São Paulo, Rio e Salvador têm protestos contra incêndios na Amazônia


Manifestantes levaram faixas contra o presidente Jair Bolsonaro e contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles

Por Fabio Grellet, Túlio Kruse e Renata Farias
Policiais militares cercam manifestantes que protestam pela Amazônia em SP Foto: Alex Silva/Estadão

RIO e SÃO PAULO - Protestos contra o presidente Jair Bolsonaro e contra a destruição da Amazônia por incêndios florestais foram registrados nas capitais do Rio, de São Paulo, em Salvador, na Bahia, e outras cidades do País na noite desta sexta-feira, 23.

Em São Paulo, centenas de pessoas se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Com gritos de ordem contra Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, eles ocuparam a Avenida no sentido Consolação por volta das 18h30 e bloquearam a pista instantes depois. O grupo foi cercado por policiais militares, mas sem indícios de confrontos.

A maior parte do grupo pedia a saída do ministro Salles do cargo, e do próprio presidente. "Fora Salles" e "Bolsonaro sai, a Amazônia fica" foram alguns dos coros que deram o tom da manifestação, que reuniu desde estudantes a empresários e representantes de ONGs. 

Manifestantes contra a destruição da Amazônia no vão livre do Masp, em SP Foto: Tulio Kruse/Estadão

O tema ambiental levou o empresário José Corona, de 57 anos, ao seu primeiro protesto contra o governo.  

Dono de fazendas, ele se diz revoltado e triste com a condução da política ambiental. "Não se ganha dinheiro com a destruição da floresta. Isso vai mudar a nossa vida no futuro, já está mudando", diz Corona. Ele se diz a favor da proteção à biodiversidade e apoia ONGs que trabalham com o tema. "É possível conjugar a conservação com a agricultura." 

"O tema ambiental é importante porque influencia na vida de todos, direta ou indiretamente", diz o estudante Kevin Júnior, de 20 anos. Boliviano, ele veio ao Brasil aos 8 anos e, hoje, veio protestar conta um problema que afeta fortemente seu país natal. "Sempre vou lá durante as férias e vejo muito verde, mas quando voltar da próxima vez não sei o que vou encontrar. A Amazônia não tem fronteiras, e não importa se o governo é de esquerda ou direita, a prática é a mesma."

Já no Rio, às 18h40, um grupo que inicialmente ocupou a Cinelândia, no centro, se transformou em uma multidão na Avenida República do Chile, em ato para denunciar a destruição da Amazônia e do meio ambiente brasileiro. Líderes de grupos de defesa do meio ambiente discursaram, e entre cada fala os ativistas fizeram coros contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Também foi realizado um minuto de silêncio em protesto contra a política ambiental do governo federal. 

A proposta do ato era marchar da Cinelândia à sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gestor do Fundo Amazônia. Seguranças fecharam as portas do prédio, mas os manifestantes decidiram permanecer na avenida, cuja pista no sentido Lapa foi interditada e totalmente ocupada, no trecho entre a avenida Rio Branco e a frente da sede do BNDES. Segundo organizadores, mais de 5.000 pessoas participaram do ato. No começo da noite, o grupo caminhava de volta à Cinelândia.

Manifestantes em protesto pela Amazônia na Cinelândia, no Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

“As queimadas sempre existiram, os governos anteriores também falharam na preservação ambiental, mas a atual gestão é especialmente maléfica. Desde janeiro estamos denunciando o desmonte da estrutura de fiscalização e combate a incêndios, o desinteresse do ministro Ricardo Salles por qualquer questão ecológica”, afirmou Ricardo Graça Aranha, líder do coletivo Amazônia na Rua, que organiza o ato na Cinelândia.

“Bolsonaro nunca teve nem terá qualquer interesse em preservação ambiental, então qualquer medida que ele anunciar agora será só uma reação momentânea às pressões no Brasil e no exterior. Não acredito em nada do que ele vier a anunciar, porque não é uma filosofia de governo, é uma tentativa de amenizar as pressões”, concluiu.

