SP tem mais postes ou árvores? A Prefeitura sabe onde tem maior risco de queda de tronco ou galhos?


Falta de censo dificulta acompanhamento da saúde da cobertura verde da maior cidade do País; poder municipal promete levantamento até o fim do ano que vem

Por Emilio Sant'Anna
Atualização:

São Paulo: a cidade que tem mais postes de luz do que árvores, corre atrás de um passivo de décadas sem saber da condição de saúde de sua cobertura verde. Apesar da força do vento da tempestade da última sexta-feira, 3, as mais de 400 árvores que tombaram nas ruas e parques da metrópole dão uma ideia do tamanho do desafio e apontam para os efeitos das mudanças climáticas e da falta de gestão pública, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

A Grande São Paulo chegou a ter 2,1 milhões de imóveis sem luz na sexta-feira, 3, após o temporal. E ainda está com cerca de 200 mil endereços ainda sem energia elétrica.

Os postes são cerca de 750 mil, conforme a Enel, que prometeu um censo completo da situação deles em São Paulo. O objetivo é identificar as fiações irregulares e intensificar as notificações para que as empresas de telecomunicações e as de internet regularizem e identifiquem seus cabos. Até 2021, um total de 76,5 mil deles nas r32 subprefeituras já havia sido inspecionado.

Árvore caída na Av. Prof. Alfonso Bovero, no bairro do Sumaré, zona oeste de SP FOTO Helcio Nagamine/ESTADAO  Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Sobre as árvores, no entanto, a previsão de ter informações tão detalhadas é para o fim de 2024. Hoje, sabe-se que são cerca de 650 mil, segundo o mapeamento arbóreo, de 2015. Cabe às equipes de poda e manutenção o trabalho diário de identificar possíveis problemas, mas não há informações suficientes para, por exemplo, o cidadão consultar quais são e onde estão as espécies, sejam nativas ou exóticas.

“Seria preciso ter um centro de controle de árvores da Prefeitura”, diz Marcos Buckeridge, professor de Botânica da Universidade de São Paulo (USP), que auxilia o poder municipal a desenvolver um processo para mapear e gerir as árvores urbanas. “Mas isso leva tempo. Estamos no meio do caminho do processo de conhecimento, gestão e planejamento.”

Para o botânico Ricardo Cardim, não é possível considerar o levantamento da Prefeitura sobre as árvores um censo. O levantamento foi realizado com imagens de satélite, ele lembra. “É como colocar a população sentada no Estádio do Morumbi e tirar uma foto lá de cima com um drone e, com isso, querer saber a situação de saúde das pessoas”, diz.

Na segunda-feira, 6, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apontou as árvores como um fator que agravou a situação “O grande vilão desse episódio foi a questão arbórea, da quantidade de árvores que, por falta de manejo adequado, caíram sobre a rede. A gente precisa de um plano conjunto de manuseio arbóreo.”

Os eventos extremos acelerados pelas mudanças climáticas multiplicam essa dívida de mais políticas de longo prazo para ambiente e zeladoria. Nesta segunda, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) usou as redes sociais para afirmar que as concessionárias entraram na Justiça o direito de não enterrar seus fios pendentes em postes, como previa uma lei municipal de 2020.

E 2015, a Justiça Federal suspendeu portaria municipal, que obrigava a então AES Eletropaulo e as empresas de telecomunicações a fazer o enterramento de 250 quilômetros de fios da rede área em São Paulo. Na época, a empresa alugava os espaços nos postes para empresas de telecomunicações, faturando cerca de R$ 100 milhões por ano.

Árvores caem na capital mesmo na estação seca, diz USP

O período chuvoso, que se inicia com a primavera, é o de maior ocorrência das quedas de árvores em São Paulo, mas em dois terços dos dias do período seco do ano esses registros também acontecem na cidade, segundo uma pesquisa da USP.

A queda de árvores está ligada a problemas como danos à estrutura da planta, podas mal feitas, ferimentos e morte. A pesquisa da USP avaliou uma série diária de árvores caídas durante três anos na cidade, 2013, 2014 e 2015. De 652 mil árvores contabilizadas no estudo nas ruas de São Paulo, 7.034 caíram nesse período, 2.344 por ano.

A pesquisa apontou que embora a temperatura influencie diretamente na queda de árvores, tanto a precipitação quanto as rajadas de vento podem apresentar efeitos defasados. Ou seja, esse dois fatores irão influenciar a queda durante a estação seca, quando não se esperaria que isso ocorresse.

