Um apagão cibernético global afetou diversos países na madrugada desta sexta-feira, 19 (horário de Brasília), com efeitos em serviços de banco, de voos e de mídia. No Brasil, o Ministério de Portos e Aeroportos admite “atrasos pontuais” diante de impactos nos sistemas de check-in de parte das companhias aéreas. As empresas têm recomendado aos passageiros a chegada e o embarque com antecedência para evitar eventuais transtornos.
“Isto (apagão cibernético) tem provocado alguns atrasos pontuais em voos, mas sem impactos na operação de pousos e decolagens até o momento no Brasil”, informa o ministério, em nota. Segundo a pasta, o controle de tráfego aéreo não foi afetado.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também afirma que “alguns operadores aéreos relataram problemas pontuais com sistemas de check-in, o que gerou atrasos pontuais”. O órgão ainda orienta os passageiros a chegarem com antecedência nos aeroportos.
Aplicativos de bancos, como o Bradesco, também têm apresentado falhas no Brasil por causa da pane global. A instabilidade nos sistemas foi notada ainda em hospitais de São Paulo.
O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), foi um dos mais afetados. “A falha e a instabilidade global em uma plataforma utilizada pela Azul impactaram o sistema de check-in da companhia aérea, gerando um total de 15 voos atrasados de chegada e 24 voos de partida até as 11h30 desta sexta”, informou a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, responsável pelo terminal.
A empresa afirma ter acionado “planos de contingência para reduzir os impactos” e diz que “os demais sistemas do aeroporto” operam normalmente.
A Azul Linhas Aéreas Brasileiras informou que os canais digitais voltaram a ficar disponíveis. A companhia afirma ter registrado atrasos pontuais em parte de seus voos.
A orientação é que os clientes que possuem voo nesta sexta-feira verifiquem o status da sua reserva no app ou site da Azul antes de se dirigir ao aeroporto. A companhia recomenda que os clientes priorizem os check-in nos canais digitais e que cheguem com maior antecedência ao aeroporto para embarque.
A Gol Linhas Aéreas afirma que seus sistemas e operações nos aeroportos não foram impactados até o momento.
Já a Latam Airlines disse que “não registrou impactos diante da queda massiva de sistemas”. Recomendou ainda “aos seus passageiros que verifiquem o status dos voos como medida de precaução em https://www.latamairlines.com/br/pt/minhas-viagens.”
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A Aena - concessionária responsável por 17 aeroportos no Brasil, incluindo o de Congonhas, em São Paulo - informa que os sistemas de todos os terminais sob sua gestão no Brasil “estão funcionando normalmente e não houve impactos às operações de pouso e decolagem”.
Ainda conforme a empresa, os oito voos com decolagens atrasadas nesses terminais nesta sexta - a maioria no Aeroporto de Recife - são “por questões das companhias aéreas”.
Já a GRU, responsável pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, informa que as operações seguem normalmente.
A Zurich Airport Brasil, concessionária que administra os aeroportos de Florianópolis, Natal e Vitória, informa que, neste momento, as companhias aéreas Azul e Latam estão realizando o check-in, a etiquetagem de bagagem e o embarque de forma manual, o que aumenta o tempo desses procedimentos e pode gerar atrasos.
Nesta manhã, informa a empresa, foram registrados atrasos em 11 voos no Aeroporto de Florianópolis, 5 atrasos no Aeroporto de Vitória e 1 atraso no Aeroporto de Natal.
Conforme a Infraero, devido à intermitência no sistema de check-in, algumas empresas estão fazendo o procedimento de forma manual no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. As empresas aéreas reportaram que esta intermitência é a nível nacional. Até o momento, nenhum outro impacto foi registrado terminal carioca.
Em casos de atrasos, cancelamento ou interrupção do serviço, vale o previsto pela Resolução 400 da Anac. Quando um voo atrasa mais de 30 minutos ou é cancelado, a empresa aérea deve cumprir uma série de procedimentos:
- manter o passageiro informado a cada 30 minutos quanto à previsão de partida dos voos atrasados;
- informar imediatamente a ocorrência do atraso, do cancelamento e da interrupção do serviço;
- oferecer gratuitamente, conforme o tempo de espera, assistência material;
- oferecer reacomodação e reembolso integral, cabendo a escolha ao passageiro, quando houver atraso de voo superior a 4 horas ou cancelamento.
A assistência material é oferecida nos casos de atraso, cancelamento, interrupção de voo e preterição (negativa) de embarque. A assistência deve ser oferecida gratuitamente pela aérea, independentemente dos motivos do atraso/cancelamento/preterição. Ela será fornecida conforme o tempo de espera, contado a partir do momento do atraso, cancelamento ou preterição de embarque:
- A partir de 1 hora: comunicação (internet, telefone etc.);
- A partir de 2 horas: alimentação (voucher, refeição, lanche etc.);
- A partir de 4 horas: hospedagem (só em caso de pernoite no aeroporto) e transporte de ida e volta. Se o passageiro estiver no local de seu domicílio, a empresa pode oferecer só o transporte para sua residência e de sua casa para o aeroporto.
O que causou o apagão cibernético global?
Diversos países reportaram problemas técnicos que afetaram redes de televisão nacionais, aeroportos internacionais, operadoras ferroviárias, bolsas de valores e outros serviços nesta sexta-feira. A autoridade nacional de cibersegurança da Austrália anunciou que várias empresas foram afetadas por um “apagão técnico em larga escala” e companhias nos Estados Unidos, Espanha, Reino Unido, Nova Zelândia, Índia, e Holanda também reportaram dificuldade.
A interrupção foi atribuída à CrowdStrike, empresa de segurança cibernética cujo software é usado por dezenas de indústrias ao redor do mundo para proteger contra hackers e violações externas. Uma atualização falha de um software chamado Falcon Sensor, emitida pela CrowdStrike, estaria na raiz do problema, resultando em travamentos de máquinas que executam o sistema operacional Microsoft Windows.
A informação foi divulgada pelo pesquisador e consultor independente de segurança cibernética Lukasz Olejnik. De acordo com ele, não há indícios de que o apagão esteja relacionado a um ataque hacker. Embora uma correção atualizada já tenha sido enviada aos computadores, Olejnik afirma que não estava claro quanto tempo levaria para resolver o problema.
Em comunicado, a empresa americana Microsoft afirmou que estava adotando medidas para solucionar a situação. “Os nossos serviços continuam observando melhorias contínuas enquanto seguimos adotando medidas de mitigação”, escreveu a empresa na rede social X (antigo Twitter).
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