Quem são as cientistas que ‘caçam’ microplásticos em ostras e mexilhões pelo Brasil


Expedição pretende descobrir riscos ao meio ambiente e à segurança alimentar humana

Por Martina Medina

Uma expedição científica formada por quatro mulheres saiu de Itajaí, em Santa Catarina, em 11 de maio, com destino a Belém, no Pará, onde deve chegar em julho. O objetivo é investigar se os frutos do mar consumidos ao longo do litoral brasileiro contêm microplásticos. A iniciativa pretende descobrir como a contaminação se distribui ao longo da costa e os riscos ao meio ambiente e à segurança alimentar humana.

Lambretas, mexilhões, ostras, sururus e vieiras são adquiridos em mercados públicos e feiras locais pela equipe formada com apoio da Voz dos Oceanos, projeto liderado pela família Schurmann, e enviados para análise laboratorial no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Durante 70 dias, a tripulação terrestre exclusivamente feminina deve percorrer mais de 6 mil km de estrada ao longo de 20 cidades litorâneas. A parada mais recente aconteceu na Bahia e a previsão é de que a expedição termine no dia 14 de julho.

Pesquisadoras vão percorrer litoral brasileiro de Santa Catarina até o Pará. Foto: Laura Campanella/Vozes do Oceano

Filtradores de microplástico

Formados por uma concha de duas partes, chamadas de valvas, os animais bivalves são conhecidos por “filtrar” materiais poluentes do oceano, incluindo microplásticos. Assim, as pessoas que se alimentam deles também ingerem o material.

A escolha por esses animais se justifica pelo fato de que o seu consumo ocorre de forma integral. Dos peixes, por exemplo, descartamos as vísceras, o que diminui a concentração de microplásticos ingerida.

As tripulantes Thamys Trindade e Katharina Grisotti durante a passagem pela Ilha do Mel, no Paraná. Foto: Jessyca Lopes/Voz dos Oceanos

Um total de 410 bivalves foi adquirido durante a expedição até o momento. Os organismos são processados, congelados e enviados para análise laboratorial. Até 12 de junho, foram enviadas ao IOUSP as primeiras amostras coletadas:

  • Itajaí: 32 mexilhões + 30 ostras
  • Paranaguá: 30 ostras
  • Santos: 30 mexilhões + 19 ostras de Cananeia
  • São Sebastião: 30 mexilhões
  • Angra dos Reis: 30 mexilhões + 29 ostras
  • Rio de Janeiro: 31 mexilhões
  • Vitória: 30 mexilhões + 30 sururus
  • Caravelas: 31 ostras
  • Salvador: 28 lambretas + 30 sururus

Os próximos destinos do grupo são: Aracaju (SE); Maceió (AL); Recife (PE); João Pessoa (PB); Natal (RN); Fortaleza (CE); São Luiz (MA) e Belém (PA).

O tempo médio de processamento das amostras é de quatro a seis horas, dependendo do tipo e quantidade de bivalves, segundo a bióloga marinha Marília Nagata, doutoranda em Oceanografia pelo IOUSP e uma das tripulantes da expedição.

Marília Nagata e as primeiras amostras da pesquisa da nova expedição científica. Foto: Katharina Grisotti/Voz dos Oceanos

Ambicioso e amplo

“Esse projeto é o mais amplo e mais ambicioso, do ponto de vista de abrangência geográfica, para se estudar os microplásticos em animais consumidos por nós”, afirma o líder do estudo, professor Alexander Turra, do IOUSP, coordenador da Cátedra da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de Sustentabilidade Oceânica.

Ao investigar as diferentes características dos microplásticos, a iniciativa também deve rastrear a origem desse material, o que pode abranger fibras e derivados de petrechos de pesca. “Com isso, poderemos propor sugestões específicas para combater as diversas fontes de poluição marinha no país”, diz Turra.

A partir da padronização internacional das coletas e métodos de análise, será possível comparar os dados não apenas entre as cidades brasileiras, mas com informações de outras partes do globo.

