O velório da adolescente Karoline Alves Verri, de 17 anos, morta com um tiro na cabeça durante um ataque à Escola Estadual Helena Kolody, em Cambé, no Paraná, na manhã de segunda-feira (19), começou no início da madrugada desta terça, 20. A chegada do corpo da jovem ao salão paroquial da Igreja Matriz de Cambé foi acompanhada por dezenas de amigos e familiares, ainda muito abalados com a tragédia.
O pai da Karoline, Dilson Antônio Alves, conta que ainda custa a acreditar no que aconteceu: “É um momento difícil para nossa família, estamos aqui chorando os mortos. Não tem nem como explicar o que aconteceu, foi muito violento.”
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Ele afirma que a filha tinha muitos sonhos. A jovem estava no último ano do ensino médio e, assim que terminasse os estudos, pretendia fazer um intercâmbio para os Estados Unidos. “O sonho dela era de casar, ter filhos. Ela queria ser professora, fazer um curso de gastronomia. Tinha planos de ir para os Estados Unidos, ficar um tempo lá, depois voltar e terminar o curso, aí atuar (na área) e casar e ser mãe”, conta Alves.
O pai também confirma que a filha era bastante atuante na igreja. “A Karoline era sorridente... Estava sempre sorrindo e muito feliz. Sempre sendo uma filha exemplar, prestadora de serviços para igreja, menina de Deus”, diz.
Alves também comentou a relação que a filha tinha com Luan Augusto, de 16 anos, o outro aluno baleado no ataque. O rapaz chegou a ser socorrido com vida para o Hospital Universitário de Londrina, mas também morreu durante a madrugada desta terça-feira. A família dele autorizou a doação de órgãos.
“Quando eles começaram a namorar, faziam tudo juntos, os trabalhos para igreja. Eles estavam muito felizes, tinham planos futuros juntos e tudo isso foi interrompido de uma forma brutal”, lamenta o pai da Karoline.
Alves também diz que ficou sabendo da morte de Luan ainda na madrugada: “É uma fatalidade. Menino de Deus, bom, sempre respeitou a nossa casa e a Karol e não merecia tudo isso. É uma tragédia”.
Bastante religioso, o pai da jovem destaca que a família se apegou na fé para lidar com o momento tão difícil. “É o que a gente está buscando aqui. Só Deus nessa hora para nos dar força e nos ajudar a entender tudo isso.”
Autor do ataque foi preso
Conforme o governo estadual, o ex-aluno entrou armado no colégio, alegando que solicitaria seu histórico escolar. O município fica a cerca de 15 quilômetros de Londrina. Ele foi detido após ser imobilizado por um professor e encaminhado para a cidade vizinha. A polícia ainda investiga a motivação do crime.
ele se dirigiu até os alunos e atirou várias vezes, conforme as investigações. Pelo menos 16 disparos foram efetuados em direção às vítimas. Karoline não resistiu aos ferimentos e faleceu no local. Luan veio a óbito na madrugada desta terça-feira. Ele foio socorrido, mas seu estado de saúde era considerado gravíssimo.
“Ele tinha essa ideia na cabeça há quatro anos. Ele comprou o revólver, já com um tempo considerável, há um mês e meio. Também comprou a machadinha no dia 10 de junho”, afirmou o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro, que investiga o caso. Ele revelou ainda que o suspeito esteve na escola há cerca de 30 dias para analisar o espaço antes de cometer o ataque.
Velório conjunto
O avô de Luan Augusto disse que quer que o corpo do neto seja velado junto com o da namorada, Karoline Verri Alves, de 17 anos, também morta no atentado. O velório da adolescente começou de madrugada no salão paroquial da Igreja Matriz de Cambé e deve seguir até as 17h, horário previsto para o sepultamento da jovem no cemitério municipal da cidade.
Valdomiro Augusto da Silva revelou o desejo da família em uma entrevista concedida em frente ao Hospital Universitário de Londrina (PR), onde Luan faleceu na madrugada desta terça-feira. A família autorizou a doação das córneas do rapaz. O corpo já foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML).
“Eu voltei aqui no hospital porque a gente quer velar os dois juntos, e a menina o enterro é às 17h. Toda a igreja católica está envolvida. Queremos agilizar aqui para que a gente possa velar um pouquinho os dois juntos. A comunidade está pedindo isso. A comunidade está pedindo isso, eles eram muito amados por todos. Eram dois meninos de Deus, sabe”, diz o avô.
Ele disse que era muito próximo do neto, e que o sonho dele era ser perito criminal. O rapaz, segundo o avô, era muito apaixonado pela namorada, e o casal, inclusive, já planejava se casar. “Eles não eram dois, eram um”, afirma.
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