Rios secos: o que está por trás da estiagem que atinge China, EUA e Europa; veja fotos


Até estátuas budistas, antes submersas, vieram à tona com queda de volume do Rio Yangtze, na China; fenômeno é consequência das mudanças climáticas

Por Emilio Sant'Anna

Em meio ao verão mais seco em décadas na China, um esquálido Rio Yangtze, o maior da Ásia, produziu imagens que rodaram o mundo nos últimos dias. Até estátuas budistas com cerca de 600 anos, antes submersas, vieram à tona. Com apenas metade de sua largura normal em alguns trechos, instalou-se uma crise no abastecimento de energia elétrica quando a demanda por ar-condicionado cresce com o calor extremo no País. A preocupação, no entanto, não é exclusividade dos chineses. O verão no hemisfério Norte revelou efeitos similares em outros países. O mesmo já havia acontecido no Sul, evidenciando a relação cada vez mais clara entre estiagens nunca vistas e as mudanças climáticas.

Moradores caminham sobre o leito do Rio Yangtze, em Chongqing, na China Foto: REUTERS/Thomas Peter

As mudanças climáticas são as alterações nas características do clima e da temperatura da Terra observadas a longo prazo. Diferentemente das variações climáticas, um processo natural, a causa original das mudanças climáticas é uma só: a ação humana no planeta. Desde a Revolução Industrial, a temperatura média no planeta aumentou 1,1ºC. O desafio para a humanidade é manter essa elevação até 1,5º, como reconhecem e se comprometem os países signatários do Acordo de Paris. Caso contrário, os efeitos sobre o clima da Terra serão cada vez mais extremos, como mostra o relatório do IPCC, o painel climático da ONU.

Estátuas budistas submersas reapareceram em estiagem do Rio Yangtze Foto: REUTERS/Thomas Peter

Nos Estados Unidos, um dos maiores e mais importantes rios, o Colorado, sofre como todo o Oeste americano. Em comunicado, no último dia 16, o Departamento do Interior dos EUA alertou sobre os efeitos já instalados da ação humana. “O agravamento da crise da seca que afeta a Bacia do Rio Colorado é impulsionado pelos efeitos das mudanças climáticas, incluindo calor extremo e baixa precipitação. Por sua vez, as severas condições de seca exacerbam o risco de incêndios florestais e a interrupção dos ecossistemas, aumentando o estresse nas comunidades e em nossas paisagens”, afirmou o vice-secretário Tommy Beaudreau .

O que se vê no rio, de margens secas e embarcações encalhadas, é desolador. Tanto que os efeitos da seca podem ser observados até mesmo a partir do espaço. Imagens de satélites da Nasa deixam clara a extensão do problema que, de acordo com especialistas, é a pior estiagem em 1.200 anos. Para tentar fazer frente ao desafio, o governo Joe Biden anunciou investimentos sem precedentes para reforçar a resiliência à seca e a gestão da água. A Lei de Infraestrutura Bipartidária prevê um investimento histórico de US$ 8,3 bilhões para enfrentar os desafios da seca. 

Os dois maiores reservatórios dos EUA estão no Rio Colorado, que tem hoje apenas 34% de sua capacidade máxima, 40% a menos do que em 2021. Entre os Estados de Nevada e do Arizona, o reservatório Lake Mead é o maior do País. Atualmente opera abaixo de 27% de sua capacidade. 

Reservatório Lake Mead, o maior do EUA, em 2000 (esquerda), e na sequência, em 2022 (direita). Foto: NASA Earth Observatory/Reprodução

Segundo especialistas, não é apenas a variação de um ano para outro que afeta atualmente o sistema. O que se vê é resultado de ao menos duas décadas de estiagens. Os efeitos apareceram e se tornaram mais difíceis de reverter.

Também assolada por uma onda de calor, a Europa sofre durante o verão. Da Espanha à França, da Itália à Alemanha, quase metade do continente registra enormes secas em alguns de seus principais rios. A estação mais quente do ano e a falta de chuvas afetaram de tal forma o Rio Reno, principal corredor para escoar a produção germânica até o Mar do Norte, que seu baixo nível ameaça o transporte de cargas em seu leito.