“Isso vai ajudar a indicar como o Brasil está em relação a outros países e regiões do planeta, nas quais temos uma quantidade variável e diferentes tipos de poluição”, observa o pesquisador. Uma das hipóteses é de uma maior concentração de poluentes em áreas mais urbanizadas.

Marília Nagata vai às compras no mercado de peixes de Santos. Foto: Katharina Grisotti/Vozes do Oceano

O projeto prevê ainda a criação de um laboratório de quantificação e tipificação de microplástico no IOUSP, com o apoio do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Shimadzu, empresa de instrumentos analíticos e de medição.

A ideia é que alunos da própria USP e de outras universidades sejam capacitados no local, onde poderão analisar amostras de microplástico, fomentando a produção científica nacional sobre o tema e sua aplicação prática. “Num futuro não muito distante, esse tipo de análise vai acabar se tornando rotineira na análise de água, nas estações de tratamento de água e de esgoto, e no selo de inspeção federal para a comercialização segura de alimentos”, aposta Turra.

Mulheres cientistas na estrada

Além da pesquisa científica, a expedição envolve o registro e a divulgação de projetos socioambientais encontrados durante o trajeto. “As pessoas e projetos que conhecemos renovam a nossa esperança diariamente”, relata a oceanógrafa e produtora de conteúdo Katharina Grisotti, uma das tripulantes. O conteúdo é compartilhado nas redes sociais e deve servir de material para a realização de uma série e de um documentário.

“Nosso maior desafio tem sido, infelizmente, ser mulher na estrada”, afirma Grisotti, que já navegou de Galápagos à Nova Zelândia a bordo do veleiro sustentável Kat, com a primeira etapa da expedição marítima da Voz dos Oceanos. “Estamos passando por situações desconfortáveis de machismo em todos os lugares. Isso já era esperado e torcemos que nosso profissionalismo possa mudar algumas perspectivas.”

Também estão a bordo da expedição a bióloga marinha e produtora de estrada Jessyca Lopes, e Thamys Trindade, jornalista, documentarista e diretora de fotografia. Completando a equipe está a jornalista e roteirista Bárbara Clara Costa, que fica localizada na base do projeto, em São Paulo, produzindo conteúdos relacionados à missão.

“Quando essa expedição vai a campo, enaltecendo a ciência e destacando o protagonismo dessas tripulantes, estamos reforçando a importância da mulher na ciência brasileira, como é em diversas áreas”, diz Heloisa Schurmann, uma das líderes da Voz dos Oceanos. “Todos celebraram, mas confesso que, para mim, tem um ‘gostinho’ especial”, diz ela, a única mulher entre quatro homens da família na primeira volta ao mundo dos Schurmann, realizada de 1984 a 1944.

Apoios e próximos passos

A iniciativa conta com o patrocínio de Localiza&co, além do apoio da Ibema, Mitsubishi do Brasil, Yacht Master, Marca Brasil e Embratur. “Em cada cidade por onde nossa tripulação passa, contamos ainda com apoiadores locais”, complementa David Schurmann, CEO da Voz dos Oceanos. “Na Bahia, onde a expedição se encontra no momento, por exemplo, temos o apoio da Equipe Cafeína, do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da Marinha do Brasil.”

Segundo ele, a expedição científica faz parte de um dos pilares da Voz dos Oceanos: o de conscientizar a sociedade sobre a poluição dos resíduos no mar e as consequências da crise climática. Através de expedições marítimas ao longo dos últimos dois anos, a iniciativa registrou a presença de plástico e microplástico em aproximadamente 100 destinos de mais de 10 países das Américas e da Oceania com o apoio do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA). Esta é a primeira expedição terrestre realizada pelo projeto.

“No segundo semestre, iniciaremos a segunda etapa da nossa expedição marítima tendo a Nova Zelândia como ponto de partida do veleiro Kat, que navegará pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico, retornando ao Brasil e, assim, completando a primeira volta ao mundo da Voz dos Oceanos”, conta Schurmann. Ele antecipa que as parcerias na área científica devem ser ampliadas este ano com a entrada de instituições internacionais, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.

