Por que 3 milhões de peixes foram soltos em um dos principais rios de SP?


Com engajamento da comunidade local, grupo conseguiu frear a degradação do Rio Pardo e a pesca voltou a ganhar força na região

Por Aline Reskalla
Atualização: Correção:

Com 264 km de extensão, a Bacia do Rio Pardo compõe um cartão-postal da natureza exuberante típica do Estado de São Paulo. Sua importância, no entanto, vai além da beleza natural, com águas que atravessam 20 municípios, de Botucatu a Ourinhos, abastecendo as populações, gerando energia, irrigando culturas agrícolas, indústrias e fomentando a pesca.

O rio Pardo, que atravessa a cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, nasce no município de Pardinho, SP.  Foto: Prefeitura Santa Cruz do Rio Pardo

Pesca, aliás, que havia praticamente desaparecido do rio nas últimas décadas do século passado, quando a preocupação com sustentabilidade no uso dos recursos hídricos não existia. A poluição, o uso predatório do rio e a construção de barragens por toda a bacia impediam a reprodução natural de diversas espécies, colocando em risco o equilíbrio ecológico do rio.

Até que um grupo inconformado de amigos de Santa Cruz do Rio Pardo se uniu para tentar frear a degradação. Eles foram liderados pelo funcionário público neto de ucranianos Carlos Cavalcchuki, que criou, em 2008, a ONG Rio Pardo Vivo.

“Fizemos um levante na época contra um plano de construção de sete hidrelétricas no rio. Foi uma luta muito grande, conseguimos evitar a instalação de quatro barragens. Desde então, trabalhamos na recuperação da bacia”, relembra Cavalcchuki. Hoje, o cenário mudou: os peixes voltaram, e a pesca - esportiva, comercial ou de subsistência - também.

ONG Rio Pardo Vivo se destaca por conseguir engajar a comunidade local, em defesa dos recursos hídricos da região Foto: Luiz C. Cavalchuki

O Projeto Cardume, idealizado pela ONG para repovoar o rio de espécies que haviam desaparecido, alcançou um marco em 2024: o total de soltura de 3 milhões de peixes no Rio Pardo, uma média de 200 mil por ano. São Dourados, Piaparas, Curimbatás, Pacu-Guaçu, Lambaris, entre outros. O projeto recebeu apoio da Ctg Brasil, que forneceu milhares de peixes através do seu Programa de Manejo e Conservação da Ictiofauna, liderado pelo pesquisador especialista em meio ambiente Norberto Castro Vianna.

Em todas as temporadas de soltura, estudantes de escolas da região participam da ação, para Cavalcchuki uma condição fundamental. Com as crianças, é possível criar uma consciência de conservação do meio ambiente.

Em 2023, o projeto foi finalista do Prêmio ANA, a Agência Nacional das Águas, um dos mais tradicionais voltados aos recursos hídricos no Brasil. “Esse é um exemplo de como a ação conjunta da sociedade e do poder público pode fazer a diferença na recuperação de um rio degradado. Com a continuidade do projeto e a conscientização da população, o Rio Pardo poderá voltar a ser um rio próspero e cheio de vida”, sonha o fundador da ONG.

Conheça o Rio Pardo

  • Nascente: Pardinho
  • Foz: Paranapanema
  • Extensão: 264 km
  • Espécies de peixes: Dourados, Piaparas, Curimbatás, Pacu-Guaçu e Lambaris
  • Condições das águas: Classe 2, adequadas para tomar banho, pescar, mas não para beber

História de pescador

Os resultados desse trabalho incansável são visíveis. Apaixonado por pesca desde os 15 anos, o funcionário público José Ricardo Marcolino, 41 anos, vivenciou de perto os dois momentos do Rio Pardo. Antes, não fisgava praticamente nada. Hoje, pega tanto peixe que nem consegue contar. “Ninguém acreditou em mim quando peguei meu primeiro Dourado no Rio, em 2010, ainda mais que ele escapou. De lá para cá, foram quase 20 dourados, um deles com 7 kg”, contou ele ao Estadão.

José Ricardo Marcolino comemora o fato de agora conseguir pescar no Rio Pardo Foto: Acervo Pesso

Morador de Iaras, município banhado pelo rio, Marcolino diz que, com o repovoamento nos últimos anos, a pesca esportiva ganhou força na região. Da mesma forma, pescadores que dependem do rio para viver agora podem novamente tirar dele seu sustento.