Baixos níveis de água também são vistos no Rio Reno, nacidade de Bonn, Alemanha. Foto: Benjamin Westhoff/Reuters

No país, que já calcula os impactos durante o inverno do corte no fornecimento de gás vindo da Rússia (por causa da guerra na Ucrânia), economistas estimam que a estiagem pode afetar o crescimento econômico alemão. O rio também é vital para o escoamento das produções da Suíça e da Holanda e outro efeito colateral da seca são os cortes na produção de energia elétrica, que depende do diesel e do carvão embarcado no Reno. O resultado afeta uma série de cadeias econômicas, como a indústria automobilística. 

Os efeitos das mudanças climáticas e a onda de calor que afetou a Europa também atingiram o Danúbio. Na Sérvia, a seca do rio revelou dezenas de cascos de navios de guerra alemães afundados durante a Segunda Guerra Mundial nas proximidades da portuária fluvial de Prahovo. 

Navio da Segunda Guerra visto no Rio Danúbio, emPrahovo, na Sérvia. Foto: Fedja Grulovic/Reuters

Na Itália, em meio à pior seca nos últimos 70 anos, o governo decretou estado de emergência. No Rio Pó, o maior do território italiano, a situação é similar à do Reno e do Danúbio. Ali também uma bomba da época da Segunda Guerra foi encontrada no leito seco do rio.

Bomba da epóca da Segunda Guerraencontrada no leito seco do Rio Pó, na Itália. Foto: Flavio lo Scalzo/Reuters

O nível das águas baixou até 7 metros em algumas regiões. O Vale do Pó é responsável pela produção de cerca de 40% dos alimentos do País. De acordo com declaração do Primeiro-Ministro Mario Draghi, “o aumento geral das temperaturas também está contribuindo; não há dúvida de que as mudanças climáticas estão surtindo efeito".

O que se vê hoje no hemisfério Norte é o que já se viu no hemisfério Sul e pode voltar a ocorrer, em uma alternância de efeitos climáticos extremos cada vez mais frequente. Em 2021, a pior crise hídrica em 91 anos atingiu a região Centro-Sul do Brasil. Rios como o Paraguai e o Paraná sofreram com a seca. Em meio ao Pantanal, na região de Corumbá, o transporte de grãos foi afetado. O impacto foi tão grande que se espalhou para a Argentina e chegou ao Rio da Prata.  

Reforçando o que apontam os especialistas, um levantamento da plataforma MapBiomas deu números ao problema no Brasil. Em 30 anos, 15,7% da superfície de água do País desapareceu. Mato Grosso do Sul foi o Estado mais afetado, 57% de todo o recurso hídrico foi perdido desde 1990. Essa redução ocorreu basicamente no Pantanal. No período, 75% da água do bioma sumiu.

Em meio ao verão mais seco em décadas na China, um esquálido Rio Yangtze, o maior da Ásia, produziu imagens que rodaram o mundo nos últimos dias. Até estátuas budistas com cerca de 600 anos, antes submersas, vieram à tona. Com apenas metade de sua largura normal em alguns trechos, instalou-se uma crise no abastecimento de energia elétrica quando a demanda por ar-condicionado cresce com o calor extremo no País. A preocupação, no entanto, não é exclusividade dos chineses. O verão no hemisfério Norte revelou efeitos similares em outros países. O mesmo já havia acontecido no Sul, evidenciando a relação cada vez mais clara entre estiagens nunca vistas e as mudanças climáticas.

Moradores caminham sobre o leito do Rio Yangtze, em Chongqing, na China Foto: REUTERS/Thomas Peter

As mudanças climáticas são as alterações nas características do clima e da temperatura da Terra observadas a longo prazo. Diferentemente das variações climáticas, um processo natural, a causa original das mudanças climáticas é uma só: a ação humana no planeta. Desde a Revolução Industrial, a temperatura média no planeta aumentou 1,1ºC. O desafio para a humanidade é manter essa elevação até 1,5º, como reconhecem e se comprometem os países signatários do Acordo de Paris. Caso contrário, os efeitos sobre o clima da Terra serão cada vez mais extremos, como mostra o relatório do IPCC, o painel climático da ONU.