Uma expedição científica formada por quatro mulheres saiu de Itajaí, em Santa Catarina, em 11 de maio, com destino a Belém, no Pará, onde deve chegar em julho. O objetivo é investigar se os frutos do mar consumidos ao longo do litoral brasileiro contêm microplásticos. A iniciativa pretende descobrir como a contaminação se distribui ao longo da costa e os riscos ao meio ambiente e à segurança alimentar humana.

Lambretas, mexilhões, ostras, sururus e vieiras são adquiridos em mercados públicos e feiras locais pela equipe formada com apoio da Voz dos Oceanos, projeto liderado pela família Schurmann, e enviados para análise laboratorial no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Durante 70 dias, a tripulação terrestre exclusivamente feminina deve percorrer mais de 6 mil km de estrada ao longo de 20 cidades litorâneas. A parada mais recente aconteceu na Bahia e a previsão é de que a expedição termine no dia 14 de julho.

Pesquisadoras vão percorrer litoral brasileiro de Santa Catarina até o Pará. Foto: Laura Campanella/Vozes do Oceano

Filtradores de microplástico

Formados por uma concha de duas partes, chamadas de valvas, os animais bivalves são conhecidos por “filtrar” materiais poluentes do oceano, incluindo microplásticos. Assim, as pessoas que se alimentam deles também ingerem o material.

A escolha por esses animais se justifica pelo fato de que o seu consumo ocorre de forma integral. Dos peixes, por exemplo, descartamos as vísceras, o que diminui a concentração de microplásticos ingerida.

As tripulantes Thamys Trindade e Katharina Grisotti durante a passagem pela Ilha do Mel, no Paraná. Foto: Jessyca Lopes/Voz dos Oceanos

Um total de 410 bivalves foi adquirido durante a expedição até o momento. Os organismos são processados, congelados e enviados para análise laboratorial. Até 12 de junho, foram enviadas ao IOUSP as primeiras amostras coletadas:

  • Itajaí: 32 mexilhões + 30 ostras
  • Paranaguá: 30 ostras
  • Santos: 30 mexilhões + 19 ostras de Cananeia
  • São Sebastião: 30 mexilhões
  • Angra dos Reis: 30 mexilhões + 29 ostras
  • Rio de Janeiro: 31 mexilhões
  • Vitória: 30 mexilhões + 30 sururus
  • Caravelas: 31 ostras
  • Salvador: 28 lambretas + 30 sururus

Os próximos destinos do grupo são: Aracaju (SE); Maceió (AL); Recife (PE); João Pessoa (PB); Natal (RN); Fortaleza (CE); São Luiz (MA) e Belém (PA).

O tempo médio de processamento das amostras é de quatro a seis horas, dependendo do tipo e quantidade de bivalves, segundo a bióloga marinha Marília Nagata, doutoranda em Oceanografia pelo IOUSP e uma das tripulantes da expedição.

Marília Nagata e as primeiras amostras da pesquisa da nova expedição científica. Foto: Katharina Grisotti/Voz dos Oceanos

Ambicioso e amplo

“Esse projeto é o mais amplo e mais ambicioso, do ponto de vista de abrangência geográfica, para se estudar os microplásticos em animais consumidos por nós”, afirma o líder do estudo, professor Alexander Turra, do IOUSP, coordenador da Cátedra da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de Sustentabilidade Oceânica.

Ao investigar as diferentes características dos microplásticos, a iniciativa também deve rastrear a origem desse material, o que pode abranger fibras e derivados de petrechos de pesca. “Com isso, poderemos propor sugestões específicas para combater as diversas fontes de poluição marinha no país”, diz Turra.

A partir da padronização internacional das coletas e métodos de análise, será possível comparar os dados não apenas entre as cidades brasileiras, mas com informações de outras partes do globo.

