O lado moderno de Zurique


A região oeste da cidade tem uma atmosfera bem diferente do conhecido lado medieval. Veja nosso roteiro por lá

Por Natalia Mazzoni
Com clima descolado, complexo Viadukt, na zona oeste de Zurique, tem lojas, bares e restaurantes Foto: Divulgação

Afastado do centro antigo, com suas construções do século 13, e, bem, do jeito impecável de ser de toda a Suíça, o lado oeste de Zurique guarda a face mais descolada da cidade. Em Zurich West, uma antiga área industrial, as máquinas pararam de fazer barulho e a fuligem deu lugar a lojas, galerias de arte, baladas, restaurantes e mercados mais modernos da cidade. Sim, os hipsters estão por toda a parte.

A transformação do bairro no que ele é hoje começou em 1990, quando foram permitidas novas construções no lugar. Antes, com o fechamento das fábricas, a região ficou abandonada, com pontos de venda de drogas e moradores de rua. Hoje, o distrito tem personalidade própria e uma energia bastante diferente do resto da cidade.

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Se a ideia é fazer compras, caminhe ao longo dos 500 metros de arcos ferroviários, erguidos no fim do século 19, que hoje acomodam estabelecimentos comerciais numerados em seus vãos. O projeto que revitalizou o Im Viadukt, como hoje é chamada a construção, foi feito em 2010 pelo escritório de arquitetura EM2N. O governo cobra preços acessíveis para alugar os espaços – em contrapartida, os donos têm de contribuir socialmente com a cidade, contratando pessoas sem nenhuma experiência profissional ou portadores de deficiência, por exemplo.

O Markthalle, mercado fechado com dezenas de produtores, é uma das principais paradas ao longo dos arcos. Além de encontrar produtos frescos, a maioria vinda direto do produtor, os preços são melhores dos que os praticados no resto de Zurique. Um combo com croissant, café e suco sai por 7,90 francos suíços (R$ 27) na simpática padaria St. Jakob Beck. Para se ter ideia, nos restaurantes do centro, uma garrafa de água chega a custar 6 francos (R$ 20). Saindo da Jakob, a vitrine da tradicional Tritt-Käse exibe fatias apetitosas de queijos orgânicos de produtores dos Alpes. Um pedaço de 100 gramas de queijo de cabra do Vale do Loire custa por volta de 4 francos (R$ 13) – na embalagem original, você pode até trazer para o Brasil. Em outra parada está a Shepherd’s Pie, recheada de tortas doces e salgadas. A mais famosa, de carne e cerveja escura, custa em média 8,50 francos suíços (R$ 29). Nas outras pequenas lojas, geleias, cervejas, embutidos, vinhos: um prato cheio para quem gosta de gastronomia.

Fora do mercado, lojas variadas se espalham pelos 36 arcos. Design, moda, arte, tudo tem uma pegada descolada. Entre uma galeria e outra, um pequeno estádio de badminton faz o lugar parecer ainda mais cool.

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Menu memorável. Se a ideia é jantar por lá, uma boa opção é o restaurante Viadukt, no arco 8. O ambiente tem tudo a ver com o clima do bairro, e o serviço pode ser o mais despojado que você vai encontrar em sua passagem por Zurique. “Se a sobremesa é muito grande? Ah, você consegue chegar até o fim dessa fatia de bolo de chocolate enorme, principalmente se você levar o resto para casa e atacá-lo durante a madrugada”, avisa o garçom. A sobremesa em questão custa 12,50 francos suíços (R$ 42), e realmente: comê-la até o fim é um desafio, principalmente se antes disso você pedir o delicioso picadinho de vitela com cogumelos (36 francos suíços, R$ 122). 

Aqui vale fazer uma pausa para dar uma ideia saborosa aos apreciadores de carne: em sua viagem à Suíça, faça um concurso particular de melhor picadinho de vitela – chamado de zürcher geschnetzeltes no cardápio –, prato que leva champignons frescos, molho de creme de leite e batatas rosti. O preparo é sempre diferente, delicioso, e, no final, você terá se transformado em um juiz satisfeito – e, inevitavelmente, com alguns quilos a mais.

