Por que tantas árvores caem em São Paulo? Entenda


Capital paulista teve mais de 300 chamados para quedas de árvores por causa passagem de ciclone pela costa brasileira; especialistas apontam que medidas podem atenuar situação

Por Priscila Mengue
Atualização:

Mais de 300 chamados para quedas de árvores foram registrados pelo Corpo de Bombeiros na região metropolitana de São Paulo entre a quinta-feira, 13, e o início da manhã desta sexta-feira, 14, em meio à passagem de um ciclone extratropical pela costa brasileira. Esse tipo de ocorrência se repetiu aos milhares em municípios do interior paulista e, principalmente, da região Sul, que somam ao menos quatro mortes relacionadas a quedas de árvores e galhos durante o evento extremo.

Seriam esses casos evitáveis? Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que rajadas de vento acima de 80 quilômetros por hora — como as registradas em algumas cidades durante a passagem do ciclone — podem derrubar até mesmo árvores saudáveis. Mesmo assim, medidas de identificação de exemplares doentes e com problemas variados ajudam a reduzir o número de quedas durante chuvas e temporais.

Esse tipo de incidente é comum na cidade de São Paulo. Somente em 2022, a Defesa Civil municipal atendeu a 3,8 mil ocorrências de queda de árvore, 3,6 mil de risco iminente de queda de árvores e 1,9 mil de quedas de galhos. Ao todo, esse montante soma 9,4 mil registros em apenas um ano.

O número de pedidos à gestão Ricardo Nunes (MDB) pode ser maior: somente no primeiro trimestre de 2023, o serviço 156 recebeu mais de 5,5 mil solicitações para queda e risco iminente de queda de árvores.

Avenida República do Líbano chegou a ter trânsito bloqueado por queda de árvore na quinta-feira, 13 Foto: Alex Silva/Estadão

As ocorrências do Corpo de Bombeiros mostram a distribuição variada pela cidade, por vezes com quedas que atingem carros, fiação elétrica e muros, além de obstruir vias. Na quinta-feira, 13, por exemplo, uma árvore caiu sobre uma guarita no Morumbi, na zona sul, e, em fevereiro, um veículo com cinco pessoas foi atingido em Pinheiros, na zona oeste. Nos dois casos, não foram registrados feridos graves.

Em dezembro, uma árvore caiu sobre outro automóvel, com duas pessoas, na Vila Andrade, na zona sul. Já em agosto, um homem de 23 anos foi encaminhado para o pronto-socorro após o carro em que estava ser atingido por uma árvore no Itaim Bibi, também na zona sul. No mesmo mês, na Liberdade, região central, uma pessoa foi retirada sem ferimentos de um automóvel em um caso semelhante.

Essa situação preocupa em meio às mudanças climáticas, em que eventos extremos estão cada vez mais frequentes e intensos. Professor do Instituto de Biociências da USP e com passagem pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Marcos Buckeridge diz que quedas de árvores costumam ser pouco frequentes no inverno, diferentemente do que ocorreu nesta semana “É um exemplo claro de evento extremo. Estamos avisando desde a década de 90 que iria acontecer.”

Um cenário desses pode ter o risco potencializado em locais despreparados. A arborização nas cidades por vezes não envolve uma massa arbórea mais densa, por exemplo, o que poderia diminuir o impacto das rajadas. “Nas cidades, o vento entra pela rua e, às vezes, até aumenta de velocidade”, explica o pesquisador.

Além disso, embora as árvores tenham um papel fundamental, com benefícios diversos, muitas vezes não recebem os cuidados necessários, com adubação, poda adequada e monitoramento de doenças. “Se cuidar melhor, vão viver mais e, obviamente, uma árvore saudável é mais difícil de derrubar do que uma doente”, comenta Buckeridge. “Alguma árvore vai cair, mas pode diminuir, ter um número bem menor.”

As árvores têm diversos impactos positivos nas cidades. Elas promovem conforto térmico, fazem sombreamento, dão maior permeabilidade do solo (o que reduz alagamentos), fazem um controle da umidade do ar, exercem a função de corredor ecológico (de espécies da fauna), são uma barreira contra ventos e ruídos, reduzem a poluição, retém o carbono e contribuem para o bem-estar da população em geral, por exemplo.

