Check-in literário: viagem com literatura, cinema ou história


Com foco em livros que se passam em destinos mundo afora, clube de leitura é alternativa enquanto não dá para viajar presencialmente

Por Nathalia Molina

A curitibana Rita Abagge Greca já tinha vontade de conhecer Israel. Depois de ler A Mulher Foge, de David Grossman, e Minha Terra Prometida: O Triunfo e A Tragédia de Israel, de Ari Shavit, o embarque se tornou inevitável em 2019. “Falei para o meu marido: ‘Agora é a hora’. Fomos nós dois”, conta Rita, participante da Volta ao Mundo Literária, clube de leitura organizado pela NomadRoots. A empresa, localizada na capital paranaense, se especializou em criar roteiros personalizados e em promover palestras sobre temas diversos.

Após a pandemia, clube de leitura da NomadRoots migrou para o digital e acabou ganhando turmas Foto: Amanda Lavorato

A Volta ao Mundo Literária é um dos três clubes oferecidos pela Nomad, que tem também programas sobre cinema e história. O de leitura funcionava havia cinco anos e contava com três turmas de até 20 pessoas em Curitiba, quando passou a ser online por causa da pandemia do novo coronavírus. Além de transferir os grupos presenciais existentes, a empresa criou outro, que lê livros diferentes e que continuará digital mesmo após o fim da pandemia. A NomadRoots divulga as iniciativas no Instagram @nomad.roots.

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Rita já participava do clube de leitura presencial por quatro anos – atualmente o grupo esmiúça Odisseia, de Homero. Na quarentena, se juntou também à turma exclusivamente virtual, que lê agora Umberto Eco com O Nome da Rosa. “Pessoalmente as discussões são mais ricas, mas virtualmente tem gente de outros lugares participando e convidados de qualquer parte do mundo. De todas as atividades que faço, sem dúvida o clube de leitura é a que me dá mais prazer. Eu aguardo ansiosa as aulas.”

Após ler dois livros sobre Israel, Rita combinou viagem ao país como marido,Eurico Foto: Rita Abagge Greca

Se viajar é conhecer o mundo do outro, fatos históricos, livros e filmes têm o poder de transportar o interlocutor aos lugares. Diante da pandemia, esse passeio mental serve de alento diante de dias isolados e do noticiário sobre a covid-19. “O clube de leitura sempre funcionou como uma experiência prazerosa, como um escape. Agora, mais ainda”, afirma Paola Gulin, à frente da NomadRoots. “A gente acredita muito que os dois negócios se complementam. As pessoas que participam das palestras, quando viajam, fazem de uma forma mais consciente, se aproximando mais de outras culturas”, diz Paola, que desde 2015 se juntou à mãe, Maria Cristina, no negócio aberto em 2013.

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Na Volta ao Mundo Literária, Paola faz ainda uma curadoria de conteúdos relacionados à leitura da vez para indicar aos participantes: filmes, playlists e outros livros. “Estava com bastante receio se o público de mais idade iria se adaptar à tecnologia e se, mesmo virtualmente, seriam interações verdadeiras. Mas funcionou.”

Clubes para escolher

Mediado pelo escritor Francisco Escorsim, o grupo novo já esteve virtualmente pela Inglaterra de Jane Austen, com Orgulho e Preconceito. Já são mais 100 inscritos na turma que segue online após a pandemia. “Tem pessoas do interior da Bahia, brasileiros que moram na Suíça. A troca é muito rica. A gente acaba tendo outras percepções”, conta Paola. “Uma das coisas mais legais desses clubes é a interação.”

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Ela fala no plural porque o freio por causa do coronavírus levou a NomadRoots a pensar em alternativas. Assim, nasceram clubes digitais para outros gostos. O mais recente é o de cinema. O CineNomads, com 30 inscritos, teve sua primeira edição em junho, sobre o filme Parasita.

“O mediador, Marden Machado, descreveu a linha do diretor do começo ao fim. Ele falou sobre a simbologia das escadas, que, quanto mais a pessoa subia, tinha um nível social mais alto. Fora que isso também provoca em você a vontade de viajar. Dá vontade de ir para a Coreia. Você quer conhecer aquilo”, conta Denise Cassou, que encontrou na quarentena a chance de participar dos clubes. “Queria entrar para o de leitura, mas é no dia da semana que estou em São Paulo. Agora, isolada na minha casa em Curitiba, entrei para o de cinema e para a turma virtual de leitura.”

