´Itacaré é ouro´, dizem os baianos


As ruelas de pedra e os antigos moradores fazem lembrar da época do cacau, fruta também conhecida como "ouro negro". Hoje, a riqueza provém do turismo

Por Agencia Estado

Sentada em seu ateliê, a paulistana Cláudia Vampré, de 22 anos, pinta quadros e biquínis. À sua frente uma grande vidraça revela um rio que serpenteia o coqueiral até desaguar no mar da prainha São José. De areia branca, com quase 300 metros de extensão, é muito freqüentada por surfistas por causa de suas ondas perfeitas. Quando seca a maré, surgem belas piscinas naturais. Cláudia pinta o que vê: ondas, estrelas, luas, frutas e tantos outros elementos da natureza. Os empresários que freqüentam o luxuoso Itacaré Eco Resort, onde está montado o ateliê, costumam dizer que Cláudia tem o escritório que todos sonham: com vista para o paraíso. A artista discorda: "O paraíso está dentro de cada um de nós." Mas, aos 18 anos, ela foi de férias para esse éden do litoral sul da Bahia, a apenas 78 quilômetros de Ilhéus, e só voltou a São Paulo para buscar o resto da bagagem. "Itacaré é ouro", confessa. Mas antes que você pense em passar o Ano-Novo por lá, desista. As pousadas já estão lotadas. Não por acaso: o alto-astral contagia. E o que o lugar tem de mais especial são as prainhas. Num trecho de 22 quilômetros, que se estende do Rio de Contas até o Rio Sargi, há 16 delas, todas cercadas por costões rochosos e uma exuberante Mata Atlântica. São prainhas como as do litoral norte paulista, como as de Búzios no litoral do Rio de Janeiro, mas com sotaque, brisa e águas quentes da Bahia. E o melhor: à maioria delas só se chega por trilhas na mata ou de barco. Itacaré não é só isso. A natureza ali foi bastante generosa. Se ao sul do Rio de Contas, onde está encravada a cidade, ficam as prainhas, ao norte está a boa e velha cara da Bahia, com sua extensa e retilínea praia a perder de vista. É a Praia do Pontal, quase sempre linda e deserta, que segue até onde os olhos alcançam o horizonte. Depois do mar, um banho de água doce. Localizada numa área de proteção ambiental, a APA Itacaré-Serra Grande, uma das maiores reservas de Mata Atlântica do sul do Estado, sobram rios e cachoeiras para quem gosta de andar na floresta. "Ouro Negro" A história de Itacaré data das Capitanias Hereditárias. Em 1530 chegaram os primeiros colonizadores, expulsando ou escravizando os tupiniquins e trazendo a plantação da cana-de-açúcar, que não vingou. Foi só em meados do século 19 que o povoado, chamado desde 1718 de São Miguel da Barra do Rio de Contas, começou a prosperar com a introdução do cacau. "Itacaré tornou-se o maior porto da Bahia de exportação do cacau. Aqui virou uma cidade rica", conta seu Morenito, ou Altamiro Longo, de 90 anos. Neto de imigrantes italianos, ele vivenciou o auge da cultura cacaueira. "Eu construía as pequenas canoas, as ´gigas´ para os remadores fazerem o transporte até os barcos grandes. O cacau era ouro. O ´ouro negro´, chamavam. As pessoas vinham do Norte pensando em se tornar ricas. As roças se estendiam na terra onde antes era mata. Havia um ar de prosperidade em todo canto. Abriam-se ruas, praças, construíam-se sobrados e casarões por toda parte", relembra Morenito. "Cacau é ouro, seu Capitão", escreveu Jorge Amado em sua obra Cacau (1993). O escritor baiano não viveu nem escreveu sobre Itacaré, vizinha da sua Ilhéus. Mas se o tivesse feito com certeza teria boas histórias para contar. Gabriela Cravo e Canela Caminhando pelo centro do vilarejo, sobre o calçamento de pedra, vendo as crianças brincarem