USP inicia 2021 com projetos para reduzir impacto ao meio ambiente


Entre os objetivos das ações estão a produção de energia limpa, diminuição da emissão de gases de efeito estufa e ampliação da mobilidade sustentável; serão desenvolvidas 15 propostas com duração de dois anos em câmpus de sete cidades

Por Luiz Carlos Pavão

A Universidade de São Paulo (USP) inicia 2021 com uma missão sustentável: reduzir o impacto de seus câmpus ao meio ambiente. No total, serão desenvolvidos 15 projetos com duração de dois anos em sete cidades.

A iniciativa pretende ampliar a cultura sustentável dentro da universidade, intensificando práticas já adotadas e estabelecendo outras. Para envolver a comunidade, a escolha das propostas que serão implementadas foi feita por meio de edital interno aberto em todos os câmpus. O investimento total deve superar R$ 1 milhão.

"A USP tem de ser modelo para sociedade. Como vamos pedir que as pessoas economizem energia e água e façam reciclagem se não dermos o exemplo? A universidade precisava ter uma ação proativa nesse sentido. Mais do que subir nos rankings internacionais, queremos mostrar que é possível ter crescimento com ações sustentáveis", afirma Tércio Ambrizzi, superintendente de Gestão Ambiental da USP, departamento responsável pela missão.

Ambrizzi destaca que as grandes empresas, mesmo as mais tradicionais, estão caminhando nessa direção, assim como os países mais desenvolvidos. "Sobretudo na Europa, já se produz com menor carga de gases poluentes e se utiliza cada vez mais energia limpa", disse.

O professor Ildo Sauer, coordenador do projeto de construção do biodigestor experimental que utilizaráresíduos orgânicos para produzir energia Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Mas a USP não sai no zero na sua missão. De acordo com o ranking da The University Impact, que avalia como as universidades ao redor do mundo estão contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), a mais prestigiosa instituição de ensino superior do País ocupa a 14ª posição. O ranking avalia 766 universidades de 85 países.

Hoje, por exemplo, a USP produz 1% da energia utilizada na Cidade Universitária por meio de painéis fotovoltaicos – o objetivo estabelecido é que o porcentual chegue a 4%. Além de aumentar a geração de energia limpa, a instituição quer diminuir e compensar a emissão de gases de efeito estufa e poluentes em seus câmpus e ampliar a mobilidade sustentável.

Um dos pontos importantes do projeto da USP é a criação de um sistema de monitoramento ambiental para identificar a quantidade de emissões que a instituição produz. "Ainda não temos um inventário da universidade. Precisamos dele para saber qual será o impacto das ações no corte das emissões", explicou Ambrizzi.

Resíduos viram energia. Uma das 15 propostas selecionadas é a Educando no Maior Biogás, da Superintendência de Assistência Social (SAS), que propõe utilizar os resíduos orgânicos produzidos nos restaurantes universitários, no Conjunto Residencial da USP (Crusp) e na creche da Cidade Universitária para a produção de energia em um biodigestor.

De acordo com Gerson Tomanari, superintendente de Assistência Social e coordenador do projeto, a proposta também envolve a conscientização do descarte correto de resíduos e rejeitos e o consequente reaproveitamento para a produção de energia limpa. A expectativa é de que, após os dois anos de previsão de funcionamento do projeto, ele já faça parte da vida da universidade e, por isso, tenha continuidade. "Esperamos deixar uma estrutura e uma via bem pavimentada para que esse impulso inicial nos dê condições e estrutura para criar raízes e que a universidade mantenha essas práticas posteriormente", disse.

Tomanari vê a proposta como importante para a USP e para a sociedade de maneira geral. "Esse projeto tem uma relevância muito grande como modelo para sociedade, por produzir energia de forma autossustentável. Além disso, nossos formandos sairão da universidade com uma bagagem que vai além do conhecimento técnico. Ao conviver em um câmpus em que a cultura da sustentabilidade esteja presente, eles vão carregar esses valores e modelos para fora." O biodigestor está em fase final de construção no Instituto de Energia e Ambiente (IEE), da USP, e a logística deve começar a ser testada já neste mês. "Este é um momento propício, porque as coisas estão começando a funcionar em número reduzido."

De acordo com o professor Ildo Luís Sauer, coordenador da construção do biodigestor, inicialmente o aparelho instalado será de 75 kW, com capacidade para produzir cerca de 600 MWh por ano, o que seria suficiente para alimentar aproximadamente 250 residências, considerando um consumo médio. 