Caso sua ideia seja gastar menos, faça seu jantar em uma das mesas simples e acolhedoras do Frau Gerold, jardim rodeado de pequenos restaurantes de comidas típicas, servidas sem frescura. No terraço, cerveja com vista para os trilhos do trem. Aqui não tem garçom simpático: cada um busca sua comida. Caso ainda reste disposição, os locais indicam esticar a noite em uma das baladas eletrônicas mais agitadas do distrito, a Supermarkt.

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A verdade é que em se tratando deste bairro, não há roteiro pronto. Separe um dia da viagem e se perca pelas ruas, lojas, cafés e galerias para conhecer essa outra versão da maior cidade da Suíça. O vai e vem de gente jovem, a conversa alta e os lambe-lambes das vitrines e muros mostram que Zurich West, definitivamente, respira outros ares.

CLÁSSICOS DE ZURIQUE

Cidade antiga de Zurique, em estilo medieval Foto: Divulgação
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1 - Centro histórico Ruas apenas para pedestres, fontes de água potável por toda parte e belos prédios históricos. No verão, o Rio Limmat, que corta o centro, ganha piscinas públicas.

2- Sprüngli Localizada no número 21 da Hauptbahnhofstrass, é a confeitaria mais tradicional (e cara) da cidade. Em funcionamento há mais de 170 anos, é um bom lugar para provar o famoso chocolate suíço.  3- Bahnhofstrasse A principal avenida para compras vai da estação central (Hauptbahnhof) até o Lago de Zurique. Perto da estação, há marcas de fast-fashion, como H&M, com preços acessíveis. Grifes internacionais, como Rolex, Prada e Chanel aparecem nas proximidades da água.

4- Fraumünster A igreja funcionou como convento até o século 16 e tem em seu interior vitrais pintados por Marc Chagall. Grátis. 5- Praça Lindenhof Localizada no alto de uma colina, é um convite ao descanso, com direito a uma bela vista da cidade. 6- Cabaret Voltaire  Com 100 anos completados em fevereiro, o espaço cultural localizado no número 1 da rua Spiegelgasse é o berço do dadaísmo. Seu salão principal sofreu poucas modificações ao longo dos anos. Entrada gratuita.  7- Delegacia de polícia de Zurique

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Na década de 1920, o prédio medieval que já foi orfanato e depósito de armas na Segunda Guerra Mundial teve seu teto e paredes coloridos pela arte do pintor Augusto Giacometti. Bahnhofquai 3, 8.001; entrada gratuita. 

Com clima descolado, complexo Viadukt, na zona oeste de Zurique, tem lojas, bares e restaurantes Foto: Divulgação

Afastado do centro antigo, com suas construções do século 13, e, bem, do jeito impecável de ser de toda a Suíça, o lado oeste de Zurique guarda a face mais descolada da cidade. Em Zurich West, uma antiga área industrial, as máquinas pararam de fazer barulho e a fuligem deu lugar a lojas, galerias de arte, baladas, restaurantes e mercados mais modernos da cidade. Sim, os hipsters estão por toda a parte.

A transformação do bairro no que ele é hoje começou em 1990, quando foram permitidas novas construções no lugar. Antes, com o fechamento das fábricas, a região ficou abandonada, com pontos de venda de drogas e moradores de rua. Hoje, o distrito tem personalidade própria e uma energia bastante diferente do resto da cidade.

Se a ideia é fazer compras, caminhe ao longo dos 500 metros de arcos ferroviários, erguidos no fim do século 19, que hoje acomodam estabelecimentos comerciais numerados em seus vãos. O projeto que revitalizou o Im Viadukt, como hoje é chamada a construção, foi feito em 2010 pelo escritório de arquitetura EM2N. O governo cobra preços acessíveis para alugar os espaços – em contrapartida, os donos têm de contribuir socialmente com a cidade, contratando pessoas sem nenhuma experiência profissional ou portadores de deficiência, por exemplo.

O Markthalle, mercado fechado com dezenas de produtores, é uma das principais paradas ao longo dos arcos. Além de encontrar produtos frescos, a maioria vinda direto do produtor, os preços são melhores dos que os praticados no resto de Zurique. Um combo com croissant, café e suco sai por 7,90 francos suíços (R$ 27) na simpática padaria St. Jakob Beck. Para se ter ideia, nos restaurantes do centro, uma garrafa de água chega a custar 6 francos (R$ 20). Saindo da Jakob, a vitrine da tradicional Tritt-Käse exibe fatias apetitosas de queijos orgânicos de produtores dos Alpes. Um pedaço de 100 gramas de queijo de cabra do Vale do Loire custa por volta de 4 francos (R$ 13) – na embalagem original, você pode até trazer para o Brasil. Em outra parada está a Shepherd’s Pie, recheada de tortas doces e salgadas. A mais famosa, de carne e cerveja escura, custa em média 8,50 francos suíços (R$ 29). Nas outras pequenas lojas, geleias, cervejas, embutidos, vinhos: um prato cheio para quem gosta de gastronomia.

