O que se sabe sobre ataque a escola em Cambé, no Paraná? Tragédia deixou 2 estudantes mortos

Autor do crime era ex-aluno e tinha ido até a rede de ensino na segunda-feira, 19, alegando que solicitaria seu histórico escolar; ele foi encontrado morto na noite de terça-feira, 20, em cadeia de Londrina

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Por Redação
Atualização:

Uma estudante de 17 anos foi morta a tiros na manhã de segunda-feira, 19, em ataque ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, que fica localizado em Cambé, no Paraná, em mais uma tragédia que comoveu a todos. Karoline Verri Alves, de 17 anos, não resistiu aos ferimentos e faleceu no local. Também atingido pelos disparos, Luan Augusto da Silva, de 16, veio a óbito às 3h27 da madrugada desta terça-feira, 20, segundo informações dos familiares. Logo após ser atingido na cabeça, o adolescente chegou a ser socorrido e internado. Seu estado de saúde era considerado gravíssimo.

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Na noite de terça-feira, 20, o autor do ataque foi encontrado morto na cela onde estava preso na Casa de Custódia de Londrina. O município fica a cerca de 15 quilômetros de Londrina. A informação foi confirmada pela Polícia Militar do Paraná e pelo secretário de Educação do Estado, Roni Miranda Vieira. Segundo informações da polícia, existe a suspeita que o agressor tenha tirado a própria vida.

Conforme o governo estadual, o ex-aluno entrou armado no colégio, alegando que solicitaria seu histórico escolar. Ele foi detido após ser imobilizado e encaminhado para a cidade vizinha. A polícia ainda investiga o crime.

Familiares e alunos se abraçam em frente ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Paraná.  Foto: Filipe Barbosa/EFE

Como aconteceu a tragédia?

Um ex-aluno, de 21 anos, entrou armado no Colégio Estadual Professora Helena Kolody na manhã de segunda-feira, por volta das 9 horas, alegando que solicitaria seu histórico escolar.

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Poucos minutos depois, ele se dirigiu até os alunos e atirou várias vezes, conforme as investigações. Pelo menos 16 disparos foram efetuados em direção às vítimas. Karoline não resistiu aos ferimentos e faleceu no local. Luan veio a óbito na madrugada desta terça-feira. Ele foio socorrido, mas seu estado de saúde era considerado gravíssimo.

O que aconteceu com o autor do crime?

O ex-aluno foi detido e encaminhado para Londrina. Ele estava em uma cela na Casa de Custódia de Londrina, quando foi encontrado morto na noite de terça-feira. A informação foi confirmada pela Polícia Militar do Paraná e pelo secretário de Educação do Estado, Roni Miranda Vieira.

Segundo informações da polícia, existe a suspeita que o agressor tenha tirado a própria vida. A ocorrência foi registrada às 22h40. Autoridades e socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estiveram no local para confirmar o óbito.

Outro homem, também de 21 anos, que foi preso na segunda-feira por suspeita de ajudar a organizar o ataque estava na mesma cela.

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A polícia ainda investiga o caso.

O crime foi planejado? O que ainda falta apurar?

Ele tinha essa ideia na cabeça há quatro anos. Ele comprou o revólver, já com um tempo considerável, há um mês e meio. Também comprou a machadinha no dia 10 de junho”, afirmou o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro, que investiga o caso. Ele revelou ainda que o suspeito esteve na escola há cerca de 30 dias para analisar o espaço antes de cometer o ataque.

Conforme mostrou o Estadão, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que, além dos itens citados anteriormente, foi encontrado com ele um caderno com anotações sobre ataques em escolas. Além disso, foi revelado que o agressor é esquizofrênico e estava em tratamento, de acordo com informações fornecidas por sua família.

O autor revelou, durante depoimento, que o ataque à escola ocorreu como forma de retaliação aos episódios de bullying supostamente sofridos por ele no período em que estudou na instituição. O suspeito frequentou o colégio por pelo menos sete anos e saiu em 2014.

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O caso ainda permanece em investigação, mas deve ter mudanças no desdobramento após a morte do autor do crime. Ao menos seis pessoas foram ouvidas na segunda-feira. Outros familiares e profissionais devem prestar depoimento nos próximos dias.

Quem ajudou a imobilizar o agressor?

Após ouvir os sons dos tiros, Joel de Oliveira, 62 anos, foi até a escola, disse ao atirador que era policial e o imobilizou até a chegada das viaturas. Se não fosse a ação de Oliveira, prestador de serviços de uma clínica de fisioterapia próxima ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, o ataque à escola que matou dois alunos na segunda-feira, 19, poderia ter sido muito pior.

Na hora, afirma Oliveira, ele nem pensou nos riscos e agiu de forma instintiva. “Foi tudo muito rápido. Eu tenho muitos amigos que têm filhos que estudam lá na escola, então nem consegui pensar muito. Eu saí correndo e vi se conseguia ajudar de alguma forma”, disse. Ele não tem qualquer experiência na área de segurança e nunca teve preparação para esse tipo de situação. “Agi totalmente no instinto para ajudar aquelas crianças.”

