Mais pessoas morrem por causa de água poluída a cada ano do que por todas as formas de violência, inclusive guerras, diz um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado hoje, no Dia Mundial da Água. Segundo o "Água Doente", relatório do Programa de Meio Ambiente da ONU, 3,7% de todas as mortes são atribuídas a doenças relacionadas à água, o que resulta em milhões de mortes. Mais de metade dos leitos hospitalares do mundo são ocupados por pessoas que sofrem com doenças relacionadas à água, informa o documento.O relatório também enfatiza a necessidade de se fornecer água limpa em todos os países e lembra que cerca de 2 bilhões de toneladas de resíduos líquidos - incluindo esgoto e lixo industrial - são despejados diariamente nos ecossistemas, ajudando a espalhar doenças. "Se não formos capazes de gerenciar nosso lixo, isso vai significar mais pessoas morrendo de doenças relacionadas à água", disse Achim Steiner, subsecretário-geral e diretor-executivo do programa de meio ambiente da ONU.O relatório diz que são necessários três litros de água para produzir um litro de água potável e que a água potável nos Estados Unidos requer o consumo de cerca de 17 milhões de barris de petróleo diariamente. Outros dados mostram que a melhora do gerenciamento da água de reúso na Europa resultou em significativas melhoras ambientais no continente, mas adverte que a quantidade de zonas mortas nos oceanos continuam a se espalhar por todo o mundo. Zonas mortes são áreas sem oxigênio, fenômeno causado pela poluição. "Se o planeta de 6 bilhões de pessoas deve chegar a 9 bilhões até 2050, precisamos ser mais inteligentes coletivamente sobre como gerenciamos nosso lixo, incluindo resíduos líquidos", disse Steiner. No documento, a ONU lembra que a qualidade da água em todo o mundo é ameaçada pelo crescimento populacional e pela expansão das atividades industrial e agrícola e lembra também que as mudanças climáticas ameaçam alterar o ciclo global hídrico.E que há a necessidade urgente que os setores público e privado de todo o mundo se unam para assumir o desafio de proteger e melhorar a qualidade de rios, lagos, aquíferos e torneiras. Para tanto, diz o documento, devemos nos comprometer a evitar a poluição futura da água, tratando as já contaminadas, e restaurar a qualidade e saúde de rios, lagos aquíferos e ecossistemas aquáticos.Além da questão humana, o relatório fala sobre as perdas econômicas decorrentes, lembrando que a falta de água e de instalações sanitárias, apenas na África, são estimadas em US$ 28,4 bilhões, ou cerca de 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
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