Fora do mercado, lojas variadas se espalham pelos 36 arcos. Design, moda, arte, tudo tem uma pegada descolada. Entre uma galeria e outra, um pequeno estádio de badminton faz o lugar parecer ainda mais cool.

Menu memorável. Se a ideia é jantar por lá, uma boa opção é o restaurante Viadukt, no arco 8. O ambiente tem tudo a ver com o clima do bairro, e o serviço pode ser o mais despojado que você vai encontrar em sua passagem por Zurique. “Se a sobremesa é muito grande? Ah, você consegue chegar até o fim dessa fatia de bolo de chocolate enorme, principalmente se você levar o resto para casa e atacá-lo durante a madrugada”, avisa o garçom. A sobremesa em questão custa 12,50 francos suíços (R$ 42), e realmente: comê-la até o fim é um desafio, principalmente se antes disso você pedir o delicioso picadinho de vitela com cogumelos (36 francos suíços, R$ 122). 

Aqui vale fazer uma pausa para dar uma ideia saborosa aos apreciadores de carne: em sua viagem à Suíça, faça um concurso particular de melhor picadinho de vitela – chamado de zürcher geschnetzeltes no cardápio –, prato que leva champignons frescos, molho de creme de leite e batatas rosti. O preparo é sempre diferente, delicioso, e, no final, você terá se transformado em um juiz satisfeito – e, inevitavelmente, com alguns quilos a mais.

Caso sua ideia seja gastar menos, faça seu jantar em uma das mesas simples e acolhedoras do Frau Gerold, jardim rodeado de pequenos restaurantes de comidas típicas, servidas sem frescura. No terraço, cerveja com vista para os trilhos do trem. Aqui não tem garçom simpático: cada um busca sua comida. Caso ainda reste disposição, os locais indicam esticar a noite em uma das baladas eletrônicas mais agitadas do distrito, a Supermarkt.

A verdade é que em se tratando deste bairro, não há roteiro pronto. Separe um dia da viagem e se perca pelas ruas, lojas, cafés e galerias para conhecer essa outra versão da maior cidade da Suíça. O vai e vem de gente jovem, a conversa alta e os lambe-lambes das vitrines e muros mostram que Zurich West, definitivamente, respira outros ares.

CLÁSSICOS DE ZURIQUE

Cidade antiga de Zurique, em estilo medieval Foto: Divulgação

1 - Centro histórico Ruas apenas para pedestres, fontes de água potável por toda parte e belos prédios históricos. No verão, o Rio Limmat, que corta o centro, ganha piscinas públicas.

2- Sprüngli Localizada no número 21 da Hauptbahnhofstrass, é a confeitaria mais tradicional (e cara) da cidade. Em funcionamento há mais de 170 anos, é um bom lugar para provar o famoso chocolate suíço.  3- Bahnhofstrasse A principal avenida para compras vai da estação central (Hauptbahnhof) até o Lago de Zurique. Perto da estação, há marcas de fast-fashion, como H&M, com preços acessíveis. Grifes internacionais, como Rolex, Prada e Chanel aparecem nas proximidades da água.

4- Fraumünster A igreja funcionou como convento até o século 16 e tem em seu interior vitrais pintados por Marc Chagall. Grátis. 5- Praça Lindenhof Localizada no alto de uma colina, é um convite ao descanso, com direito a uma bela vista da cidade. 6- Cabaret Voltaire  Com 100 anos completados em fevereiro, o espaço cultural localizado no número 1 da rua Spiegelgasse é o berço do dadaísmo. Seu salão principal sofreu poucas modificações ao longo dos anos. Entrada gratuita.  7- Delegacia de polícia de Zurique

Na década de 1920, o prédio medieval que já foi orfanato e depósito de armas na Segunda Guerra Mundial teve seu teto e paredes coloridos pela arte do pintor Augusto Giacometti. Bahnhofquai 3, 8.001; entrada gratuita. 