Para o ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que acompanhou o ato, Bolsonaro está “acusando o golpe” ao decidir usar cadeia de rádio e TV para falar sobre os incêndios florestais. “Ele nunca teve nenhum interesse pelo tema, sempre criticou a preservação ambiental e queria extinguir o ministério do Meio Ambiente. Não fez isso, mas colocou lá alguém que pensa como ele”, afirmou.

“A questão ambiental é o que está em destaque neste momento e até agora é o tema que mais repercutiu contra Bolsonaro, mas a oposição precisa se manter atenta, fiscalizar e denunciar os eventuais erros em todos os campos governamentais”, disse.

Salvador

Em Salvador, manifestantes realizaram um ato em defesa da Amazônia e contra o governo federal. Majoritariamente formado por ativistas de causas ambientais, o grupo seguiu do Centro Histórico da capital baiana até a praça do Campo Grande, com gritos de ordem como “ou param as queimadas ou paramos o Brasil”. O ato durou cerca de duas horas e contou com aproximadamente 250 pessoas. 

Protesto em Salvador contra incêndios na Amazônia Foto: Renata Farias/Estadão

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas na Amazônia aumentaram 82% de janeiro a agosto de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, representando a maior alta do índice em sete anos.

Entre os presentes no protesto, estava Kaime Silvestre, de 22 anos, que é testemunha dos incêndios na região. Morador do município de Confresa, no norte do Mato Grosso, ele está em Salvador devido à Semana Latino-Americana e Caribenha sobre  Mudança do Clima, encerrada na quinta-feira. “Estou presenciando as queimadas da Amazônia de perto, porque a minha cidade só tem fumaça há três semanas. Está muito difícil de respirar, hospitais lotados de crianças e idosos”, relata. 

Integrante da organização Engajamundo, ele ressalta a importância do evento e critica a participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. “Todos os representantes do governo estavam falando coisas absurdas, apresentando dados falsos, incoerentes, incompletos”, pontua. “Fizemos ações durante toda a semana para denunciar as ações do governo brasileiro para o mundo”. 

Além da flora e fauna da Amazônia, os manifestantes ressaltaram também a necessidade de demarcação de terras indígenas e a importância da região para esses povos.

Professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Ricardo Tupiniquim, de 44 anos, diz estar junto aos povos indígenas do Norte, mesmo que não faça parte dos grupos étnicos diretamente afetados. “Meu grupo é Tupiniquim, mas nessa hora, todos precisam se irmanar”.

Apenas dois momentos do protesto divergiram do clima de tranquilidade observado durante o percurso. Algumas pessoas carregavam uma faixa da vereadora Marcelle Moraes (PV), que tem a proteção dos animais como sua principal bandeira. No entanto, os  manifestantes ressaltaram a neutralidade partidária do ato. Após as críticas, o grupo se retirou. Outro momento foi quando, na região da praça do Campo Grande, o ato foi recebido por ovos arremessados de um dos prédios. 

Policiais militares cercam manifestantes que protestam pela Amazônia em SP Foto: Alex Silva/Estadão

RIO e SÃO PAULO - Protestos contra o presidente Jair Bolsonaro e contra a destruição da Amazônia por incêndios florestais foram registrados nas capitais do Rio, de São Paulo, em Salvador, na Bahia, e outras cidades do País na noite desta sexta-feira, 23.

Em São Paulo, centenas de pessoas se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Com gritos de ordem contra Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, eles ocuparam a Avenida no sentido Consolação por volta das 18h30 e bloquearam a pista instantes depois. O grupo foi cercado por policiais militares, mas sem indícios de confrontos.

A maior parte do grupo pedia a saída do ministro Salles do cargo, e do próprio presidente. "Fora Salles" e "Bolsonaro sai, a Amazônia fica" foram alguns dos coros que deram o tom da manifestação, que reuniu desde estudantes a empresários e representantes de ONGs. 

Manifestantes contra a destruição da Amazônia no vão livre do Masp, em SP Foto: Tulio Kruse/Estadão

O tema ambiental levou o empresário José Corona, de 57 anos, ao seu primeiro protesto contra o governo.  