de um lado para o outro, a qualquer instante parece que a personagem Gabriela vai sair na janela, ou que o turco Nacib pode abrir a porta do bar. Itacaré também é parte da "nação grapíuna", como chamou Jorge Amado os que nascem em terras cacaueiras. Mulheres e homens exibem a cor de canela e, na boca de antigos, muitos "causos" desse trecho mítico da Bahia. Sem esquecer dos monumentos como a Igreja de São Miguel, padroeiro da cidade, erguida em 1718. O cacau acabou faz tempo. No fim da década de 80, um fungo conhecido como vassoura-de-bruxa dizimou as plantações. E o ouro negro deu lugar hoje a uma outra riqueza: o turismo. Foi em 1998, com a conclusão da Rodovia BA-001, lindamente asfaltada, ligando Itacaré a Ilhéus, que se abriram definitivamente as portas do paraíso. Tudo mudou. Paulistas, cariocas, capixabas e estrangeiros chegavam em massa para montar empreendimentos turísticos. Para os soteropolitanos, passar fins de semana lá - quatro horas de viagem de carro - virou rotina. Para os paulistanos: duas horas de vôo até Ilhéus e mais uma de carro. Pronto: paraíso tropical à direita. Uma beleza, porém, que está no fio da navalha entre o preservar e o destruir. Que vença a primeira hipótese, porque o cacau pode ter acabado, mas parodiando Jorge Amado: "Itacaré é ouro, seu Capitão."

Sentada em seu ateliê, a paulistana Cláudia Vampré, de 22 anos, pinta quadros e biquínis. À sua frente uma grande vidraça revela um rio que serpenteia o coqueiral até desaguar no mar da prainha São José. De areia branca, com quase 300 metros de extensão, é muito freqüentada por surfistas por causa de suas ondas perfeitas. Quando seca a maré, surgem belas piscinas naturais. Cláudia pinta o que vê: ondas, estrelas, luas, frutas e tantos outros elementos da natureza. Os empresários que freqüentam o luxuoso Itacaré Eco Resort, onde está montado o ateliê, costumam dizer que Cláudia tem o escritório que todos sonham: com vista para o paraíso. A artista discorda: "O paraíso está dentro de cada um de nós." Mas, aos 18 anos, ela foi de férias para esse éden do litoral sul da Bahia, a apenas 78 quilômetros de Ilhéus, e só voltou a São Paulo para buscar o resto da bagagem. "Itacaré é ouro", confessa. Mas antes que você pense em passar o Ano-Novo por lá, desista. As pousadas já estão lotadas. Não por acaso: o alto-astral contagia. E o que o lugar tem de mais especial são as prainhas. Num trecho de 22 quilômetros, que se estende do Rio de Contas até o Rio Sargi, há 16 delas, todas cercadas por costões rochosos e uma exuberante Mata Atlântica. São prainhas como as do litoral norte paulista, como as de Búzios no litoral do Rio de Janeiro, mas com sotaque, brisa e águas quentes da Bahia. E o melhor: à maioria delas só se chega por trilhas na mata ou de barco. Itacaré não é só isso. A natureza ali foi bastante generosa. Se ao sul do Rio de Contas, onde está encravada a cidade, ficam as prainhas, ao norte está a boa e velha cara da Bahia, com sua extensa e retilínea praia a perder de vista. É a Praia do Pontal, quase sempre linda e deserta, que segue até onde os olhos alcançam o horizonte. Depois do mar, um banho de água doce. Localizada numa área de proteção ambiental, a APA Itacaré-Serra Grande, uma das maiores reservas de Mata Atlântica do sul do Estado, sobram rios e cachoeiras para quem gosta de andar na floresta. "Ouro Negro" A história de Itacaré data das Capitanias Hereditárias. Em 1530 chegaram os primeiros colonizadores, expulsando ou escravizando os tupiniquins e trazendo a plantação da cana-de-açúcar, que não vingou. Foi