Após a tempestade de sexta-feira na capital, esquina das ruas Gaivota com Rouxinol, no bairro de Moema, zona sul da cidade, ainda sem luz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Embora possa ser parcialmente causado por efeitos defasados de precipitação e rajadas de vento, esses registros durante a estação seca confirmam a má gestão e as condições das árvores nas ruas da cidade. Este estudo destaca o quão vulneráveis são as árvores nas ruas a condições climáticas extremas e que árvores ainda mal geridas caem diariamente nas ruas sem quaisquer causas climáticas aparentes”, conclui a pesquisa.

Para Cardim, é preciso cobrar ações concretas do Executivo e do Legislativo. “Esse trabalho da USP mostra que as árvores caem em qualquer época do ano, seja chuvosa ou seca”, afirma.

Prefeitura promete levantamento sobre árvores até dezembro de 2024

A Prefeitura afirma que o Programa de Enterramento de Rede Aérea, regulamentado pela portaria municipal de 2015, está suspenso em decorrência de mandado de segurança, impetrado pelo Sindicato da Indústria da Energia no Estado, junto à Justiça Federal, “o qual questiona a referida portaria, sustentando sua inconstitucional por suposta interferência nos contratos de concessão firmados entre as concessionárias do setor de energia elétrica e o poder concedente (União).”

O Executivo paulistano diz que a Secretaria Municipal das Subprefeituras é a pasta responsável por gerenciar o programa SP Sem Fios e organizar o interesse das empresas em um plano de trabalho para retirada dos fios e postes na cidade. “O programa está em andamento e 62% já foi concluído. As empresas que estão no SP sem Fios são: Enel, Ilumina SP, empresas de telecomunicação e a SPTrans (por conta dos trólebus). Vale lembrar que a Enel é uma concessão de serviço público federal gerenciada pela Aneel, a quem cabe estabelecer os planos de trabalho e expansão da distribuidora”, afirma.

Sobre as árvores, o Executivo diz que o Plano Municipal de Arborização Urbana, que define o planejamento e a gestão da arborização no Município, prevê a elaboração e disponibilização do inventário arbóreo atualizado até dezembro de 2024. “Importante destacar que este levantamento não inclui dados de árvores em áreas particulares”, diz, em nota.

Por fim, a Prefeitura afirma que em outubro foi realizada a poda de 12.825 árvores na cidade. E de janeiro a outubro, foram podadas 152.376 árvores. No mesmo período do ano passado, foram 124.136.

“Importante destacar que a administração municipal não realiza procedimento de poda ou remoção enquanto a equipe da Enel não faz a liberação dos galhos em contato com a fiação elétrica. No momento, 3.690 solicitações recebidas para poda ou remoção de árvores na cidade foram encaminhadas e aguardam atendimento da Enel”, afirma.

São Paulo: a cidade que tem mais postes de luz do que árvores, corre atrás de um passivo de décadas sem saber da condição de saúde de sua cobertura verde. Apesar da força do vento da tempestade da última sexta-feira, 3, as mais de 400 árvores que tombaram nas ruas e parques da metrópole dão uma ideia do tamanho do desafio e apontam para os efeitos das mudanças climáticas e da falta de gestão pública, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

A Grande São Paulo chegou a ter 2,1 milhões de imóveis sem luz na sexta-feira, 3, após o temporal. E ainda está com cerca de 200 mil endereços ainda sem energia elétrica.

Os postes são cerca de 750 mil, conforme a Enel, que prometeu um censo completo da situação deles em São Paulo. O objetivo é identificar as fiações irregulares e intensificar as notificações para que as empresas de telecomunicações e as de internet regularizem e identifiquem seus cabos. Até 2021, um total de 76,5 mil deles nas r32 subprefeituras já havia sido inspecionado.

Árvore caída na Av. Prof. Alfonso Bovero, no bairro do Sumaré, zona oeste de SP FOTO Helcio Nagamine/ESTADAO  Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Sobre as árvores, no entanto, a previsão de ter informações tão detalhadas é para o fim de 2024. Hoje, sabe-se que são cerca de 650 mil, segundo o mapeamento arbóreo, de 2015. Cabe às equipes de poda e manutenção o trabalho diário de identificar possíveis problemas, mas não há informações suficientes para, por exemplo, o cidadão consultar quais são e onde estão as espécies, sejam nativas ou exóticas.