João Paulo Figueira, gerente de Desenvolvimento Sustentável da empresa Special Dog, é parceiro da Rio Pardo Vivo desde o primeiro abaixo-assinado contra a construção de novas hidrelétricas. “A ONG acaba sensibilizando a comunidade e engajando os principais atores dessa transformação: iniciativa privada, gestão pública e terceiro setor. O Rio Pardo é uma preciosidade e temos um carinho muito grande por ele, mas não depende só da nossa comunidade.”

Além de contribuir com os alevinos para o repovoamento do rio, a companhia ajuda na mobilização da comunidade, especialmente as escolas. “Incentivamos a participação de crianças nesses momentos de soltura, para que elas se envolvam e cresçam com a consciência da preservação.”

Figueira, que é morador de Santa Cruz do Rio Pardo, vê a transformação do modelo econômico da região. “Nesses anos, podemos dizer que passamos de parte do problema para parte da solução. É uma mudança de consciência. E isso se reflete no nosso negócio, com uma nova percepção sobre o uso dos recursos hídricos”, afirma.

E os números são expressivos: nos últimos anos, a empresa economizou 600 milhões de litros de água implantando práticas de reuso e captação de água da chuva. “Esse é um movimento que não para. Economizamos 7,5 milhões de litros por mês, e 38% de toda a água que utilizamos vem de fontes secundárias, reduzindo a captação dos mananciais.”

Edson Luís Piroli, professor livre docente da Faculdade de Ciências, Tecnologia e Educação da Unesp, no campus de Ourinhos, tem atuado junto com a ONG desde a sua fundação, com orientações técnicas, elaboração de documentos e direcionamento de demanda para ao setor público. Piroli vem estudado o aumento da demanda por recursos hídricos na região, ocasionada pelo crescimento da atividade industrial, da agricultura e da geração de energia elétrica. Diante do atual cenário de queda no volume dos rios, a universidade está buscando engajar população e gestores para estabelecer parâmetros para uso racional e compartilhado da bacia.

Ele considera importantíssima a parceria do setor acadêmico com a comunidade e a iniciativa privada. “A universidade fazendo pesquisa e gerando dados, a ONG fazendo divulgação e questionando ações que podem ser maléficas, e a comunidade agindo”, afirma o professor, que tem desenvolvido diversos estudos envolvendo a Bacia do Rio Pardo.

Atualmente, segundo ele, as condições das águas do rio são da “classe 2″, adequadas para tomar banho, pescar, mas não para beber, pois há presença de sedimentos e alguns microorganismos que podem ser maléficos.

Ainda assim, o Pardo é um dos rios mais limpos do Estado de São Paulo. Ele nasce no Oeste do Estado, perto do município de Pardinho, e percorre 264 km até desaguar no Paranapanema, que marca a divisa com o Paraná. A área de sua bacia, que se divide em 476 microbacias, se estende por 4.801.095 km2.

Com 264 km de extensão, a Bacia do Rio Pardo compõe um cartão-postal da natureza exuberante típica do Estado de São Paulo. Sua importância, no entanto, vai além da beleza natural, com águas que atravessam 20 municípios, de Botucatu a Ourinhos, abastecendo as populações, gerando energia, irrigando culturas agrícolas, indústrias e fomentando a pesca.

O rio Pardo, que atravessa a cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, nasce no município de Pardinho, SP.  Foto: Prefeitura Santa Cruz do Rio Pardo

Pesca, aliás, que havia praticamente desaparecido do rio nas últimas décadas do século passado, quando a preocupação com sustentabilidade no uso dos recursos hídricos não existia. A poluição, o uso predatório do rio e a construção de barragens por toda a bacia impediam a reprodução natural de diversas espécies, colocando em risco o equilíbrio ecológico do rio.

Até que um grupo inconformado de amigos de Santa Cruz do Rio Pardo se uniu para tentar frear a degradação. Eles foram liderados pelo funcionário público neto de ucranianos Carlos Cavalcchuki, que criou, em 2008, a ONG Rio Pardo Vivo.