Mais bicicletas. Outro projeto que será implementado na USP, dessa vez no câmpus de Pirassununga, cidade localizada a 230 quilômetros da capital, é o que prevê a ampliação das vias destinadas às bicicletas. 

Lá, o terreno é propício por conta da geografia, e o uso desse meio de transporte tem sido estimulado desde 2015 com o projeto Vamos de Bike. Atualmente há três quilômetros de ciclovias e, com as novas obras, a extensão irá quase dobrar, chegando a 5,5 km. Também haverá ampliação das bicicletas compartilhadas, das 35 atuais para 70.

Segundo o professor João Adriano Rossignolo, vice-prefeito do câmpus Fernando Costa, a proposta terá consequências para o dia a dia. O câmpus tem 1,2 mil alunos, e, antes da pandemia, o uso semanal era de 500 retiradas de bicicletas compartilhadas para deslocamento interno, tanto para aulas quanto para o lazer. "Com a ampliação da ciclovia e do número de equipamentos, poderemos avaliar a redução do itinerário de ônibus dentro do câmpus, o que resultará em um menor impacto para o meio ambiente."

O objetivo é que até 2022 todo o câmpus de Pirassununga esteja interligado por ciclovias, com a totalização de dez quilômetros. "Institutos, restaurantes e opções de lazer poderão ser percorridos de bike, de forma sustentável e segura."

Medicina 2030. A Faculdade de Medicina do câmpus de Ribeirão Preto também conseguiu emplacar dois projetos entre os 15 selecionados. O primeiro é o Medicina 2030: Ação Climática Contextualizada para o Ensino em Saúde, que tem a ideia de inserir o tema sustentabilidade em disciplinas de graduação e pós-graduação da faculdade e também demandar aos pesquisadores que analisem e quantifiquem as emissões de carbono relacionadas a cada um de seus projetos de pesquisa, ainda na fase de planejamento.

"O principal objetivo desse projeto é aumentar a visibilidade na comunidade acadêmica das emissões de carbono associadas ao cotidiano da vida universitária e das formas de mitigá-las”, afirmou Fernando Bellissimo Rodrigues, professor associado do Departamento de Medicina Social e coordenador da Comissão de Gestão Ambiental da faculdade.

O segundo projeto aprovado prevê a implementação de um plano cicloviário que integre todo o câmpus de Ribeirão Preto. "Queremos aumentar a locomoção ativa e reduzir o uso de automóveis e outros veículos motorizados", disse.

A Universidade de São Paulo (USP) inicia 2021 com uma missão sustentável: reduzir o impacto de seus câmpus ao meio ambiente. No total, serão desenvolvidos 15 projetos com duração de dois anos em sete cidades.

A iniciativa pretende ampliar a cultura sustentável dentro da universidade, intensificando práticas já adotadas e estabelecendo outras. Para envolver a comunidade, a escolha das propostas que serão implementadas foi feita por meio de edital interno aberto em todos os câmpus. O investimento total deve superar R$ 1 milhão.

"A USP tem de ser modelo para sociedade. Como vamos pedir que as pessoas economizem energia e água e façam reciclagem se não dermos o exemplo? A universidade precisava ter uma ação proativa nesse sentido. Mais do que subir nos rankings internacionais, queremos mostrar que é possível ter crescimento com ações sustentáveis", afirma Tércio Ambrizzi, superintendente de Gestão Ambiental da USP, departamento responsável pela missão.

Ambrizzi destaca que as grandes empresas, mesmo as mais tradicionais, estão caminhando nessa direção, assim como os países mais desenvolvidos. "Sobretudo na Europa, já se produz com menor carga de gases poluentes e se utiliza cada vez mais energia limpa", disse.

O professor Ildo Sauer, coordenador do projeto de construção do biodigestor experimental que utilizaráresíduos orgânicos para produzir energia Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Mas a USP não sai no zero na sua missão. De acordo com o ranking da The University Impact, que avalia como as universidades ao redor do mundo estão contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), a mais prestigiosa instituição de ensino superior do País ocupa a 14ª posição. O ranking avalia 766 universidades de 85 países.

Hoje, por exemplo, a USP produz 1% da energia utilizada na Cidade Universitária por meio de painéis fotovoltaicos – o objetivo estabelecido é que o porcentual chegue a 4%. Além de aumentar a geração de energia limpa, a instituição quer diminuir e compensar a emissão de gases de efeito estufa e poluentes em seus câmpus e ampliar a mobilidade sustentável.

