Lica Kohlrausch, a diretora da agência de modelos L´Equipe, que cuidava da carreira da modelo Ana Carolina Reston Macan, de 21 anos, que morreu na última terça-feira, divulgou um comunicado à imprensa para explicar a relação de sua agência com a modelo. A top morreu vítima de anorexia nervosa, depois que o seu quadro se agravou e evoluiu para uma infecção generalizada. A jovem, nascida em Jundiaí, numa família de classe média, tinha cerca de 40 quilos e 1,74 m de altura e um Índice de Massa Corporal (IMC) de apenas 13,2, quando o ideal é 18,5, de acordo com a Organização Mundial da saúde (OMS). Para calcular o índice, divide-se o peso pela altura ao quadrado. A menina deveria pesar pelo menos 57 quilos para estar saudável de acordo com o índice. Ana Carolina estava internada desde 25 de outubro com insuficiência renal. Foi enterrada no cemitério de Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo. Segundo o relato de Lica Kohlrausch, a agência que tinha contrato com a modelo desde 2005, mal a conhecia, como diz textualmente a nota "... a L´Equipe Agence praticamente passou a agenciar a modelo sem conhecê-la pessoalmente e, principalmente, sem tomar conhecimento de que ela já apresentava um quadro de anorexia". Confira a íntegra da nota: "A agência L´Equipe Agence, empresa que cuidava da carreira de Ana Carolina Reston, falecida no último dia 14 de novembro, vem por esse comunicado esclarecer alguns fatos. A modelo Ana Carolina (conhecida como Carol Reston) passou a fazer parte do casting da nossa agência em meados de julho de 2005. Ela chegou até nós por meio de algumas modelos da L´Equipe Agence que estavam trabalhando no México e a aconselharam a me procurar, já que certamente eu a ajudaria. Algumas complicações com sua agência anterior do Brasil, e seu contrato de trabalho no México, foram os motivos que fizeram a Carol buscar a minha ajuda. Na ocasião, a modelo perdeu o contato com a sua agência no Brasil, além da sua passagem aérea de volta ao País, que já se encontrava expirada. A direção da L´Equipe Agence, atendendo imediatamente ao pedido da modelo, que necessitava de uma representação urgente no México, pois não tinha nem lugar para morar, solicitou a uma agência-parceira mexicana (Shok Models) que a contratasse, já que a empresa local que a estava representando, até então, não demonstrara a preocupação necessária com a modelo. Sendo assim, a L´Equipe Agence praticamente passou a agenciar a modelo sem conhecê-la pessoalmente e, principalmente, sem tomar conhecimento de que ela já apresentava um quadro de anorexia. Segundo a agência mexicana que a assumiu, Carol estava magra mas com cara de saudável e foi solicitado a ela que ganhasse alguns quilos, já que o mercado do México exige modelos com mais curvas, perfil diverso ao da Carol. Ainda no México a modelo Carolina solicitou então que conseguíssemos um contrato no Japão. Atendendo a seu pedido foi negociado então um contrato com uma agência em Osaka. Na cidade, a modelo realizou trabalhos, porém a agência japonesa nos comunicou que a Carol estava muito magra e, por essa razão, deveria retornar ao Brasil. Ela voou de Osaka para o México e imediatamente compramos um bilhete do México para o Brasil. Com seu retorno, nós a encontramos pela primeira vez e percebemos que ela poderia estar realmente apresentando um problema grave de saúde. Imediatamente a equipe da agência indicou o Dr. Tommaso, um experiente especialista no tratamento de doenças relacionadas a transtornos alimentares, que trabalha conosco há anos. A modelo não compareceu às consultas e a agência foi comunicada. Após conversa, Carolina ficou de agendar novos encontros com o médico. Na mesma ocasião, o pai da modelo foi internado apresentando um quadro grave de saúde e a agência optou por deixá-la ao lado da família, não marcando mais nenhum trabalho com ela, até que passasse esse período. E que ela pudesse se recuperar emocionalmente de tudo que estava acontecendo em sua vida. Após a internação de Carolina no hospital, constantemente, um funcionário da agência a visitava, e toda a equipe médica responsável pela modelo demonstrava extrema preocupação com o caso, pois ela sentia fortes dores nos rins e apresentava um quadro de infecção generalizada. Sobre o possível trabalho que Carolina realizaria em Paris, mencionado em diversas matérias sobre o caso, veiculadas na imprensa, a direção da agência afirma não ter conhecimento, já que nos últimos dias, Carolina encontrava-se relativamente afastada da agência para os cuidados com sua saúde. AL´Equipe reforça que sua filosofia sempre foi cuidar da saúde de seus profissionais, baseado em hábitos alimentares e físicos saudáveis, e lamenta muito o fato ocorrido com Ana Carolina Reston. E mesmo nesse período agudo, a agência nunca deixou de prestar ajuda à modelo e sua família. Somos uma agência séria e reconhecida pelo mercado por aconselhar e cuidar de todas as nossas modelos, sem estipular qualquer tipo de padrão estético. Aconselhamos, inclusive, a continuidade dos estudos, cursos de línguas e dramaturgia, pois isso possibilita uma gama maior de trabalhos e, conseqüentemente, sucesso profissional. Não exigimos que nossos profissionais sejam ?magérrimos?. Aqueles que possuem o biotipo e as medidas naturalmente estreitas, trabalham com moda, e os que não têm, seguem para a propaganda. É bom ressaltar, que como em qualquer segmento da economia, existem agências boas e ruins. A L?equipe se posiciona do lado das boas, com uma história de 18 anos, intacta e sempre correta com seus profissionais, que somam mais de 180 no nosso casting. O importante nessa triste história é entender o que pode ter levado uma menina maravilhosa, como a Carolina, a uma tragédia como essa".
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