“Isso vai ajudar a indicar como o Brasil está em relação a outros países e regiões do planeta, nas quais temos uma quantidade variável e diferentes tipos de poluição”, observa o pesquisador. Uma das hipóteses é de uma maior concentração de poluentes em áreas mais urbanizadas.

Marília Nagata vai às compras no mercado de peixes de Santos. Foto: Katharina Grisotti/Vozes do Oceano

O projeto prevê ainda a criação de um laboratório de quantificação e tipificação de microplástico no IOUSP, com o apoio do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Shimadzu, empresa de instrumentos analíticos e de medição.

A ideia é que alunos da própria USP e de outras universidades sejam capacitados no local, onde poderão analisar amostras de microplástico, fomentando a produção científica nacional sobre o tema e sua aplicação prática. “Num futuro não muito distante, esse tipo de análise vai acabar se tornando rotineira na análise de água, nas estações de tratamento de água e de esgoto, e no selo de inspeção federal para a comercialização segura de alimentos”, aposta Turra.

Mulheres cientistas na estrada

Além da pesquisa científica, a expedição envolve o registro e a divulgação de projetos socioambientais encontrados durante o trajeto. “As pessoas e projetos que conhecemos renovam a nossa esperança diariamente”, relata a oceanógrafa e produtora de conteúdo Katharina Grisotti, uma das tripulantes. O conteúdo é compartilhado nas redes sociais e deve servir de material para a realização de uma série e de um documentário.

“Nosso maior desafio tem sido, infelizmente, ser mulher na estrada”, afirma Grisotti, que já navegou de Galápagos à Nova Zelândia a bordo do veleiro sustentável Kat, com a primeira etapa da expedição marítima da Voz dos Oceanos. “Estamos passando por situações desconfortáveis de machismo em todos os lugares. Isso já era esperado e torcemos que nosso profissionalismo possa mudar algumas perspectivas.”

Também estão a bordo da expedição a bióloga marinha e produtora de estrada Jessyca Lopes, e Thamys Trindade, jornalista, documentarista e diretora de fotografia. Completando a equipe está a jornalista e roteirista Bárbara Clara Costa, que fica localizada na base do projeto, em São Paulo, produzindo conteúdos relacionados à missão.

“Quando essa expedição vai a campo, enaltecendo a ciência e destacando o protagonismo dessas tripulantes, estamos reforçando a importância da mulher na ciência brasileira, como é em diversas áreas”, diz Heloisa Schurmann, uma das líderes da Voz dos Oceanos. “Todos celebraram, mas confesso que, para mim, tem um ‘gostinho’ especial”, diz ela, a única mulher entre quatro homens da família na primeira volta ao mundo dos Schurmann, realizada de 1984 a 1944.

Apoios e próximos passos

A iniciativa conta com o patrocínio de Localiza&co, além do apoio da Ibema, Mitsubishi do Brasil, Yacht Master, Marca Brasil e Embratur. “Em cada cidade por onde nossa tripulação passa, contamos ainda com apoiadores locais”, complementa David Schurmann, CEO da Voz dos Oceanos. “Na Bahia, onde a expedição se encontra no momento, por exemplo, temos o apoio da Equipe Cafeína, do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da Marinha do Brasil.”

Segundo ele, a expedição científica faz parte de um dos pilares da Voz dos Oceanos: o de conscientizar a sociedade sobre a poluição dos resíduos no mar e as consequências da crise climática. Através de expedições marítimas ao longo dos últimos dois anos, a iniciativa registrou a presença de plástico e microplástico em aproximadamente 100 destinos de mais de 10 países das Américas e da Oceania com o apoio do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA). Esta é a primeira expedição terrestre realizada pelo projeto.

“No segundo semestre, iniciaremos a segunda etapa da nossa expedição marítima tendo a Nova Zelândia como ponto de partida do veleiro Kat, que navegará pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico, retornando ao Brasil e, assim, completando a primeira volta ao mundo da Voz dos Oceanos”, conta Schurmann. Ele antecipa que as parcerias na área científica devem ser ampliadas este ano com a entrada de instituições internacionais, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.