Estátuas budistas submersas reapareceram em estiagem do Rio Yangtze Foto: REUTERS/Thomas Peter

Nos Estados Unidos, um dos maiores e mais importantes rios, o Colorado, sofre como todo o Oeste americano. Em comunicado, no último dia 16, o Departamento do Interior dos EUA alertou sobre os efeitos já instalados da ação humana. “O agravamento da crise da seca que afeta a Bacia do Rio Colorado é impulsionado pelos efeitos das mudanças climáticas, incluindo calor extremo e baixa precipitação. Por sua vez, as severas condições de seca exacerbam o risco de incêndios florestais e a interrupção dos ecossistemas, aumentando o estresse nas comunidades e em nossas paisagens”, afirmou o vice-secretário Tommy Beaudreau .

O que se vê no rio, de margens secas e embarcações encalhadas, é desolador. Tanto que os efeitos da seca podem ser observados até mesmo a partir do espaço. Imagens de satélites da Nasa deixam clara a extensão do problema que, de acordo com especialistas, é a pior estiagem em 1.200 anos. Para tentar fazer frente ao desafio, o governo Joe Biden anunciou investimentos sem precedentes para reforçar a resiliência à seca e a gestão da água. A Lei de Infraestrutura Bipartidária prevê um investimento histórico de US$ 8,3 bilhões para enfrentar os desafios da seca. 

Os dois maiores reservatórios dos EUA estão no Rio Colorado, que tem hoje apenas 34% de sua capacidade máxima, 40% a menos do que em 2021. Entre os Estados de Nevada e do Arizona, o reservatório Lake Mead é o maior do País. Atualmente opera abaixo de 27% de sua capacidade. 

Reservatório Lake Mead, o maior do EUA, em 2000 (esquerda), e na sequência, em 2022 (direita). Foto: NASA Earth Observatory/Reprodução

Segundo especialistas, não é apenas a variação de um ano para outro que afeta atualmente o sistema. O que se vê é resultado de ao menos duas décadas de estiagens. Os efeitos apareceram e se tornaram mais difíceis de reverter.

Também assolada por uma onda de calor, a Europa sofre durante o verão. Da Espanha à França, da Itália à Alemanha, quase metade do continente registra enormes secas em alguns de seus principais rios. A estação mais quente do ano e a falta de chuvas afetaram de tal forma o Rio Reno, principal corredor para escoar a produção germânica até o Mar do Norte, que seu baixo nível ameaça o transporte de cargas em seu leito.

Baixos níveis de água também são vistos no Rio Reno, nacidade de Bonn, Alemanha. Foto: Benjamin Westhoff/Reuters

No país, que já calcula os impactos durante o inverno do corte no fornecimento de gás vindo da Rússia (por causa da guerra na Ucrânia), economistas estimam que a estiagem pode afetar o crescimento econômico alemão. O rio também é vital para o escoamento das produções da Suíça e da Holanda e outro efeito colateral da seca são os cortes na produção de energia elétrica, que depende do diesel e do carvão embarcado no Reno. O resultado afeta uma série de cadeias econômicas, como a indústria automobilística. 

Os efeitos das mudanças climáticas e a onda de calor que afetou a Europa também atingiram o Danúbio. Na Sérvia, a seca do rio revelou dezenas de cascos de navios de guerra alemães afundados durante a Segunda Guerra Mundial nas proximidades da portuária fluvial de Prahovo. 

Navio da Segunda Guerra visto no Rio Danúbio, emPrahovo, na Sérvia. Foto: Fedja Grulovic/Reuters

Na Itália, em meio à pior seca nos últimos 70 anos, o governo decretou estado de emergência. No Rio Pó, o maior do território italiano, a situação é similar à do Reno e do Danúbio. Ali também uma bomba da época da Segunda Guerra foi encontrada no leito seco do rio.

