É oficial: Plutão foi rebaixado. A partir de agora, o Sistema Solar é composto por oito planetas - de Mercúrio a Netuno - , por planetas anões - incluindo Plutão - e por corpos pequenos (asteróides, cometas). A decisão saiu da Assembléia Geral da União Astronômica Internacional (IAU), realizada em Praga, capital da República Checa. Os astrônomos seguirão trabalhando para classificar os casos duvidosos entre as categorias de "planeta anão" e "corpo pequeno do Sistema Solar". Dois corpos celestes que tinham sido cotados para promoção a planeta, o asteróide Ceres e o planetóide 2003 UB313 ("Xena"), ganham a condição de "planeta anão". O descobridor de Xena, Michael Brown, reagiu bem à votação. "UB313 é o maior dos planetas anões. Isso é legal". A votação da IAU não aprovou a proposta de redefinir "planeta", oficialmente, como "planeta clássico", e determinou que "planetas" e "planetas anões" são "categorias diferentes de objetos". Outra decisão faz de Plutão o protótipo de uma nova categoria de objeto transnetuniano - corpos localizados muito longe do Sol, para além da órbita de Netuno - cujo nome será definido no futuro. Dos nomes propostos até agora, "plútons" ou "plutonianos", nenhum foi oficializado. A proposta original de um comitê da IAU, que manteria Plutão como um planeta e incluiria mais três corpos na lista - o asteróide Ceres; Caronte, a lua de Plutão; e 2003 UB303 - vinha sofrendo críticas nos últimos dias, e astrônomos já previam, na quarta-feira, que Plutão perderia sua condição de planeta. Reforma histórica A votação da IAU representa uma reforma histórica, já que esta é a primeira vez em que cientistas contam com uma definição formal de "planeta". A decisão define os critérios básicos a que corpos celestes devem se submeter antes que possam ser chamados de planetas. Por enquanto, o "clube" é exclusivo dos oito planetas clássicos: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Plutão não se encaixa nas regras, pelas quais planeta é: "um corpo celeste em órbita do Sol, com massa suficiente para... assumir uma forma quase redonda, e que tenha eliminado outros corpos da vizinhança ao redor de sua órbita". Plutão é desqualificado porque um trecho de sua órbita se sobrepõe à de Netuno. Embora os astrônomos tenham aplaudido o final da votação, Jocelyn Bell Burnell - uma especialista em estrelas de nêutrons que supervisionou o processo - pediu que os que se sentissem deprimidos com o resultado olhassem para o "lado bom". "Pode-se argumentar que estamos criando um guarda-chuva chamado ´planeta´, debaixo do qual existem os planetas anões", disse ela, provocando risadas ao abrir um guarda-chuva sobre um boneco de pelúcia do cão Pluto (Plutão, em inglês). Caronte, a maior lua de Plutão, não está mais sob consideração para qualquer designação especial. Décadas de debate Descoberto em 1930 pelo cientista americano Clyde Tombaugh (1906-1997), Plutão é objeto de discussão há décadas, principalmente devido a seu tamanho, que foi sendo progressivamente reduzido. Estima-se hoje que o planeta possua 2.300 quilômetros de diâmetro, muito menor do que a Terra (12.750 quilômetros); a Lua terrestre (3.480 quilômetros), e até mesmo que UB313 (cerca de três mil quilômetros), descoberto ano passado, que, no entanto, está muito mais longe do Sol. Outro argumento contra Plutão é a forma pouco ortodoxa de sua órbita, cuja inclinação não é paralela à da Terra e aos outros sete planetas do Sistema Solar. Isso leva os astrônomos a afirmarem que apenas esses oito planetas podem ter sido formados ao mesmo tempo, enquanto Plutão seria um astro de origem mais recente. Ampliada às 13h18
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.