A indústria opta pelo protecionismo

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Por Redação
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Como era de prever, os 2% de IOF sobre a entrada de algumas aplicações de capitais estrangeiros não tiveram efeito sobre a taxa cambial e alguns comentaristas consideram que o único objetivo do ministro da Fazenda foi reforçar as receitas federais. O relatório Focus, divulgado ontem, manteve a sua previsão de uma taxa cambial de R$ 1,70 no final do ano, como o da semana anterior, enquanto quatro semanas atrás a previsão do mercado era de R$ 1,80 por dólar.O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, foi muito crítico em relação ao novo IOF, embora desejasse que isso pudesse estimular as exportações e não favorecesse uma desindustrialização no País. Sua posição é de que o remédio para uma taxa cambial valorizada é o aumento da produtividade na indústria e a melhoraria da infraestrutura do Brasil, cujo estado lamentável é o grande responsável pelo preço elevado das exportações brasileiras.Os industriais têm uma visão diferente, pois, segundo pensam, o IOF não deu resultado porque a alíquota ficou abaixo do necessário e pedem que seja fixada entre 6% e 7%. É o tipo de raciocínio que se podia temer: em lugar de realizar novos investimos e de pressionar o governo para que dê prioridade à infraestrutura, optam pelo protecionismo, que, como se sabe, nunca deu resultados duradouros.Com essa posição, não percebem o risco de afastar o capital estrangeiro da Bolsa, que permitiu a muitas empresas brasileiras se capitalizarem a um custo baixo e dando liquidez a investimentos de longo prazo.Com efeito, o capital estrangeiro que não reagiu a um IOF de 2% agora estará desconfiado de que as normas brasileiras podem mudar da noite para o dia e até acabar com a rentabilidade esperada.Cabe ao ministro da Fazenda se manifestar claramente, e no menor prazo, sobre o pleito da indústria, assim como deixar de pensar em novas medidas que poderão ser tomadas para conseguir a desvalorização do real ante o dólar.Seria muito mais eficaz que o governo reconhecesse que é o ônus fiscal que impede uma retomada das exportações procurando reduzir a carga tributária e demonstrando sua vontade de investir na melhoria da infraestrutura, em lugar de privilegiar gastos de custeio com objetivos eleitorais.Não há melhor meio para dar um novo impulso à economia do que realizar gastos que terão um efeito positivo daqui para o futuro.

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