Bomba da epóca da Segunda Guerraencontrada no leito seco do Rio Pó, na Itália. Foto: Flavio lo Scalzo/Reuters

O nível das águas baixou até 7 metros em algumas regiões. O Vale do Pó é responsável pela produção de cerca de 40% dos alimentos do País. De acordo com declaração do Primeiro-Ministro Mario Draghi, “o aumento geral das temperaturas também está contribuindo; não há dúvida de que as mudanças climáticas estão surtindo efeito".

O que se vê hoje no hemisfério Norte é o que já se viu no hemisfério Sul e pode voltar a ocorrer, em uma alternância de efeitos climáticos extremos cada vez mais frequente. Em 2021, a pior crise hídrica em 91 anos atingiu a região Centro-Sul do Brasil. Rios como o Paraguai e o Paraná sofreram com a seca. Em meio ao Pantanal, na região de Corumbá, o transporte de grãos foi afetado. O impacto foi tão grande que se espalhou para a Argentina e chegou ao Rio da Prata.  

Reforçando o que apontam os especialistas, um levantamento da plataforma MapBiomas deu números ao problema no Brasil. Em 30 anos, 15,7% da superfície de água do País desapareceu. Mato Grosso do Sul foi o Estado mais afetado, 57% de todo o recurso hídrico foi perdido desde 1990. Essa redução ocorreu basicamente no Pantanal. No período, 75% da água do bioma sumiu.

Em meio ao verão mais seco em décadas na China, um esquálido Rio Yangtze, o maior da Ásia, produziu imagens que rodaram o mundo nos últimos dias. Até estátuas budistas com cerca de 600 anos, antes submersas, vieram à tona. Com apenas metade de sua largura normal em alguns trechos, instalou-se uma crise no abastecimento de energia elétrica quando a demanda por ar-condicionado cresce com o calor extremo no País. A preocupação, no entanto, não é exclusividade dos chineses. O verão no hemisfério Norte revelou efeitos similares em outros países. O mesmo já havia acontecido no Sul, evidenciando a relação cada vez mais clara entre estiagens nunca vistas e as mudanças climáticas.

Moradores caminham sobre o leito do Rio Yangtze, em Chongqing, na China Foto: REUTERS/Thomas Peter

As mudanças climáticas são as alterações nas características do clima e da temperatura da Terra observadas a longo prazo. Diferentemente das variações climáticas, um processo natural, a causa original das mudanças climáticas é uma só: a ação humana no planeta. Desde a Revolução Industrial, a temperatura média no planeta aumentou 1,1ºC. O desafio para a humanidade é manter essa elevação até 1,5º, como reconhecem e se comprometem os países signatários do Acordo de Paris. Caso contrário, os efeitos sobre o clima da Terra serão cada vez mais extremos, como mostra o relatório do IPCC, o painel climático da ONU.

Estátuas budistas submersas reapareceram em estiagem do Rio Yangtze Foto: REUTERS/Thomas Peter

Nos Estados Unidos, um dos maiores e mais importantes rios, o Colorado, sofre como todo o Oeste americano. Em comunicado, no último dia 16, o Departamento do Interior dos EUA alertou sobre os efeitos já instalados da ação humana. “O agravamento da crise da seca que afeta a Bacia do Rio Colorado é impulsionado pelos efeitos das mudanças climáticas, incluindo calor extremo e baixa precipitação. Por sua vez, as severas condições de seca exacerbam o risco de incêndios florestais e a interrupção dos ecossistemas, aumentando o estresse nas comunidades e em nossas paisagens”, afirmou o vice-secretário Tommy Beaudreau .

O que se vê no rio, de margens secas e embarcações encalhadas, é desolador. Tanto que os efeitos da seca podem ser observados até mesmo a partir do espaço. Imagens de satélites da Nasa deixam clara a extensão do problema que, de acordo com especialistas, é a pior estiagem em 1.200 anos. Para tentar fazer frente ao desafio, o governo Joe Biden anunciou investimentos sem precedentes para reforçar a resiliência à seca e a gestão da água. A Lei de Infraestrutura Bipartidária prevê um investimento histórico de US$ 8,3 bilhões para enfrentar os desafios da seca. 

