Do alto do forte Dhayah, candidato a patrimônio da humanidade pela UNESCO, a gente tem bem a noção de estar em um destino heterogêneo e em transformação. Após a longa subida de 239 degraus dispostos em zigue e zague morro acima, a gente tem ao nosso redor deserto, montanhas, manguezal, pequenos oásis, vilas luxuosas à beira do golfo pérsico, muitos guindastes anunciando obras aqui e ali. A heterogeneidade virou o mote para Ras Al Khaimah: um novo destino turístico nos Emirados Árabes.
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Com a zona hoteleira distante pouco mais de uma hora de carro do aeroporto internacional de Dubai e governado por um sheikh educado em Michigan, fã de trekking e com posicionamentos mais abertos (é famoso por ali por 'testar' novas políticas locais), Ras Al Khaimah (ou simplesmente RAK) é o quarto maior dos sete Emirados Árabes Unidos, localizado mais ao norte, já na fronteira com Omã.
A aposta no turismo internacional, com os olhos agora voltados especialmente para Brasil e China, é recente; mas veio com tudo: o governo local quer transformar o turismo, que hoje representa pouco mais de 5% do PIB local, a mais de 30% até 2030. E a estratégia tem tudo para dar certo: só em 2022, RAK atraiu mais de 1,13 milhão de visitantes, superando consideravelmente os números pré-pandêmicos e com um aumento de 40% em visitantes estrangeiros.
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O "emirado da natureza" pede passagem
Mas não espere encontrar em Ras Al Khaimah nenhuma similaridade com as vizinhas mais famosas, Dubai e Abu Dhabi. Muito pelo contrário:o emirado quer justamente se promover por ser totalmente diferente. Depois de tantas viagens diferentes aos emirados árabes, foi ali que pela primeira vez me senti realmente no Oriente Médio no país.
Em RAK não vemos grandiosos arranha-céus, luminosos gigantescos, construções futurísticas ou mega malls com pistas de esqui; mas sim, em geral, edifícios mais baixos, casinhas antigas em tons cáqui, montanhas, oásis, manguezais.
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Embora por enquanto apenas cinco de suas 48 propriedades hoteleiras sejam hotéis de luxo, o emirado quer atrair cada vez mais turistas deste nicho. Já possui hotéis Waldorf Astoria, Ritz-Carlton (com duas unidades distintas no emirado!), InterContinental e Mövenpick, e inaugurará em breve unidades Nobu Hotels, Anantara, Westin e Sofitel - a maioria deles à beira das águas turquesas do Golfo Pérsico.
Com população fixa de cerca de 400 mil habitantes (uma pequena fração dos mais de 9 milhões de habitantes do país), majoritariamente expatriados, distribuídos por um território menor que Rhode Island, nos EUA, o destino é tranquilo e bastante seguro. Tão sossegado que, ao nos deslocarmos entre atrações, muitos vilarejos em meio ao ocre do deserto parecem pequenas cidades fantasma.
A oferta de produtos e serviços turísticos ainda está sendo desenvolvida (não existem ainda sequer lojinhas de souvenir por ali) e deve aumentar bastante nos próximos anos; mas a população parece genuinamente empolgada com a ampla abertura ao turismo internacional.
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A mais longa tirolesa do mundo
Para os turistas que visitam o emirado agora, há a imensa vantagem de explorar um destino ainda pouco acontecido, longe das multidões. Não encontrei fila ou grande espera em nenhuma das atrações que visitei - nem na principal delas: Jebel Flight, a mais longa tirolesa do mundo, instalada no pico mais alto dos Emirados Árabes, a 1934m de altitude - com extensão total de quase três quilômetros, pode chegar 160km/h de velocidade na descida.
Seus arredores ainda oferecem percurso de arvorismo, uma tirolesa mais curta, acampamento estilo "sobrevivência", o tobogã mais longo da região, o Camp 1770 (que deve ganhar nos próximos anos lodge de luxo, trilhas para hiking e mountain biking e paragliding) e o mais alto restaurante dos Emirados, o 1484 by Puro.
A topografia variada de RAK, da majestosa cordilheira Hajar ao deserto, é puro colírio para os olhos e um convite constante às atividades ao ar livre - mas convém evitar as viagens de maio a outubro para fugir do calorão que faz por lá nessa época. E o emirado ainda conta com 64km de praias banhadas pelo Golfo Pérsico, com areia clarinha e alguns pontos de mar realmente tranquilo, turquesa e delicioso.
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Valorização cultural
Ensolarado praticamente o ano todo e repleto de belezas naturais, RAK quer também se estabelecer como uma espécie de centro de experiências culturais no Oriente Médio; há registros locais de mais de sete mil anos de história.
O emirado, que já foi conhecido em outros tempos como Julfar, Majan ou Al Seer, está agora empenhado em revitalizar e enfatizar seus mais de 100 sítios arqueológicos e históricos, incluindo ruínas e fortes que já estão na lista tentativa de Patrimônio da Humanidade da UNESCO.
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RAK também está restaurando a vila de pescadores Al Jazirah Al Hamra, construída em pedras de coral e abandonada pelos moradores no final da década de 1960, e inaugurou recentemente o Museu Nacional de Ras Al Khaimah em uma antiga residência da família governante.
Focando no desenvolvimento sustentável do destino - a meta é tornar RAK líder regional em turismo responsável até 2025 -, vem desenvolvendo projetos importantes, como a reserva natural Al Wadi (que, em parceria com o hotel The Ritz Carlton Ras Al Khaimah Al Wadi Desert, está trazendo de volta ao emirado os raros órix-das-arábias, ameaçados de extinção) e a Suwaidi Pearls, única fazenda de cultivo de pérolas nos EAU na atualidade e uma de suas atrações turísticas mais visitadas.
Idealizada pelo neto de um dos últimos mergulhadores de pérolas, é uma deliciosa e educativa atividade cultural em meio a lago e mangue, com as montanhas sempre à vista, sobre a indústria que já foi o principal motor econômico do emirado. Uma deliciosa viagem no tempo, inclusive em família.
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O charme do novo InterContinental Ras Al Khaimah
Das muitas opções de hospedagem disponíveis no Emirado, gostei muito dos dias que passei no ótimo InterContinental Ras Al Khaimah Resort & Spa, à beira das águas turquesa do Golfo Pérsico. A praia de areia clarinha e fininha, com direito a mar tranquilo e morninho, é considerada uma das melhores do destino.
O hotel, inaugurado recentemente, tem alto padrão de serviços e diversificada oferta de lazer, incluindo diferentes piscinas e muitas opções e atividades para famílias com crianças e adolescentes. Tem ainda seis belas opções em restaurantes, bares e lounges, com destaque para o turco Levant&Nar, o internacional NoHo Bar&Grill e o bar AmarBar.
Grandalhão, tem 351 acomodações, todas com vista para o mar; mas quem opta por um dos Club Rooms do Club Building nem sente, já que conta com excelente lounge com serviço primoroso, café da manhã, chá da tarde e happy hour diários e gratuitos ali mesmo, piscina exclusiva e grandes varandas nas espaçosas acomodações. Há também algumas vilas privativas em uma área separada do resort.
CONFIRA detalhes e disponibilidade do InterContinental Ras Al Khaimah Resort & Spa aqui.
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