Dono de fazendas, ele se diz revoltado e triste com a condução da política ambiental. "Não se ganha dinheiro com a destruição da floresta. Isso vai mudar a nossa vida no futuro, já está mudando", diz Corona. Ele se diz a favor da proteção à biodiversidade e apoia ONGs que trabalham com o tema. "É possível conjugar a conservação com a agricultura." 

"O tema ambiental é importante porque influencia na vida de todos, direta ou indiretamente", diz o estudante Kevin Júnior, de 20 anos. Boliviano, ele veio ao Brasil aos 8 anos e, hoje, veio protestar conta um problema que afeta fortemente seu país natal. "Sempre vou lá durante as férias e vejo muito verde, mas quando voltar da próxima vez não sei o que vou encontrar. A Amazônia não tem fronteiras, e não importa se o governo é de esquerda ou direita, a prática é a mesma."

Já no Rio, às 18h40, um grupo que inicialmente ocupou a Cinelândia, no centro, se transformou em uma multidão na Avenida República do Chile, em ato para denunciar a destruição da Amazônia e do meio ambiente brasileiro. Líderes de grupos de defesa do meio ambiente discursaram, e entre cada fala os ativistas fizeram coros contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Também foi realizado um minuto de silêncio em protesto contra a política ambiental do governo federal. 

A proposta do ato era marchar da Cinelândia à sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gestor do Fundo Amazônia. Seguranças fecharam as portas do prédio, mas os manifestantes decidiram permanecer na avenida, cuja pista no sentido Lapa foi interditada e totalmente ocupada, no trecho entre a avenida Rio Branco e a frente da sede do BNDES. Segundo organizadores, mais de 5.000 pessoas participaram do ato. No começo da noite, o grupo caminhava de volta à Cinelândia.

Manifestantes em protesto pela Amazônia na Cinelândia, no Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

“As queimadas sempre existiram, os governos anteriores também falharam na preservação ambiental, mas a atual gestão é especialmente maléfica. Desde janeiro estamos denunciando o desmonte da estrutura de fiscalização e combate a incêndios, o desinteresse do ministro Ricardo Salles por qualquer questão ecológica”, afirmou Ricardo Graça Aranha, líder do coletivo Amazônia na Rua, que organiza o ato na Cinelândia.

“Bolsonaro nunca teve nem terá qualquer interesse em preservação ambiental, então qualquer medida que ele anunciar agora será só uma reação momentânea às pressões no Brasil e no exterior. Não acredito em nada do que ele vier a anunciar, porque não é uma filosofia de governo, é uma tentativa de amenizar as pressões”, concluiu.

Para o ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que acompanhou o ato, Bolsonaro está “acusando o golpe” ao decidir usar cadeia de rádio e TV para falar sobre os incêndios florestais. “Ele nunca teve nenhum interesse pelo tema, sempre criticou a preservação ambiental e queria extinguir o ministério do Meio Ambiente. Não fez isso, mas colocou lá alguém que pensa como ele”, afirmou.

“A questão ambiental é o que está em destaque neste momento e até agora é o tema que mais repercutiu contra Bolsonaro, mas a oposição precisa se manter atenta, fiscalizar e denunciar os eventuais erros em todos os campos governamentais”, disse.

Salvador

Em Salvador, manifestantes realizaram um ato em defesa da Amazônia e contra o governo federal. Majoritariamente formado por ativistas de causas ambientais, o grupo seguiu do Centro Histórico da capital baiana até a praça do Campo Grande, com gritos de ordem como “ou param as queimadas ou paramos o Brasil”. O ato durou cerca de duas horas e contou com aproximadamente 250 pessoas. 

Protesto em Salvador contra incêndios na Amazônia Foto: Renata Farias/Estadão

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas na Amazônia aumentaram 82% de janeiro a agosto de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, representando a maior alta do índice em sete anos.

Entre os presentes no protesto, estava Kaime Silvestre, de 22 anos, que é testemunha dos incêndios na região. Morador do município de Confresa, no norte do Mato Grosso, ele está em Salvador devido à Semana Latino-Americana e Caribenha sobre  Mudança do Clima, encerrada na quinta-feira. “Estou presenciando as queimadas da Amazônia de perto, porque a minha cidade só tem fumaça há três semanas. Está muito difícil de respirar, hospitais lotados de crianças e idosos”, relata. 

