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Arcebispo de SP critica referência à Santa Ceia em abertura das Olimpíadas 2024: ‘Deboche’

Trecho da cerimônia associado à passagem bíblica foi alvo de críticas, principalmente de entidades religiosas; diretor do espetáculo nega intenção de zombar do cristianismo

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Por Redação
Atualização:

O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, criticou nesse sábado, 27, a encenação associada à Última Ceia, obra de Leonardo Da Vinci, que fez parte do roteiro de atrações da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.Para nós, cristãos, não se trata somente de uma obra de arte. Ela retrata o Evangelho e o significado mais profundo e belo da Eucaristia”, escreveu no X (ex-Twitter).

Na seção que homenageava a moda francesa, que percorreu o Rio Sena, drag queens à frente de um banquete foram interpretadas como uma sátira à última refeição de Jesus Cristo. Já o diretor artístico do espetáculo, Thomas Jolly, negou intenção de zombar do cristianismo e disse que o objetivo era passar uma mensagem de diversidade e inclusão.

“Será que o deboche a partir da última ceia não reproduz e reforça os preconceitos que se querem combater, fazem sofrer… levaram a violências?”, questionou Dom Odilo na publicação nas redes sociais.

A conferência dos bispos da Igreja Católica Francesa e líderes religiosos espalhados pelo mundo também protestaram contra a encenação. Para a entidade francesa, o retrato bíblico de Cristo com os apóstolos recriado pelos organizadores da festa foi “escárnio” e “zombaria com o cristianismo”. A entidade ainda disse lamentar por “todos os cristãos” que foram “feridos pela ofensa e provocação de certas cenas”.

Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris supostamente recria Santa Ceia com draq queens e causa protesto de bispos Foto: @Olympics (X)/Reprodução

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Na cobertura do evento na sexta, o perfil oficial dos Jogos Olímpicos no X (antigo Twitter) afirmou que a cena é uma referência à Grécia antiga. “A interpretação do deus grego Dionísio nos conscientiza do absurdo da violência entre os seres humanos”, escreveu. Ou seja, ao centro, não estaria um Jesus seminu e pintado de azul, mas o deus Dionísio - interpretado pelo ator Philippe Katerine.

“Acho que ficou bem claro... tem Dionísio, que chega nessa mesa. Ele está lá, porque é deus da festa (...), do vinho, e pai de Sequana, deusa aparentada ao rio (...) A ideia era antes ter um grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo... Olimpo... Olimpismo “, afirmou o diretor artístico da cerimônia de abertura, Thomas Jolly no sábado, 27.

Anne Descamps, porta-voz dos Jogos Olímpicos de Paris, também comentou o episódio. “Claramente nunca houve a intenção de demonstrar desrespeito a qualquer grupo religioso. Ao contrário, eu penso como Thomas Jolly. Realmente tentamos celebrar a tolerância comunitária”, disse.

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“Olhando para o resultado das pesquisas que fizemos, acreditamos que essa ambição foi alcançada. Se as pessoas se sentiram ofendidas, estamos, é claro, realmente sentimos muito”, acrescentou ela, em coletiva de imprensa neste domingo, 28.

No Brasil, políticos reagiram à cena

No Brasil, houve críticas à encenação até de políticos em campos opostos. O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) afirmou que se tratava de uma “versão LGBTQUA+ (sic) da Santa Ceia” que “profanava a fé de bilhões”.

Já o senador petista Randolfe Rodrigues (Amapá) afirmou que a cena foi a “bola fora” da cerimônia de abertura da competição. “Não será ofendendo símbolos religiosos, que nós promoveremos a inclusão de todos”, escreveu no X.

A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), por sua vez, criticou as associações de que a imagem de pessoas LGBTQIA+ sentadas diante de uma mesa representem “identitarismo” ou sejam associadas ao cristianismo. / COM AP E AFP

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