“Seria preciso ter um centro de controle de árvores da Prefeitura”, diz Marcos Buckeridge, professor de Botânica da Universidade de São Paulo (USP), que auxilia o poder municipal a desenvolver um processo para mapear e gerir as árvores urbanas. “Mas isso leva tempo. Estamos no meio do caminho do processo de conhecimento, gestão e planejamento.”

Para o botânico Ricardo Cardim, não é possível considerar o levantamento da Prefeitura sobre as árvores um censo. O levantamento foi realizado com imagens de satélite, ele lembra. “É como colocar a população sentada no Estádio do Morumbi e tirar uma foto lá de cima com um drone e, com isso, querer saber a situação de saúde das pessoas”, diz.

Na segunda-feira, 6, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apontou as árvores como um fator que agravou a situação “O grande vilão desse episódio foi a questão arbórea, da quantidade de árvores que, por falta de manejo adequado, caíram sobre a rede. A gente precisa de um plano conjunto de manuseio arbóreo.”

Os eventos extremos acelerados pelas mudanças climáticas multiplicam essa dívida de mais políticas de longo prazo para ambiente e zeladoria. Nesta segunda, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) usou as redes sociais para afirmar que as concessionárias entraram na Justiça o direito de não enterrar seus fios pendentes em postes, como previa uma lei municipal de 2020.

E 2015, a Justiça Federal suspendeu portaria municipal, que obrigava a então AES Eletropaulo e as empresas de telecomunicações a fazer o enterramento de 250 quilômetros de fios da rede área em São Paulo. Na época, a empresa alugava os espaços nos postes para empresas de telecomunicações, faturando cerca de R$ 100 milhões por ano.

Árvores caem na capital mesmo na estação seca, diz USP

O período chuvoso, que se inicia com a primavera, é o de maior ocorrência das quedas de árvores em São Paulo, mas em dois terços dos dias do período seco do ano esses registros também acontecem na cidade, segundo uma pesquisa da USP.

A queda de árvores está ligada a problemas como danos à estrutura da planta, podas mal feitas, ferimentos e morte. A pesquisa da USP avaliou uma série diária de árvores caídas durante três anos na cidade, 2013, 2014 e 2015. De 652 mil árvores contabilizadas no estudo nas ruas de São Paulo, 7.034 caíram nesse período, 2.344 por ano.

A pesquisa apontou que embora a temperatura influencie diretamente na queda de árvores, tanto a precipitação quanto as rajadas de vento podem apresentar efeitos defasados. Ou seja, esse dois fatores irão influenciar a queda durante a estação seca, quando não se esperaria que isso ocorresse.

Após a tempestade de sexta-feira na capital, esquina das ruas Gaivota com Rouxinol, no bairro de Moema, zona sul da cidade, ainda sem luz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Embora possa ser parcialmente causado por efeitos defasados de precipitação e rajadas de vento, esses registros durante a estação seca confirmam a má gestão e as condições das árvores nas ruas da cidade. Este estudo destaca o quão vulneráveis são as árvores nas ruas a condições climáticas extremas e que árvores ainda mal geridas caem diariamente nas ruas sem quaisquer causas climáticas aparentes”, conclui a pesquisa.

Para Cardim, é preciso cobrar ações concretas do Executivo e do Legislativo. “Esse trabalho da USP mostra que as árvores caem em qualquer época do ano, seja chuvosa ou seca”, afirma.

Prefeitura promete levantamento sobre árvores até dezembro de 2024

A Prefeitura afirma que o Programa de Enterramento de Rede Aérea, regulamentado pela portaria municipal de 2015, está suspenso em decorrência de mandado de segurança, impetrado pelo Sindicato da Indústria da Energia no Estado, junto à Justiça Federal, “o qual questiona a referida portaria, sustentando sua inconstitucional por suposta interferência nos contratos de concessão firmados entre as concessionárias do setor de energia elétrica e o poder concedente (União).”

O Executivo paulistano diz que a Secretaria Municipal das Subprefeituras é a pasta responsável por gerenciar o programa SP Sem Fios e organizar o interesse das empresas em um plano de trabalho para retirada dos fios e postes na cidade. “O programa está em andamento e 62% já foi concluído. As empresas que estão no SP sem Fios são: Enel, Ilumina SP, empresas de telecomunicação e a SPTrans (por conta dos trólebus). Vale lembrar que a Enel é uma concessão de serviço público federal gerenciada pela Aneel, a quem cabe estabelecer os planos de trabalho e expansão da distribuidora”, afirma.