Integrante da organização Engajamundo, ele ressalta a importância do evento e critica a participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. “Todos os representantes do governo estavam falando coisas absurdas, apresentando dados falsos, incoerentes, incompletos”, pontua. “Fizemos ações durante toda a semana para denunciar as ações do governo brasileiro para o mundo”. 

Além da flora e fauna da Amazônia, os manifestantes ressaltaram também a necessidade de demarcação de terras indígenas e a importância da região para esses povos.

Professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Ricardo Tupiniquim, de 44 anos, diz estar junto aos povos indígenas do Norte, mesmo que não faça parte dos grupos étnicos diretamente afetados. “Meu grupo é Tupiniquim, mas nessa hora, todos precisam se irmanar”.

Apenas dois momentos do protesto divergiram do clima de tranquilidade observado durante o percurso. Algumas pessoas carregavam uma faixa da vereadora Marcelle Moraes (PV), que tem a proteção dos animais como sua principal bandeira. No entanto, os  manifestantes ressaltaram a neutralidade partidária do ato. Após as críticas, o grupo se retirou. Outro momento foi quando, na região da praça do Campo Grande, o ato foi recebido por ovos arremessados de um dos prédios. 

Policiais militares cercam manifestantes que protestam pela Amazônia em SP Foto: Alex Silva/Estadão

RIO e SÃO PAULO - Protestos contra o presidente Jair Bolsonaro e contra a destruição da Amazônia por incêndios florestais foram registrados nas capitais do Rio, de São Paulo, em Salvador, na Bahia, e outras cidades do País na noite desta sexta-feira, 23.

Em São Paulo, centenas de pessoas se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Com gritos de ordem contra Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, eles ocuparam a Avenida no sentido Consolação por volta das 18h30 e bloquearam a pista instantes depois. O grupo foi cercado por policiais militares, mas sem indícios de confrontos.

A maior parte do grupo pedia a saída do ministro Salles do cargo, e do próprio presidente. "Fora Salles" e "Bolsonaro sai, a Amazônia fica" foram alguns dos coros que deram o tom da manifestação, que reuniu desde estudantes a empresários e representantes de ONGs. 

Manifestantes contra a destruição da Amazônia no vão livre do Masp, em SP Foto: Tulio Kruse/Estadão

O tema ambiental levou o empresário José Corona, de 57 anos, ao seu primeiro protesto contra o governo.  

Dono de fazendas, ele se diz revoltado e triste com a condução da política ambiental. "Não se ganha dinheiro com a destruição da floresta. Isso vai mudar a nossa vida no futuro, já está mudando", diz Corona. Ele se diz a favor da proteção à biodiversidade e apoia ONGs que trabalham com o tema. "É possível conjugar a conservação com a agricultura." 

"O tema ambiental é importante porque influencia na vida de todos, direta ou indiretamente", diz o estudante Kevin Júnior, de 20 anos. Boliviano, ele veio ao Brasil aos 8 anos e, hoje, veio protestar conta um problema que afeta fortemente seu país natal. "Sempre vou lá durante as férias e vejo muito verde, mas quando voltar da próxima vez não sei o que vou encontrar. A Amazônia não tem fronteiras, e não importa se o governo é de esquerda ou direita, a prática é a mesma."

Já no Rio, às 18h40, um grupo que inicialmente ocupou a Cinelândia, no centro, se transformou em uma multidão na Avenida República do Chile, em ato para denunciar a destruição da Amazônia e do meio ambiente brasileiro. Líderes de grupos de defesa do meio ambiente discursaram, e entre cada fala os ativistas fizeram coros contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Também foi realizado um minuto de silêncio em protesto contra a política ambiental do governo federal. 