Denise divide o tempo entre as duas cidades, trabalhando na Gallerist, curadoria de moda brasileira que mantém com as quatro filhas. Ela pretende seguir nos clubes após a pandemia. “Os clubes agregam gente com o mesmo interesse, mas você percebe olhares completamente diferentes do teu. Não só por faixa etária, mas bagagem de vida.”

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Segundo clube lançado pela empresa, o de História chegou a ter uma palestra presencial em março, antes de migrar para o digital. Professor da disciplina, Guilherme Almeida fala das grandes civilizações e de como elas interferem no mundo até hoje – já abordou a Mesopotâmia, gregos e romanos. O casal Rita e Eurico participa do grupo: “Agora a gente não vai ao cinema, à casa dos amigos. Não janta fora. É uma maneira de encontrar pessoas”.

Maria Cristina e Paola em viagem a Myanmar, em 2019, quando levaram um grupo ao país Foto: Paola Gulin

Os três clubes combinam bem com o negócio de Paola e Maria Cristina. Tradicionalmente, elas organizam viagens de alto padrão, pensando na exclusividade, e o viajante segue sozinho o roteiro. Abriram uma exceção no ano passado, quando levaram um grupo a Myanmar. Deu certo. Tinham outra empreitada assim prevista para 2020, por Nepal e Butão. Por enquanto, as viagens vão se restringir aos livros mesmo. “Amo viajar, mas não penso nisso agora. Fico muito angustiada de pensar na pobreza, nas pessoas (sofrendo com o coronavírus). É momento de refletir”, diz Rita.

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Quando e quanto

Volta ao Mundo Literária

O escritor Francisco Escorsim, à frente desde o início dos encontros presenciais, também comanda o clube de leitura no ambiente digital e recebe convidados especializados em temas correlatos. São reuniões quinzenais por aplicativo de videochamada, com uma hora e meia de duração. O clube de leitura tem site próprio: voltaaomundoliteraria.com.br. Quando: segunda-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 59 por mês.

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CineNomad

É mediado por Marden Machado, roteirista e especialista em cinema. Os participantes assistem ao filme proposto para ser destacado no dia do clube. Em ambiente digital, os encontros são mensais e duram cerca de uma hora e meia. Quando: quarta-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 70 por encontro.

Clube de História

A proposta é entender a formação das civilizações e analisar o que se mantém delas na atualidade. O professor de História Guilherme Almeida desenvolve o tema com o grupo. Encontros virtuais de duas horas são realizados a cada 15 dias. Quando: quarta-feira, às 19h30. Quanto: R$ 200 por mês.

A curitibana Rita Abagge Greca já tinha vontade de conhecer Israel. Depois de ler A Mulher Foge, de David Grossman, e Minha Terra Prometida: O Triunfo e A Tragédia de Israel, de Ari Shavit, o embarque se tornou inevitável em 2019. “Falei para o meu marido: ‘Agora é a hora’. Fomos nós dois”, conta Rita, participante da Volta ao Mundo Literária, clube de leitura organizado pela NomadRoots. A empresa, localizada na capital paranaense, se especializou em criar roteiros personalizados e em promover palestras sobre temas diversos.

Após a pandemia, clube de leitura da NomadRoots migrou para o digital e acabou ganhando turmas Foto: Amanda Lavorato

A Volta ao Mundo Literária é um dos três clubes oferecidos pela Nomad, que tem também programas sobre cinema e história. O de leitura funcionava havia cinco anos e contava com três turmas de até 20 pessoas em Curitiba, quando passou a ser online por causa da pandemia do novo coronavírus. Além de transferir os grupos presenciais existentes, a empresa criou outro, que lê livros diferentes e que continuará digital mesmo após o fim da pandemia. A NomadRoots divulga as iniciativas no Instagram @nomad.roots.

Rita já participava do clube de leitura presencial por quatro anos – atualmente o grupo esmiúça Odisseia, de Homero. Na quarentena, se juntou também à turma exclusivamente virtual, que lê agora Umberto Eco com O Nome da Rosa. “Pessoalmente as discussões são mais ricas, mas virtualmente tem gente de outros lugares participando e convidados de qualquer parte do mundo. De todas as atividades que faço, sem dúvida o clube de leitura é a que me dá mais prazer. Eu aguardo ansiosa as aulas.”