Uma expedição científica formada por quatro mulheres saiu de Itajaí, em Santa Catarina, em 11 de maio, com destino a Belém, no Pará, onde deve chegar em julho. O objetivo é investigar se os frutos do mar consumidos ao longo do litoral brasileiro contêm microplásticos. A iniciativa pretende descobrir como a contaminação se distribui ao longo da costa e os riscos ao meio ambiente e à segurança alimentar humana.

Lambretas, mexilhões, ostras, sururus e vieiras são adquiridos em mercados públicos e feiras locais pela equipe formada com apoio da Voz dos Oceanos, projeto liderado pela família Schurmann, e enviados para análise laboratorial no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Durante 70 dias, a tripulação terrestre exclusivamente feminina deve percorrer mais de 6 mil km de estrada ao longo de 20 cidades litorâneas. A parada mais recente aconteceu na Bahia e a previsão é de que a expedição termine no dia 14 de julho.

Pesquisadoras vão percorrer litoral brasileiro de Santa Catarina até o Pará. Foto: Laura Campanella/Vozes do Oceano

Filtradores de microplástico

Formados por uma concha de duas partes, chamadas de valvas, os animais bivalves são conhecidos por “filtrar” materiais poluentes do oceano, incluindo microplásticos. Assim, as pessoas que se alimentam deles também ingerem o material.

A escolha por esses animais se justifica pelo fato de que o seu consumo ocorre de forma integral. Dos peixes, por exemplo, descartamos as vísceras, o que diminui a concentração de microplásticos ingerida.

As tripulantes Thamys Trindade e Katharina Grisotti durante a passagem pela Ilha do Mel, no Paraná. Foto: Jessyca Lopes/Voz dos Oceanos

Um total de 410 bivalves foi adquirido durante a expedição até o momento. Os organismos são processados, congelados e enviados para análise laboratorial. Até 12 de junho, foram enviadas ao IOUSP as primeiras amostras coletadas:

  • Itajaí: 32 mexilhões + 30 ostras
  • Paranaguá: 30 ostras
  • Santos: 30 mexilhões + 19 ostras de Cananeia
  • São Sebastião: 30 mexilhões
  • Angra dos Reis: 30 mexilhões + 29 ostras
  • Rio de Janeiro: 31 mexilhões
  • Vitória: 30 mexilhões + 30 sururus
  • Caravelas: 31 ostras
  • Salvador: 28 lambretas + 30 sururus

Os próximos destinos do grupo são: Aracaju (SE); Maceió (AL); Recife (PE); João Pessoa (PB); Natal (RN); Fortaleza (CE); São Luiz (MA) e Belém (PA).

O tempo médio de processamento das amostras é de quatro a seis horas, dependendo do tipo e quantidade de bivalves, segundo a bióloga marinha Marília Nagata, doutoranda em Oceanografia pelo IOUSP e uma das tripulantes da expedição.

Marília Nagata e as primeiras amostras da pesquisa da nova expedição científica. Foto: Katharina Grisotti/Voz dos Oceanos

Ambicioso e amplo

“Esse projeto é o mais amplo e mais ambicioso, do ponto de vista de abrangência geográfica, para se estudar os microplásticos em animais consumidos por nós”, afirma o líder do estudo, professor Alexander Turra, do IOUSP, coordenador da Cátedra da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de Sustentabilidade Oceânica.

Ao investigar as diferentes características dos microplásticos, a iniciativa também deve rastrear a origem desse material, o que pode abranger fibras e derivados de petrechos de pesca. “Com isso, poderemos propor sugestões específicas para combater as diversas fontes de poluição marinha no país”, diz Turra.

A partir da padronização internacional das coletas e métodos de análise, será possível comparar os dados não apenas entre as cidades brasileiras, mas com informações de outras partes do globo.

