A Polícia Federal prendeu ontem, na Operação Sete Erros, 19 pessoas envolvidas num esquema de contrabando de equipamentos eletrônicos e de informática, procedentes do Paraguai, para Brasília. Um dos detidos, Carlos Rudiney Arguelho Mattoso, trabalhava como assessor parlamentar, lotado na Presidência do Senado desde 2 de março de 2005. Assim que foi informado da prisão, o presidente interino da Casa, Tião Viana (PT-AC), mandou exonerar o assessor que, segundo nota oficial, "prestava serviços como fotógrafo". A quadrilha de contrabando eletrônico era comandada por sete irmãos libaneses que, segundo a PF, usariam empresas de fachada e CPFs falsos para fazer importação sistemática de mercadorias do Paraguai sem pagamento de impostos. O nome da operação (Sete Erros) é uma alusão aos irmãos, que têm dupla nacionalidade. Os equipamentos eram vendidos numa rede de barracas ligada à quadrilha, na Feira dos Importados, apelidada de "Feira do Paraguai", que fica a cerca de 10 quilômetros do Palácio do Planalto. Ontem, nove barracas foram fechadas e outras 20 estão sendo investigadas. Ao cumprir 31 mandados de busca, a PF apreendeu grande quantidade de mercadorias, quase R$ 300 mil em dólares, euros e reais, além de 11 carros, a maior parte importados de luxo. Dos presos, dois foram capturados em Foz do Iguaçu (PR) e 17 em Brasília. Um deles é o policial civil Reinaldo de Barros Miranda, que mantinha a quadrilha informada sobre as operações da polícia. Conforme as investigações, Rudiney tinha ligação antiga com a quadrilha e usava a cota de correspondência de dois deputados do PMDB alagoanos - Olavo Calheiros, irmão de Renan, e Joaquim Beltrão, aliado do senador - para remeter equipamentos contrabandeados para seus receptadores. Os dois parlamentares negaram, por meio da assessoria, saber que Rudiney usava a cota de correspondência deles para fazer remessas de contrabando. A PF apreendeu dois lotes de equipamentos enviados pelo assessor para receptadores em Mato Grosso e no Amapá. A assessoria de Renan informou que o senador desconhecia as atividades ilícitas do funcionário - Rudiney começou a trabalhar na Presidência do Senado duas semanas antes da eleição de Renan para o primeiro mandato de dois anos (2005-2007) no comando do Congresso, em 14 de fevereiro de 2005. Os advogados do funcionário exonerado disseram ontem que vão entrar com pedido de relaxamento da prisão - ele foi detido em casa, nas primeiras horas da manhã, e não ofereceu resistência. O empresário José Augusto Cardoso, também preso, atuava como um tesoureiro da quadrilha, esquentando dinheiro de origem ilícita e descontando cheques, por meio de uma panificadora e de um esquema de factoring. A superintendente da PF em Brasília, Walkíria Andrade, informou que a quadrilha vinha sendo investigada desde o fim do ano passado. Ela disse que, num período de quatro meses, o esquema importou o equivalente a quase R$ 1 milhão em mercadorias. Além dos sete irmãos, todos da família Diab, foram presos dois outros libaneses - um deles primo dos Diabs. São eles: Ali Ismael Diab, Hichan Hussein Diab, Mohamad Ismael Diab, Hassan Ismael Diab, Houssam Ismail Diab, Kassem Ismail Diab, Jamil Ismail Diab, Houssein Mohamad Diab, Sleiman Nassim El Kobrossy. Além de contrabando e descaminho, a investigação apurou a ocorrência de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsificação de documentos, falsidade ideológica, crimes contra a ordem tributária, sonegação fiscal e agiotagem. NÚMEROS 19 homens foram presos pela Polícia Federal 7 deles eram irmãos libaneses, líderes do grupo 17 foram detidos em Brasília R$ 300 mil foram apreendidos em várias moedas 11 carros também foram resgatados pela PF na operação de ontem 31 mandados de busca foram expedidos
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