Tipos de queda

Biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sérgio Brazolin explica que as árvores podem cair por inteiro (com as raízes) ou com o rompimento na base do tronco. No segundo caso, em grande parte, trata-se de uma situação que poderia ser evitada e que geralmente envolve árvores mais antigas.

“Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins”, aponta o biólogo. Até a poluição pode impactar na saúde das árvores.

Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins.

Sérgio Brazolin, biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

Segundo ele, um inspetor especializado consegue identificar essa situação, ainda mais se tiver o auxílio de equipamentos que permitem identificar o interior da espécime. “É mais fácil de prever. Se uma prefeitura tiver um programa de manejo preventivo, não atuar só no ‘incêndio’, elimina grande parte dessas situações”, diz.

Já a queda da árvore por inteiro pode ter relação com problemas no plantio, com um planejamento inadequado de seu desenvolvimento em relação ao espaço que ocupa. “É só andar em São Paulo para ver árvores enormes na calçada, em que nem passa uma pessoa do lado, que as raízes ficam amontoadas”, exemplifica.

Rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até árvores sadias

Além disso, Brazolin destaca que rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até mesmo árvores sadias. “Existem situações em se consegue detectar antes e tomar medida preventiva e, também, tem situações em que não se consegue prever, que é uma fatalidade, em que a árvore pode estar bem estabelecida e tomba. Nesses eventos extremos, podem cair árvores sem nenhum defeito.”

Árvore caiu sobre carro de auto-escola e matou jovem nesta quinta-feira, 13, em São José dos Campos Foto: Corpo de Bombeiros

Em nota, a Prefeitura destacou que realiza podas periódicas para evitar casos de quedas de árvores e galhos, com 87,7 mil podas no primeiro semestre desse ano e 148,8 mil no ano passado. Também salientou que técnicos habilitados fazem a avaliação das árvores mediante análise visual e com equipamentos. Segundo o município, a Defesa Civil atendeu a 1,9 mil quedas de árvores, 1,2 mil quedas de galhos e 2,1 mil casos de risco iminente de queda de árvores no primeiro semestre de 2023.

Em 2020, a Prefeitura de São Paulo publicou um diagnóstico sobre a arborização de vias públicas, no qual apontava cerca de 300 problemas na produção, no plantio e no manejo de árvores, como cortes desnecessários, baixo retorno das mudas plantadas e ausência de manejo de espécies invasoras.

O levantamento falava, ainda, em fiscalização “morosa”, conhecimento técnico das equipes contratadas considerado baixo e manejo de árvores tecnicamente “ultrapassado, ineficiente e desigual”. Posteriormente, em 2021, foi publicado um Plano Municipal de Arborização Urbana.

Mais de 300 chamados para quedas de árvores foram registrados pelo Corpo de Bombeiros na região metropolitana de São Paulo entre a quinta-feira, 13, e o início da manhã desta sexta-feira, 14, em meio à passagem de um ciclone extratropical pela costa brasileira. Esse tipo de ocorrência se repetiu aos milhares em municípios do interior paulista e, principalmente, da região Sul, que somam ao menos quatro mortes relacionadas a quedas de árvores e galhos durante o evento extremo.

Seriam esses casos evitáveis? Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que rajadas de vento acima de 80 quilômetros por hora — como as registradas em algumas cidades durante a passagem do ciclone — podem derrubar até mesmo árvores saudáveis. Mesmo assim, medidas de identificação de exemplares doentes e com problemas variados ajudam a reduzir o número de quedas durante chuvas e temporais.

Esse tipo de incidente é comum na cidade de São Paulo. Somente em 2022, a Defesa Civil municipal atendeu a 3,8 mil ocorrências de queda de árvore, 3,6 mil de risco iminente de queda de árvores e 1,9 mil de quedas de galhos. Ao todo, esse montante soma 9,4 mil registros em apenas um ano.

O número de pedidos à gestão Ricardo Nunes (MDB) pode ser maior: somente no primeiro trimestre de 2023, o serviço 156 recebeu mais de 5,5 mil solicitações para queda e risco iminente de queda de árvores.