Sobre as árvores, o Executivo diz que o Plano Municipal de Arborização Urbana, que define o planejamento e a gestão da arborização no Município, prevê a elaboração e disponibilização do inventário arbóreo atualizado até dezembro de 2024. “Importante destacar que este levantamento não inclui dados de árvores em áreas particulares”, diz, em nota.

Por fim, a Prefeitura afirma que em outubro foi realizada a poda de 12.825 árvores na cidade. E de janeiro a outubro, foram podadas 152.376 árvores. No mesmo período do ano passado, foram 124.136.

“Importante destacar que a administração municipal não realiza procedimento de poda ou remoção enquanto a equipe da Enel não faz a liberação dos galhos em contato com a fiação elétrica. No momento, 3.690 solicitações recebidas para poda ou remoção de árvores na cidade foram encaminhadas e aguardam atendimento da Enel”, afirma.

São Paulo: a cidade que tem mais postes de luz do que árvores, corre atrás de um passivo de décadas sem saber da condição de saúde de sua cobertura verde. Apesar da força do vento da tempestade da última sexta-feira, 3, as mais de 400 árvores que tombaram nas ruas e parques da metrópole dão uma ideia do tamanho do desafio e apontam para os efeitos das mudanças climáticas e da falta de gestão pública, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

A Grande São Paulo chegou a ter 2,1 milhões de imóveis sem luz na sexta-feira, 3, após o temporal. E ainda está com cerca de 200 mil endereços ainda sem energia elétrica.

Os postes são cerca de 750 mil, conforme a Enel, que prometeu um censo completo da situação deles em São Paulo. O objetivo é identificar as fiações irregulares e intensificar as notificações para que as empresas de telecomunicações e as de internet regularizem e identifiquem seus cabos. Até 2021, um total de 76,5 mil deles nas r32 subprefeituras já havia sido inspecionado.

Árvore caída na Av. Prof. Alfonso Bovero, no bairro do Sumaré, zona oeste de SP FOTO Helcio Nagamine/ESTADAO  Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Sobre as árvores, no entanto, a previsão de ter informações tão detalhadas é para o fim de 2024. Hoje, sabe-se que são cerca de 650 mil, segundo o mapeamento arbóreo, de 2015. Cabe às equipes de poda e manutenção o trabalho diário de identificar possíveis problemas, mas não há informações suficientes para, por exemplo, o cidadão consultar quais são e onde estão as espécies, sejam nativas ou exóticas.

“Seria preciso ter um centro de controle de árvores da Prefeitura”, diz Marcos Buckeridge, professor de Botânica da Universidade de São Paulo (USP), que auxilia o poder municipal a desenvolver um processo para mapear e gerir as árvores urbanas. “Mas isso leva tempo. Estamos no meio do caminho do processo de conhecimento, gestão e planejamento.”

Para o botânico Ricardo Cardim, não é possível considerar o levantamento da Prefeitura sobre as árvores um censo. O levantamento foi realizado com imagens de satélite, ele lembra. “É como colocar a população sentada no Estádio do Morumbi e tirar uma foto lá de cima com um drone e, com isso, querer saber a situação de saúde das pessoas”, diz.

Na segunda-feira, 6, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apontou as árvores como um fator que agravou a situação “O grande vilão desse episódio foi a questão arbórea, da quantidade de árvores que, por falta de manejo adequado, caíram sobre a rede. A gente precisa de um plano conjunto de manuseio arbóreo.”

Os eventos extremos acelerados pelas mudanças climáticas multiplicam essa dívida de mais políticas de longo prazo para ambiente e zeladoria. Nesta segunda, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) usou as redes sociais para afirmar que as concessionárias entraram na Justiça o direito de não enterrar seus fios pendentes em postes, como previa uma lei municipal de 2020.

E 2015, a Justiça Federal suspendeu portaria municipal, que obrigava a então AES Eletropaulo e as empresas de telecomunicações a fazer o enterramento de 250 quilômetros de fios da rede área em São Paulo. Na época, a empresa alugava os espaços nos postes para empresas de telecomunicações, faturando cerca de R$ 100 milhões por ano.