Após ler dois livros sobre Israel, Rita combinou viagem ao país como marido,Eurico Foto: Rita Abagge Greca

Se viajar é conhecer o mundo do outro, fatos históricos, livros e filmes têm o poder de transportar o interlocutor aos lugares. Diante da pandemia, esse passeio mental serve de alento diante de dias isolados e do noticiário sobre a covid-19. “O clube de leitura sempre funcionou como uma experiência prazerosa, como um escape. Agora, mais ainda”, afirma Paola Gulin, à frente da NomadRoots. “A gente acredita muito que os dois negócios se complementam. As pessoas que participam das palestras, quando viajam, fazem de uma forma mais consciente, se aproximando mais de outras culturas”, diz Paola, que desde 2015 se juntou à mãe, Maria Cristina, no negócio aberto em 2013.

Na Volta ao Mundo Literária, Paola faz ainda uma curadoria de conteúdos relacionados à leitura da vez para indicar aos participantes: filmes, playlists e outros livros. “Estava com bastante receio se o público de mais idade iria se adaptar à tecnologia e se, mesmo virtualmente, seriam interações verdadeiras. Mas funcionou.”

Clubes para escolher

Mediado pelo escritor Francisco Escorsim, o grupo novo já esteve virtualmente pela Inglaterra de Jane Austen, com Orgulho e Preconceito. Já são mais 100 inscritos na turma que segue online após a pandemia. “Tem pessoas do interior da Bahia, brasileiros que moram na Suíça. A troca é muito rica. A gente acaba tendo outras percepções”, conta Paola. “Uma das coisas mais legais desses clubes é a interação.”

Ela fala no plural porque o freio por causa do coronavírus levou a NomadRoots a pensar em alternativas. Assim, nasceram clubes digitais para outros gostos. O mais recente é o de cinema. O CineNomads, com 30 inscritos, teve sua primeira edição em junho, sobre o filme Parasita.

“O mediador, Marden Machado, descreveu a linha do diretor do começo ao fim. Ele falou sobre a simbologia das escadas, que, quanto mais a pessoa subia, tinha um nível social mais alto. Fora que isso também provoca em você a vontade de viajar. Dá vontade de ir para a Coreia. Você quer conhecer aquilo”, conta Denise Cassou, que encontrou na quarentena a chance de participar dos clubes. “Queria entrar para o de leitura, mas é no dia da semana que estou em São Paulo. Agora, isolada na minha casa em Curitiba, entrei para o de cinema e para a turma virtual de leitura.”

Denise divide o tempo entre as duas cidades, trabalhando na Gallerist, curadoria de moda brasileira que mantém com as quatro filhas. Ela pretende seguir nos clubes após a pandemia. “Os clubes agregam gente com o mesmo interesse, mas você percebe olhares completamente diferentes do teu. Não só por faixa etária, mas bagagem de vida.”

Segundo clube lançado pela empresa, o de História chegou a ter uma palestra presencial em março, antes de migrar para o digital. Professor da disciplina, Guilherme Almeida fala das grandes civilizações e de como elas interferem no mundo até hoje – já abordou a Mesopotâmia, gregos e romanos. O casal Rita e Eurico participa do grupo: “Agora a gente não vai ao cinema, à casa dos amigos. Não janta fora. É uma maneira de encontrar pessoas”.

Maria Cristina e Paola em viagem a Myanmar, em 2019, quando levaram um grupo ao país Foto: Paola Gulin

Os três clubes combinam bem com o negócio de Paola e Maria Cristina. Tradicionalmente, elas organizam viagens de alto padrão, pensando na exclusividade, e o viajante segue sozinho o roteiro. Abriram uma exceção no ano passado, quando levaram um grupo a Myanmar. Deu certo. Tinham outra empreitada assim prevista para 2020, por Nepal e Butão. Por enquanto, as viagens vão se restringir aos livros mesmo. “Amo viajar, mas não penso nisso agora. Fico muito angustiada de pensar na pobreza, nas pessoas (sofrendo com o coronavírus). É momento de refletir”, diz Rita.