Avenida República do Líbano chegou a ter trânsito bloqueado por queda de árvore na quinta-feira, 13 Foto: Alex Silva/Estadão

As ocorrências do Corpo de Bombeiros mostram a distribuição variada pela cidade, por vezes com quedas que atingem carros, fiação elétrica e muros, além de obstruir vias. Na quinta-feira, 13, por exemplo, uma árvore caiu sobre uma guarita no Morumbi, na zona sul, e, em fevereiro, um veículo com cinco pessoas foi atingido em Pinheiros, na zona oeste. Nos dois casos, não foram registrados feridos graves.

Em dezembro, uma árvore caiu sobre outro automóvel, com duas pessoas, na Vila Andrade, na zona sul. Já em agosto, um homem de 23 anos foi encaminhado para o pronto-socorro após o carro em que estava ser atingido por uma árvore no Itaim Bibi, também na zona sul. No mesmo mês, na Liberdade, região central, uma pessoa foi retirada sem ferimentos de um automóvel em um caso semelhante.

Essa situação preocupa em meio às mudanças climáticas, em que eventos extremos estão cada vez mais frequentes e intensos. Professor do Instituto de Biociências da USP e com passagem pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Marcos Buckeridge diz que quedas de árvores costumam ser pouco frequentes no inverno, diferentemente do que ocorreu nesta semana “É um exemplo claro de evento extremo. Estamos avisando desde a década de 90 que iria acontecer.”

Um cenário desses pode ter o risco potencializado em locais despreparados. A arborização nas cidades por vezes não envolve uma massa arbórea mais densa, por exemplo, o que poderia diminuir o impacto das rajadas. “Nas cidades, o vento entra pela rua e, às vezes, até aumenta de velocidade”, explica o pesquisador.

Além disso, embora as árvores tenham um papel fundamental, com benefícios diversos, muitas vezes não recebem os cuidados necessários, com adubação, poda adequada e monitoramento de doenças. “Se cuidar melhor, vão viver mais e, obviamente, uma árvore saudável é mais difícil de derrubar do que uma doente”, comenta Buckeridge. “Alguma árvore vai cair, mas pode diminuir, ter um número bem menor.”

As árvores têm diversos impactos positivos nas cidades. Elas promovem conforto térmico, fazem sombreamento, dão maior permeabilidade do solo (o que reduz alagamentos), fazem um controle da umidade do ar, exercem a função de corredor ecológico (de espécies da fauna), são uma barreira contra ventos e ruídos, reduzem a poluição, retém o carbono e contribuem para o bem-estar da população em geral, por exemplo.

Tipos de queda

Biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sérgio Brazolin explica que as árvores podem cair por inteiro (com as raízes) ou com o rompimento na base do tronco. No segundo caso, em grande parte, trata-se de uma situação que poderia ser evitada e que geralmente envolve árvores mais antigas.

“Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins”, aponta o biólogo. Até a poluição pode impactar na saúde das árvores.

Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins.

Sérgio Brazolin, biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

Segundo ele, um inspetor especializado consegue identificar essa situação, ainda mais se tiver o auxílio de equipamentos que permitem identificar o interior da espécime. “É mais fácil de prever. Se uma prefeitura tiver um programa de manejo preventivo, não atuar só no ‘incêndio’, elimina grande parte dessas situações”, diz.

Já a queda da árvore por inteiro pode ter relação com problemas no plantio, com um planejamento inadequado de seu desenvolvimento em relação ao espaço que ocupa. “É só andar em São Paulo para ver árvores enormes na calçada, em que nem passa uma pessoa do lado, que as raízes ficam amontoadas”, exemplifica.

Rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até árvores sadias

Além disso, Brazolin destaca que rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até mesmo árvores sadias. “Existem situações em se consegue detectar antes e tomar medida preventiva e, também, tem situações em que não se consegue prever, que é uma fatalidade, em que a árvore pode estar bem estabelecida e tomba. Nesses eventos extremos, podem cair árvores sem nenhum defeito.”

