Alunos de 14 a 17 anos do Colégio Tiradentes, em Belo Horizonte, precisaram ser socorridos na manhã desta terça-feira, 9, após terem sido expostos a gás lacrimogêneo na escola. Eles apresentaram sintomas como ânsia de vômito, dificuldade de respiração e crise de ansiedade. Alguns chegaram a ser levados para a unidade de saúde mais próxima, onde foram atendidos e liberados.
Houve correria e pânico no local, mas as aulas não chegaram a ser suspensas. No momento em que os estudantes começaram a se sentir mal, por volta das 7h30, ocorria a chamada de presença na quadra da instituição de ensino. De acordo com o Corpo de Bombeiros, que prestou os primeiros atendimentos junto com o Samu e a Polícia Militar, 30 alunos foram atendidos. Já a PM fala em 15.
O colégio, que fica no Bairro Prado, região Oeste de Belo Horizonte, é administrado pela Polícia Militar, que mantém na região uma academia de formação de soldados. De acordo com a PM, a provável causa do contato dos estudantes com a substância seria um escapamento ocorrido durante um treinamento prático com granada de gás lacrimogêneo realizado na academia, que fica no mesmo quarteirão da escola.
Um inquérito vai apurar se houve falhas no protocolo durante as atividades da academia. A major Layla Brunnela, da assessoria de imprensa da PM, afirmou que os treinamentos com substâncias químicas foram suspensos temporariamente, e a administração da academia não descarta rever os procedimentos. Ela afirmou que a substância teria sido levada pelo vento após um instrutor utilizar o dispositivo de gás lacrimogêneo dentro de uma barraca.
“A Academia de Policia Militar está no bairro Prado há algumas décadas, e esse tipo de treinamento, com equipamentos de menor potencial ofensivo, é rotina. Todo gás, todas as granadas utilizadas ficam retidas dentro de barracas. Durante entradas e saídas dessas barracas de gases, houve a dispersão de parte do agente químico, por questão de vento mesmo”, afirmou a porta-voz da PM mineira.
Segundo ela, esses agentes químicos trazem “inquietação” a quem se expõe a eles, como ardência na garganta, dificuldade respiratória, ardência no nariz e sensação de ânsia de vômito. “Todas essas situações são passageiras”, afirmou a policial. O atendimento, chamado de “descontaminação”, é feito com o uso de água corrente para lavar os olhos e o rosto.
O comando da escola instaurou inquérito para verificar se houve alguma falha na execução da parte prática do treinamento e "se o protocolo que está sendo seguido há tanto tempo precisa ser revisto em algum ponto”.
No último domingo, um soldado teve ferimentos na mão após uma granada explodir durante um treinamento no mesmo local. Um outro inquérito foi aberto para investigar o incidente. “São situações distintas, apesar de o curso ser o mesmo. Nesses últimos anos, com 6 mil militares treinados, nós tivemos três incidentes com granadas. É um número baixo”, afirmou. Segundo a major Layla, as investigações ocorrerão separadamente, para identificar se houve falha em equipamentos ou falha humana.
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