Se grandes quantidades de neve perfeita são o sonho dos amantes dos esportes de inverno, então Jackson Hole, no estado de Wyoming, é o paraíso. Cercada por montanhas brancas e pinheiros tão alinhados que parecem de brinquedo, a estação norte-americana que recebeu mais neve nessa temporada não proporciona apenas um visual incrível a seus visitantes. A neve que cobriu a Teton Village, no pé da montanha, fez esquiadores e snowboarders se divertirem com o powder, fenômeno que possibilita descer as pistas praticamente afundado na neve, coberto até os joelhos.
Só para se ter uma ideia, houve dias no mês de fevereiro, quando a reportagem visitou a estação, em que a montanha recebeu cerca de um metro de neve em apenas 24 horas. Como resultado, carros desapareceram, varandas e terraços ficaram inabitáveis – mas o sorriso no rosto dos esquiadores compensava tudo isso.
Leia mais: Prefere esquiar no Canadá? Testamos também a neve de Whistler-Blackcomb
A montanha Rendezvous, a principal de Jackson Hole, é dividida igualmente: metade voltada para esquiadores avançados, a outra metade para iniciantes e intermediários. Com capacidade para 7.600 esquiadores por dia, a média de dez pessoas por quilômetro quadrado é a mais baixa entre as grandes estações. Na prática, isso significa menos filas para os ski lifts (teleféricos) e gôndolas (carrinhos fechados), e mais tempo de vento gelado no rosto.
Há vários meios de locomoção nas encostas da montanha Rendezvous, mas o mais popular é mesmo o Aerial Tram, carinhosamente apelidado de “Big Red”. Com capacidade para 100 pessoas, o bondinho de U$ 32 milhões substitui o antigo veículo da estação, aposentado em 2006 após 40 anos. Além da capacidade maior e a velocidade superior (o Tram chega ao cume da montanha de 1.261 metros em nove minutos), o cubo vermelho é uma figura icônica pelo contraste colorido que faz com o fundo branco da paisagem.
Leia mais informações sobre Jackson Hoje abaixo. Para saber sobre Aspen/Snowmass, clique aqui agora.
Acesso conveniente
Jackson Hole fica no oeste do estado de Wyoming, e o grande número de voos diretos para o aeroporto local a tornam um dos resorts de esqui mais acessíveis na América do Norte. A criação de uma empresa para atrair e incentivar os voos para a região, a JH Air, foi considerada uma das grandes manobras empresariais do setor até hoje, uma jogada que envolveu empresários, atletas e políticos locais. Há voos diretos diários partindo de 12 grandes cidades dos EUA. Da Delta, desde Atlanta, Nova York (do aeroporto JFK), Los Angeles, Minneapolis, Salt Lake City e Seattle. Da United, partem de Chicago, Denver, Houston, Nova York (aeroporto Newark), Los Angeles e São Francisco. A American Airlines tem voos partindo dos aeroportos de Chicago, Dallas/Fort Worth e Los Angeles.
Quanto à hospedagem, casais ou pequenos grupos podem preferir hotéis pela praticidade do serviço, enquanto as luxuosas casas de aluguel podem ser mais interessantes para grandes famílias que desejam convívio. Entre os hotéis, há duas opções: ficar na cidade de Jackson Hole, a cerca de 30 minutos de carro das pistas, ou na base da montanha, em Teton Village. Em ambas há uma boa infraestrutura para turistas e variedade de restaurantes e bares.
Quem prefere hotel tem ótimas opções à disposição. Totalmente ski in/ski out (acesso direto às pistas, saindo do hotel com os esquis nos pés), o Four Seasons Resort tem três bares e restaurantes com a grife do premiado chef Michael Mina, sócio do tenista André Agassi no conglomerado gastronômico Mina Group. Inaugurado em 2008, o Hotel Terra também fica em Teton Village e oferece, além de bons restaurantes e lojas, o centro de beleza Chill Spa.
Já na cidade de Jackson Hole as dicas são o The Wort Hotel, a poucos metros de lojas de grife, restaurantes, galerias de arte e da charmosa vida noturna local; e o recém-inaugurado Hotel Jackson, um hotel boutique com design totalmente integrado à beleza da paisagem que está do lado de fora das janelas. Ambos oferecem traslado particular ou público até as pistas de esqui.
Para famílias que preferem ter o seu cantinho na montanha, a empresa Jackson Hole Resort Lodging gerencia imóveis que são alugados por temporada. As acomodações vão desde apartamentos no estilo estúdio até acomodações de luxo com cinco quartos e acesso direto às pistas de esqui. Inclui cozinha completa, áreas de estar espaçosas, banheira de hidromassagem e piscina, além da opção pela arrumação diária do quarto.
Para quando você for a Jackson Hole
Como ir: há voos diários partindo de 12 grande cidades nos EUA, incluindo cinco que têm voos diretos desde o Brasil: Atlanta, Nova York, Los Angeles, Chicago e Dallas. Temporada: até 7 de abril. Preços: US$ 154 por dia (adultos), U$ 94 (até 14 anos) e U$ 124 (pessoas acima de 65 anos). Há descontos para múltiplos dias. Para alugar o equipamento de ski ou snowboard, a loja Jackson Hole Sports tem kits de a U$ 64,80 por dia, que inclui botas, bastões e capacete. As pistas funcionam das 9 às 16 horas.
