Arquitetura era inadequada contra fogo

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A Estação Antártica Comandante Ferraz, inaugurada em 1984, tinha uma arquitetura inadequada em termos de segurança contra incêndio, o que pode ter facilitado a propagação do fogo.A maioria das estações no continente tem módulos que são separados fisicamente uns dos outros, justamente para reduzir o risco de propagação de incêndios. Mas a estação brasileira era organizada em um módulo único, com quase todos os ambientes conectados debaixo de um mesmo teto - incluindo a sala de máquinas para geração de energia, onde começou o incêndio."É um conceito arquitetônico não muito bom nesse sentido. O risco de proliferação do fogo é muito maior", diz o pesquisador Heitor Evangelista da Silva, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ele é membro do Painel Brasileiro para Mudanças Climáticas e do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas, e já esteve 14 vezes na estação brasileira. Alto risco. O risco de incêndio, segundo ele, é uma preocupação constante de todas as bases de pesquisa na Antártida. Por causa das baixas temperaturas do ambiente polar, é preciso produzir muito calor para manter as estações aquecidas, e isso exige grandes quantidades de material combustível. A eletricidade na base brasileira era produzida por geradores abastecidos pela Petrobrás.Se a casa de máquinas fosse separada dos outros ambientes, como ocorre nas demais estações, o fogo dificilmente se espalharia para o resto da estação. "Todo mundo tem um módulo de produção de energia separado. Ninguém bota isso no mesmo módulo de habitação e de laboratórios", argumenta Evangelista.Por outro lado, diz ele, é preciso reconhecer que o histórico de segurança da base brasileira é muito bom. As estações do Chile e da Argentina, por exemplo, já tiveram vários problemas com fogo. Mas a do Brasil, não - pelo menos até ontem. "O pessoal da Marinha é muito bem treinado e os protocolos de segurança eram sempre seguidos", elogia Evangelista.

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