“Isso vai ajudar a indicar como o Brasil está em relação a outros países e regiões do planeta, nas quais temos uma quantidade variável e diferentes tipos de poluição”, observa o pesquisador. Uma das hipóteses é de uma maior concentração de poluentes em áreas mais urbanizadas.

Marília Nagata vai às compras no mercado de peixes de Santos. Foto: Katharina Grisotti/Vozes do Oceano

O projeto prevê ainda a criação de um laboratório de quantificação e tipificação de microplástico no IOUSP, com o apoio do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Shimadzu, empresa de instrumentos analíticos e de medição.

A ideia é que alunos da própria USP e de outras universidades sejam capacitados no local, onde poderão analisar amostras de microplástico, fomentando a produção científica nacional sobre o tema e sua aplicação prática. “Num futuro não muito distante, esse tipo de análise vai acabar se tornando rotineira na análise de água, nas estações de tratamento de água e de esgoto, e no selo de inspeção federal para a comercialização segura de alimentos”, aposta Turra.

Mulheres cientistas na estrada

Além da pesquisa científica, a expedição envolve o registro e a divulgação de projetos socioambientais encontrados durante o trajeto. “As pessoas e projetos que conhecemos renovam a nossa esperança diariamente”, relata a oceanógrafa e produtora de conteúdo Katharina Grisotti, uma das tripulantes. O conteúdo é compartilhado nas redes sociais e deve servir de material para a realização de uma série e de um documentário.

“Nosso maior desafio tem sido, infelizmente, ser mulher na estrada”, afirma Grisotti, que já navegou de Galápagos à Nova Zelândia a bordo do veleiro sustentável Kat, com a primeira etapa da expedição marítima da Voz dos Oceanos. “Estamos passando por situações desconfortáveis de machismo em todos os lugares. Isso já era esperado e torcemos que nosso profissionalismo possa mudar algumas perspectivas.”

Também estão a bordo da expedição a bióloga marinha e produtora de estrada Jessyca Lopes, e Thamys Trindade, jornalista, documentarista e diretora de fotografia. Completando a equipe está a jornalista e roteirista Bárbara Clara Costa, que fica localizada na base do projeto, em São Paulo, produzindo conteúdos relacionados à missão.

“Quando essa expedição vai a campo, enaltecendo a ciência e destacando o protagonismo dessas tripulantes, estamos reforçando a importância da mulher na ciência brasileira, como é em diversas áreas”, diz Heloisa Schurmann, uma das líderes da Voz dos Oceanos. “Todos celebraram, mas confesso que, para mim, tem um ‘gostinho’ especial”, diz ela, a única mulher entre quatro homens da família na primeira volta ao mundo dos Schurmann, realizada de 1984 a 1944.

Apoios e próximos passos

A iniciativa conta com o patrocínio de Localiza&co, além do apoio da Ibema, Mitsubishi do Brasil, Yacht Master, Marca Brasil e Embratur. “Em cada cidade por onde nossa tripulação passa, contamos ainda com apoiadores locais”, complementa David Schurmann, CEO da Voz dos Oceanos. “Na Bahia, onde a expedição se encontra no momento, por exemplo, temos o apoio da Equipe Cafeína, do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da Marinha do Brasil.”

Segundo ele, a expedição científica faz parte de um dos pilares da Voz dos Oceanos: o de conscientizar a sociedade sobre a poluição dos resíduos no mar e as consequências da crise climática. Através de expedições marítimas ao longo dos últimos dois anos, a iniciativa registrou a presença de plástico e microplástico em aproximadamente 100 destinos de mais de 10 países das Américas e da Oceania com o apoio do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA). Esta é a primeira expedição terrestre realizada pelo projeto.

“No segundo semestre, iniciaremos a segunda etapa da nossa expedição marítima tendo a Nova Zelândia como ponto de partida do veleiro Kat, que navegará pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico, retornando ao Brasil e, assim, completando a primeira volta ao mundo da Voz dos Oceanos”, conta Schurmann. Ele antecipa que as parcerias na área científica devem ser ampliadas este ano com a entrada de instituições internacionais, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.