só em meados do século 19 que o povoado, chamado desde 1718 de São Miguel da Barra do Rio de Contas, começou a prosperar com a introdução do cacau. "Itacaré tornou-se o maior porto da Bahia de exportação do cacau. Aqui virou uma cidade rica", conta seu Morenito, ou Altamiro Longo, de 90 anos. Neto de imigrantes italianos, ele vivenciou o auge da cultura cacaueira. "Eu construía as pequenas canoas, as ´gigas´ para os remadores fazerem o transporte até os barcos grandes. O cacau era ouro. O ´ouro negro´, chamavam. As pessoas vinham do Norte pensando em se tornar ricas. As roças se estendiam na terra onde antes era mata. Havia um ar de prosperidade em todo canto. Abriam-se ruas, praças, construíam-se sobrados e casarões por toda parte", relembra Morenito. "Cacau é ouro, seu Capitão", escreveu Jorge Amado em sua obra Cacau (1993). O escritor baiano não viveu nem escreveu sobre Itacaré, vizinha da sua Ilhéus. Mas se o tivesse feito com certeza teria boas histórias para contar. Gabriela Cravo e Canela Caminhando pelo centro do vilarejo, sobre o calçamento de pedra, vendo as crianças brincarem de um lado para o outro, a qualquer instante parece que a personagem Gabriela vai sair na janela, ou que o turco Nacib pode abrir a porta do bar. Itacaré também é parte da "nação grapíuna", como chamou Jorge Amado os que nascem em terras cacaueiras. Mulheres e homens exibem a cor de canela e, na boca de antigos, muitos "causos" desse trecho mítico da Bahia. Sem esquecer dos monumentos como a Igreja de São Miguel, padroeiro da cidade, erguida em 1718. O cacau acabou faz tempo. No fim da década de 80, um fungo conhecido como vassoura-de-bruxa dizimou as plantações. E o ouro negro deu lugar hoje a uma outra riqueza: o turismo. Foi em 1998, com a conclusão da Rodovia BA-001, lindamente asfaltada, ligando Itacaré a Ilhéus, que se abriram definitivamente as portas do paraíso. Tudo mudou. Paulistas, cariocas, capixabas e estrangeiros chegavam em massa para montar empreendimentos turísticos. Para os soteropolitanos, passar fins de semana lá - quatro horas de viagem de carro - virou rotina. Para os paulistanos: duas horas de vôo até Ilhéus e mais uma de carro. Pronto: paraíso tropical à direita. Uma beleza, porém, que está no fio da navalha entre o preservar e o destruir. Que vença a primeira hipótese, porque o cacau pode ter acabado, mas parodiando Jorge Amado: "Itacaré é ouro, seu Capitão."

Sentada em seu ateliê, a paulistana Cláudia Vampré, de 22 anos, pinta quadros e biquínis. À sua frente uma grande vidraça revela um rio que serpenteia o coqueiral até desaguar no mar da prainha São José. De areia branca, com quase 300 metros de extensão, é muito freqüentada por surfistas por causa de suas ondas perfeitas. Quando seca a maré, surgem belas piscinas naturais. Cláudia pinta o que vê: ondas, estrelas, luas, frutas e tantos outros elementos da natureza. Os empresários que freqüentam o luxuoso Itacaré Eco Resort, onde está montado o ateliê, costumam dizer que Cláudia tem o escritório que todos sonham: com vista para o paraíso. A artista discorda: "O paraíso está dentro de cada um de nós." Mas, aos 18 anos, ela foi de férias para esse éden do litoral sul da Bahia, a apenas 78 quilômetros de Ilhéus, e só voltou a São Paulo para buscar o resto da bagagem. "Itacaré é ouro", confessa. Mas antes que você pense em passar o Ano-Novo por lá, desista. As pousadas já estão lotadas. Não por acaso: o alto-astral contagia. E o que o lugar tem de mais especial são as prainhas. Num trecho de 22 quilômetros, que se estende do Rio de Contas até