Passados mais de 14 meses da declaração da pandemia da Covid-19 (em março de 2020), a essa altura nós já percebemos bem como nossas viagens mudaram. Algumas mudanças no nosso jeito de viajar são momentâneas, para que viajar possa ser mais seguro e factível nesses tempos. Outras, porém, podem ser definitivas para muita gente mesmo no pós-pandemia. Dentre tantas mudanças, alguns termos usados no turismo finalmente ganharam força entre os turistas e despertaram novas tendências de comportamento entre viajantes. E um deles é o buyout.
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O termo "buyout" vem do mundo corporativo, onde descreve o ato de tomar o controle de uma outra companhia através da compra da mesma. No turismo, refere-se ao ato de "fechar" uma pousada ou hotel por determinado período, reservando todos os quartos para um único hóspede, família, empresa ou grupo.
Durante a pandemia, a procura por esse tipo de reserva aumentou enormemente, batendo todos os recordes históricos do setor, nacional e internacionalmente. Na Europa, por exemplo, o buyout teve o maior crescimento de sua história no continente no verão passado (principalmente em hotéis à beira do Mediterrâneo). Até mesmo propriedades que nunca faziam esse tipo de reserva acabaram incluindo o buyout em seu menu de opções (inclusive para compensar as baixíssimas ocupações em outros períodos). E, convenhamos, nada mal poder fechar uma pousada todinha para você, não é mesmo?
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Procura por este tipo de reserva bateu recordes
Há muitos anos o trade turístico (hotéis, agências, operadores) usa esse termo, já que diferentes hotéis, pousadas, resorts e lodges, no Brasil e no exterior, sempre prestaram esse serviço. Mas, no pré-pandemia, o buyout da hotelaria era mais frequente em ocasiões especiais, com pousadas, hotéis boutique e lodges sendo fechados para a realização de pequenos casamentos ou celebrações de aniversário em família. No caso das grandes propriedades, eram comuns também o fechamento de hotéis e resorts para congressos e outros eventos empresariais.
O buyout de hotéis e pousadas sempre foi historicamente um conceito bastante restrito ao turismo de luxo. Afinal, reservar um hotel inteiro envolve obrigatoriamente investimentos financeiros elevados. Além de viajantes do mercado de luxo, muitas celebridades também eram adeptas desse sistema de reserva, fechando propriedades inteiras para suas famílias ou grupos de amigos para não serem "incomodados" nas férias.
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Com a pandemia, o buyout hoteleiro passou a ser termo muito mais frequentemente ouvido e lido por viajantes, inclusive porque muito mais turistas passaram a considerar essa opção como forma de viajar em família com mais segurança, evitando ao máximo o contato com outras pessoas. Afinal, o buyout oferece autonomia, privacidade e distanciamento social, como um imóvel de temporada, mas sem que o viajante tenha que abrir mão dos serviços de hotelaria.
Antes da pandemia, a maioria dos hotéis e pousadas organizava os buyouts de acordo com os pedidos que chegavam eventualmente. Hoje, com a procura por esse tipo de reserva em franco crescimento há quase um ano, muitas propriedades já inclusive formalizaram pacotes específicos de buyout (com diferentes benefícios e inclusões) e trabalham os mesmos ativamente junto a operadores e agentes de viagem para atrair o interesse de possíveis novos hóspedes.
Mas, ainda que não seja de nenhuma forma uma empreitada barata (pelo contrário), o buyout da indústria da hospitalidade se democratizou um pouco mais durante a pandemia: hoje existem diversas pousadas econômicas no Brasil que já oferecem essa opção de reserva, seja no interior do país ou no litoral, com custos bem mais acessíveis para tal.
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Um hotel todinho seu
Neste momento em que todos colocamos o distanciamento social em primeiro lugar, poder ocupar um hotel ou pousada inteirinhos, sem contato com outros hóspedes, parece mesmo cenário perfeito. Há pousadas e hotéis pequenos brasileiros sendo fechados em buyout com frequência desde o começo da pandemia. O principal público tem sido geralmente familiar, mas há também bastante procura por pequenos grupos de amigos que dizem testar seus integrantes contra a Covid-19 antes do check-in.
Existem reservas de todo tipo, mas a preferência maior do mercado tem girado em torno das propriedades com capacidade de seis a oito quartos ou chalés. E cada mais vez mais agências e consultores de viagem têm sido procurados para organizar esse tipo de escapada, seja com foco em descansar, variar o cenário do home office e do homeschooling ou simplesmente reunir a família imediata com mais segurança (com serviço certificado e protocolado).
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No Brasil, a procura é maior pelo buyout em propriedades localizadas no litoral. Em Paraty, a bela Casa Turquesa, localizada em pleno centro histórico e com apenas nove suítes e serviço impecável (e uma das minhas propriedades preferidas no Brasil!), sempre fez buyout e continua disponível para esse tipo de reserva em tempos de pandemia também. No Preá, no Ceará, o Casana Hotel, com apenas oito exclusivos e enormes bangalôs com vista para o mar, também tem sido bastante procurado para reservas em buyout no último ano. Nos arredores de Pipa, no Rio Grande do Norte, o Kilombo Villas, com dez acomodações de diferentes tamanhos frente ao mar, é outro bom exemplo.
Também fora do mercado de luxo, diferentes pousadas e pequenos hotéis também passaram a oferecer o buyout durante a pandemia, graças à tendência em franco crescimento. Os sete chalés do Canto do Papagaio, em Aiuruoca, MG, que funcionam como um híbrido entre imóveis de temporada e pousada, podem ser reservados também nesse sistema. A simpática Solar La Luna, em Águas de São Pedro, SP, foi mais longe: passou a operar unicamente para reservas em sistema buyout durante a pandemia. Com oito quartos e capacidade para até vinte pessoas, os serviços da pousada foram todos mantidos.
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Como funciona o buyout
O buyout permite fechar pelo período desejado a propriedade inteira, seja por um final de semana, uma semana inteira ou mesmo período maiores, de acordo também com a disponibilidade do hotel ou pousada em questão. Os custos variam muito de uma propriedade a outra, e também em função do pacote de benefícios incluído. Mas, para dar uma ideia geral, pense que ele deve cobrir pelo menos os custos das diárias de todos os quartos do local no período.
Os serviços incluídos no buyout também variam em função do acordo feito com o hotel ou pousada no momento da reserva. Há buyouts que incluem apenas o serviço de café da manhã (os mais comuns nas pousadas econômicas), outros incluem meia pensão (geralmente café da manhã e jantar) e há acordos (bastante polpudos, é claro) que abrangem até o sistema tudo-incluído.
Apesar de muitas propriedades trabalharem hoje com pacotes fechados de buyout, quem opta por esse tipo de reserva também pode geralmente customizar a hospedagem de acordo com suas preferências, personalizando os serviços e inclusões. Existem hotéis e pousadas que inclusive liberam o uso de sua cozinha para os hóspedes do buyout, quando os mesmos gostam de cozinhar suas próprias refeições.
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Um adendo muito importante: buyout em tempos de pandemia PRECISA continuar respeitando todas as restrições e recomendações necessárias para que possamos todos chegar finalmente um dia ao esperado "pós-pandemia", em segurança. Responsabilidade segue sendo FUNDAMENTAL em qualquer tipo de viagem. A ideia principal do buyout nesses tempos duros que vivemos é se isolar e se proteger - e não ter atitudes irresponsáveis que possam colocar a vida dos funcionários do hotel ou pousada em risco.
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