Quando e quanto

Volta ao Mundo Literária

O escritor Francisco Escorsim, à frente desde o início dos encontros presenciais, também comanda o clube de leitura no ambiente digital e recebe convidados especializados em temas correlatos. São reuniões quinzenais por aplicativo de videochamada, com uma hora e meia de duração. O clube de leitura tem site próprio: voltaaomundoliteraria.com.br. Quando: segunda-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 59 por mês.

CineNomad

É mediado por Marden Machado, roteirista e especialista em cinema. Os participantes assistem ao filme proposto para ser destacado no dia do clube. Em ambiente digital, os encontros são mensais e duram cerca de uma hora e meia. Quando: quarta-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 70 por encontro.

Clube de História

A proposta é entender a formação das civilizações e analisar o que se mantém delas na atualidade. O professor de História Guilherme Almeida desenvolve o tema com o grupo. Encontros virtuais de duas horas são realizados a cada 15 dias. Quando: quarta-feira, às 19h30. Quanto: R$ 200 por mês.

A curitibana Rita Abagge Greca já tinha vontade de conhecer Israel. Depois de ler A Mulher Foge, de David Grossman, e Minha Terra Prometida: O Triunfo e A Tragédia de Israel, de Ari Shavit, o embarque se tornou inevitável em 2019. “Falei para o meu marido: ‘Agora é a hora’. Fomos nós dois”, conta Rita, participante da Volta ao Mundo Literária, clube de leitura organizado pela NomadRoots. A empresa, localizada na capital paranaense, se especializou em criar roteiros personalizados e em promover palestras sobre temas diversos.

Após a pandemia, clube de leitura da NomadRoots migrou para o digital e acabou ganhando turmas Foto: Amanda Lavorato

A Volta ao Mundo Literária é um dos três clubes oferecidos pela Nomad, que tem também programas sobre cinema e história. O de leitura funcionava havia cinco anos e contava com três turmas de até 20 pessoas em Curitiba, quando passou a ser online por causa da pandemia do novo coronavírus. Além de transferir os grupos presenciais existentes, a empresa criou outro, que lê livros diferentes e que continuará digital mesmo após o fim da pandemia. A NomadRoots divulga as iniciativas no Instagram @nomad.roots.

Rita já participava do clube de leitura presencial por quatro anos – atualmente o grupo esmiúça Odisseia, de Homero. Na quarentena, se juntou também à turma exclusivamente virtual, que lê agora Umberto Eco com O Nome da Rosa. “Pessoalmente as discussões são mais ricas, mas virtualmente tem gente de outros lugares participando e convidados de qualquer parte do mundo. De todas as atividades que faço, sem dúvida o clube de leitura é a que me dá mais prazer. Eu aguardo ansiosa as aulas.”

Após ler dois livros sobre Israel, Rita combinou viagem ao país como marido,Eurico Foto: Rita Abagge Greca

Se viajar é conhecer o mundo do outro, fatos históricos, livros e filmes têm o poder de transportar o interlocutor aos lugares. Diante da pandemia, esse passeio mental serve de alento diante de dias isolados e do noticiário sobre a covid-19. “O clube de leitura sempre funcionou como uma experiência prazerosa, como um escape. Agora, mais ainda”, afirma Paola Gulin, à frente da NomadRoots. “A gente acredita muito que os dois negócios se complementam. As pessoas que participam das palestras, quando viajam, fazem de uma forma mais consciente, se aproximando mais de outras culturas”, diz Paola, que desde 2015 se juntou à mãe, Maria Cristina, no negócio aberto em 2013.

Na Volta ao Mundo Literária, Paola faz ainda uma curadoria de conteúdos relacionados à leitura da vez para indicar aos participantes: filmes, playlists e outros livros. “Estava com bastante receio se o público de mais idade iria se adaptar à tecnologia e se, mesmo virtualmente, seriam interações verdadeiras. Mas funcionou.”

Clubes para escolher

Mediado pelo escritor Francisco Escorsim, o grupo novo já esteve virtualmente pela Inglaterra de Jane Austen, com Orgulho e Preconceito. Já são mais 100 inscritos na turma que segue online após a pandemia. “Tem pessoas do interior da Bahia, brasileiros que moram na Suíça. A troca é muito rica. A gente acaba tendo outras percepções”, conta Paola. “Uma das coisas mais legais desses clubes é a interação.”