Com clima descolado, complexo Viadukt, na zona oeste de Zurique, tem lojas, bares e restaurantes Foto: Divulgação

Afastado do centro antigo, com suas construções do século 13, e, bem, do jeito impecável de ser de toda a Suíça, o lado oeste de Zurique guarda a face mais descolada da cidade. Em Zurich West, uma antiga área industrial, as máquinas pararam de fazer barulho e a fuligem deu lugar a lojas, galerias de arte, baladas, restaurantes e mercados mais modernos da cidade. Sim, os hipsters estão por toda a parte.

A transformação do bairro no que ele é hoje começou em 1990, quando foram permitidas novas construções no lugar. Antes, com o fechamento das fábricas, a região ficou abandonada, com pontos de venda de drogas e moradores de rua. Hoje, o distrito tem personalidade própria e uma energia bastante diferente do resto da cidade.

Se a ideia é fazer compras, caminhe ao longo dos 500 metros de arcos ferroviários, erguidos no fim do século 19, que hoje acomodam estabelecimentos comerciais numerados em seus vãos. O projeto que revitalizou o Im Viadukt, como hoje é chamada a construção, foi feito em 2010 pelo escritório de arquitetura EM2N. O governo cobra preços acessíveis para alugar os espaços – em contrapartida, os donos têm de contribuir socialmente com a cidade, contratando pessoas sem nenhuma experiência profissional ou portadores de deficiência, por exemplo.

O Markthalle, mercado fechado com dezenas de produtores, é uma das principais paradas ao longo dos arcos. Além de encontrar produtos frescos, a maioria vinda direto do produtor, os preços são melhores dos que os praticados no resto de Zurique. Um combo com croissant, café e suco sai por 7,90 francos suíços (R$ 27) na simpática padaria St. Jakob Beck. Para se ter ideia, nos restaurantes do centro, uma garrafa de água chega a custar 6 francos (R$ 20). Saindo da Jakob, a vitrine da tradicional Tritt-Käse exibe fatias apetitosas de queijos orgânicos de produtores dos Alpes. Um pedaço de 100 gramas de queijo de cabra do Vale do Loire custa por volta de 4 francos (R$ 13) – na embalagem original, você pode até trazer para o Brasil. Em outra parada está a Shepherd’s Pie, recheada de tortas doces e salgadas. A mais famosa, de carne e cerveja escura, custa em média 8,50 francos suíços (R$ 29). Nas outras pequenas lojas, geleias, cervejas, embutidos, vinhos: um prato cheio para quem gosta de gastronomia.

Fora do mercado, lojas variadas se espalham pelos 36 arcos. Design, moda, arte, tudo tem uma pegada descolada. Entre uma galeria e outra, um pequeno estádio de badminton faz o lugar parecer ainda mais cool.

Menu memorável. Se a ideia é jantar por lá, uma boa opção é o restaurante Viadukt, no arco 8. O ambiente tem tudo a ver com o clima do bairro, e o serviço pode ser o mais despojado que você vai encontrar em sua passagem por Zurique. “Se a sobremesa é muito grande? Ah, você consegue chegar até o fim dessa fatia de bolo de chocolate enorme, principalmente se você levar o resto para casa e atacá-lo durante a madrugada”, avisa o garçom. A sobremesa em questão custa 12,50 francos suíços (R$ 42), e realmente: comê-la até o fim é um desafio, principalmente se antes disso você pedir o delicioso picadinho de vitela com cogumelos (36 francos suíços, R$ 122). 

Aqui vale fazer uma pausa para dar uma ideia saborosa aos apreciadores de carne: em sua viagem à Suíça, faça um concurso particular de melhor picadinho de vitela – chamado de zürcher geschnetzeltes no cardápio –, prato que leva champignons frescos, molho de creme de leite e batatas rosti. O preparo é sempre diferente, delicioso, e, no final, você terá se transformado em um juiz satisfeito – e, inevitavelmente, com alguns quilos a mais.

Caso sua ideia seja gastar menos, faça seu jantar em uma das mesas simples e acolhedoras do Frau Gerold, jardim rodeado de pequenos restaurantes de comidas típicas, servidas sem frescura. No terraço, cerveja com vista para os trilhos do trem. Aqui não tem garçom simpático: cada um busca sua comida. Caso ainda reste disposição, os locais indicam esticar a noite em uma das baladas eletrônicas mais agitadas do distrito, a Supermarkt.