Árvore caiu sobre carro de auto-escola e matou jovem nesta quinta-feira, 13, em São José dos Campos Foto: Corpo de Bombeiros

Em nota, a Prefeitura destacou que realiza podas periódicas para evitar casos de quedas de árvores e galhos, com 87,7 mil podas no primeiro semestre desse ano e 148,8 mil no ano passado. Também salientou que técnicos habilitados fazem a avaliação das árvores mediante análise visual e com equipamentos. Segundo o município, a Defesa Civil atendeu a 1,9 mil quedas de árvores, 1,2 mil quedas de galhos e 2,1 mil casos de risco iminente de queda de árvores no primeiro semestre de 2023.

Em 2020, a Prefeitura de São Paulo publicou um diagnóstico sobre a arborização de vias públicas, no qual apontava cerca de 300 problemas na produção, no plantio e no manejo de árvores, como cortes desnecessários, baixo retorno das mudas plantadas e ausência de manejo de espécies invasoras.

O levantamento falava, ainda, em fiscalização “morosa”, conhecimento técnico das equipes contratadas considerado baixo e manejo de árvores tecnicamente “ultrapassado, ineficiente e desigual”. Posteriormente, em 2021, foi publicado um Plano Municipal de Arborização Urbana.

Mais de 300 chamados para quedas de árvores foram registrados pelo Corpo de Bombeiros na região metropolitana de São Paulo entre a quinta-feira, 13, e o início da manhã desta sexta-feira, 14, em meio à passagem de um ciclone extratropical pela costa brasileira. Esse tipo de ocorrência se repetiu aos milhares em municípios do interior paulista e, principalmente, da região Sul, que somam ao menos quatro mortes relacionadas a quedas de árvores e galhos durante o evento extremo.

Seriam esses casos evitáveis? Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que rajadas de vento acima de 80 quilômetros por hora — como as registradas em algumas cidades durante a passagem do ciclone — podem derrubar até mesmo árvores saudáveis. Mesmo assim, medidas de identificação de exemplares doentes e com problemas variados ajudam a reduzir o número de quedas durante chuvas e temporais.

Esse tipo de incidente é comum na cidade de São Paulo. Somente em 2022, a Defesa Civil municipal atendeu a 3,8 mil ocorrências de queda de árvore, 3,6 mil de risco iminente de queda de árvores e 1,9 mil de quedas de galhos. Ao todo, esse montante soma 9,4 mil registros em apenas um ano.

O número de pedidos à gestão Ricardo Nunes (MDB) pode ser maior: somente no primeiro trimestre de 2023, o serviço 156 recebeu mais de 5,5 mil solicitações para queda e risco iminente de queda de árvores.

Avenida República do Líbano chegou a ter trânsito bloqueado por queda de árvore na quinta-feira, 13 Foto: Alex Silva/Estadão

As ocorrências do Corpo de Bombeiros mostram a distribuição variada pela cidade, por vezes com quedas que atingem carros, fiação elétrica e muros, além de obstruir vias. Na quinta-feira, 13, por exemplo, uma árvore caiu sobre uma guarita no Morumbi, na zona sul, e, em fevereiro, um veículo com cinco pessoas foi atingido em Pinheiros, na zona oeste. Nos dois casos, não foram registrados feridos graves.

Em dezembro, uma árvore caiu sobre outro automóvel, com duas pessoas, na Vila Andrade, na zona sul. Já em agosto, um homem de 23 anos foi encaminhado para o pronto-socorro após o carro em que estava ser atingido por uma árvore no Itaim Bibi, também na zona sul. No mesmo mês, na Liberdade, região central, uma pessoa foi retirada sem ferimentos de um automóvel em um caso semelhante.

Essa situação preocupa em meio às mudanças climáticas, em que eventos extremos estão cada vez mais frequentes e intensos. Professor do Instituto de Biociências da USP e com passagem pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Marcos Buckeridge diz que quedas de árvores costumam ser pouco frequentes no inverno, diferentemente do que ocorreu nesta semana “É um exemplo claro de evento extremo. Estamos avisando desde a década de 90 que iria acontecer.”

Um cenário desses pode ter o risco potencializado em locais despreparados. A arborização nas cidades por vezes não envolve uma massa arbórea mais densa, por exemplo, o que poderia diminuir o impacto das rajadas. “Nas cidades, o vento entra pela rua e, às vezes, até aumenta de velocidade”, explica o pesquisador.