Ela fala no plural porque o freio por causa do coronavírus levou a NomadRoots a pensar em alternativas. Assim, nasceram clubes digitais para outros gostos. O mais recente é o de cinema. O CineNomads, com 30 inscritos, teve sua primeira edição em junho, sobre o filme Parasita.

“O mediador, Marden Machado, descreveu a linha do diretor do começo ao fim. Ele falou sobre a simbologia das escadas, que, quanto mais a pessoa subia, tinha um nível social mais alto. Fora que isso também provoca em você a vontade de viajar. Dá vontade de ir para a Coreia. Você quer conhecer aquilo”, conta Denise Cassou, que encontrou na quarentena a chance de participar dos clubes. “Queria entrar para o de leitura, mas é no dia da semana que estou em São Paulo. Agora, isolada na minha casa em Curitiba, entrei para o de cinema e para a turma virtual de leitura.”

Denise divide o tempo entre as duas cidades, trabalhando na Gallerist, curadoria de moda brasileira que mantém com as quatro filhas. Ela pretende seguir nos clubes após a pandemia. “Os clubes agregam gente com o mesmo interesse, mas você percebe olhares completamente diferentes do teu. Não só por faixa etária, mas bagagem de vida.”

Segundo clube lançado pela empresa, o de História chegou a ter uma palestra presencial em março, antes de migrar para o digital. Professor da disciplina, Guilherme Almeida fala das grandes civilizações e de como elas interferem no mundo até hoje – já abordou a Mesopotâmia, gregos e romanos. O casal Rita e Eurico participa do grupo: “Agora a gente não vai ao cinema, à casa dos amigos. Não janta fora. É uma maneira de encontrar pessoas”.

Maria Cristina e Paola em viagem a Myanmar, em 2019, quando levaram um grupo ao país Foto: Paola Gulin

Os três clubes combinam bem com o negócio de Paola e Maria Cristina. Tradicionalmente, elas organizam viagens de alto padrão, pensando na exclusividade, e o viajante segue sozinho o roteiro. Abriram uma exceção no ano passado, quando levaram um grupo a Myanmar. Deu certo. Tinham outra empreitada assim prevista para 2020, por Nepal e Butão. Por enquanto, as viagens vão se restringir aos livros mesmo. “Amo viajar, mas não penso nisso agora. Fico muito angustiada de pensar na pobreza, nas pessoas (sofrendo com o coronavírus). É momento de refletir”, diz Rita.

Quando e quanto

Volta ao Mundo Literária

O escritor Francisco Escorsim, à frente desde o início dos encontros presenciais, também comanda o clube de leitura no ambiente digital e recebe convidados especializados em temas correlatos. São reuniões quinzenais por aplicativo de videochamada, com uma hora e meia de duração. O clube de leitura tem site próprio: voltaaomundoliteraria.com.br. Quando: segunda-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 59 por mês.

CineNomad

É mediado por Marden Machado, roteirista e especialista em cinema. Os participantes assistem ao filme proposto para ser destacado no dia do clube. Em ambiente digital, os encontros são mensais e duram cerca de uma hora e meia. Quando: quarta-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 70 por encontro.

Clube de História

A proposta é entender a formação das civilizações e analisar o que se mantém delas na atualidade. O professor de História Guilherme Almeida desenvolve o tema com o grupo. Encontros virtuais de duas horas são realizados a cada 15 dias. Quando: quarta-feira, às 19h30. Quanto: R$ 200 por mês.

A curitibana Rita Abagge Greca já tinha vontade de conhecer Israel. Depois de ler A Mulher Foge, de David Grossman, e Minha Terra Prometida: O Triunfo e A Tragédia de Israel, de Ari Shavit, o embarque se tornou inevitável em 2019. “Falei para o meu marido: ‘Agora é a hora’. Fomos nós dois”, conta Rita, participante da Volta ao Mundo Literária, clube de leitura organizado pela NomadRoots. A empresa, localizada na capital paranaense, se especializou em criar roteiros personalizados e em promover palestras sobre temas diversos.