A verdade é que em se tratando deste bairro, não há roteiro pronto. Separe um dia da viagem e se perca pelas ruas, lojas, cafés e galerias para conhecer essa outra versão da maior cidade da Suíça. O vai e vem de gente jovem, a conversa alta e os lambe-lambes das vitrines e muros mostram que Zurich West, definitivamente, respira outros ares.

CLÁSSICOS DE ZURIQUE

Cidade antiga de Zurique, em estilo medieval Foto: Divulgação

1 - Centro histórico Ruas apenas para pedestres, fontes de água potável por toda parte e belos prédios históricos. No verão, o Rio Limmat, que corta o centro, ganha piscinas públicas.

2- Sprüngli Localizada no número 21 da Hauptbahnhofstrass, é a confeitaria mais tradicional (e cara) da cidade. Em funcionamento há mais de 170 anos, é um bom lugar para provar o famoso chocolate suíço.  3- Bahnhofstrasse A principal avenida para compras vai da estação central (Hauptbahnhof) até o Lago de Zurique. Perto da estação, há marcas de fast-fashion, como H&M, com preços acessíveis. Grifes internacionais, como Rolex, Prada e Chanel aparecem nas proximidades da água.

4- Fraumünster A igreja funcionou como convento até o século 16 e tem em seu interior vitrais pintados por Marc Chagall. Grátis. 5- Praça Lindenhof Localizada no alto de uma colina, é um convite ao descanso, com direito a uma bela vista da cidade. 6- Cabaret Voltaire  Com 100 anos completados em fevereiro, o espaço cultural localizado no número 1 da rua Spiegelgasse é o berço do dadaísmo. Seu salão principal sofreu poucas modificações ao longo dos anos. Entrada gratuita.  7- Delegacia de polícia de Zurique

Na década de 1920, o prédio medieval que já foi orfanato e depósito de armas na Segunda Guerra Mundial teve seu teto e paredes coloridos pela arte do pintor Augusto Giacometti. Bahnhofquai 3, 8.001; entrada gratuita. 

Com clima descolado, complexo Viadukt, na zona oeste de Zurique, tem lojas, bares e restaurantes Foto: Divulgação

Afastado do centro antigo, com suas construções do século 13, e, bem, do jeito impecável de ser de toda a Suíça, o lado oeste de Zurique guarda a face mais descolada da cidade. Em Zurich West, uma antiga área industrial, as máquinas pararam de fazer barulho e a fuligem deu lugar a lojas, galerias de arte, baladas, restaurantes e mercados mais modernos da cidade. Sim, os hipsters estão por toda a parte.

A transformação do bairro no que ele é hoje começou em 1990, quando foram permitidas novas construções no lugar. Antes, com o fechamento das fábricas, a região ficou abandonada, com pontos de venda de drogas e moradores de rua. Hoje, o distrito tem personalidade própria e uma energia bastante diferente do resto da cidade.

Se a ideia é fazer compras, caminhe ao longo dos 500 metros de arcos ferroviários, erguidos no fim do século 19, que hoje acomodam estabelecimentos comerciais numerados em seus vãos. O projeto que revitalizou o Im Viadukt, como hoje é chamada a construção, foi feito em 2010 pelo escritório de arquitetura EM2N. O governo cobra preços acessíveis para alugar os espaços – em contrapartida, os donos têm de contribuir socialmente com a cidade, contratando pessoas sem nenhuma experiência profissional ou portadores de deficiência, por exemplo.

O Markthalle, mercado fechado com dezenas de produtores, é uma das principais paradas ao longo dos arcos. Além de encontrar produtos frescos, a maioria vinda direto do produtor, os preços são melhores dos que os praticados no resto de Zurique. Um combo com croissant, café e suco sai por 7,90 francos suíços (R$ 27) na simpática padaria St. Jakob Beck. Para se ter ideia, nos restaurantes do centro, uma garrafa de água chega a custar 6 francos (R$ 20). Saindo da Jakob, a vitrine da tradicional Tritt-Käse exibe fatias apetitosas de queijos orgânicos de produtores dos Alpes. Um pedaço de 100 gramas de queijo de cabra do Vale do Loire custa por volta de 4 francos (R$ 13) – na embalagem original, você pode até trazer para o Brasil. Em outra parada está a Shepherd’s Pie, recheada de tortas doces e salgadas. A mais famosa, de carne e cerveja escura, custa em média 8,50 francos suíços (R$ 29). Nas outras pequenas lojas, geleias, cervejas, embutidos, vinhos: um prato cheio para quem gosta de gastronomia.

