Advogada é presa suspeita de envenenar e matar o pai e a avó do ex

Polícia investiga hipótese de que ela comprou os alimentos oferecidos durante o café da manhã em que ocorreu o envenenamento; ao ser detida, ela negou o crime

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Por Andréia Bahia
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A Polícia Civil de Goiás prendeu na noite dessa quarta-feira, 20, a advogada Amanda Partata Mortoza, suspeita de envenenar e assassinar Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 86. Eles são, respectivamente, o pai e a avó do seu ex-namorado.

A suspeita é de que os dois teriam sido envenenados durante o café da manhã de domingo, 17, ocasião em que a advogada também teria consumido os alimentos e passado mal. Mãe e filho foram internados com dores abdominais, vômitos e diarreia, e morreram ainda no domingo. Ainda não há exame laboratorial ou perícia que indique a presença de veneno na comida ou nos organismos dos três.

A advogada Amanda Partata foi presa suspeita de matar o ex-sogro e a mãe dele envenenados, em Goiânia. Foto: Reprodução Instagram @aamandapartata Foto: Reprodução Instagram @aamandap

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Inicialmente, cogitou-se uma intoxicação alimentar causada por produtos de uma doceria de Goiânia, o que a polícia descarta. Amanda, de 31 anos, já namorou com o filho de Leonardo. Ela comprou os alimentos do café nessa doceria, segundo a investigação.

O delegado que apura as mortes, Carlos Alfama, diz que o crime teria sido motivado por um “sentimento de rejeição” pelo fim do relacionamento com Leonardo Filho, que durou cerca de 45 dias, e acabou em 10 de agosto. Uma semana após o término do namoro, Amanda informou à família do ex-namorado sobre uma gestação, mas, segundo o delegado, ela não está grávida no momento.

De acordo com Alfama, desde 27 de julho Leonardo Filho tem recebido ameaças diárias por perfis falsos em redes sociais, ligações telefônicas e mensagens. Tais ameaças já eram investigadas pela polícia, que concluiu que elas partiram de perfis falsos criados por Amanda.

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Uma tecnologia era usada para mascarar o número original do celular que ligava e mandava mensagens. Este número de celular original está registrado no nome do irmão da Amanda e o número para recuperação de senha era o da suspeita, afirma o delegado. Leonardo Filho chegou a bloquear cem números de telefone.

Além de Leonardo, a família era ameaçada. “Uma das ameaças dizia: depois não adianta chorar em cima do sangue dele”, relata Alfama. Segundo ele, a boa relação com a família era falsa. Amanda se negou a passar a senha do celular, que será periciado.

Amanda, que estava hospedada em um hotel em Goiânia, foi a uma padaria comprar os alimentos que levou para o café, voltado ao hotel, e depois foi à casa da família do ex, por volta das 10h de domingo, onde ficou até as 13h.

Estavam à mesa Amanda, Leonardo Alves, a mãe dele, Luzia Tereza Alves, e o pai dele, que a polícia identificou como João. O idoso ainda não deu depoimento, mas a polícia foi informada que ele não consumiu nada no café. Antes mesmo de Amanda ir embora, o ex-sogro começou a passar mal.

Amanda voltou para Itumbiara, cidade onda mora, logo que saiu da casa do antigo namorado e, no caminho, recebeu mensagem do ex-sogro, na qual ele a orientava a buscar atendimento médico porque ele suspeitava que a comida estava estragada. A primeira suspeita da família foi intoxicação alimentar. Amanda só foi ao hospital à meia-noite, após saber da morte do ex-sogro.

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A polícia logo descartou essa possibilidade porque, diz o delegado, a intoxicação ou infecção alimentar ocorre de forma diferente em cada pessoa e o ex-sogro e a idosa tiveram a mesma evolução. Além disso, o período entre o consumo do alimento e a morte seria mais longo.

Leonardo começou a passar mal por volta das 13h e morreu à noite. Já mãe dele chegou a ser internada na UTI, e morreu de madrugada.

Os exames para comprovar a presença de veneno nos produtos consumidos no café e a necropsia dos corpos ainda estão em andamento.

Amanda foi presa em uma clínica psiquiátrica em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital. Segundo o delegado, ela teria sido internada pela família por volta do meio-dia dessa quarta, depois de ter tentado se matar com medicamento e acetona. Ela é investigada por duplo homicídio qualificado.

Suspeita diz que ‘amava a família’ e nega crime

Ao ser presa, a advogada, que se apresenta nas redes sociais como psicóloga e terapeuta cognitiva, afirmou não ter “feito isso” e que “amava a família”. Segundo a polícia, ela chegou a mostrar exames de gravidez à família do ex-namorado, mas, no momento, ela não espera um filho.

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Ainda na noite de quarta, o advogado da suspeita, Carlos Marcio Macedo, negou, em entrevista à imprensa, participação da cliente nas mortes. Ele disse ainda que Amanda estava internada em um hospital na hora da prisão.

Procurada novamente pelo Estadão, a defesa de Amanda Partata informou, em nota, que aguarda os desdobramentos das investigações para se manifestar quanto às acusações feitas pela Polícia Civil à advogada.

Dois advogados criminalistas representam Amanda no caso, Carlos Márcio Macedo e Rodrigo Lustosa, e na nota, eles afirmam que consideram a prisão ilegal, pois foi realizada no período noturno em hospital onde Amanda se encontrava internada sob cuidados médicos.

Eles informaram ainda que Amanda compareceu voluntariamente à Delegacia de Investigação de Homicídios, ainda na segunda-feira, entregando objetos e documentos e, por intermédio de seus advogados, informou sua localização e estado de saúde.

Correções

Diferentemente do informado na versão original da matéria, domingo foi dia 17 de dezembro

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