“Fizemos um levante na época contra um plano de construção de sete hidrelétricas no rio. Foi uma luta muito grande, conseguimos evitar a instalação de quatro barragens. Desde então, trabalhamos na recuperação da bacia”, relembra Cavalcchuki. Hoje, o cenário mudou: os peixes voltaram, e a pesca - esportiva, comercial ou de subsistência - também.

ONG Rio Pardo Vivo se destaca por conseguir engajar a comunidade local, em defesa dos recursos hídricos da região Foto: Luiz C. Cavalchuki

O Projeto Cardume, idealizado pela ONG para repovoar o rio de espécies que haviam desaparecido, alcançou um marco em 2024: o total de soltura de 3 milhões de peixes no Rio Pardo, uma média de 200 mil por ano. São Dourados, Piaparas, Curimbatás, Pacu-Guaçu, Lambaris, entre outros. O projeto recebeu apoio da Ctg Brasil, que forneceu milhares de peixes através do seu Programa de Manejo e Conservação da Ictiofauna, liderado pelo pesquisador especialista em meio ambiente Norberto Castro Vianna.

Em todas as temporadas de soltura, estudantes de escolas da região participam da ação, para Cavalcchuki uma condição fundamental. Com as crianças, é possível criar uma consciência de conservação do meio ambiente.

Em 2023, o projeto foi finalista do Prêmio ANA, a Agência Nacional das Águas, um dos mais tradicionais voltados aos recursos hídricos no Brasil. “Esse é um exemplo de como a ação conjunta da sociedade e do poder público pode fazer a diferença na recuperação de um rio degradado. Com a continuidade do projeto e a conscientização da população, o Rio Pardo poderá voltar a ser um rio próspero e cheio de vida”, sonha o fundador da ONG.

Conheça o Rio Pardo

  • Nascente: Pardinho
  • Foz: Paranapanema
  • Extensão: 264 km
  • Espécies de peixes: Dourados, Piaparas, Curimbatás, Pacu-Guaçu e Lambaris
  • Condições das águas: Classe 2, adequadas para tomar banho, pescar, mas não para beber

História de pescador

Os resultados desse trabalho incansável são visíveis. Apaixonado por pesca desde os 15 anos, o funcionário público José Ricardo Marcolino, 41 anos, vivenciou de perto os dois momentos do Rio Pardo. Antes, não fisgava praticamente nada. Hoje, pega tanto peixe que nem consegue contar. “Ninguém acreditou em mim quando peguei meu primeiro Dourado no Rio, em 2010, ainda mais que ele escapou. De lá para cá, foram quase 20 dourados, um deles com 7 kg”, contou ele ao Estadão.

José Ricardo Marcolino comemora o fato de agora conseguir pescar no Rio Pardo Foto: Acervo Pesso

Morador de Iaras, município banhado pelo rio, Marcolino diz que, com o repovoamento nos últimos anos, a pesca esportiva ganhou força na região. Da mesma forma, pescadores que dependem do rio para viver agora podem novamente tirar dele seu sustento.

João Paulo Figueira, gerente de Desenvolvimento Sustentável da empresa Special Dog, é parceiro da Rio Pardo Vivo desde o primeiro abaixo-assinado contra a construção de novas hidrelétricas. “A ONG acaba sensibilizando a comunidade e engajando os principais atores dessa transformação: iniciativa privada, gestão pública e terceiro setor. O Rio Pardo é uma preciosidade e temos um carinho muito grande por ele, mas não depende só da nossa comunidade.”

Além de contribuir com os alevinos para o repovoamento do rio, a companhia ajuda na mobilização da comunidade, especialmente as escolas. “Incentivamos a participação de crianças nesses momentos de soltura, para que elas se envolvam e cresçam com a consciência da preservação.”

Figueira, que é morador de Santa Cruz do Rio Pardo, vê a transformação do modelo econômico da região. “Nesses anos, podemos dizer que passamos de parte do problema para parte da solução. É uma mudança de consciência. E isso se reflete no nosso negócio, com uma nova percepção sobre o uso dos recursos hídricos”, afirma.

E os números são expressivos: nos últimos anos, a empresa economizou 600 milhões de litros de água implantando práticas de reuso e captação de água da chuva. “Esse é um movimento que não para. Economizamos 7,5 milhões de litros por mês, e 38% de toda a água que utilizamos vem de fontes secundárias, reduzindo a captação dos mananciais.”