o Rio Sargi, há 16 delas, todas cercadas por costões rochosos e uma exuberante Mata Atlântica. São prainhas como as do litoral norte paulista, como as de Búzios no litoral do Rio de Janeiro, mas com sotaque, brisa e águas quentes da Bahia. E o melhor: à maioria delas só se chega por trilhas na mata ou de barco. Itacaré não é só isso. A natureza ali foi bastante generosa. Se ao sul do Rio de Contas, onde está encravada a cidade, ficam as prainhas, ao norte está a boa e velha cara da Bahia, com sua extensa e retilínea praia a perder de vista. É a Praia do Pontal, quase sempre linda e deserta, que segue até onde os olhos alcançam o horizonte. Depois do mar, um banho de água doce. Localizada numa área de proteção ambiental, a APA Itacaré-Serra Grande, uma das maiores reservas de Mata Atlântica do sul do Estado, sobram rios e cachoeiras para quem gosta de andar na floresta. "Ouro Negro" A história de Itacaré data das Capitanias Hereditárias. Em 1530 chegaram os primeiros colonizadores, expulsando ou escravizando os tupiniquins e trazendo a plantação da cana-de-açúcar, que não vingou. Foi só em meados do século 19 que o povoado, chamado desde 1718 de São Miguel da Barra do Rio de Contas, começou a prosperar com a introdução do cacau. "Itacaré tornou-se o maior porto da Bahia de exportação do cacau. Aqui virou uma cidade rica", conta seu Morenito, ou Altamiro Longo, de 90 anos. Neto de imigrantes italianos, ele vivenciou o auge da cultura cacaueira. "Eu construía as pequenas canoas, as ´gigas´ para os remadores fazerem o transporte até os barcos grandes. O cacau era ouro. O ´ouro negro´, chamavam. As pessoas vinham do Norte pensando em se tornar ricas. As roças se estendiam na terra onde antes era mata. Havia um ar de prosperidade em todo canto. Abriam-se ruas, praças, construíam-se sobrados e casarões por toda parte", relembra Morenito. "Cacau é ouro, seu Capitão", escreveu Jorge Amado em sua obra Cacau (1993). O escritor baiano não viveu nem escreveu sobre Itacaré, vizinha da sua Ilhéus. Mas se o tivesse feito com certeza teria boas histórias para contar. Gabriela Cravo e Canela Caminhando pelo centro do vilarejo, sobre o calçamento de pedra, vendo as crianças brincarem de um lado para o outro, a qualquer instante parece que a personagem Gabriela vai sair na janela, ou que o turco Nacib pode abrir a porta do bar. Itacaré também é parte da "nação grapíuna", como chamou Jorge Amado os que nascem em terras cacaueiras. Mulheres e homens exibem a cor de canela e, na boca de antigos, muitos "causos" desse trecho mítico da Bahia. Sem esquecer dos monumentos como a Igreja de São Miguel, padroeiro da cidade, erguida em 1718. O cacau acabou faz tempo. No fim da década de 80, um fungo conhecido como vassoura-de-bruxa dizimou as plantações. E o ouro negro deu lugar hoje a uma outra riqueza: o turismo. Foi em 1998, com a conclusão da Rodovia BA-001, lindamente asfaltada, ligando Itacaré a Ilhéus, que se abriram definitivamente as portas do paraíso. Tudo mudou. Paulistas, cariocas, capixabas e estrangeiros chegavam em massa para montar empreendimentos turísticos. Para os soteropolitanos, passar fins de semana lá - quatro horas de viagem de carro - virou rotina. Para os paulistanos: duas horas de vôo até Ilhéus e mais uma de carro. Pronto: paraíso tropical à direita. Uma beleza, porém, que está no fio da navalha entre o preservar e o destruir. Que vença a primeira hipótese, porque o cacau pode ter acabado, mas parodiando Jorge Amado: "Itacaré é ouro, seu Capitão."

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.