cerca de 50 toneladas de peixes mortos Foto: Divulgação/Defesa Civil de São Paulo

Ainda conforme a usina, o relatório aponta “lançamento de efluentes de cor escura e odor característico de esgoto sanitário” e “carreamento de material flutuante” em saídas de estações de tratamento de efluentes no Ribeirão dos Toledos, em Santa Bárbara d’Oeste, mas não aprofunda investigações a respeito.

“As operações da usina estavam interrompidas desde 2020, tendo sido retomadas somente em maio de 2024; nos últimos 10 anos houve pelo menos 17 ocorrências dessa natureza na região”, afirma.

A Usina São José informou ainda que não tem produção de etanol e, portanto, não gera a vinhaça, subproduto presente em vários dos casos registrados anteriormente. “O relatório não menciona inspeção e monitoramento em empresas que tenham sido autuados anteriormente, nem em outros trechos do rio onde possa ter havido eventuais despejos irregulares.” /COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA

A Defesa Civil de São Paulo começou nesse domingo, 21, uma operação de retirada dos peixes mortos no Rio Piracicaba, no interior do Estado. A ação recebe apoio do Sistema de Proteção e Defesa Civil. Até o momento, foram retiradas 36 toneladas de peixes, segundo balanço parcial.

Especialistas apontam que o impacto na fauna aquática do Rio Piracicaba e deve durar vários anos. Foto: Cecom/Prefeitura de Piracicaba/Divulgação

O despejo de uma substância poluente no rio causou a morte de cerca de 50 toneladas de peixes entre os dias 7 e 15 deste mês. A maior mortandade foi na região do Tanquã, reserva ambiental conhecida como Mini Pantanal Paulista.

Na sexta-feira, 19, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) multou em R$ 18 milhões a Usina São José, apontada como responsável pela poluição. O Ministério Público Estadual abriu inquérito para apurar o caso. A empresa afirma que não foi comprovada sua responsabilidade pelo despejo e diz colaborar com a investigação.

Defesa Civil inicia retirada de peixes mortos no Rio Piracicaba Foto: Divulgação/Defesa Civil

Desde a manhã deste domingo, equipes lideradas pela Polícia Militar Ambiental e a Defesa Civil do Estado estão com dez embarcações de pequeno porte e mais dois hidrotratores para fazer a limpeza no rio. Ao todo, mais de 30 homens atuam no apoio.

Os hidrotratores retiram os cardumes maiores, enquanto as embarcações menores fazem a retirada manual. A Defesa Civil diz conduzir o trabalho “com extremo cuidado, pensando na preservação do ambiente e na recuperação da fauna afetada”.

A prefeitura de Piracicaba informou também usar tratores aquáticos para remover as 50 toneladas de peixes mortos. Os trabalhos nessa frente começaram na tarde da última sexta-feira, e tinham previsão de se estender por todo o fim de semana.

A prefeitura informou que as máquinas iam recolher o material e levá-lo até a margem, onde caminhões fariam o carregamento e o transporte até o aterro sanitário, em Piracicaba, para fazer o descarte do material.

Cetesb estima perda de ao menos 235 mil espécimes

Segundo estimativa da Cetesb, morreram ao menos 235 mil espécimes nativas em decorrência da poluição. A agência informou ter identificado o elo direto entre o extravasamento de resíduos da cana-de-açúcar na Usina São José e a morte dos peixes. A substância poluente resulta do processo industrial e do melaço da cana-de-açúcar utilizado na fabricação de açúcar e álcool.

O montante da multa foi agravado pelo alto volume de peixes mortos e pelo atingimento de área de proteção ambiental. O órgão estadual vai estabelecer exigências técnicas e medidas corretivas a serem adotadas pela usina.

Conforme a agência, com o extravasamento na usina, no dia 7, as águas residuárias com mel de cana-de-açúcar, substância densa e de difícil diluição, foram arrastadas para o Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Piracicaba. A água ficou ácida e a carga orgânica foi levada até o Rio Piracicaba, reduzindo o nível de oxigenação da água a zero e inviabilizando a vida aquática.

Seu navegador não suporta esse video.

Despejo de poluente causou morte de cerca de 50 toneladas de animais; Defesa Civil faz remoção

A poluição foi arrastada por cerca de 60 quilômetros. Depois disso, se acumulou no Tanquã, onde causou outro grande evento de mortandade na segunda-feira, 15.

A Cetesb usou imagens de satélite e colhidas por drones para quantificar o número de animais mortos e realiza tratativas para a retirada das carcaças, objetivando interromper a contaminação do local. Uma força-tarefa que reúne outros órgãos do governo, como a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, a Fundação Florestal, além da Cetesb, atuará em parceria com a prefeitura para remover os peixes mortos.

Segundo estimativa da Cetesb, morreram ao menos 235 mil espécimes nativas em decorrência da poluição Foto: Cecom/Prefeitura de Piracicaba/Divulgação

O que diz a Usina São José, apontada como responsável pela poluição

Em nota enviada à reportagem na última semana, a Usina São José diz que segue à disposição das autoridades e não poupa esforços para colaborar plenamente com a Cetesb, a Polícia Ambiental e o Ministério Público.

“Em relação ao relatório da Cetesb, a empresa está avaliando o teor da decisão, bem como seus eventuais desdobramentos. Por ora, cabe destacar que até o momento a empresa não recebeu evidências que demonstrem nexo causal entre suas operações e a mortandade de peixes registrada ao longo do Rio Piracicaba e no Tanquã.”

Segundo a empresa, termo de vistoria ambiental da Polícia Militar Ambiental de 8 de julho conclui não ter havido “apontamento de danos ambientais no ato da vistoria”. O mesmo documento, segundo a usina, aponta a existência de galeria pluvial sob a Ponte do Funil, que estaria “despejando um líquido perene com volume alto, amarelado e odor forte, através de uma manilha de plástico de 10 polegadas”.

O local fica a 12 quilômetros da usina, entre Santa Bárbara d’Oeste e Limeira, e não foi considerado no relatório final apresentado nesta sexta, segundo a empresa.

Força-tarefa atua para retirar cerca de 50 toneladas de peixes mortos Foto: Divulgação/Defesa Civil de São Paulo

Ainda conforme a usina, o relatório aponta “lançamento de efluentes de cor escura e odor característico de esgoto sanitário” e “carreamento de material flutuante” em saídas de estações de tratamento de efluentes no Ribeirão dos Toledos, em Santa Bárbara d’Oeste, mas não aprofunda investigações a respeito.

“As operações da usina estavam interrompidas desde 2020, tendo sido retomadas somente em maio de 2024; nos últimos 10 anos houve pelo menos 17 ocorrências dessa natureza na região”, afirma.

A Usina São José informou ainda que não tem produção de etanol e, portanto, não gera a vinhaça, subproduto presente em vários dos casos registrados anteriormente. “O relatório não menciona inspeção e monitoramento em empresas que tenham sido autuados anteriormente, nem em outros trechos do rio onde possa ter havido eventuais despejos irregulares.” /COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA

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