Um dos pontos importantes do projeto da USP é a criação de um sistema de monitoramento ambiental para identificar a quantidade de emissões que a instituição produz. "Ainda não temos um inventário da universidade. Precisamos dele para saber qual será o impacto das ações no corte das emissões", explicou Ambrizzi.

Resíduos viram energia. Uma das 15 propostas selecionadas é a Educando no Maior Biogás, da Superintendência de Assistência Social (SAS), que propõe utilizar os resíduos orgânicos produzidos nos restaurantes universitários, no Conjunto Residencial da USP (Crusp) e na creche da Cidade Universitária para a produção de energia em um biodigestor.

De acordo com Gerson Tomanari, superintendente de Assistência Social e coordenador do projeto, a proposta também envolve a conscientização do descarte correto de resíduos e rejeitos e o consequente reaproveitamento para a produção de energia limpa. A expectativa é de que, após os dois anos de previsão de funcionamento do projeto, ele já faça parte da vida da universidade e, por isso, tenha continuidade. "Esperamos deixar uma estrutura e uma via bem pavimentada para que esse impulso inicial nos dê condições e estrutura para criar raízes e que a universidade mantenha essas práticas posteriormente", disse.

Tomanari vê a proposta como importante para a USP e para a sociedade de maneira geral. "Esse projeto tem uma relevância muito grande como modelo para sociedade, por produzir energia de forma autossustentável. Além disso, nossos formandos sairão da universidade com uma bagagem que vai além do conhecimento técnico. Ao conviver em um câmpus em que a cultura da sustentabilidade esteja presente, eles vão carregar esses valores e modelos para fora." O biodigestor está em fase final de construção no Instituto de Energia e Ambiente (IEE), da USP, e a logística deve começar a ser testada já neste mês. "Este é um momento propício, porque as coisas estão começando a funcionar em número reduzido."

De acordo com o professor Ildo Luís Sauer, coordenador da construção do biodigestor, inicialmente o aparelho instalado será de 75 kW, com capacidade para produzir cerca de 600 MWh por ano, o que seria suficiente para alimentar aproximadamente 250 residências, considerando um consumo médio. 

Mais bicicletas. Outro projeto que será implementado na USP, dessa vez no câmpus de Pirassununga, cidade localizada a 230 quilômetros da capital, é o que prevê a ampliação das vias destinadas às bicicletas. 

Lá, o terreno é propício por conta da geografia, e o uso desse meio de transporte tem sido estimulado desde 2015 com o projeto Vamos de Bike. Atualmente há três quilômetros de ciclovias e, com as novas obras, a extensão irá quase dobrar, chegando a 5,5 km. Também haverá ampliação das bicicletas compartilhadas, das 35 atuais para 70.

Segundo o professor João Adriano Rossignolo, vice-prefeito do câmpus Fernando Costa, a proposta terá consequências para o dia a dia. O câmpus tem 1,2 mil alunos, e, antes da pandemia, o uso semanal era de 500 retiradas de bicicletas compartilhadas para deslocamento interno, tanto para aulas quanto para o lazer. "Com a ampliação da ciclovia e do número de equipamentos, poderemos avaliar a redução do itinerário de ônibus dentro do câmpus, o que resultará em um menor impacto para o meio ambiente."

O objetivo é que até 2022 todo o câmpus de Pirassununga esteja interligado por ciclovias, com a totalização de dez quilômetros. "Institutos, restaurantes e opções de lazer poderão ser percorridos de bike, de forma sustentável e segura."

Medicina 2030. A Faculdade de Medicina do câmpus de Ribeirão Preto também conseguiu emplacar dois projetos entre os 15 selecionados. O primeiro é o Medicina 2030: Ação Climática Contextualizada para o Ensino em Saúde, que tem a ideia de inserir o tema sustentabilidade em disciplinas de graduação e pós-graduação da faculdade e também demandar aos pesquisadores que analisem e quantifiquem as emissões de carbono relacionadas a cada um de seus projetos de pesquisa, ainda na fase de planejamento.

"O principal objetivo desse projeto é aumentar a visibilidade na comunidade acadêmica das emissões de carbono associadas ao cotidiano da vida universitária e das formas de mitigá-las”, afirmou Fernando Bellissimo Rodrigues, professor associado do Departamento de Medicina Social e coordenador da Comissão de Gestão Ambiental da faculdade.

