Pendurado na janela, idoso vê mulher de 83 anos se afogar em enchente: ‘Soltou meu braço e afundou’


Somente na cidade de Muçum morreram ao menos 15 pessoas após passagem de ciclone pelo Rio Grande do Sul

Por José Maria Tomazela

O aposentado Nilson Pereira, de 83 anos, viveu momentos de desespero e pavor ao ver a mulher se afogar na sua frente, agarrado à janela do quarto de sua casa, em Muçum, durante a enchente que atingiu a cidade, no interior do Rio Grande do Sul. A esposa, Sueli Baldo Pereira, da mesma idade, não conseguiu se manter agarrada ao braço do marido e se afogou.

“Soltou meu braço e afundou. Vi ela deslizando, sendo levada pela água e não pude fazer nada”, lamentou à reportagem, nesta sexta-feira, 8. Ele perdeu também a irmã, de 86 anos, que morava na casa ao lado.

O Rio Grande do Sul registra ao menos 41 mortes e 46 desaparecidos após a passagem de um ciclone extratropical pelo Estado. Somente em Muçum, cidade de 4,6 mil habitantes distante cerca de 110 km da capital Porto Alegre, morreram ao menos 15 pessoas. Mais de 80% da área urbana da cidade foi inundada.

Muçum teve 80% do território alagado pelas cheias do rio Taquari Foto: Luciano Nagel/Estadão

A tragédia que se abateu sobre a família de Nilson Pereira começou às 20 horas de segunda-feira, 4, quando as chuvas intensas causadas pelo ciclone elevaram o nível do Rio Taquari. “Estávamos em casa, onde morávamos só eu e minha mulher. A casa tem quase 100 anos, mas o dono (o imóvel é alugado) disse que não precisava sair, porque nunca a água chegou até ali. Minha mulher tinha um problema na perna, usava muletas, e como a casa tem uma escada para chegar à rua, resolvemos ficar.”

Quando a água começou a entrar na casa, Nilson decidiu sair e chamou a esposa. “Foi aí que vimos que tinha mais de um metro de água na rua e uma correnteza muito forte. Eu teria de carregar ela e não conseguiria. Gritei para minha irmã, que estava com outra pessoa e uma cuidadora, mas não dava para ouvir por causa do barulho da chuva. Então fomos para o quarto.”

O aposentado conta que logo a cama começou a flutuar e a água continuou subindo. “Eu me agarrei na janela e puxei um pau que estava passando na correnteza para me prender ali. Minha mulher estava segurando no meu braço, mas a água estava muito fria. Ela começou a se queixar de cãibras. Eu gritava pedindo ajuda, a única coisa que dava para fazer naquela situação, mas era inútil. Era água, água e mais água, correndo cada vez mais forte, subindo cada vez mais.”

Nilson se lembra que, aos poucos, sentiu as mãos da mulher afrouxando em seu braço e, mesmo no escuro, enxergou a silhueta do corpo deslizando pela cama, que já tinha submergido, e desaparecendo na água. “Por mais que tente, não consigo esquecer aquela cena, ela se afogando em nosso quarto. A água subiu até quase cobrir minha cabeça, uma água tão fria que até machucava. Não sei como não morri.”

Ele conta que só se lembra de ver o dia clareando, quando as águas começaram a baixar. Às 7 da manhã de terça-feira, 5, Nilson conseguiu pôr os pés no chão e saiu do quarto. Foi aí que conseguiu o socorro. E só então soube que, na casa da irmã, a tragédia tinha sido ainda maior.

Além de Edi, de 86 anos, morreram um amigo dela, com mais de 90 anos, e a cuidadora dele. Os corpos foram localizados no mesmo dia. “Depois de tudo, quando andei pela cidade e vi o que tinha acontecido, fiquei até contente por estar vivo. Acho que já estou demais aqui na Terra”, disse.

O aposentado Nilson Pereira, de 83 anos, viveu momentos de desespero e pavor ao ver a mulher se afogar na sua frente, agarrado à janela do quarto de sua casa, em Muçum, durante a enchente que atingiu a cidade, no interior do Rio Grande do Sul. A esposa, Sueli Baldo Pereira, da mesma idade, não conseguiu se manter agarrada ao braço do marido e se afogou.

“Soltou meu braço e afundou. Vi ela deslizando, sendo levada pela água e não pude fazer nada”, lamentou à reportagem, nesta sexta-feira, 8. Ele perdeu também a irmã, de 86 anos, que morava na casa ao lado.

O Rio Grande do Sul registra ao menos 41 mortes e 46 desaparecidos após a passagem de um ciclone extratropical pelo Estado. Somente em Muçum, cidade de 4,6 mil habitantes distante cerca de 110 km da capital Porto Alegre, morreram ao menos 15 pessoas. Mais de 80% da área urbana da cidade foi inundada.

Muçum teve 80% do território alagado pelas cheias do rio Taquari Foto: Luciano Nagel/Estadão

A tragédia que se abateu sobre a família de Nilson Pereira começou às 20 horas de segunda-feira, 4, quando as chuvas intensas causadas pelo ciclone elevaram o nível do Rio Taquari. “Estávamos em casa, onde morávamos só eu e minha mulher. A casa tem quase 100 anos, mas o dono (o imóvel é alugado) disse que não precisava sair, porque nunca a água chegou até ali. Minha mulher tinha um problema na perna, usava muletas, e como a casa tem uma escada para chegar à rua, resolvemos ficar.”

