Ataque a creche em Blumenau foi ‘caso isolado’, diz delegado-geral

Homem de 25 anos que atacou a creche armado com uma machadinha já tinha passagens pela polícia

PUBLICIDADE

Foto do author Priscila Mengue
Atualização:

A Polícia de Santa Catarina afirmou nesta quarta-feira, 5, que o ataque* à creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau, foi um “caso isolado”. Em coletiva de imprensa, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, afirmou que não há indícios de que o ato foi coordenado por outros indivíduos por meio de redes sociais, jogos ou outras plataformas virtuais.

Desde a manhã, boatos e fake news têm se espalhado por Blumenau e outros municípios da região, porém outros ataques não foram registrados nesta quarta. Quatro crianças morreram e outras cinco ficaram feridas após o atentado, cometido por um homem de 25 anos, por volta das 9 horas. Segundo o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos), todas as vítimas – três meninos e uma menina entre 4 e 7 anos – eram filhos únicos.

PUBLICIDADE

As aulas serão retomadas em Blumenau na segunda-feira, 10. Segundo a prefeitura, as circunstâncias do retorno serão discutidas em reunião com todos os diretores de escolas públicas e privadas da cidade na manhã de quinta-feira, 6. No caso da creche atacada, as aulas não serão retomadas na data, porém será disponibilizado atendimento psicológico para as famílias e servidores.

O governo do Estado e prefeitura destacaram que têm feito ações de prevenção e treinamento sobre o tema, especialmente desde o ataque a outra creche catarinense, em Saudades, em 2021. Na ocasião, um homem de 18 anos matou duas funcionárias da unidade e três bebês menores de 2 anos com um facão.

A Polícia Militar defendeu maior atuação da corporação nas escolas. Uma das sugestões é que os policiais realizem atividades do Proerd no início dos turnos e permaneçam nas escolas após as atividades. Também é discutida a viabilidade de reforço na segurança com profissionais aposentados.

Publicidade

Crianças foram mortas em pátio de creche em Blumenau. Foto: Sávio James/EFE

Antecedentes criminais

O homem de 25 anos que atacou a creche armado com uma machadinha foi preso após se apresentar no 10º Batalhão da Polícia Militar. Ele já tinha passagens pela polícia pelo esfaqueamento do padrasto, em 2021. Em dezembro passado, ele quebrou a porta da casa do padrasto e esfaqueou um cão do local.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, o autor do ataque tinha ao todo quatro passagens na polícia. Em 2016, foi detido pelo envolvimento em uma briga dentro de uma casa noturna e, em 2022, estava em posse de cocaína.

O homem responderá por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio triplamente qualificados. O delegado destacou que o ato foi “isolado” e que não há indícios de que o ataque foi coordenado por jogos, redes sociais e afins.

De acordo com o delegado, a investigação fará a quebra do sigilo eletrônico e telemático do celular e equipamentos do autor do ataque, que será interrogado por diferentes especialistas.

Além disso, uma psicóloga policial especializada irá traçar o perfil psicológico do autor do ataque. “Vamos fazer uma análise do perfil psicológico desse indivíduo, para traçar padrões de comportamento”, explicou o delegado.

Publicidade

Ainda segundo o policial, também será realizado um levantamento sobre vulnerabilidades de escolas de Santa Catarina. “Desde a semana passada, estávamos orquestrando um plano de contingência para evitar que aconteça (casos do tipo).”

PUBLICIDADE

As vítimas foram identificadas como:

  • Bernardo Cunha Machado, de 5 anos
  • Bernardo Pabest da Cunha, 4 anos
  • Larissa Maia Toldo, 7 anos
  • Enzo Marchesin, de 4 anos

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes. Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.