Ataque em escola em Cambé, no Paraná: alunos atingidos por disparos eram namorados e colegas de sala

Karoline Verri Alves, de 17 anos, não resistiu aos ferimentos; outro jovem foi socorrido e está internado em ‘estado gravíssimo’

PUBLICIDADE

Foto do author Ítalo Lo Re
Atualização:

Os dois alunos atingidos por disparos de arma de fogo durante o ataque ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no Paraná, eram namorados e colegas de sala. A informação foi confirmada ao Estadão por fontes oficiais do governo do Estado.

PUBLICIDADE

Um ex-aluno, de 21 anos, entrou armado no colégio na manhã desta segunda-feira, 19, alegando que solicitaria seu histórico escolar. Ele disparou contra o casal e foi detido por um professor. Em seguida, foi encaminhado para Londrina, cidade vizinha de Cambé. A polícia investiga a motivação do crime.

Ex-coroinha em uma igreja da cidade, Karoline Verri Alves, de 17 anos, não resistiu aos ferimentos e faleceu no local. Ela participava do grupo de jovens da Paróquia Santo Antônio de Cambé, onde seus pais são coordenadores. “A jovem era atuante na Igreja”, disse a paróquia.

“Neste momento de dor, a Paróquia Santo Antônio de Cambé e a Comunidade Nossa Senhora do Divino Amor transmitem os sentimentos e fazem orações pelos familiares das vítimas e à comunidade escolar psicologicamente abalada”, acrescentou, em nota nas redes sociais.

Publicidade

Karoline cursava o 3º ano do ensino médio e era colega de sala do namorado, L.A.S., de 16 anos. O adolescente segue internado em “estado gravíssimo” e os médicos do Hospital Universitário de Londrina tentam estabilizar o quadro de saúde do jovem.

Conforme boletim mais recente, o paciente iniciou infusão de antibioticoterapia, profilaxia (vacina para difteria e tétano), com necessidade de associar medicamento para manutenção dos níveis de pressão arterial e transfusão de sangue, devido aos traumas. Ele respira com ajuda de aparelhos e está na sala de emergência do Pronto Socorro.

“Devido seu quadro de extrema instabilidade, está contra indicado o transporte ao bloco cirúrgico da instituição, por risco de alteração dos parâmetros vitais”, afirma o boletim médico.

Ao Estadão, o secretário de Educação do Paraná, Roni Miranda, disse que as informações preliminares apontam que o autor não tinha relação com as vítimas. “É um ex-aluno, que estudou por lá em 2014″, disse. Segundo ele, o agressor abandonou os estudos, sem concluir o ensino médio, no ano passado.

Publicidade

Foram apreendidos, junto com o agressor, uma machadinha, carregadores de revólver e a arma utilizada no crime. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que, além desses itens, foi encontrado um caderno com anotações sobre ataques em escolas. Além disso, foi revelado que o agressor é esquizofrênico e estava em tratamento para essa condição, de acordo com informações fornecidas por sua família. No começo da noite, um outro homem, também de 21 anos, foi preso por suspeita de ajudar a organizar o ataque.

Crime foi no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, perto de Londrina; aluno ferido tem quadro grave e respira por aparelhos  Foto: Filipe Barbosa/EFE

O Colégio Estadual Professora Helena Kolody tem cerca de 40 turmas e 634 alunos, segundo a Secretaria da Educação do Paraná. A escola atende turmas de ensino fundamental e médio.

Governador decretou luto de três dias

Por meio das redes sociais, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), lamentou a tragédia. “A violência do brutal ataque em uma escola estadual em Cambé causa indignação e pesar. O assassino foi preso, será julgado e condenado pelo crime bárbaro que cometeu”, publicou.

“O professor que imobilizou esse ex-aluno passou por um treinamento recentemente, e as forças policiais chegaram em apenas três minutos ao colégio depois do acionamento, o que evitou uma tragédia ainda maior”, disse ele, que decretou luto oficial de três dias no Estado.

Publicidade

Em abril, após atentados em escolas de São Paulo e Blumenau (SC), Ratinho Junior anunciou reforço de 5,6 mil policiais para fazerem rondas nas regiões de escolas estaduais para conter ataques nas instituições de educação.

NOTA DA REDAÇÃO: O Estadão decidiu não publicar detalhes sobre o autor do ataque. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência. Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.