Além disso, embora as árvores tenham um papel fundamental, com benefícios diversos, muitas vezes não recebem os cuidados necessários, com adubação, poda adequada e monitoramento de doenças. “Se cuidar melhor, vão viver mais e, obviamente, uma árvore saudável é mais difícil de derrubar do que uma doente”, comenta Buckeridge. “Alguma árvore vai cair, mas pode diminuir, ter um número bem menor.”

As árvores têm diversos impactos positivos nas cidades. Elas promovem conforto térmico, fazem sombreamento, dão maior permeabilidade do solo (o que reduz alagamentos), fazem um controle da umidade do ar, exercem a função de corredor ecológico (de espécies da fauna), são uma barreira contra ventos e ruídos, reduzem a poluição, retém o carbono e contribuem para o bem-estar da população em geral, por exemplo.

Tipos de queda

Biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sérgio Brazolin explica que as árvores podem cair por inteiro (com as raízes) ou com o rompimento na base do tronco. No segundo caso, em grande parte, trata-se de uma situação que poderia ser evitada e que geralmente envolve árvores mais antigas.

“Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins”, aponta o biólogo. Até a poluição pode impactar na saúde das árvores.

Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins.

Sérgio Brazolin, biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

Segundo ele, um inspetor especializado consegue identificar essa situação, ainda mais se tiver o auxílio de equipamentos que permitem identificar o interior da espécime. “É mais fácil de prever. Se uma prefeitura tiver um programa de manejo preventivo, não atuar só no ‘incêndio’, elimina grande parte dessas situações”, diz.

Já a queda da árvore por inteiro pode ter relação com problemas no plantio, com um planejamento inadequado de seu desenvolvimento em relação ao espaço que ocupa. “É só andar em São Paulo para ver árvores enormes na calçada, em que nem passa uma pessoa do lado, que as raízes ficam amontoadas”, exemplifica.

Rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até árvores sadias

Além disso, Brazolin destaca que rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até mesmo árvores sadias. “Existem situações em se consegue detectar antes e tomar medida preventiva e, também, tem situações em que não se consegue prever, que é uma fatalidade, em que a árvore pode estar bem estabelecida e tomba. Nesses eventos extremos, podem cair árvores sem nenhum defeito.”

Árvore caiu sobre carro de auto-escola e matou jovem nesta quinta-feira, 13, em São José dos Campos Foto: Corpo de Bombeiros

Em nota, a Prefeitura destacou que realiza podas periódicas para evitar casos de quedas de árvores e galhos, com 87,7 mil podas no primeiro semestre desse ano e 148,8 mil no ano passado. Também salientou que técnicos habilitados fazem a avaliação das árvores mediante análise visual e com equipamentos. Segundo o município, a Defesa Civil atendeu a 1,9 mil quedas de árvores, 1,2 mil quedas de galhos e 2,1 mil casos de risco iminente de queda de árvores no primeiro semestre de 2023.

Em 2020, a Prefeitura de São Paulo publicou um diagnóstico sobre a arborização de vias públicas, no qual apontava cerca de 300 problemas na produção, no plantio e no manejo de árvores, como cortes desnecessários, baixo retorno das mudas plantadas e ausência de manejo de espécies invasoras.

O levantamento falava, ainda, em fiscalização “morosa”, conhecimento técnico das equipes contratadas considerado baixo e manejo de árvores tecnicamente “ultrapassado, ineficiente e desigual”. Posteriormente, em 2021, foi publicado um Plano Municipal de Arborização Urbana.

Mais de 300 chamados para quedas de árvores foram registrados pelo Corpo de Bombeiros na região metropolitana de São Paulo entre a quinta-feira, 13, e o início da manhã desta sexta-feira, 14, em meio à passagem de um ciclone extratropical pela costa brasileira. Esse tipo de ocorrência se repetiu aos milhares em municípios do interior paulista e, principalmente, da região Sul, que somam ao menos quatro mortes relacionadas a quedas de árvores e galhos durante o evento extremo.

Seriam esses casos evitáveis? Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que rajadas de vento acima de 80 quilômetros por hora — como as registradas em algumas cidades durante a passagem do ciclone — podem derrubar até mesmo árvores saudáveis. Mesmo assim, medidas de identificação de exemplares doentes e com problemas variados ajudam a reduzir o número de quedas durante chuvas e temporais.