Após a pandemia, clube de leitura da NomadRoots migrou para o digital e acabou ganhando turmas Foto: Amanda Lavorato

A Volta ao Mundo Literária é um dos três clubes oferecidos pela Nomad, que tem também programas sobre cinema e história. O de leitura funcionava havia cinco anos e contava com três turmas de até 20 pessoas em Curitiba, quando passou a ser online por causa da pandemia do novo coronavírus. Além de transferir os grupos presenciais existentes, a empresa criou outro, que lê livros diferentes e que continuará digital mesmo após o fim da pandemia. A NomadRoots divulga as iniciativas no Instagram @nomad.roots.

Rita já participava do clube de leitura presencial por quatro anos – atualmente o grupo esmiúça Odisseia, de Homero. Na quarentena, se juntou também à turma exclusivamente virtual, que lê agora Umberto Eco com O Nome da Rosa. “Pessoalmente as discussões são mais ricas, mas virtualmente tem gente de outros lugares participando e convidados de qualquer parte do mundo. De todas as atividades que faço, sem dúvida o clube de leitura é a que me dá mais prazer. Eu aguardo ansiosa as aulas.”

Após ler dois livros sobre Israel, Rita combinou viagem ao país como marido,Eurico Foto: Rita Abagge Greca

Se viajar é conhecer o mundo do outro, fatos históricos, livros e filmes têm o poder de transportar o interlocutor aos lugares. Diante da pandemia, esse passeio mental serve de alento diante de dias isolados e do noticiário sobre a covid-19. “O clube de leitura sempre funcionou como uma experiência prazerosa, como um escape. Agora, mais ainda”, afirma Paola Gulin, à frente da NomadRoots. “A gente acredita muito que os dois negócios se complementam. As pessoas que participam das palestras, quando viajam, fazem de uma forma mais consciente, se aproximando mais de outras culturas”, diz Paola, que desde 2015 se juntou à mãe, Maria Cristina, no negócio aberto em 2013.

Na Volta ao Mundo Literária, Paola faz ainda uma curadoria de conteúdos relacionados à leitura da vez para indicar aos participantes: filmes, playlists e outros livros. “Estava com bastante receio se o público de mais idade iria se adaptar à tecnologia e se, mesmo virtualmente, seriam interações verdadeiras. Mas funcionou.”

Clubes para escolher

Mediado pelo escritor Francisco Escorsim, o grupo novo já esteve virtualmente pela Inglaterra de Jane Austen, com Orgulho e Preconceito. Já são mais 100 inscritos na turma que segue online após a pandemia. “Tem pessoas do interior da Bahia, brasileiros que moram na Suíça. A troca é muito rica. A gente acaba tendo outras percepções”, conta Paola. “Uma das coisas mais legais desses clubes é a interação.”

Ela fala no plural porque o freio por causa do coronavírus levou a NomadRoots a pensar em alternativas. Assim, nasceram clubes digitais para outros gostos. O mais recente é o de cinema. O CineNomads, com 30 inscritos, teve sua primeira edição em junho, sobre o filme Parasita.

“O mediador, Marden Machado, descreveu a linha do diretor do começo ao fim. Ele falou sobre a simbologia das escadas, que, quanto mais a pessoa subia, tinha um nível social mais alto. Fora que isso também provoca em você a vontade de viajar. Dá vontade de ir para a Coreia. Você quer conhecer aquilo”, conta Denise Cassou, que encontrou na quarentena a chance de participar dos clubes. “Queria entrar para o de leitura, mas é no dia da semana que estou em São Paulo. Agora, isolada na minha casa em Curitiba, entrei para o de cinema e para a turma virtual de leitura.”

Denise divide o tempo entre as duas cidades, trabalhando na Gallerist, curadoria de moda brasileira que mantém com as quatro filhas. Ela pretende seguir nos clubes após a pandemia. “Os clubes agregam gente com o mesmo interesse, mas você percebe olhares completamente diferentes do teu. Não só por faixa etária, mas bagagem de vida.”

Segundo clube lançado pela empresa, o de História chegou a ter uma palestra presencial em março, antes de migrar para o digital. Professor da disciplina, Guilherme Almeida fala das grandes civilizações e de como elas interferem no mundo até hoje – já abordou a Mesopotâmia, gregos e romanos. O casal Rita e Eurico participa do grupo: “Agora a gente não vai ao cinema, à casa dos amigos. Não janta fora. É uma maneira de encontrar pessoas”.