O segundo projeto aprovado prevê a implementação de um plano cicloviário que integre todo o câmpus de Ribeirão Preto. "Queremos aumentar a locomoção ativa e reduzir o uso de automóveis e outros veículos motorizados", disse.

A Universidade de São Paulo (USP) inicia 2021 com uma missão sustentável: reduzir o impacto de seus câmpus ao meio ambiente. No total, serão desenvolvidos 15 projetos com duração de dois anos em sete cidades.

A iniciativa pretende ampliar a cultura sustentável dentro da universidade, intensificando práticas já adotadas e estabelecendo outras. Para envolver a comunidade, a escolha das propostas que serão implementadas foi feita por meio de edital interno aberto em todos os câmpus. O investimento total deve superar R$ 1 milhão.

"A USP tem de ser modelo para sociedade. Como vamos pedir que as pessoas economizem energia e água e façam reciclagem se não dermos o exemplo? A universidade precisava ter uma ação proativa nesse sentido. Mais do que subir nos rankings internacionais, queremos mostrar que é possível ter crescimento com ações sustentáveis", afirma Tércio Ambrizzi, superintendente de Gestão Ambiental da USP, departamento responsável pela missão.

Ambrizzi destaca que as grandes empresas, mesmo as mais tradicionais, estão caminhando nessa direção, assim como os países mais desenvolvidos. "Sobretudo na Europa, já se produz com menor carga de gases poluentes e se utiliza cada vez mais energia limpa", disse.

O professor Ildo Sauer, coordenador do projeto de construção do biodigestor experimental que utilizaráresíduos orgânicos para produzir energia Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Mas a USP não sai no zero na sua missão. De acordo com o ranking da The University Impact, que avalia como as universidades ao redor do mundo estão contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), a mais prestigiosa instituição de ensino superior do País ocupa a 14ª posição. O ranking avalia 766 universidades de 85 países.

Hoje, por exemplo, a USP produz 1% da energia utilizada na Cidade Universitária por meio de painéis fotovoltaicos – o objetivo estabelecido é que o porcentual chegue a 4%. Além de aumentar a geração de energia limpa, a instituição quer diminuir e compensar a emissão de gases de efeito estufa e poluentes em seus câmpus e ampliar a mobilidade sustentável.

Um dos pontos importantes do projeto da USP é a criação de um sistema de monitoramento ambiental para identificar a quantidade de emissões que a instituição produz. "Ainda não temos um inventário da universidade. Precisamos dele para saber qual será o impacto das ações no corte das emissões", explicou Ambrizzi.

Resíduos viram energia. Uma das 15 propostas selecionadas é a Educando no Maior Biogás, da Superintendência de Assistência Social (SAS), que propõe utilizar os resíduos orgânicos produzidos nos restaurantes universitários, no Conjunto Residencial da USP (Crusp) e na creche da Cidade Universitária para a produção de energia em um biodigestor.

De acordo com Gerson Tomanari, superintendente de Assistência Social e coordenador do projeto, a proposta também envolve a conscientização do descarte correto de resíduos e rejeitos e o consequente reaproveitamento para a produção de energia limpa. A expectativa é de que, após os dois anos de previsão de funcionamento do projeto, ele já faça parte da vida da universidade e, por isso, tenha continuidade. "Esperamos deixar uma estrutura e uma via bem pavimentada para que esse impulso inicial nos dê condições e estrutura para criar raízes e que a universidade mantenha essas práticas posteriormente", disse.

Tomanari vê a proposta como importante para a USP e para a sociedade de maneira geral. "Esse projeto tem uma relevância muito grande como modelo para sociedade, por produzir energia de forma autossustentável. Além disso, nossos formandos sairão da universidade com uma bagagem que vai além do conhecimento técnico. Ao conviver em um câmpus em que a cultura da sustentabilidade esteja presente, eles vão carregar esses valores e modelos para fora." O biodigestor está em fase final de construção no Instituto de Energia e Ambiente (IEE), da USP, e a logística deve começar a ser testada já neste mês. "Este é um momento propício, porque as coisas estão começando a funcionar em número reduzido."

De acordo com o professor Ildo Luís Sauer, coordenador da construção do biodigestor, inicialmente o aparelho instalado será de 75 kW, com capacidade para produzir cerca de 600 MWh por ano, o que seria suficiente para alimentar aproximadamente 250 residências, considerando um consumo médio. 

Mais bicicletas. Outro projeto que será implementado na USP, dessa vez no câmpus de Pirassununga, cidade localizada a 230 quilômetros da capital, é o que prevê a ampliação das vias destinadas às bicicletas. 