Esse tipo de incidente é comum na cidade de São Paulo. Somente em 2022, a Defesa Civil municipal atendeu a 3,8 mil ocorrências de queda de árvore, 3,6 mil de risco iminente de queda de árvores e 1,9 mil de quedas de galhos. Ao todo, esse montante soma 9,4 mil registros em apenas um ano.

O número de pedidos à gestão Ricardo Nunes (MDB) pode ser maior: somente no primeiro trimestre de 2023, o serviço 156 recebeu mais de 5,5 mil solicitações para queda e risco iminente de queda de árvores.

Avenida República do Líbano chegou a ter trânsito bloqueado por queda de árvore na quinta-feira, 13 Foto: Alex Silva/Estadão

As ocorrências do Corpo de Bombeiros mostram a distribuição variada pela cidade, por vezes com quedas que atingem carros, fiação elétrica e muros, além de obstruir vias. Na quinta-feira, 13, por exemplo, uma árvore caiu sobre uma guarita no Morumbi, na zona sul, e, em fevereiro, um veículo com cinco pessoas foi atingido em Pinheiros, na zona oeste. Nos dois casos, não foram registrados feridos graves.

Em dezembro, uma árvore caiu sobre outro automóvel, com duas pessoas, na Vila Andrade, na zona sul. Já em agosto, um homem de 23 anos foi encaminhado para o pronto-socorro após o carro em que estava ser atingido por uma árvore no Itaim Bibi, também na zona sul. No mesmo mês, na Liberdade, região central, uma pessoa foi retirada sem ferimentos de um automóvel em um caso semelhante.

Essa situação preocupa em meio às mudanças climáticas, em que eventos extremos estão cada vez mais frequentes e intensos. Professor do Instituto de Biociências da USP e com passagem pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Marcos Buckeridge diz que quedas de árvores costumam ser pouco frequentes no inverno, diferentemente do que ocorreu nesta semana “É um exemplo claro de evento extremo. Estamos avisando desde a década de 90 que iria acontecer.”

Um cenário desses pode ter o risco potencializado em locais despreparados. A arborização nas cidades por vezes não envolve uma massa arbórea mais densa, por exemplo, o que poderia diminuir o impacto das rajadas. “Nas cidades, o vento entra pela rua e, às vezes, até aumenta de velocidade”, explica o pesquisador.

Além disso, embora as árvores tenham um papel fundamental, com benefícios diversos, muitas vezes não recebem os cuidados necessários, com adubação, poda adequada e monitoramento de doenças. “Se cuidar melhor, vão viver mais e, obviamente, uma árvore saudável é mais difícil de derrubar do que uma doente”, comenta Buckeridge. “Alguma árvore vai cair, mas pode diminuir, ter um número bem menor.”

As árvores têm diversos impactos positivos nas cidades. Elas promovem conforto térmico, fazem sombreamento, dão maior permeabilidade do solo (o que reduz alagamentos), fazem um controle da umidade do ar, exercem a função de corredor ecológico (de espécies da fauna), são uma barreira contra ventos e ruídos, reduzem a poluição, retém o carbono e contribuem para o bem-estar da população em geral, por exemplo.

Tipos de queda

Biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sérgio Brazolin explica que as árvores podem cair por inteiro (com as raízes) ou com o rompimento na base do tronco. No segundo caso, em grande parte, trata-se de uma situação que poderia ser evitada e que geralmente envolve árvores mais antigas.

“Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins”, aponta o biólogo. Até a poluição pode impactar na saúde das árvores.

Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins.

Sérgio Brazolin, biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

Segundo ele, um inspetor especializado consegue identificar essa situação, ainda mais se tiver o auxílio de equipamentos que permitem identificar o interior da espécime. “É mais fácil de prever. Se uma prefeitura tiver um programa de manejo preventivo, não atuar só no ‘incêndio’, elimina grande parte dessas situações”, diz.

Já a queda da árvore por inteiro pode ter relação com problemas no plantio, com um planejamento inadequado de seu desenvolvimento em relação ao espaço que ocupa. “É só andar em São Paulo para ver árvores enormes na calçada, em que nem passa uma pessoa do lado, que as raízes ficam amontoadas”, exemplifica.

Rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até árvores sadias

Além disso, Brazolin destaca que rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até mesmo árvores sadias. “Existem situações em se consegue detectar antes e tomar medida preventiva e, também, tem situações em que não se consegue prever, que é uma fatalidade, em que a árvore pode estar bem estabelecida e tomba. Nesses eventos extremos, podem cair árvores sem nenhum defeito.”

Árvore caiu sobre carro de auto-escola e matou jovem nesta quinta-feira, 13, em São José dos Campos Foto: Corpo de Bombeiros

Em nota, a Prefeitura destacou que realiza podas periódicas para evitar casos de quedas de árvores e galhos, com 87,7 mil podas no primeiro semestre desse ano e 148,8 mil no ano passado. Também salientou que técnicos habilitados fazem a avaliação das árvores mediante análise visual e com equipamentos. Segundo o município, a Defesa Civil atendeu a 1,9 mil quedas de árvores, 1,2 mil quedas de galhos e 2,1 mil casos de risco iminente de queda de árvores no primeiro semestre de 2023.

Em 2020, a Prefeitura de São Paulo publicou um diagnóstico sobre a arborização de vias públicas, no qual apontava cerca de 300 problemas na produção, no plantio e no manejo de árvores, como cortes desnecessários, baixo retorno das mudas plantadas e ausência de manejo de espécies invasoras.

O levantamento falava, ainda, em fiscalização “morosa”, conhecimento técnico das equipes contratadas considerado baixo e manejo de árvores tecnicamente “ultrapassado, ineficiente e desigual”. Posteriormente, em 2021, foi publicado um Plano Municipal de Arborização Urbana.

Mais de 300 chamados para quedas de árvores foram registrados pelo Corpo de Bombeiros na região metropolitana de São Paulo entre a quinta-feira, 13, e o início da manhã desta sexta-feira, 14, em meio à passagem de um ciclone extratropical pela costa brasileira. Esse tipo de ocorrência se repetiu aos milhares em municípios do interior paulista e, principalmente, da região Sul, que somam ao menos quatro mortes relacionadas a quedas de árvores e galhos durante o evento extremo.

Seriam esses casos evitáveis? Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam que rajadas de vento acima de 80 quilômetros por hora — como as registradas em algumas cidades durante a passagem do ciclone — podem derrubar até mesmo árvores saudáveis. Mesmo assim, medidas de identificação de exemplares doentes e com problemas variados ajudam a reduzir o número de quedas durante chuvas e temporais.

Esse tipo de incidente é comum na cidade de São Paulo. Somente em 2022, a Defesa Civil municipal atendeu a 3,8 mil ocorrências de queda de árvore, 3,6 mil de risco iminente de queda de árvores e 1,9 mil de quedas de galhos. Ao todo, esse montante soma 9,4 mil registros em apenas um ano.

O número de pedidos à gestão Ricardo Nunes (MDB) pode ser maior: somente no primeiro trimestre de 2023, o serviço 156 recebeu mais de 5,5 mil solicitações para queda e risco iminente de queda de árvores.

Avenida República do Líbano chegou a ter trânsito bloqueado por queda de árvore na quinta-feira, 13 Foto: Alex Silva/Estadão

As ocorrências do Corpo de Bombeiros mostram a distribuição variada pela cidade, por vezes com quedas que atingem carros, fiação elétrica e muros, além de obstruir vias. Na quinta-feira, 13, por exemplo, uma árvore caiu sobre uma guarita no Morumbi, na zona sul, e, em fevereiro, um veículo com cinco pessoas foi atingido em Pinheiros, na zona oeste. Nos dois casos, não foram registrados feridos graves.

Em dezembro, uma árvore caiu sobre outro automóvel, com duas pessoas, na Vila Andrade, na zona sul. Já em agosto, um homem de 23 anos foi encaminhado para o pronto-socorro após o carro em que estava ser atingido por uma árvore no Itaim Bibi, também na zona sul. No mesmo mês, na Liberdade, região central, uma pessoa foi retirada sem ferimentos de um automóvel em um caso semelhante.