Árvores caem na capital mesmo na estação seca, diz USP

O período chuvoso, que se inicia com a primavera, é o de maior ocorrência das quedas de árvores em São Paulo, mas em dois terços dos dias do período seco do ano esses registros também acontecem na cidade, segundo uma pesquisa da USP.

A queda de árvores está ligada a problemas como danos à estrutura da planta, podas mal feitas, ferimentos e morte. A pesquisa da USP avaliou uma série diária de árvores caídas durante três anos na cidade, 2013, 2014 e 2015. De 652 mil árvores contabilizadas no estudo nas ruas de São Paulo, 7.034 caíram nesse período, 2.344 por ano.

A pesquisa apontou que embora a temperatura influencie diretamente na queda de árvores, tanto a precipitação quanto as rajadas de vento podem apresentar efeitos defasados. Ou seja, esse dois fatores irão influenciar a queda durante a estação seca, quando não se esperaria que isso ocorresse.

Após a tempestade de sexta-feira na capital, esquina das ruas Gaivota com Rouxinol, no bairro de Moema, zona sul da cidade, ainda sem luz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Embora possa ser parcialmente causado por efeitos defasados de precipitação e rajadas de vento, esses registros durante a estação seca confirmam a má gestão e as condições das árvores nas ruas da cidade. Este estudo destaca o quão vulneráveis são as árvores nas ruas a condições climáticas extremas e que árvores ainda mal geridas caem diariamente nas ruas sem quaisquer causas climáticas aparentes”, conclui a pesquisa.

Para Cardim, é preciso cobrar ações concretas do Executivo e do Legislativo. “Esse trabalho da USP mostra que as árvores caem em qualquer época do ano, seja chuvosa ou seca”, afirma.

Prefeitura promete levantamento sobre árvores até dezembro de 2024

A Prefeitura afirma que o Programa de Enterramento de Rede Aérea, regulamentado pela portaria municipal de 2015, está suspenso em decorrência de mandado de segurança, impetrado pelo Sindicato da Indústria da Energia no Estado, junto à Justiça Federal, “o qual questiona a referida portaria, sustentando sua inconstitucional por suposta interferência nos contratos de concessão firmados entre as concessionárias do setor de energia elétrica e o poder concedente (União).”

O Executivo paulistano diz que a Secretaria Municipal das Subprefeituras é a pasta responsável por gerenciar o programa SP Sem Fios e organizar o interesse das empresas em um plano de trabalho para retirada dos fios e postes na cidade. “O programa está em andamento e 62% já foi concluído. As empresas que estão no SP sem Fios são: Enel, Ilumina SP, empresas de telecomunicação e a SPTrans (por conta dos trólebus). Vale lembrar que a Enel é uma concessão de serviço público federal gerenciada pela Aneel, a quem cabe estabelecer os planos de trabalho e expansão da distribuidora”, afirma.

Sobre as árvores, o Executivo diz que o Plano Municipal de Arborização Urbana, que define o planejamento e a gestão da arborização no Município, prevê a elaboração e disponibilização do inventário arbóreo atualizado até dezembro de 2024. “Importante destacar que este levantamento não inclui dados de árvores em áreas particulares”, diz, em nota.

Por fim, a Prefeitura afirma que em outubro foi realizada a poda de 12.825 árvores na cidade. E de janeiro a outubro, foram podadas 152.376 árvores. No mesmo período do ano passado, foram 124.136.

“Importante destacar que a administração municipal não realiza procedimento de poda ou remoção enquanto a equipe da Enel não faz a liberação dos galhos em contato com a fiação elétrica. No momento, 3.690 solicitações recebidas para poda ou remoção de árvores na cidade foram encaminhadas e aguardam atendimento da Enel”, afirma.

São Paulo: a cidade que tem mais postes de luz do que árvores, corre atrás de um passivo de décadas sem saber da condição de saúde de sua cobertura verde. Apesar da força do vento da tempestade da última sexta-feira, 3, as mais de 400 árvores que tombaram nas ruas e parques da metrópole dão uma ideia do tamanho do desafio e apontam para os efeitos das mudanças climáticas e da falta de gestão pública, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

A Grande São Paulo chegou a ter 2,1 milhões de imóveis sem luz na sexta-feira, 3, após o temporal. E ainda está com cerca de 200 mil endereços ainda sem energia elétrica.

