Após matar 10 no Sul, ciclone bomba traz vento de até 90 km/h para SP e Rio

Nove vítimas são de Santa Catarina e uma é do Rio Grande do Sul; reflexos são sentidos em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná

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Por Fabio Bispo e Lucas Rivas

O ciclone bomba que atinge o Sul do País desde terça-feira, 30, deixou ao menos dez mortos, além de um rastro de destruição. Nove vítimas fatais são de Santa Catarina e uma é do Rio Grande do Sul. Os ventos chegaram a 120 km/h, o equivalente a um furacão de categoria 1 na escala Saffir-Simpson. Rajadas de até 90 km/h são esperadas nos Estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e no Paraná nesta quarta-feira, 1º.

Em Santa Catarina, foram registradas mortes em Chapecó (1), Santo Amaro da Imperatriz (1), Tijucas (3), Governador Celso Ramos (1), Ilhota (1), Itaiópolis (1) e Rio dos Cedros (1). Um morador segue desaparecido em Brusque. No Rio Grande do Sul, Vanderlei Oliveira, de 53 anos, morreu após ser soterrado por um deslizamento de terra em Nova Prata, na Serra Gaúcha. Ele trabalhava em uma construção no momento do desmoramento.

Ciclone bomba causou mortes em Santa Catarina Foto: Prefeitura de Chapecó/Divulgação

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A tempestade causou quedas de árvores e postes e destelhamento de residências. Mais de 1,5 milhão de pessoas ficaram sem energia elétrica apenas em Santa Catarina, número próximo de 900 mil no Rio Grande do Sul. 

Segundo a Defesa Civil gaúcha 1.035 pessoas estão fora de suas residências em 16 cidades. Os municípios mais atingidos são Vacaria, com 520 pessoas desalojados, e Capão Bonito do Sul, com 400 moradores atingidos. Em Iraí, no norte do estado, o vendaval destelhou ao menos 300 casas, afetando 250 famílias. A prefeitura de Porto Alegre registrou a queda de 23 árvores, além de como de postes e fios.

De acordo com a Defesa Civil catarinense, foram registrados estragos em 83 municípios até as 6h30. As coordenadorias de Blumenau e Florianópolis atenderam ocorrências em nove municípios cada. Em Palhoça, na região metropolitana, 10 unidades de educação foram afetadas e um ginásio teve o telhado arrancado pela força do vento.

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O Corpo de Bombeiros de Santa Catarina somou mais de 1,6 mil ocorrências atendidas entre terça e as 7h30 desta quarta. Mais de mil soldados ficaram empenhados nos trabalhos, com o auxílio de 380 viaturas. Já a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) está com 300 equipes trabalhando para retomar a energia.

Ciclone geralmente ocorre associado a contraste de temperatura

O ciclone foi alertado pela Marinha, que comunicou ressaca com ondas de três e quatro metros no litoral gaúcho e catarinense. "O ciclone bomba é um centro de baixa pressão atmosférica de formação explosiva que tem queda da pressão em seu centro mais rápida que o normal", explica a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia.

"Quanto mais baixa a pressão atmosférica numa determinada área, mais tem elevação de ar e nuvens carregadas", aponta. O fenômeno ocorre, geralmente, associado a contraste de temperatura. Há poucos dias, houve calor histórico e agora há incursão de potente massa de ar polar.

O evento é comum no inverno do norte da Europa e no nordeste dos Estados Unidos, onde recebe o nome de Nor’Easter. No Atlântico Sul, é mais comum em latitudes mais ao Sul, mais frequentemente a sudeste do Rio da Prata, na costa da Argentina, ou no cinturão de baixas da Antártida. São estes ciclones que “sugam” ar muito frio e trazem queda de temperatura. Isso explica a previsão para temperaturas negativas nas regiões mais altas das serras gaúcha e catarinense.

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A meteorologista alerta que nesta quarta-feira, 1º, o ciclone alcança a faixa leste de todo o sul do Brasil e se estendendo até o litoral paulista. Os riscos são de vento forte e intensa sensação de frio. No litoral Sul de São Paulo, cerca de 20 embarcações afundaram ou foram danificadas após serem atingidas por grandes ondas em Peruíbe. Barcos de pesca e lanchas que estavam amarradas a um píer de atracação foram arrancados pelo vendaval.

Após a madrugada com fortes ventos, o amanhecer na cidade de São Paulo foi com nebulosidade e termômetros na casa dos 18º C, em média, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), da Prefeitura de São Paulo.

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