Essa situação preocupa em meio às mudanças climáticas, em que eventos extremos estão cada vez mais frequentes e intensos. Professor do Instituto de Biociências da USP e com passagem pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Marcos Buckeridge diz que quedas de árvores costumam ser pouco frequentes no inverno, diferentemente do que ocorreu nesta semana “É um exemplo claro de evento extremo. Estamos avisando desde a década de 90 que iria acontecer.”

Um cenário desses pode ter o risco potencializado em locais despreparados. A arborização nas cidades por vezes não envolve uma massa arbórea mais densa, por exemplo, o que poderia diminuir o impacto das rajadas. “Nas cidades, o vento entra pela rua e, às vezes, até aumenta de velocidade”, explica o pesquisador.

Além disso, embora as árvores tenham um papel fundamental, com benefícios diversos, muitas vezes não recebem os cuidados necessários, com adubação, poda adequada e monitoramento de doenças. “Se cuidar melhor, vão viver mais e, obviamente, uma árvore saudável é mais difícil de derrubar do que uma doente”, comenta Buckeridge. “Alguma árvore vai cair, mas pode diminuir, ter um número bem menor.”

As árvores têm diversos impactos positivos nas cidades. Elas promovem conforto térmico, fazem sombreamento, dão maior permeabilidade do solo (o que reduz alagamentos), fazem um controle da umidade do ar, exercem a função de corredor ecológico (de espécies da fauna), são uma barreira contra ventos e ruídos, reduzem a poluição, retém o carbono e contribuem para o bem-estar da população em geral, por exemplo.

Tipos de queda

Biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sérgio Brazolin explica que as árvores podem cair por inteiro (com as raízes) ou com o rompimento na base do tronco. No segundo caso, em grande parte, trata-se de uma situação que poderia ser evitada e que geralmente envolve árvores mais antigas.

“Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins”, aponta o biólogo. Até a poluição pode impactar na saúde das árvores.

Quando rompem no tronco, normalmente estão fragilizadas por doenças, com apodrecimento, fungos, ataque de cupins.

Sérgio Brazolin, biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

Segundo ele, um inspetor especializado consegue identificar essa situação, ainda mais se tiver o auxílio de equipamentos que permitem identificar o interior da espécime. “É mais fácil de prever. Se uma prefeitura tiver um programa de manejo preventivo, não atuar só no ‘incêndio’, elimina grande parte dessas situações”, diz.

Já a queda da árvore por inteiro pode ter relação com problemas no plantio, com um planejamento inadequado de seu desenvolvimento em relação ao espaço que ocupa. “É só andar em São Paulo para ver árvores enormes na calçada, em que nem passa uma pessoa do lado, que as raízes ficam amontoadas”, exemplifica.

Rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até árvores sadias

Além disso, Brazolin destaca que rajadas acima de 80 quilômetros por hora podem arrancar até mesmo árvores sadias. “Existem situações em se consegue detectar antes e tomar medida preventiva e, também, tem situações em que não se consegue prever, que é uma fatalidade, em que a árvore pode estar bem estabelecida e tomba. Nesses eventos extremos, podem cair árvores sem nenhum defeito.”

Árvore caiu sobre carro de auto-escola e matou jovem nesta quinta-feira, 13, em São José dos Campos Foto: Corpo de Bombeiros

Em nota, a Prefeitura destacou que realiza podas periódicas para evitar casos de quedas de árvores e galhos, com 87,7 mil podas no primeiro semestre desse ano e 148,8 mil no ano passado. Também salientou que técnicos habilitados fazem a avaliação das árvores mediante análise visual e com equipamentos. Segundo o município, a Defesa Civil atendeu a 1,9 mil quedas de árvores, 1,2 mil quedas de galhos e 2,1 mil casos de risco iminente de queda de árvores no primeiro semestre de 2023.

Em 2020, a Prefeitura de São Paulo publicou um diagnóstico sobre a arborização de vias públicas, no qual apontava cerca de 300 problemas na produção, no plantio e no manejo de árvores, como cortes desnecessários, baixo retorno das mudas plantadas e ausência de manejo de espécies invasoras.

O levantamento falava, ainda, em fiscalização “morosa”, conhecimento técnico das equipes contratadas considerado baixo e manejo de árvores tecnicamente “ultrapassado, ineficiente e desigual”. Posteriormente, em 2021, foi publicado um Plano Municipal de Arborização Urbana.

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