RIO - Amigos e parceiros de samba desde que se conheceram em um pagode em Cascadura, na zona norte carioca, há 42 anos, os compositores Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho foram exaltados nos primeiros desfiles do Sambódromo da Marquês de Sapucaí neste domingo, 19. Suas histórias de vida, que correram próximas, foram contadas nos enredos das duas primeiras agremiações a se apresentar, o Império Serrano e a Grande Rio, respectivamente.
A passagem de Arlindo em um carro alegórico, com sinais do acidente vascular cerebral que sofreu há quase seis anos – o compositor só se comunica por expressões faciais e estava sob supervisão médica – comoveu a plateia em todos os setores.
Arlindo e Zeca não desfilaram juntos, porque Arlindo esteve no último carro do Império e Zeca fecharia o desfile da Grande Rio. Mas os dois enredos se entrelaçam – e a sequência foi um acaso, já que a posição da Grande Rio foi escolhida por sorteio. O Império Serrano, como egresso da segunda divisão, cujo concurso venceu em 2022, obrigatoriamente abriria a primeira noite.
As duas escolas figuram em situações opostas. A Grande Rio é a atual campeã e, até o início do desfile deste domingo, figurava como forte candidata ao bicampeonato. Já o Império Serrano, cujo último título foi há 41 anos, acabou de subir para a primeira divisão do carnaval carioca e tem por principal aspiração não voltar a descer, situação que vive com frequência. Se faltou luxo, sobrou emoção durante o desfile da escola de Madureira (zona norte do Rio). Arlindo desfilou acompanhado pela mulher, Babi, por outros familiares, amigos e profissionais de saúde
Carnaval 2023: veja imagens do 1º dia de desfiles no Rio
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Império Serrano
A Império Serrano abriu os desfiles do carnaval do Rio de Janeiro em 2023. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Império Serrano
A sede da escola de samba fica localizada na região de Madureira, zona sul do Rio. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Império Serrano
As cores da escola, verde, branco e amarelo, estiveram presentes no desfile. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Império Serrano
O homenageado do enredo foi o sambista Arlindo Cruz, que sofreu um AVC em 2017. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Império Serrano
O próprio sambista esteve presente durante o desfile no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Grande Rio
A escola de samba Acadêmicos do Grande Rio foi a segunda a entrar na avenida neste domingo, 20. Foto: André Coelho/EFE
Grande Rio
Zeca Pagodinho foi o homenageado da escola em 2023, e chegou a desfilar num carro alegórico. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Grande Rio
A atriz Paolla Oliveira foi a rainha de bateria e apareceu com adereços prateados no desfile da Grande Rio. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Grande Rio
Grande Rio foi a segunda escola a desfilar no carnaval carioca em 2023. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Grande Rio
Grande Rio foi a segunda escola a desfilar no carnaval carioca em 2023. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Mocidade Independente de Padre Miguel na Sapucaí
A agremiação conta a história de artistas do Alto do Moura, em Caruaru/PE, que são discípulos de Mestre Vitalino e fazem obras por meio do barro. Foto...Mais
"Terra de meu Céu, Estrelas de meu Chão"
O enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel enfatiza o legado do artesão e músico Mestre Vitalino. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Marquês de Sapucaí no desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel
A terceira escola a desfilar chamou a atenção para as artes plásticas. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Como a rainha do jogo de xadrez
Giovanna Angélica, Rainha de Bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Atração especial na Marquês de Sapucaí
A supermodelo brasileira Gisele Bündchen curte a noite de desfiles em camarote. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Atração especial na Marquês de Sapucaí
A supermodelo brasileira Gisele Bündchen curte a noite de desfiles em camarote. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Unidos da Tijuca é a quarta agremiação a desfilar
"É Onda Que Vai… É Onda Que Vem… Serei a Baía de Todos Os Santos a Se Mirar No Samba da Minha Terra" é o enredo da escola. Foto: André Coelho/EFE
Conexão Bahia - África é destaque na abertura
Atriz Juliana Alves como Iemanjá na comissão de frente. Foto: André Coelho/EFE
Cenografia inédita
Com Juliana Alves, comissão de frente da Unidos da Tijuca faz história como a primeira a fazer uma performance com as luzes apagadas no Carnaval. Foto...Mais
Bahia de Todos os Santos
Unidos da Tijuca fala sobre musicalidade, festas e cultura por meio do lúdico. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Bahia de Todos os Santos
Unidos da Tijuca fala sobre musicalidade, festas e cultura por meio do lúdico. Foto: André Coelho/EFE
Lexa, Rainha de Bateria da Unidos da Tijuca
A cantora representa uma sereia no sambódromo. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Acadêmicos do Salgueiro chega à Sapucaí
Penúltima escola a desfilar na noite fala sobre "Delírios de um Paraíso Vermelho". Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Acadêmicos do Salgueiro chega à Sapucaí
Joãosinho Trinta também é homenageado no desfile, que quer ressaltar a liberdade de expressão. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Uma das estrelas da noite
Viviane Araújo, a Rainha de Bateria da Salgueiro. Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Uma das estrelas da noite
Viviane Araújo, a Rainha de Bateria da Salgueiro. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
"As Áfricas que a Bahia canta"
Última escola da noite, Estação Primeira de Mangueira ressalta os fatores que mostram a África na Bahia. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Protagonismo feminino e musicalidade
Escola apresenta a afro-baianidade a partir do século 19 até a atualidade. Foto: Ricardo Moraes/Reuters
O amanhecer na Sapucaí
Nobreza dos clubes negros e realeza africana também são destaques no desfile da Mangueira. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Mangueira encerra primeira noite de desfiles no Rio
A Rainha de Bateria da escola, Evelyn Bastos. Foto: Pedro Kirilos/Estadão
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O Império apresentou fantasias e carros alegóricos simplórios, mas representativos da história narrada. A partir da canção “Meu Lugar”, um dos sucessos de Arlindo, a agremiação apresentou o bairro de Madureira, referências à história do Império e, claro, a passagens fundamentais da vida de Arlindo. Alas retrataram músicas como “Camarão que dorme a onda leva” e “Bagaço da Laranja”, duas parcerias de sucesso com Zeca (a primeira também com Beto sem Braço).
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Também falou de lugares como o Cacique de Ramos, bloco carnavalesco onde surgiu o grupo Fundo de Quintal, que Arlindo integrou. Também foram homenageados outros parceiros e inspiradores de Arlindo, como Mano Décio da Viola e Dona Ivone Lara. A religiosidade do sambista também foi bastante exaltada.
Já a Grande Rio iniciou o desfile esbanjando luxo, como se esperava. O primeiro carro alegórico trazia uma representação de São Jorge muito aplaudida pelo público. Um barril de chope foi instalado para abastecer Zeca Pagodinho ao longo da apresentação.