Edson Luís Piroli, professor livre docente da Faculdade de Ciências, Tecnologia e Educação da Unesp, no campus de Ourinhos, tem atuado junto com a ONG desde a sua fundação, com orientações técnicas, elaboração de documentos e direcionamento de demanda para ao setor público. Piroli vem estudado o aumento da demanda por recursos hídricos na região, ocasionada pelo crescimento da atividade industrial, da agricultura e da geração de energia elétrica. Diante do atual cenário de queda no volume dos rios, a universidade está buscando engajar população e gestores para estabelecer parâmetros para uso racional e compartilhado da bacia.

Ele considera importantíssima a parceria do setor acadêmico com a comunidade e a iniciativa privada. “A universidade fazendo pesquisa e gerando dados, a ONG fazendo divulgação e questionando ações que podem ser maléficas, e a comunidade agindo”, afirma o professor, que tem desenvolvido diversos estudos envolvendo a Bacia do Rio Pardo.

Atualmente, segundo ele, as condições das águas do rio são da “classe 2″, adequadas para tomar banho, pescar, mas não para beber, pois há presença de sedimentos e alguns microorganismos que podem ser maléficos.

Ainda assim, o Pardo é um dos rios mais limpos do Estado de São Paulo. Ele nasce no Oeste do Estado, perto do município de Pardinho, e percorre 264 km até desaguar no Paranapanema, que marca a divisa com o Paraná. A área de sua bacia, que se divide em 476 microbacias, se estende por 4.801.095 km2.

Com 264 km de extensão, a Bacia do Rio Pardo compõe um cartão-postal da natureza exuberante típica do Estado de São Paulo. Sua importância, no entanto, vai além da beleza natural, com águas que atravessam 20 municípios, de Botucatu a Ourinhos, abastecendo as populações, gerando energia, irrigando culturas agrícolas, indústrias e fomentando a pesca.

O rio Pardo, que atravessa a cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, nasce no município de Pardinho, SP.  Foto: Prefeitura Santa Cruz do Rio Pardo

Pesca, aliás, que havia praticamente desaparecido do rio nas últimas décadas do século passado, quando a preocupação com sustentabilidade no uso dos recursos hídricos não existia. A poluição, o uso predatório do rio e a construção de barragens por toda a bacia impediam a reprodução natural de diversas espécies, colocando em risco o equilíbrio ecológico do rio.

Até que um grupo inconformado de amigos de Santa Cruz do Rio Pardo se uniu para tentar frear a degradação. Eles foram liderados pelo funcionário público neto de ucranianos Carlos Cavalcchuki, que criou, em 2008, a ONG Rio Pardo Vivo.

“Fizemos um levante na época contra um plano de construção de sete hidrelétricas no rio. Foi uma luta muito grande, conseguimos evitar a instalação de quatro barragens. Desde então, trabalhamos na recuperação da bacia”, relembra Cavalcchuki. Hoje, o cenário mudou: os peixes voltaram, e a pesca - esportiva, comercial ou de subsistência - também.

ONG Rio Pardo Vivo se destaca por conseguir engajar a comunidade local, em defesa dos recursos hídricos da região Foto: Luiz C. Cavalchuki

O Projeto Cardume, idealizado pela ONG para repovoar o rio de espécies que haviam desaparecido, alcançou um marco em 2024: o total de soltura de 3 milhões de peixes no Rio Pardo, uma média de 200 mil por ano. São Dourados, Piaparas, Curimbatás, Pacu-Guaçu, Lambaris, entre outros. O projeto recebeu apoio da Ctg Brasil, que forneceu milhares de peixes através do seu Programa de Manejo e Conservação da Ictiofauna, liderado pelo pesquisador especialista em meio ambiente Norberto Castro Vianna.

Em todas as temporadas de soltura, estudantes de escolas da região participam da ação, para Cavalcchuki uma condição fundamental. Com as crianças, é possível criar uma consciência de conservação do meio ambiente.

Em 2023, o projeto foi finalista do Prêmio ANA, a Agência Nacional das Águas, um dos mais tradicionais voltados aos recursos hídricos no Brasil. “Esse é um exemplo de como a ação conjunta da sociedade e do poder público pode fazer a diferença na recuperação de um rio degradado. Com a continuidade do projeto e a conscientização da população, o Rio Pardo poderá voltar a ser um rio próspero e cheio de vida”, sonha o fundador da ONG.