Uma expedição científica formada por quatro mulheres saiu de Itajaí, em Santa Catarina, em 11 de maio, com destino a Belém, no Pará, onde deve chegar em julho. O objetivo é investigar se os frutos do mar consumidos ao longo do litoral brasileiro contêm microplásticos. A iniciativa pretende descobrir como a contaminação se distribui ao longo da costa e os riscos ao meio ambiente e à segurança alimentar humana.

Lambretas, mexilhões, ostras, sururus e vieiras são adquiridos em mercados públicos e feiras locais pela equipe formada com apoio da Voz dos Oceanos, projeto liderado pela família Schurmann, e enviados para análise laboratorial no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).

Durante 70 dias, a tripulação terrestre exclusivamente feminina deve percorrer mais de 6 mil km de estrada ao longo de 20 cidades litorâneas. A parada mais recente aconteceu na Bahia e a previsão é de que a expedição termine no dia 14 de julho.

Pesquisadoras vão percorrer litoral brasileiro de Santa Catarina até o Pará. Foto: Laura Campanella/Vozes do Oceano

Filtradores de microplástico

Formados por uma concha de duas partes, chamadas de valvas, os animais bivalves são conhecidos por “filtrar” materiais poluentes do oceano, incluindo microplásticos. Assim, as pessoas que se alimentam deles também ingerem o material.

A escolha por esses animais se justifica pelo fato de que o seu consumo ocorre de forma integral. Dos peixes, por exemplo, descartamos as vísceras, o que diminui a concentração de microplásticos ingerida.

As tripulantes Thamys Trindade e Katharina Grisotti durante a passagem pela Ilha do Mel, no Paraná. Foto: Jessyca Lopes/Voz dos Oceanos

Um total de 410 bivalves foi adquirido durante a expedição até o momento. Os organismos são processados, congelados e enviados para análise laboratorial. Até 12 de junho, foram enviadas ao IOUSP as primeiras amostras coletadas:

  • Itajaí: 32 mexilhões + 30 ostras
  • Paranaguá: 30 ostras
  • Santos: 30 mexilhões + 19 ostras de Cananeia
  • São Sebastião: 30 mexilhões
  • Angra dos Reis: 30 mexilhões + 29 ostras
  • Rio de Janeiro: 31 mexilhões
  • Vitória: 30 mexilhões + 30 sururus
  • Caravelas: 31 ostras
  • Salvador: 28 lambretas + 30 sururus

Os próximos destinos do grupo são: Aracaju (SE); Maceió (AL); Recife (PE); João Pessoa (PB); Natal (RN); Fortaleza (CE); São Luiz (MA) e Belém (PA).

O tempo médio de processamento das amostras é de quatro a seis horas, dependendo do tipo e quantidade de bivalves, segundo a bióloga marinha Marília Nagata, doutoranda em Oceanografia pelo IOUSP e uma das tripulantes da expedição.

Marília Nagata e as primeiras amostras da pesquisa da nova expedição científica. Foto: Katharina Grisotti/Voz dos Oceanos

Ambicioso e amplo

“Esse projeto é o mais amplo e mais ambicioso, do ponto de vista de abrangência geográfica, para se estudar os microplásticos em animais consumidos por nós”, afirma o líder do estudo, professor Alexander Turra, do IOUSP, coordenador da Cátedra da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de Sustentabilidade Oceânica.

Ao investigar as diferentes características dos microplásticos, a iniciativa também deve rastrear a origem desse material, o que pode abranger fibras e derivados de petrechos de pesca. “Com isso, poderemos propor sugestões específicas para combater as diversas fontes de poluição marinha no país”, diz Turra.

A partir da padronização internacional das coletas e métodos de análise, será possível comparar os dados não apenas entre as cidades brasileiras, mas com informações de outras partes do globo.