Os dois maiores reservatórios dos EUA estão no Rio Colorado, que tem hoje apenas 34% de sua capacidade máxima, 40% a menos do que em 2021. Entre os Estados de Nevada e do Arizona, o reservatório Lake Mead é o maior do País. Atualmente opera abaixo de 27% de sua capacidade. 

Reservatório Lake Mead, o maior do EUA, em 2000 (esquerda), e na sequência, em 2022 (direita). Foto: NASA Earth Observatory/Reprodução

Segundo especialistas, não é apenas a variação de um ano para outro que afeta atualmente o sistema. O que se vê é resultado de ao menos duas décadas de estiagens. Os efeitos apareceram e se tornaram mais difíceis de reverter.

Também assolada por uma onda de calor, a Europa sofre durante o verão. Da Espanha à França, da Itália à Alemanha, quase metade do continente registra enormes secas em alguns de seus principais rios. A estação mais quente do ano e a falta de chuvas afetaram de tal forma o Rio Reno, principal corredor para escoar a produção germânica até o Mar do Norte, que seu baixo nível ameaça o transporte de cargas em seu leito.

Baixos níveis de água também são vistos no Rio Reno, nacidade de Bonn, Alemanha. Foto: Benjamin Westhoff/Reuters

No país, que já calcula os impactos durante o inverno do corte no fornecimento de gás vindo da Rússia (por causa da guerra na Ucrânia), economistas estimam que a estiagem pode afetar o crescimento econômico alemão. O rio também é vital para o escoamento das produções da Suíça e da Holanda e outro efeito colateral da seca são os cortes na produção de energia elétrica, que depende do diesel e do carvão embarcado no Reno. O resultado afeta uma série de cadeias econômicas, como a indústria automobilística. 

Os efeitos das mudanças climáticas e a onda de calor que afetou a Europa também atingiram o Danúbio. Na Sérvia, a seca do rio revelou dezenas de cascos de navios de guerra alemães afundados durante a Segunda Guerra Mundial nas proximidades da portuária fluvial de Prahovo. 

Navio da Segunda Guerra visto no Rio Danúbio, emPrahovo, na Sérvia. Foto: Fedja Grulovic/Reuters

Na Itália, em meio à pior seca nos últimos 70 anos, o governo decretou estado de emergência. No Rio Pó, o maior do território italiano, a situação é similar à do Reno e do Danúbio. Ali também uma bomba da época da Segunda Guerra foi encontrada no leito seco do rio.

Bomba da epóca da Segunda Guerraencontrada no leito seco do Rio Pó, na Itália. Foto: Flavio lo Scalzo/Reuters

O nível das águas baixou até 7 metros em algumas regiões. O Vale do Pó é responsável pela produção de cerca de 40% dos alimentos do País. De acordo com declaração do Primeiro-Ministro Mario Draghi, “o aumento geral das temperaturas também está contribuindo; não há dúvida de que as mudanças climáticas estão surtindo efeito".

O que se vê hoje no hemisfério Norte é o que já se viu no hemisfério Sul e pode voltar a ocorrer, em uma alternância de efeitos climáticos extremos cada vez mais frequente. Em 2021, a pior crise hídrica em 91 anos atingiu a região Centro-Sul do Brasil. Rios como o Paraguai e o Paraná sofreram com a seca. Em meio ao Pantanal, na região de Corumbá, o transporte de grãos foi afetado. O impacto foi tão grande que se espalhou para a Argentina e chegou ao Rio da Prata.  

Reforçando o que apontam os especialistas, um levantamento da plataforma MapBiomas deu números ao problema no Brasil. Em 30 anos, 15,7% da superfície de água do País desapareceu. Mato Grosso do Sul foi o Estado mais afetado, 57% de todo o recurso hídrico foi perdido desde 1990. Essa redução ocorreu basicamente no Pantanal. No período, 75% da água do bioma sumiu.

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