A proposta do ato era marchar da Cinelândia à sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), gestor do Fundo Amazônia. Seguranças fecharam as portas do prédio, mas os manifestantes decidiram permanecer na avenida, cuja pista no sentido Lapa foi interditada e totalmente ocupada, no trecho entre a avenida Rio Branco e a frente da sede do BNDES. Segundo organizadores, mais de 5.000 pessoas participaram do ato. No começo da noite, o grupo caminhava de volta à Cinelândia.

Manifestantes em protesto pela Amazônia na Cinelândia, no Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

“As queimadas sempre existiram, os governos anteriores também falharam na preservação ambiental, mas a atual gestão é especialmente maléfica. Desde janeiro estamos denunciando o desmonte da estrutura de fiscalização e combate a incêndios, o desinteresse do ministro Ricardo Salles por qualquer questão ecológica”, afirmou Ricardo Graça Aranha, líder do coletivo Amazônia na Rua, que organiza o ato na Cinelândia.

“Bolsonaro nunca teve nem terá qualquer interesse em preservação ambiental, então qualquer medida que ele anunciar agora será só uma reação momentânea às pressões no Brasil e no exterior. Não acredito em nada do que ele vier a anunciar, porque não é uma filosofia de governo, é uma tentativa de amenizar as pressões”, concluiu.

Para o ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que acompanhou o ato, Bolsonaro está “acusando o golpe” ao decidir usar cadeia de rádio e TV para falar sobre os incêndios florestais. “Ele nunca teve nenhum interesse pelo tema, sempre criticou a preservação ambiental e queria extinguir o ministério do Meio Ambiente. Não fez isso, mas colocou lá alguém que pensa como ele”, afirmou.

“A questão ambiental é o que está em destaque neste momento e até agora é o tema que mais repercutiu contra Bolsonaro, mas a oposição precisa se manter atenta, fiscalizar e denunciar os eventuais erros em todos os campos governamentais”, disse.

Salvador

Em Salvador, manifestantes realizaram um ato em defesa da Amazônia e contra o governo federal. Majoritariamente formado por ativistas de causas ambientais, o grupo seguiu do Centro Histórico da capital baiana até a praça do Campo Grande, com gritos de ordem como “ou param as queimadas ou paramos o Brasil”. O ato durou cerca de duas horas e contou com aproximadamente 250 pessoas. 

Protesto em Salvador contra incêndios na Amazônia Foto: Renata Farias/Estadão

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas na Amazônia aumentaram 82% de janeiro a agosto de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, representando a maior alta do índice em sete anos.

Entre os presentes no protesto, estava Kaime Silvestre, de 22 anos, que é testemunha dos incêndios na região. Morador do município de Confresa, no norte do Mato Grosso, ele está em Salvador devido à Semana Latino-Americana e Caribenha sobre  Mudança do Clima, encerrada na quinta-feira. “Estou presenciando as queimadas da Amazônia de perto, porque a minha cidade só tem fumaça há três semanas. Está muito difícil de respirar, hospitais lotados de crianças e idosos”, relata. 

Integrante da organização Engajamundo, ele ressalta a importância do evento e critica a participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. “Todos os representantes do governo estavam falando coisas absurdas, apresentando dados falsos, incoerentes, incompletos”, pontua. “Fizemos ações durante toda a semana para denunciar as ações do governo brasileiro para o mundo”. 

Além da flora e fauna da Amazônia, os manifestantes ressaltaram também a necessidade de demarcação de terras indígenas e a importância da região para esses povos.

Professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Ricardo Tupiniquim, de 44 anos, diz estar junto aos povos indígenas do Norte, mesmo que não faça parte dos grupos étnicos diretamente afetados. “Meu grupo é Tupiniquim, mas nessa hora, todos precisam se irmanar”.

Apenas dois momentos do protesto divergiram do clima de tranquilidade observado durante o percurso. Algumas pessoas carregavam uma faixa da vereadora Marcelle Moraes (PV), que tem a proteção dos animais como sua principal bandeira. No entanto, os  manifestantes ressaltaram a neutralidade partidária do ato. Após as críticas, o grupo se retirou. Outro momento foi quando, na região da praça do Campo Grande, o ato foi recebido por ovos arremessados de um dos prédios. 

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