“Isso vai ajudar a indicar como o Brasil está em relação a outros países e regiões do planeta, nas quais temos uma quantidade variável e diferentes tipos de poluição”, observa o pesquisador. Uma das hipóteses é de uma maior concentração de poluentes em áreas mais urbanizadas.

Marília Nagata vai às compras no mercado de peixes de Santos. Foto: Katharina Grisotti/Vozes do Oceano

O projeto prevê ainda a criação de um laboratório de quantificação e tipificação de microplástico no IOUSP, com o apoio do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Shimadzu, empresa de instrumentos analíticos e de medição.

A ideia é que alunos da própria USP e de outras universidades sejam capacitados no local, onde poderão analisar amostras de microplástico, fomentando a produção científica nacional sobre o tema e sua aplicação prática. “Num futuro não muito distante, esse tipo de análise vai acabar se tornando rotineira na análise de água, nas estações de tratamento de água e de esgoto, e no selo de inspeção federal para a comercialização segura de alimentos”, aposta Turra.

Mulheres cientistas na estrada

Além da pesquisa científica, a expedição envolve o registro e a divulgação de projetos socioambientais encontrados durante o trajeto. “As pessoas e projetos que conhecemos renovam a nossa esperança diariamente”, relata a oceanógrafa e produtora de conteúdo Katharina Grisotti, uma das tripulantes. O conteúdo é compartilhado nas redes sociais e deve servir de material para a realização de uma série e de um documentário.

“Nosso maior desafio tem sido, infelizmente, ser mulher na estrada”, afirma Grisotti, que já navegou de Galápagos à Nova Zelândia a bordo do veleiro sustentável Kat, com a primeira etapa da expedição marítima da Voz dos Oceanos. “Estamos passando por situações desconfortáveis de machismo em todos os lugares. Isso já era esperado e torcemos que nosso profissionalismo possa mudar algumas perspectivas.”

Também estão a bordo da expedição a bióloga marinha e produtora de estrada Jessyca Lopes, e Thamys Trindade, jornalista, documentarista e diretora de fotografia. Completando a equipe está a jornalista e roteirista Bárbara Clara Costa, que fica localizada na base do projeto, em São Paulo, produzindo conteúdos relacionados à missão.

“Quando essa expedição vai a campo, enaltecendo a ciência e destacando o protagonismo dessas tripulantes, estamos reforçando a importância da mulher na ciência brasileira, como é em diversas áreas”, diz Heloisa Schurmann, uma das líderes da Voz dos Oceanos. “Todos celebraram, mas confesso que, para mim, tem um ‘gostinho’ especial”, diz ela, a única mulher entre quatro homens da família na primeira volta ao mundo dos Schurmann, realizada de 1984 a 1944.

Apoios e próximos passos

A iniciativa conta com o patrocínio de Localiza&co, além do apoio da Ibema, Mitsubishi do Brasil, Yacht Master, Marca Brasil e Embratur. “Em cada cidade por onde nossa tripulação passa, contamos ainda com apoiadores locais”, complementa David Schurmann, CEO da Voz dos Oceanos. “Na Bahia, onde a expedição se encontra no momento, por exemplo, temos o apoio da Equipe Cafeína, do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da Marinha do Brasil.”

Segundo ele, a expedição científica faz parte de um dos pilares da Voz dos Oceanos: o de conscientizar a sociedade sobre a poluição dos resíduos no mar e as consequências da crise climática. Através de expedições marítimas ao longo dos últimos dois anos, a iniciativa registrou a presença de plástico e microplástico em aproximadamente 100 destinos de mais de 10 países das Américas e da Oceania com o apoio do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA). Esta é a primeira expedição terrestre realizada pelo projeto.

“No segundo semestre, iniciaremos a segunda etapa da nossa expedição marítima tendo a Nova Zelândia como ponto de partida do veleiro Kat, que navegará pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico, retornando ao Brasil e, assim, completando a primeira volta ao mundo da Voz dos Oceanos”, conta Schurmann. Ele antecipa que as parcerias na área científica devem ser ampliadas este ano com a entrada de instituições internacionais, como o Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.

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