Cerveja e diversão na cidade dos cowboys
Por volta de 1820, franco-canadenses chegaram ao Wyoming atraídos pelo grande número de antílopes e castores, entre outros animais cujo comércio de peles era altamente lucrativo. É por essa razão que muitas pistas foram batizadas com nomes em francês, além da própria montanha Rendezvous – expressão que pode ser traduzida para o português como “encontro”.
Os três grandes picos da cadeia de montanhas ganharam os apelidos de “Os Três Seios” (Let Trois Tetons). Além de compor um visual deslumbrante, o paredão imponente que se fecha ao redor da região levou o vale a ser conhecido como “Buraco”. Mais tarde, em 1829, foi batizado de Jackson Hole (Buraco Jackson), em homenagem ao caçador de castores David E. Jackson.
Jackson Hole é hoje uma pequena cidade de nove mil habitantes que dobra sua população no inverno. Apesar de ser conhecido como o Estado cowboy dos Estados Unidos, o que lhe confere um ar conservador, Wyoming foi o primeiro a permitir o voto das mulheres, em 1869, 51 anos antes do resto do país.
A cultura cowboy está por toda a cidade. Os dois lugares mais óbvios são os divertidos bares que simulam velhos saloons, Million Dollar Cowboy Bar e Silver Dollar Bar, ambos com música ao vivo e ótima cerveja local. Afinal, Jackson Hole também é famosa por suas microcervejarias, beneficiadas pela alta qualidade da água abundante. Além da Snake River Microbrewery, onde é possível degustar gigantescos hambúrgueres de carne de bisão, há ainda a Roadhouse, do mesmo grupo do restaurante L’Osteria, e a Melvin, marca servida no restaurante tailandês Thai Me Up.
Os maiores pontos turísticos, no entanto, ficam na esquina da praça principal, a Town Square. São os Antler Gates, lindos arcos feitos com chifres de animais, parada obrigatória para selfies e fotos em família. Pode ter certeza: essa imagem fará sucesso no seu Instagram.
150 quilômetros de aventura em Yellowstone
Não tente encontrar Zé Colmeia passeando pelo parque Yellowstone quando as temperaturas estão abaixo de zero: os ursos pardos costumam hibernar durante o inverno. Concentre-se em treinar os olhos para descobrir camuflados na neve outros animais como bisões, alces e lobos, espécies abundantes no parque nacional nessa estação. Mais do que observar a fauna, no entanto, visitar Yellowstone coberto de neve é uma experiência inesquecível e uma comprovação de que o local é um santuário fenomenal que engloba todos os aspectos da natureza.
Distante 200 quilômetros de Jackson Hole, o passeio é uma ótima opção para variar entre os dias de esqui ou snowboard. O parque fica em um planalto a 2.400 metros de altitude, o que pode baixar as temperaturas no inverno a até 20 graus negativos, que transformam o grande Rio Snake em um riacho semicongelado, assim como o gigantesco Lago Yellowstone, que vira um mar branco até perder de vista. A geografia é perfeita para uma das aventuras mais disputadas por visitantes no inverno: os passeios de snowmobile.
Mistura de jet-ski e motocicleta, esse potente veículo com esquis no lugar das rodas dianteiras está disponível para locação em grupos liderados por experientes guias. Além de percorrer longas distâncias para levar os visitantes até os pontos mais interessantes do parque – a reportagem rodou mais de 150 quilômetros em um único dia – o passeio, que custa US$ 285 a US$ 499 por pessoa, inclui almoço e oferece equipamento de segurança como capacetes e macacão térmico, essencial, já que a sensação térmica baixa ainda mais quando se dirige a 80 quilômetros por hora.
Pioneiro
Considerado o primeiro parque nacional do mundo, Yellowstone foi criado em 1872 graças à força das imagens do fotógrafo William Henry Jackson e do pintor Thomas Moran, que ganharam a queda de braço no Congresso americano contra os comerciantes de pele que lutavam para que a região permanecesse aberta à caça. A partir daí, a gigantesca área de 9 mil quilômetros quadrados que engloba três estados americanos – Wyoming, Idaho e Montana – virou um exemplo de conservação que foi (ou deveria ser) seguido em todo o planeta.
No inverno, são famosas as cachoeiras e cascatas congeladas. As grandes atrações, porém, são fenômenos que independem da estação. O parque abriga mais de 300 gêiseres, nascentes termais que entram em erupção com uma frequência impressionantemente pontual. O mais famoso e maior deles é o Old Faithful.
Outros fenômenos naturais que atraem a atenção em Yellowstone são piscinas termais como a Grand Prismatic Spring, que apresenta temperaturas variadas e uma diversidade de cores causada por bactérias e pela movimentação no interior do planeta. Dentro do parque também há um vulcão ativo: seu ciclo de erupções ocorre a cada 640 mil anos. O que é um alívio para a humanidade: sua enorme cratera, com 90 km de diâmetro, levou os geólogos a apelidá-lo de “supervulcão”. Seu monitoramento é feito por meio de sismógrafos e pelo estudo do comportamento de gêiseres como o Old Faithful, que revelam um pouco sobre o centro da Terra.
Se quiser fazer um piquenique, atenção às normas. Entre outras recomendações, não deixe comida espalhada ou potes destampados: Zé Colmeia e sua turma podem ter acordado. Porém, visitantes são proibidos de alimentar os animais desde 1970. Não dá nem para chegar perto, já que as regras de Yellowstone exigem que se mantenha pelo menos 100 metros de distância de ursos e lobos, e 20 metros dos outros animais.