Os postes são cerca de 750 mil, conforme a Enel, que prometeu um censo completo da situação deles em São Paulo. O objetivo é identificar as fiações irregulares e intensificar as notificações para que as empresas de telecomunicações e as de internet regularizem e identifiquem seus cabos. Até 2021, um total de 76,5 mil deles nas r32 subprefeituras já havia sido inspecionado.

Árvore caída na Av. Prof. Alfonso Bovero, no bairro do Sumaré, zona oeste de SP FOTO Helcio Nagamine/ESTADAO  Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Sobre as árvores, no entanto, a previsão de ter informações tão detalhadas é para o fim de 2024. Hoje, sabe-se que são cerca de 650 mil, segundo o mapeamento arbóreo, de 2015. Cabe às equipes de poda e manutenção o trabalho diário de identificar possíveis problemas, mas não há informações suficientes para, por exemplo, o cidadão consultar quais são e onde estão as espécies, sejam nativas ou exóticas.

“Seria preciso ter um centro de controle de árvores da Prefeitura”, diz Marcos Buckeridge, professor de Botânica da Universidade de São Paulo (USP), que auxilia o poder municipal a desenvolver um processo para mapear e gerir as árvores urbanas. “Mas isso leva tempo. Estamos no meio do caminho do processo de conhecimento, gestão e planejamento.”

Para o botânico Ricardo Cardim, não é possível considerar o levantamento da Prefeitura sobre as árvores um censo. O levantamento foi realizado com imagens de satélite, ele lembra. “É como colocar a população sentada no Estádio do Morumbi e tirar uma foto lá de cima com um drone e, com isso, querer saber a situação de saúde das pessoas”, diz.

Na segunda-feira, 6, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apontou as árvores como um fator que agravou a situação “O grande vilão desse episódio foi a questão arbórea, da quantidade de árvores que, por falta de manejo adequado, caíram sobre a rede. A gente precisa de um plano conjunto de manuseio arbóreo.”

Os eventos extremos acelerados pelas mudanças climáticas multiplicam essa dívida de mais políticas de longo prazo para ambiente e zeladoria. Nesta segunda, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) usou as redes sociais para afirmar que as concessionárias entraram na Justiça o direito de não enterrar seus fios pendentes em postes, como previa uma lei municipal de 2020.

E 2015, a Justiça Federal suspendeu portaria municipal, que obrigava a então AES Eletropaulo e as empresas de telecomunicações a fazer o enterramento de 250 quilômetros de fios da rede área em São Paulo. Na época, a empresa alugava os espaços nos postes para empresas de telecomunicações, faturando cerca de R$ 100 milhões por ano.

Árvores caem na capital mesmo na estação seca, diz USP

O período chuvoso, que se inicia com a primavera, é o de maior ocorrência das quedas de árvores em São Paulo, mas em dois terços dos dias do período seco do ano esses registros também acontecem na cidade, segundo uma pesquisa da USP.

A queda de árvores está ligada a problemas como danos à estrutura da planta, podas mal feitas, ferimentos e morte. A pesquisa da USP avaliou uma série diária de árvores caídas durante três anos na cidade, 2013, 2014 e 2015. De 652 mil árvores contabilizadas no estudo nas ruas de São Paulo, 7.034 caíram nesse período, 2.344 por ano.

A pesquisa apontou que embora a temperatura influencie diretamente na queda de árvores, tanto a precipitação quanto as rajadas de vento podem apresentar efeitos defasados. Ou seja, esse dois fatores irão influenciar a queda durante a estação seca, quando não se esperaria que isso ocorresse.

Após a tempestade de sexta-feira na capital, esquina das ruas Gaivota com Rouxinol, no bairro de Moema, zona sul da cidade, ainda sem luz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Embora possa ser parcialmente causado por efeitos defasados de precipitação e rajadas de vento, esses registros durante a estação seca confirmam a má gestão e as condições das árvores nas ruas da cidade. Este estudo destaca o quão vulneráveis são as árvores nas ruas a condições climáticas extremas e que árvores ainda mal geridas caem diariamente nas ruas sem quaisquer causas climáticas aparentes”, conclui a pesquisa.

Para Cardim, é preciso cobrar ações concretas do Executivo e do Legislativo. “Esse trabalho da USP mostra que as árvores caem em qualquer época do ano, seja chuvosa ou seca”, afirma.