Quando a água começou a entrar na casa, Nilson decidiu sair e chamou a esposa. “Foi aí que vimos que tinha mais de um metro de água na rua e uma correnteza muito forte. Eu teria de carregar ela e não conseguiria. Gritei para minha irmã, que estava com outra pessoa e uma cuidadora, mas não dava para ouvir por causa do barulho da chuva. Então fomos para o quarto.”

O aposentado conta que logo a cama começou a flutuar e a água continuou subindo. “Eu me agarrei na janela e puxei um pau que estava passando na correnteza para me prender ali. Minha mulher estava segurando no meu braço, mas a água estava muito fria. Ela começou a se queixar de cãibras. Eu gritava pedindo ajuda, a única coisa que dava para fazer naquela situação, mas era inútil. Era água, água e mais água, correndo cada vez mais forte, subindo cada vez mais.”

Nilson se lembra que, aos poucos, sentiu as mãos da mulher afrouxando em seu braço e, mesmo no escuro, enxergou a silhueta do corpo deslizando pela cama, que já tinha submergido, e desaparecendo na água. “Por mais que tente, não consigo esquecer aquela cena, ela se afogando em nosso quarto. A água subiu até quase cobrir minha cabeça, uma água tão fria que até machucava. Não sei como não morri.”

Ele conta que só se lembra de ver o dia clareando, quando as águas começaram a baixar. Às 7 da manhã de terça-feira, 5, Nilson conseguiu pôr os pés no chão e saiu do quarto. Foi aí que conseguiu o socorro. E só então soube que, na casa da irmã, a tragédia tinha sido ainda maior.

Além de Edi, de 86 anos, morreram um amigo dela, com mais de 90 anos, e a cuidadora dele. Os corpos foram localizados no mesmo dia. “Depois de tudo, quando andei pela cidade e vi o que tinha acontecido, fiquei até contente por estar vivo. Acho que já estou demais aqui na Terra”, disse.

O aposentado Nilson Pereira, de 83 anos, viveu momentos de desespero e pavor ao ver a mulher se afogar na sua frente, agarrado à janela do quarto de sua casa, em Muçum, durante a enchente que atingiu a cidade, no interior do Rio Grande do Sul. A esposa, Sueli Baldo Pereira, da mesma idade, não conseguiu se manter agarrada ao braço do marido e se afogou.

“Soltou meu braço e afundou. Vi ela deslizando, sendo levada pela água e não pude fazer nada”, lamentou à reportagem, nesta sexta-feira, 8. Ele perdeu também a irmã, de 86 anos, que morava na casa ao lado.

O Rio Grande do Sul registra ao menos 41 mortes e 46 desaparecidos após a passagem de um ciclone extratropical pelo Estado. Somente em Muçum, cidade de 4,6 mil habitantes distante cerca de 110 km da capital Porto Alegre, morreram ao menos 15 pessoas. Mais de 80% da área urbana da cidade foi inundada.

Muçum teve 80% do território alagado pelas cheias do rio Taquari Foto: Luciano Nagel/Estadão

A tragédia que se abateu sobre a família de Nilson Pereira começou às 20 horas de segunda-feira, 4, quando as chuvas intensas causadas pelo ciclone elevaram o nível do Rio Taquari. “Estávamos em casa, onde morávamos só eu e minha mulher. A casa tem quase 100 anos, mas o dono (o imóvel é alugado) disse que não precisava sair, porque nunca a água chegou até ali. Minha mulher tinha um problema na perna, usava muletas, e como a casa tem uma escada para chegar à rua, resolvemos ficar.”

Quando a água começou a entrar na casa, Nilson decidiu sair e chamou a esposa. “Foi aí que vimos que tinha mais de um metro de água na rua e uma correnteza muito forte. Eu teria de carregar ela e não conseguiria. Gritei para minha irmã, que estava com outra pessoa e uma cuidadora, mas não dava para ouvir por causa do barulho da chuva. Então fomos para o quarto.”

O aposentado conta que logo a cama começou a flutuar e a água continuou subindo. “Eu me agarrei na janela e puxei um pau que estava passando na correnteza para me prender ali. Minha mulher estava segurando no meu braço, mas a água estava muito fria. Ela começou a se queixar de cãibras. Eu gritava pedindo ajuda, a única coisa que dava para fazer naquela situação, mas era inútil. Era água, água e mais água, correndo cada vez mais forte, subindo cada vez mais.”

Nilson se lembra que, aos poucos, sentiu as mãos da mulher afrouxando em seu braço e, mesmo no escuro, enxergou a silhueta do corpo deslizando pela cama, que já tinha submergido, e desaparecendo na água. “Por mais que tente, não consigo esquecer aquela cena, ela se afogando em nosso quarto. A água subiu até quase cobrir minha cabeça, uma água tão fria que até machucava. Não sei como não morri.”

Ele conta que só se lembra de ver o dia clareando, quando as águas começaram a baixar. Às 7 da manhã de terça-feira, 5, Nilson conseguiu pôr os pés no chão e saiu do quarto. Foi aí que conseguiu o socorro. E só então soube que, na casa da irmã, a tragédia tinha sido ainda maior.

Além de Edi, de 86 anos, morreram um amigo dela, com mais de 90 anos, e a cuidadora dele. Os corpos foram localizados no mesmo dia. “Depois de tudo, quando andei pela cidade e vi o que tinha acontecido, fiquei até contente por estar vivo. Acho que já estou demais aqui na Terra”, disse.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.