Lá, o terreno é propício por conta da geografia, e o uso desse meio de transporte tem sido estimulado desde 2015 com o projeto Vamos de Bike. Atualmente há três quilômetros de ciclovias e, com as novas obras, a extensão irá quase dobrar, chegando a 5,5 km. Também haverá ampliação das bicicletas compartilhadas, das 35 atuais para 70.

Segundo o professor João Adriano Rossignolo, vice-prefeito do câmpus Fernando Costa, a proposta terá consequências para o dia a dia. O câmpus tem 1,2 mil alunos, e, antes da pandemia, o uso semanal era de 500 retiradas de bicicletas compartilhadas para deslocamento interno, tanto para aulas quanto para o lazer. "Com a ampliação da ciclovia e do número de equipamentos, poderemos avaliar a redução do itinerário de ônibus dentro do câmpus, o que resultará em um menor impacto para o meio ambiente."

O objetivo é que até 2022 todo o câmpus de Pirassununga esteja interligado por ciclovias, com a totalização de dez quilômetros. "Institutos, restaurantes e opções de lazer poderão ser percorridos de bike, de forma sustentável e segura."

Medicina 2030. A Faculdade de Medicina do câmpus de Ribeirão Preto também conseguiu emplacar dois projetos entre os 15 selecionados. O primeiro é o Medicina 2030: Ação Climática Contextualizada para o Ensino em Saúde, que tem a ideia de inserir o tema sustentabilidade em disciplinas de graduação e pós-graduação da faculdade e também demandar aos pesquisadores que analisem e quantifiquem as emissões de carbono relacionadas a cada um de seus projetos de pesquisa, ainda na fase de planejamento.

"O principal objetivo desse projeto é aumentar a visibilidade na comunidade acadêmica das emissões de carbono associadas ao cotidiano da vida universitária e das formas de mitigá-las”, afirmou Fernando Bellissimo Rodrigues, professor associado do Departamento de Medicina Social e coordenador da Comissão de Gestão Ambiental da faculdade.

O segundo projeto aprovado prevê a implementação de um plano cicloviário que integre todo o câmpus de Ribeirão Preto. "Queremos aumentar a locomoção ativa e reduzir o uso de automóveis e outros veículos motorizados", disse.

A Universidade de São Paulo (USP) inicia 2021 com uma missão sustentável: reduzir o impacto de seus câmpus ao meio ambiente. No total, serão desenvolvidos 15 projetos com duração de dois anos em sete cidades.

A iniciativa pretende ampliar a cultura sustentável dentro da universidade, intensificando práticas já adotadas e estabelecendo outras. Para envolver a comunidade, a escolha das propostas que serão implementadas foi feita por meio de edital interno aberto em todos os câmpus. O investimento total deve superar R$ 1 milhão.

"A USP tem de ser modelo para sociedade. Como vamos pedir que as pessoas economizem energia e água e façam reciclagem se não dermos o exemplo? A universidade precisava ter uma ação proativa nesse sentido. Mais do que subir nos rankings internacionais, queremos mostrar que é possível ter crescimento com ações sustentáveis", afirma Tércio Ambrizzi, superintendente de Gestão Ambiental da USP, departamento responsável pela missão.

Ambrizzi destaca que as grandes empresas, mesmo as mais tradicionais, estão caminhando nessa direção, assim como os países mais desenvolvidos. "Sobretudo na Europa, já se produz com menor carga de gases poluentes e se utiliza cada vez mais energia limpa", disse.

O professor Ildo Sauer, coordenador do projeto de construção do biodigestor experimental que utilizaráresíduos orgânicos para produzir energia Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Mas a USP não sai no zero na sua missão. De acordo com o ranking da The University Impact, que avalia como as universidades ao redor do mundo estão contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), a mais prestigiosa instituição de ensino superior do País ocupa a 14ª posição. O ranking avalia 766 universidades de 85 países.

Hoje, por exemplo, a USP produz 1% da energia utilizada na Cidade Universitária por meio de painéis fotovoltaicos – o objetivo estabelecido é que o porcentual chegue a 4%. Além de aumentar a geração de energia limpa, a instituição quer diminuir e compensar a emissão de gases de efeito estufa e poluentes em seus câmpus e ampliar a mobilidade sustentável.

