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Análise: Viagem ao Nordeste não deve ser cancelada, mas vale ficar de olho

O setor de turismo não deve sentir variações em reservas e cancelamentos nesse primeiro momento. Afinal, viagens de férias costumam ser planejadas com meses de antecedência e cancelar implica arcar com prejuízo financeiro

Foto do author Adriana Moreira

As manchas de óleo que surgiram nas praias do Nordeste este mês não causaram grande impacto no turismo da região – ainda. Sem saber exatamente de onde vem o petróleo cru e se o número de faixas de areia atingidas deve aumentar ou diminuir, fica difícil fazer uma projeção. Com o caso cercado de dúvidas, o setor não deve sentir variações em reservas e cancelamentos nesse primeiro momento. Afinal, viagens de férias costumam ser planejadas com meses de antecedência e cancelar, principalmente em cima da hora, implica arcar com prejuízo financeiro.

As primeiras manchas foram identificadas no dia 2, desde então, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Marinha do Brasil investigam a situação. Foto: Ibama

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De fato, não vale a pena para o turista que tem viagem marcada para o Nordeste mudar de planos agora. As operadoras e agências costumam ter planos B – se uma praia não está em boas condições, sempre é possível visitar outra, fazer um passeio alternativo, curtir a piscina do hotel. No entanto, se o problema persistir, é possível que a longo prazo o número de reservas caia nas praias mais atingidas. A pouco mais de dois meses do início da alta temporada, quem ainda está decidindo para onde viajar pode preferir outro destino, no qual não haja riscos. Ainda é cedo para saber. Mas o setor precisa estar em alerta. Além do mercado nacional, o Nordeste também recebe um grande número de turistas estrangeiros, estimulados por voos diretos que chegam principalmente a Fortaleza, Recife e Natal.

Não dá para desassociar turismo e meio ambiente. Sabemos que o excesso de turistas pode causar danosambientais, trazer especulação imobiliária, modificar o modo de vida de toda uma população. Por outro lado, quando as praias estão sujas, os rios poluídos e os corais mortos, os turistas se vão. Eles continuam viajando, mas trocam de destino. E o impacto para a economia local é direto.

Os primeiros a perceber são os pequenos comerciantes, muitos deles informais, que usam o turismo como fonte ou complemento de renda. Jangadeiros, ambulantes, pescadores, restaurantes pequenos, pousadas familiares são os primeiros a sentir as consequências. Por isso, é importante que os governos, prefeituras, associações e empresários se unam para melhorar a fiscalização não apenas num caso de grandes proporções como o do vazamento de petróleo, mas também no dia a dia. O turismo depende disso. 

*ADRIANA MOREIRA É EDITORA DO CADERNO 'VIAGEM'

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