Fora do mercado, lojas variadas se espalham pelos 36 arcos. Design, moda, arte, tudo tem uma pegada descolada. Entre uma galeria e outra, um pequeno estádio de badminton faz o lugar parecer ainda mais cool.

Menu memorável. Se a ideia é jantar por lá, uma boa opção é o restaurante Viadukt, no arco 8. O ambiente tem tudo a ver com o clima do bairro, e o serviço pode ser o mais despojado que você vai encontrar em sua passagem por Zurique. “Se a sobremesa é muito grande? Ah, você consegue chegar até o fim dessa fatia de bolo de chocolate enorme, principalmente se você levar o resto para casa e atacá-lo durante a madrugada”, avisa o garçom. A sobremesa em questão custa 12,50 francos suíços (R$ 42), e realmente: comê-la até o fim é um desafio, principalmente se antes disso você pedir o delicioso picadinho de vitela com cogumelos (36 francos suíços, R$ 122). 

Aqui vale fazer uma pausa para dar uma ideia saborosa aos apreciadores de carne: em sua viagem à Suíça, faça um concurso particular de melhor picadinho de vitela – chamado de zürcher geschnetzeltes no cardápio –, prato que leva champignons frescos, molho de creme de leite e batatas rosti. O preparo é sempre diferente, delicioso, e, no final, você terá se transformado em um juiz satisfeito – e, inevitavelmente, com alguns quilos a mais.

Caso sua ideia seja gastar menos, faça seu jantar em uma das mesas simples e acolhedoras do Frau Gerold, jardim rodeado de pequenos restaurantes de comidas típicas, servidas sem frescura. No terraço, cerveja com vista para os trilhos do trem. Aqui não tem garçom simpático: cada um busca sua comida. Caso ainda reste disposição, os locais indicam esticar a noite em uma das baladas eletrônicas mais agitadas do distrito, a Supermarkt.

A verdade é que em se tratando deste bairro, não há roteiro pronto. Separe um dia da viagem e se perca pelas ruas, lojas, cafés e galerias para conhecer essa outra versão da maior cidade da Suíça. O vai e vem de gente jovem, a conversa alta e os lambe-lambes das vitrines e muros mostram que Zurich West, definitivamente, respira outros ares.

CLÁSSICOS DE ZURIQUE

Cidade antiga de Zurique, em estilo medieval Foto: Divulgação

1 - Centro histórico Ruas apenas para pedestres, fontes de água potável por toda parte e belos prédios históricos. No verão, o Rio Limmat, que corta o centro, ganha piscinas públicas.

2- Sprüngli Localizada no número 21 da Hauptbahnhofstrass, é a confeitaria mais tradicional (e cara) da cidade. Em funcionamento há mais de 170 anos, é um bom lugar para provar o famoso chocolate suíço.  3- Bahnhofstrasse A principal avenida para compras vai da estação central (Hauptbahnhof) até o Lago de Zurique. Perto da estação, há marcas de fast-fashion, como H&M, com preços acessíveis. Grifes internacionais, como Rolex, Prada e Chanel aparecem nas proximidades da água.

4- Fraumünster A igreja funcionou como convento até o século 16 e tem em seu interior vitrais pintados por Marc Chagall. Grátis. 5- Praça Lindenhof Localizada no alto de uma colina, é um convite ao descanso, com direito a uma bela vista da cidade. 6- Cabaret Voltaire  Com 100 anos completados em fevereiro, o espaço cultural localizado no número 1 da rua Spiegelgasse é o berço do dadaísmo. Seu salão principal sofreu poucas modificações ao longo dos anos. Entrada gratuita.  7- Delegacia de polícia de Zurique

Na década de 1920, o prédio medieval que já foi orfanato e depósito de armas na Segunda Guerra Mundial teve seu teto e paredes coloridos pela arte do pintor Augusto Giacometti. Bahnhofquai 3, 8.001; entrada gratuita. 

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