Conheça o Rio Pardo

  • Nascente: Pardinho
  • Foz: Paranapanema
  • Extensão: 264 km
  • Espécies de peixes: Dourados, Piaparas, Curimbatás, Pacu-Guaçu e Lambaris
  • Condições das águas: Classe 2, adequadas para tomar banho, pescar, mas não para beber

História de pescador

Os resultados desse trabalho incansável são visíveis. Apaixonado por pesca desde os 15 anos, o funcionário público José Ricardo Marcolino, 41 anos, vivenciou de perto os dois momentos do Rio Pardo. Antes, não fisgava praticamente nada. Hoje, pega tanto peixe que nem consegue contar. “Ninguém acreditou em mim quando peguei meu primeiro Dourado no Rio, em 2010, ainda mais que ele escapou. De lá para cá, foram quase 20 dourados, um deles com 7 kg”, contou ele ao Estadão.

José Ricardo Marcolino comemora o fato de agora conseguir pescar no Rio Pardo Foto: Acervo Pesso

Morador de Iaras, município banhado pelo rio, Marcolino diz que, com o repovoamento nos últimos anos, a pesca esportiva ganhou força na região. Da mesma forma, pescadores que dependem do rio para viver agora podem novamente tirar dele seu sustento.

João Paulo Figueira, gerente de Desenvolvimento Sustentável da empresa Special Dog, é parceiro da Rio Pardo Vivo desde o primeiro abaixo-assinado contra a construção de novas hidrelétricas. “A ONG acaba sensibilizando a comunidade e engajando os principais atores dessa transformação: iniciativa privada, gestão pública e terceiro setor. O Rio Pardo é uma preciosidade e temos um carinho muito grande por ele, mas não depende só da nossa comunidade.”

Além de contribuir com os alevinos para o repovoamento do rio, a companhia ajuda na mobilização da comunidade, especialmente as escolas. “Incentivamos a participação de crianças nesses momentos de soltura, para que elas se envolvam e cresçam com a consciência da preservação.”

Figueira, que é morador de Santa Cruz do Rio Pardo, vê a transformação do modelo econômico da região. “Nesses anos, podemos dizer que passamos de parte do problema para parte da solução. É uma mudança de consciência. E isso se reflete no nosso negócio, com uma nova percepção sobre o uso dos recursos hídricos”, afirma.

E os números são expressivos: nos últimos anos, a empresa economizou 600 milhões de litros de água implantando práticas de reuso e captação de água da chuva. “Esse é um movimento que não para. Economizamos 7,5 milhões de litros por mês, e 38% de toda a água que utilizamos vem de fontes secundárias, reduzindo a captação dos mananciais.”

Edson Luís Piroli, professor livre docente da Faculdade de Ciências, Tecnologia e Educação da Unesp, no campus de Ourinhos, tem atuado junto com a ONG desde a sua fundação, com orientações técnicas, elaboração de documentos e direcionamento de demanda para ao setor público. Piroli vem estudado o aumento da demanda por recursos hídricos na região, ocasionada pelo crescimento da atividade industrial, da agricultura e da geração de energia elétrica. Diante do atual cenário de queda no volume dos rios, a universidade está buscando engajar população e gestores para estabelecer parâmetros para uso racional e compartilhado da bacia.

Ele considera importantíssima a parceria do setor acadêmico com a comunidade e a iniciativa privada. “A universidade fazendo pesquisa e gerando dados, a ONG fazendo divulgação e questionando ações que podem ser maléficas, e a comunidade agindo”, afirma o professor, que tem desenvolvido diversos estudos envolvendo a Bacia do Rio Pardo.

Atualmente, segundo ele, as condições das águas do rio são da “classe 2″, adequadas para tomar banho, pescar, mas não para beber, pois há presença de sedimentos e alguns microorganismos que podem ser maléficos.

Ainda assim, o Pardo é um dos rios mais limpos do Estado de São Paulo. Ele nasce no Oeste do Estado, perto do município de Pardinho, e percorre 264 km até desaguar no Paranapanema, que marca a divisa com o Paraná. A área de sua bacia, que se divide em 476 microbacias, se estende por 4.801.095 km2.

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