Prefeitura promete levantamento sobre árvores até dezembro de 2024

A Prefeitura afirma que o Programa de Enterramento de Rede Aérea, regulamentado pela portaria municipal de 2015, está suspenso em decorrência de mandado de segurança, impetrado pelo Sindicato da Indústria da Energia no Estado, junto à Justiça Federal, “o qual questiona a referida portaria, sustentando sua inconstitucional por suposta interferência nos contratos de concessão firmados entre as concessionárias do setor de energia elétrica e o poder concedente (União).”

O Executivo paulistano diz que a Secretaria Municipal das Subprefeituras é a pasta responsável por gerenciar o programa SP Sem Fios e organizar o interesse das empresas em um plano de trabalho para retirada dos fios e postes na cidade. “O programa está em andamento e 62% já foi concluído. As empresas que estão no SP sem Fios são: Enel, Ilumina SP, empresas de telecomunicação e a SPTrans (por conta dos trólebus). Vale lembrar que a Enel é uma concessão de serviço público federal gerenciada pela Aneel, a quem cabe estabelecer os planos de trabalho e expansão da distribuidora”, afirma.

Sobre as árvores, o Executivo diz que o Plano Municipal de Arborização Urbana, que define o planejamento e a gestão da arborização no Município, prevê a elaboração e disponibilização do inventário arbóreo atualizado até dezembro de 2024. “Importante destacar que este levantamento não inclui dados de árvores em áreas particulares”, diz, em nota.

Por fim, a Prefeitura afirma que em outubro foi realizada a poda de 12.825 árvores na cidade. E de janeiro a outubro, foram podadas 152.376 árvores. No mesmo período do ano passado, foram 124.136.

“Importante destacar que a administração municipal não realiza procedimento de poda ou remoção enquanto a equipe da Enel não faz a liberação dos galhos em contato com a fiação elétrica. No momento, 3.690 solicitações recebidas para poda ou remoção de árvores na cidade foram encaminhadas e aguardam atendimento da Enel”, afirma.

São Paulo: a cidade que tem mais postes de luz do que árvores, corre atrás de um passivo de décadas sem saber da condição de saúde de sua cobertura verde. Apesar da força do vento da tempestade da última sexta-feira, 3, as mais de 400 árvores que tombaram nas ruas e parques da metrópole dão uma ideia do tamanho do desafio e apontam para os efeitos das mudanças climáticas e da falta de gestão pública, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

A Grande São Paulo chegou a ter 2,1 milhões de imóveis sem luz na sexta-feira, 3, após o temporal. E ainda está com cerca de 200 mil endereços ainda sem energia elétrica.

Os postes são cerca de 750 mil, conforme a Enel, que prometeu um censo completo da situação deles em São Paulo. O objetivo é identificar as fiações irregulares e intensificar as notificações para que as empresas de telecomunicações e as de internet regularizem e identifiquem seus cabos. Até 2021, um total de 76,5 mil deles nas r32 subprefeituras já havia sido inspecionado.

Árvore caída na Av. Prof. Alfonso Bovero, no bairro do Sumaré, zona oeste de SP FOTO Helcio Nagamine/ESTADAO  Foto: Helcio Nagamine/Estadão

Sobre as árvores, no entanto, a previsão de ter informações tão detalhadas é para o fim de 2024. Hoje, sabe-se que são cerca de 650 mil, segundo o mapeamento arbóreo, de 2015. Cabe às equipes de poda e manutenção o trabalho diário de identificar possíveis problemas, mas não há informações suficientes para, por exemplo, o cidadão consultar quais são e onde estão as espécies, sejam nativas ou exóticas.

“Seria preciso ter um centro de controle de árvores da Prefeitura”, diz Marcos Buckeridge, professor de Botânica da Universidade de São Paulo (USP), que auxilia o poder municipal a desenvolver um processo para mapear e gerir as árvores urbanas. “Mas isso leva tempo. Estamos no meio do caminho do processo de conhecimento, gestão e planejamento.”

Para o botânico Ricardo Cardim, não é possível considerar o levantamento da Prefeitura sobre as árvores um censo. O levantamento foi realizado com imagens de satélite, ele lembra. “É como colocar a população sentada no Estádio do Morumbi e tirar uma foto lá de cima com um drone e, com isso, querer saber a situação de saúde das pessoas”, diz.

Na segunda-feira, 6, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apontou as árvores como um fator que agravou a situação “O grande vilão desse episódio foi a questão arbórea, da quantidade de árvores que, por falta de manejo adequado, caíram sobre a rede. A gente precisa de um plano conjunto de manuseio arbóreo.”