Inicialmente, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), havia afirmado, na segunda-feira, 19, que o autor do crime teria sido contido por um professor que tinha passado recentemente por um treinamento sobre como reagir em ataques a escolas.

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“O professor que imobilizou esse ex-aluno passou por um treinamento recentemente, e as forças policiais chegaram em apenas três minutos ao colégio depois do acionamento, o que evitou uma tragédia ainda maior”, disse anteriormente o Ratinho Junior, que decretou luto oficial de três dias no Estado.

Policiais em frente ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, que fica localizado em Cambé, no Paraná, onde um ex-aluno atirou contra estudantes. Foto: Henrique Campinha/AFP

Os dois estudantes atingidos pelos tiros disparados pelo ex-aluno durante o ataque eram namorados e colegas de sala. Eles cursavam o 3.º ano do ensino médio no Colégio Estadual Professora Helena Kolody. A rede de ensino tem 41 turmas e 634 alunos ativos, segundo a Secretaria da Educação do Paraná. A escola atende turmas de ensino fundamental e médio.

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Ex-coroinha em uma igreja da cidade, Karoline não resistiu aos ferimentos e morreu no local da tragédia. Ela participava do grupo de jovens da Paróquia Santo Antônio de Cambé, onde seus pais são coordenadores. “A jovem era atuante na Igreja”, disse a paróquia.

Luan veio a óbito às 3h27, segundo informações dos familiares. Logo após ser atingido na cabeça, ele chegou a ser socorrido e internado. Seu estado de saúde era considerado gravíssimo. Segundo o Hospital Universitário de Londrina, os médicos tentaram estabilizar o quadro de saúde do jovem, que respirava com a ajuda de aparelhos.

A.L., proprietário de um comércio próximo ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, que prefere não ser identificado, testemunhou os momentos de pânico e desespero vividos pelos alunos e professores. Foi em sua loja que muitos deles buscaram abrigo e segurança após o ataque.

“Eles vieram correndo, todos assustados, a maioria chorando. Tinha professor, zelador, aluno... Estavam bem desesperados”, contou ao Estadão. Alunos, funcionários e professores ficaram no seu estabelecimento até que familiares foram chegando para buscá-los.

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Familiares, amigos e dezenas de moradores de Cambé lotaram a fachada do salão paroquial da Igreja Matriz da cidade, no início da tarde de terça-feira para a despedida dos estudantes mortos no ataque.

Familiares, amigos e moradores de Cambé caminham durante enterro dos dois adolescentes mortos em ataque ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody. Foto: Filipe Barbosa/EFE

Como as autoridades se posicionaram sobre a tragédia?

Por meio das redes sociais, o governador Ratinho Junior lamentou a tragédia. “A violência do brutal ataque em uma escola estadual em Cambé causa indignação e pesar. O assassino foi preso, será julgado e condenado pelo crime bárbaro que cometeu”, publicou.

Por meio das redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também condenou o ataque a tiros no Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé, no Paraná, realizado na manhã desta segunda-feira.

“Mais uma jovem vida tirada pelo ódio e a violência que não podemos mais tolerar dentro das nossas escolas e na sociedade”, afirmou ele.

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Em evento no Rio de Janeiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também se manifestou. “De modo inaceitável, essa modalidade de violência se implantou no Brasil e serve de reflexão quanto aos traços culturais da violência”, disse. “As estatísticas de ataques a escolas nos EUA mostram que esse não é um exemplo para o nosso País.”

Após os ataques registrados em março e abril, em São Paulo (SP) e Blumenau (SC), o governo federal lançou um pacote de medidas contra esse tipo de atentado. Entre as ações, foram criadas medidas para aumentar a responsabilidade das plataformas digitais sobre o que circula nas redes sociais.

Veja outros ataques a escolas que ocorreram neste ano

Casos semelhantes ocorridos em São Paulo e em Santa Catarina também chocaram o País neste ano. Em 27 de março, um adolescente de 13 anos esfaqueou quatro professoras e um aluno dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, na zona oeste da capital paulista. Por volta das 10h30 daquele dia, foi confirmada a morte da professora identificada como Elisabeth Tenreiro, de 71 anos. O agressor era do 8º ano do ensino fundamental e foi apreendido.

No dia 5 de abril, um ataque na creche Cantinho Bom Pastor na Rua dos Caçadores, em Blumenau, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, deixou quatro crianças mortas. As vítimas foram três meninos e uma menina, de 4 a 7 anos. O agressor, de 25 anos, levava uma machadinha e, após fugir do local do crime, se apresentou ao 10° Batalhão de Polícia Militar, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.

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O ataque a tiros ocorrido na segunda-feira na escola localizada em Cambé, no Paraná, foi o sétimo desse tipo registrado neste ano no Brasil. Segundo o Instituto Sou da Paz, que em abril passado lançou um estudo reunido informações sobre ataques praticados dentro de escolas brasileiras desde 2002, este é o recorde de casos em um mesmo ano.

Em apenas seis meses já foram registrados mais casos do que no ano inteiro de 2022, até então o recordista, com seis ataques em escolas. O terceiro ano com mais casos foi 2019, com três episódios.

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar detalhes sobre o autor do ataque. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes.

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