Um dos pontos importantes do projeto da USP é a criação de um sistema de monitoramento ambiental para identificar a quantidade de emissões que a instituição produz. "Ainda não temos um inventário da universidade. Precisamos dele para saber qual será o impacto das ações no corte das emissões", explicou Ambrizzi.

Resíduos viram energia. Uma das 15 propostas selecionadas é a Educando no Maior Biogás, da Superintendência de Assistência Social (SAS), que propõe utilizar os resíduos orgânicos produzidos nos restaurantes universitários, no Conjunto Residencial da USP (Crusp) e na creche da Cidade Universitária para a produção de energia em um biodigestor.

De acordo com Gerson Tomanari, superintendente de Assistência Social e coordenador do projeto, a proposta também envolve a conscientização do descarte correto de resíduos e rejeitos e o consequente reaproveitamento para a produção de energia limpa. A expectativa é de que, após os dois anos de previsão de funcionamento do projeto, ele já faça parte da vida da universidade e, por isso, tenha continuidade. "Esperamos deixar uma estrutura e uma via bem pavimentada para que esse impulso inicial nos dê condições e estrutura para criar raízes e que a universidade mantenha essas práticas posteriormente", disse.

Tomanari vê a proposta como importante para a USP e para a sociedade de maneira geral. "Esse projeto tem uma relevância muito grande como modelo para sociedade, por produzir energia de forma autossustentável. Além disso, nossos formandos sairão da universidade com uma bagagem que vai além do conhecimento técnico. Ao conviver em um câmpus em que a cultura da sustentabilidade esteja presente, eles vão carregar esses valores e modelos para fora." O biodigestor está em fase final de construção no Instituto de Energia e Ambiente (IEE), da USP, e a logística deve começar a ser testada já neste mês. "Este é um momento propício, porque as coisas estão começando a funcionar em número reduzido."

De acordo com o professor Ildo Luís Sauer, coordenador da construção do biodigestor, inicialmente o aparelho instalado será de 75 kW, com capacidade para produzir cerca de 600 MWh por ano, o que seria suficiente para alimentar aproximadamente 250 residências, considerando um consumo médio. 

Mais bicicletas. Outro projeto que será implementado na USP, dessa vez no câmpus de Pirassununga, cidade localizada a 230 quilômetros da capital, é o que prevê a ampliação das vias destinadas às bicicletas. 

Lá, o terreno é propício por conta da geografia, e o uso desse meio de transporte tem sido estimulado desde 2015 com o projeto Vamos de Bike. Atualmente há três quilômetros de ciclovias e, com as novas obras, a extensão irá quase dobrar, chegando a 5,5 km. Também haverá ampliação das bicicletas compartilhadas, das 35 atuais para 70.

Segundo o professor João Adriano Rossignolo, vice-prefeito do câmpus Fernando Costa, a proposta terá consequências para o dia a dia. O câmpus tem 1,2 mil alunos, e, antes da pandemia, o uso semanal era de 500 retiradas de bicicletas compartilhadas para deslocamento interno, tanto para aulas quanto para o lazer. "Com a ampliação da ciclovia e do número de equipamentos, poderemos avaliar a redução do itinerário de ônibus dentro do câmpus, o que resultará em um menor impacto para o meio ambiente."

O objetivo é que até 2022 todo o câmpus de Pirassununga esteja interligado por ciclovias, com a totalização de dez quilômetros. "Institutos, restaurantes e opções de lazer poderão ser percorridos de bike, de forma sustentável e segura."

Medicina 2030. A Faculdade de Medicina do câmpus de Ribeirão Preto também conseguiu emplacar dois projetos entre os 15 selecionados. O primeiro é o Medicina 2030: Ação Climática Contextualizada para o Ensino em Saúde, que tem a ideia de inserir o tema sustentabilidade em disciplinas de graduação e pós-graduação da faculdade e também demandar aos pesquisadores que analisem e quantifiquem as emissões de carbono relacionadas a cada um de seus projetos de pesquisa, ainda na fase de planejamento.

"O principal objetivo desse projeto é aumentar a visibilidade na comunidade acadêmica das emissões de carbono associadas ao cotidiano da vida universitária e das formas de mitigá-las”, afirmou Fernando Bellissimo Rodrigues, professor associado do Departamento de Medicina Social e coordenador da Comissão de Gestão Ambiental da faculdade.

O segundo projeto aprovado prevê a implementação de um plano cicloviário que integre todo o câmpus de Ribeirão Preto. "Queremos aumentar a locomoção ativa e reduzir o uso de automóveis e outros veículos motorizados", disse.

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