Maria Cristina e Paola em viagem a Myanmar, em 2019, quando levaram um grupo ao país Foto: Paola Gulin

Os três clubes combinam bem com o negócio de Paola e Maria Cristina. Tradicionalmente, elas organizam viagens de alto padrão, pensando na exclusividade, e o viajante segue sozinho o roteiro. Abriram uma exceção no ano passado, quando levaram um grupo a Myanmar. Deu certo. Tinham outra empreitada assim prevista para 2020, por Nepal e Butão. Por enquanto, as viagens vão se restringir aos livros mesmo. “Amo viajar, mas não penso nisso agora. Fico muito angustiada de pensar na pobreza, nas pessoas (sofrendo com o coronavírus). É momento de refletir”, diz Rita.

Quando e quanto

Volta ao Mundo Literária

O escritor Francisco Escorsim, à frente desde o início dos encontros presenciais, também comanda o clube de leitura no ambiente digital e recebe convidados especializados em temas correlatos. São reuniões quinzenais por aplicativo de videochamada, com uma hora e meia de duração. O clube de leitura tem site próprio: voltaaomundoliteraria.com.br. Quando: segunda-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 59 por mês.

CineNomad

É mediado por Marden Machado, roteirista e especialista em cinema. Os participantes assistem ao filme proposto para ser destacado no dia do clube. Em ambiente digital, os encontros são mensais e duram cerca de uma hora e meia. Quando: quarta-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 70 por encontro.

Clube de História

A proposta é entender a formação das civilizações e analisar o que se mantém delas na atualidade. O professor de História Guilherme Almeida desenvolve o tema com o grupo. Encontros virtuais de duas horas são realizados a cada 15 dias. Quando: quarta-feira, às 19h30. Quanto: R$ 200 por mês.

A curitibana Rita Abagge Greca já tinha vontade de conhecer Israel. Depois de ler A Mulher Foge, de David Grossman, e Minha Terra Prometida: O Triunfo e A Tragédia de Israel, de Ari Shavit, o embarque se tornou inevitável em 2019. “Falei para o meu marido: ‘Agora é a hora’. Fomos nós dois”, conta Rita, participante da Volta ao Mundo Literária, clube de leitura organizado pela NomadRoots. A empresa, localizada na capital paranaense, se especializou em criar roteiros personalizados e em promover palestras sobre temas diversos.

Após a pandemia, clube de leitura da NomadRoots migrou para o digital e acabou ganhando turmas Foto: Amanda Lavorato

A Volta ao Mundo Literária é um dos três clubes oferecidos pela Nomad, que tem também programas sobre cinema e história. O de leitura funcionava havia cinco anos e contava com três turmas de até 20 pessoas em Curitiba, quando passou a ser online por causa da pandemia do novo coronavírus. Além de transferir os grupos presenciais existentes, a empresa criou outro, que lê livros diferentes e que continuará digital mesmo após o fim da pandemia. A NomadRoots divulga as iniciativas no Instagram @nomad.roots.

Rita já participava do clube de leitura presencial por quatro anos – atualmente o grupo esmiúça Odisseia, de Homero. Na quarentena, se juntou também à turma exclusivamente virtual, que lê agora Umberto Eco com O Nome da Rosa. “Pessoalmente as discussões são mais ricas, mas virtualmente tem gente de outros lugares participando e convidados de qualquer parte do mundo. De todas as atividades que faço, sem dúvida o clube de leitura é a que me dá mais prazer. Eu aguardo ansiosa as aulas.”

Após ler dois livros sobre Israel, Rita combinou viagem ao país como marido,Eurico Foto: Rita Abagge Greca

Se viajar é conhecer o mundo do outro, fatos históricos, livros e filmes têm o poder de transportar o interlocutor aos lugares. Diante da pandemia, esse passeio mental serve de alento diante de dias isolados e do noticiário sobre a covid-19. “O clube de leitura sempre funcionou como uma experiência prazerosa, como um escape. Agora, mais ainda”, afirma Paola Gulin, à frente da NomadRoots. “A gente acredita muito que os dois negócios se complementam. As pessoas que participam das palestras, quando viajam, fazem de uma forma mais consciente, se aproximando mais de outras culturas”, diz Paola, que desde 2015 se juntou à mãe, Maria Cristina, no negócio aberto em 2013.

