Segundo os dados mais recentes, os cidadãos de nacionalidade brasileira já investiram quase 1 bilhão de euros (algo como 5,5 bilhões de reais), durante os últimos dez anos, para garantir uma autorização de residência em Portugal usando o regime de 'vistos gold'. Contas feitas, e já foram aprovados 1 123 'passaportes dourados' para brasileiros, um número que só fica abaixo dos cidadãos chineses que conseguiram residência em Portugal através do mesmo mecanismo.
Essa Autorização de Residência para Investimento (ARI) foi garantida, na sua maioria, através da aquisição de imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros (2,7 milhões de reais). Os brasileiros gastaram, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, 655 milhões de euros em imobiliário (3,6 bilhões de reais). Atualmente, há mais de 230 mil brasileiros vivendo em Portugal, o que faz dessa a maior comunidade estrangeira vivendo no país.
A presença massiva de cidadãos brasileiros em Portugal tem estado sob holofotes durante os últimos meses, devido à sua significativa presença nas escolas, negócios e organizações portuguesas, o que está causando, naturalmente, uma alteração na sociedade nacional, até agora pouco permeável a uma presença com tanto peso de cidadãos de outras nacionalidades.
O anúncio de que os vistos gold irão acabar no País, uma informação que foi dada essa quinta-feira, 16 de fevereiro, pelo primeiro-ministro de centro esquerda, António Costa, deverá ter algum impacto na obtenção de autorização de residência por cidadãos brasileiros, mas o seu efeito será residual, uma vez que representa uma porcentagem bem pequena da imigração brasileira para o país. Aliás, representa até uma porcentagem bem pequena de todas as transações imobiliárias feitas no país. Porém, tem boa aceitação pública, algo de que o Governo precisa desesperadamente, uma vez que tem vivido várias crises com saídas de ministros e escândalos genéricos que envolvem membros do Executivo.
A medida foi anunciada como fazendo parte de um pacote de respostas do Governo ao aumento absurdo dos preços da habitação, que está impedindo portugueses de comprar e alugar casa nas grandes cidades, por falta de capacidade financeira.