Os eventos extremos acelerados pelas mudanças climáticas multiplicam essa dívida de mais políticas de longo prazo para ambiente e zeladoria. Nesta segunda, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) usou as redes sociais para afirmar que as concessionárias entraram na Justiça o direito de não enterrar seus fios pendentes em postes, como previa uma lei municipal de 2020.

E 2015, a Justiça Federal suspendeu portaria municipal, que obrigava a então AES Eletropaulo e as empresas de telecomunicações a fazer o enterramento de 250 quilômetros de fios da rede área em São Paulo. Na época, a empresa alugava os espaços nos postes para empresas de telecomunicações, faturando cerca de R$ 100 milhões por ano.

Árvores caem na capital mesmo na estação seca, diz USP

O período chuvoso, que se inicia com a primavera, é o de maior ocorrência das quedas de árvores em São Paulo, mas em dois terços dos dias do período seco do ano esses registros também acontecem na cidade, segundo uma pesquisa da USP.

A queda de árvores está ligada a problemas como danos à estrutura da planta, podas mal feitas, ferimentos e morte. A pesquisa da USP avaliou uma série diária de árvores caídas durante três anos na cidade, 2013, 2014 e 2015. De 652 mil árvores contabilizadas no estudo nas ruas de São Paulo, 7.034 caíram nesse período, 2.344 por ano.

A pesquisa apontou que embora a temperatura influencie diretamente na queda de árvores, tanto a precipitação quanto as rajadas de vento podem apresentar efeitos defasados. Ou seja, esse dois fatores irão influenciar a queda durante a estação seca, quando não se esperaria que isso ocorresse.

Após a tempestade de sexta-feira na capital, esquina das ruas Gaivota com Rouxinol, no bairro de Moema, zona sul da cidade, ainda sem luz. FOTO TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

“Embora possa ser parcialmente causado por efeitos defasados de precipitação e rajadas de vento, esses registros durante a estação seca confirmam a má gestão e as condições das árvores nas ruas da cidade. Este estudo destaca o quão vulneráveis são as árvores nas ruas a condições climáticas extremas e que árvores ainda mal geridas caem diariamente nas ruas sem quaisquer causas climáticas aparentes”, conclui a pesquisa.

Para Cardim, é preciso cobrar ações concretas do Executivo e do Legislativo. “Esse trabalho da USP mostra que as árvores caem em qualquer época do ano, seja chuvosa ou seca”, afirma.

Prefeitura promete levantamento sobre árvores até dezembro de 2024

A Prefeitura afirma que o Programa de Enterramento de Rede Aérea, regulamentado pela portaria municipal de 2015, está suspenso em decorrência de mandado de segurança, impetrado pelo Sindicato da Indústria da Energia no Estado, junto à Justiça Federal, “o qual questiona a referida portaria, sustentando sua inconstitucional por suposta interferência nos contratos de concessão firmados entre as concessionárias do setor de energia elétrica e o poder concedente (União).”

O Executivo paulistano diz que a Secretaria Municipal das Subprefeituras é a pasta responsável por gerenciar o programa SP Sem Fios e organizar o interesse das empresas em um plano de trabalho para retirada dos fios e postes na cidade. “O programa está em andamento e 62% já foi concluído. As empresas que estão no SP sem Fios são: Enel, Ilumina SP, empresas de telecomunicação e a SPTrans (por conta dos trólebus). Vale lembrar que a Enel é uma concessão de serviço público federal gerenciada pela Aneel, a quem cabe estabelecer os planos de trabalho e expansão da distribuidora”, afirma.

Sobre as árvores, o Executivo diz que o Plano Municipal de Arborização Urbana, que define o planejamento e a gestão da arborização no Município, prevê a elaboração e disponibilização do inventário arbóreo atualizado até dezembro de 2024. “Importante destacar que este levantamento não inclui dados de árvores em áreas particulares”, diz, em nota.

Por fim, a Prefeitura afirma que em outubro foi realizada a poda de 12.825 árvores na cidade. E de janeiro a outubro, foram podadas 152.376 árvores. No mesmo período do ano passado, foram 124.136.

“Importante destacar que a administração municipal não realiza procedimento de poda ou remoção enquanto a equipe da Enel não faz a liberação dos galhos em contato com a fiação elétrica. No momento, 3.690 solicitações recebidas para poda ou remoção de árvores na cidade foram encaminhadas e aguardam atendimento da Enel”, afirma.

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