Na Volta ao Mundo Literária, Paola faz ainda uma curadoria de conteúdos relacionados à leitura da vez para indicar aos participantes: filmes, playlists e outros livros. “Estava com bastante receio se o público de mais idade iria se adaptar à tecnologia e se, mesmo virtualmente, seriam interações verdadeiras. Mas funcionou.”

Clubes para escolher

Mediado pelo escritor Francisco Escorsim, o grupo novo já esteve virtualmente pela Inglaterra de Jane Austen, com Orgulho e Preconceito. Já são mais 100 inscritos na turma que segue online após a pandemia. “Tem pessoas do interior da Bahia, brasileiros que moram na Suíça. A troca é muito rica. A gente acaba tendo outras percepções”, conta Paola. “Uma das coisas mais legais desses clubes é a interação.”

Ela fala no plural porque o freio por causa do coronavírus levou a NomadRoots a pensar em alternativas. Assim, nasceram clubes digitais para outros gostos. O mais recente é o de cinema. O CineNomads, com 30 inscritos, teve sua primeira edição em junho, sobre o filme Parasita.

“O mediador, Marden Machado, descreveu a linha do diretor do começo ao fim. Ele falou sobre a simbologia das escadas, que, quanto mais a pessoa subia, tinha um nível social mais alto. Fora que isso também provoca em você a vontade de viajar. Dá vontade de ir para a Coreia. Você quer conhecer aquilo”, conta Denise Cassou, que encontrou na quarentena a chance de participar dos clubes. “Queria entrar para o de leitura, mas é no dia da semana que estou em São Paulo. Agora, isolada na minha casa em Curitiba, entrei para o de cinema e para a turma virtual de leitura.”

Denise divide o tempo entre as duas cidades, trabalhando na Gallerist, curadoria de moda brasileira que mantém com as quatro filhas. Ela pretende seguir nos clubes após a pandemia. “Os clubes agregam gente com o mesmo interesse, mas você percebe olhares completamente diferentes do teu. Não só por faixa etária, mas bagagem de vida.”

Segundo clube lançado pela empresa, o de História chegou a ter uma palestra presencial em março, antes de migrar para o digital. Professor da disciplina, Guilherme Almeida fala das grandes civilizações e de como elas interferem no mundo até hoje – já abordou a Mesopotâmia, gregos e romanos. O casal Rita e Eurico participa do grupo: “Agora a gente não vai ao cinema, à casa dos amigos. Não janta fora. É uma maneira de encontrar pessoas”.

Maria Cristina e Paola em viagem a Myanmar, em 2019, quando levaram um grupo ao país Foto: Paola Gulin

Os três clubes combinam bem com o negócio de Paola e Maria Cristina. Tradicionalmente, elas organizam viagens de alto padrão, pensando na exclusividade, e o viajante segue sozinho o roteiro. Abriram uma exceção no ano passado, quando levaram um grupo a Myanmar. Deu certo. Tinham outra empreitada assim prevista para 2020, por Nepal e Butão. Por enquanto, as viagens vão se restringir aos livros mesmo. “Amo viajar, mas não penso nisso agora. Fico muito angustiada de pensar na pobreza, nas pessoas (sofrendo com o coronavírus). É momento de refletir”, diz Rita.

Quando e quanto

Volta ao Mundo Literária

O escritor Francisco Escorsim, à frente desde o início dos encontros presenciais, também comanda o clube de leitura no ambiente digital e recebe convidados especializados em temas correlatos. São reuniões quinzenais por aplicativo de videochamada, com uma hora e meia de duração. O clube de leitura tem site próprio: voltaaomundoliteraria.com.br. Quando: segunda-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 59 por mês.

CineNomad

É mediado por Marden Machado, roteirista e especialista em cinema. Os participantes assistem ao filme proposto para ser destacado no dia do clube. Em ambiente digital, os encontros são mensais e duram cerca de uma hora e meia. Quando: quarta-feira, às 19 horas. Quanto: R$ 70 por encontro.

Clube de História

A proposta é entender a formação das civilizações e analisar o que se mantém delas na atualidade. O professor de História Guilherme Almeida desenvolve o tema com o grupo. Encontros virtuais de duas horas são realizados a cada 15 dias. Quando: quarta-feira, às 19h30. Quanto: R$ 200 por mês.

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