Depois do registro de três casos de ataques de tubarões a dois banhistas e um surfista nos últimos 15 dias, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), assinou na manhã desta terça-feira, 7, um protocolo de intenções com as Universidades Federal de Pernambuco (UFPE), Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e de Pernambuco (UPE), visando a retomada das ações de cooperação técnica e científica para estudar e monitorar as espécies no litoral pernambucano. Raquel Lyra também anunciou que irá transferir a gestão do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (Cemit) da Secretaria de Defesa Social para a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade.
Durante o encontro no Palácio do Campo das Princesas com os reitores das instituições, também foram propostas medidas educativas para a população.
De acordo com o reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão, a universidade atua há 40 anos no desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre tubarões, sendo a única instituição a participar do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) até 2015, quando ele foi descontinuado. “Noventa por cento dos problemas que enfrentamos hoje temos as soluções e ações necessárias a serem feitas para resgatar esse processo, trazendo a ciência para esse problema para que a gente aprenda a conviver com essa situação de forma científica”, disse o reitor.
A atual gestão do governo do Estado não forneceu mais detalhes sobre a paralisação das atividades do Cemit. Procurada pela reportagem, o integrante da então Secretaria de Imprensa do ex-governador Paulo Câmara informou que “o financiamento às pesquisas do Estado foi interrompido em 2014″, durante a gestão do ex-governador João Lyra, pai da atual governadora. A reportagem tentou contato com vários integrantes da gestão de João Lyra, mas não obteve sucesso.
Pesquisas
No ano de 2004, o barco Sinuelo, que pertencia à Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional (Fadurpe) e era utilizado em pesquisas da UFRPE, chegou a ser apontado com uma das soluções para entender as ocorrências com tubarões na costa pernambucana.
A embarcação partia para alto mar em expedições que duravam, em média, cinco dias e tinham a finalidade de capturar os animais responsáveis pelos ataques. Mantido por meio de uma parceria entre a Fadurpe e a Secretaria de Defesa Social (SDS), o Sinuelo parou suas atividades diversas vezes por falta de verbas para a manutenção e encerrou as operações após o término do contrato no final de 2014. Desde então, a embarcação não foi mais utilizada para monitoramento dos animais. Os tubarões capturados pelo Sinuelo eram marcados com chips e levados para longe da costa. O chip servia para rastrear a trajetória do animal no oceano. Os que não resistiam eram levados para UFRPE, onde eram estudados pelos pesquisadores.
Vítimas
De acordo com o boletim médico divulgado nesta terça pelo Hospital da Restauração, onde estão internados os dois adolescentes que foram vítimas dos ataques do domingo e da segunda - na praia de Piedade, no município de Jaboatão dos Guararapes -, eles seguem internados em situação “estável”. O rapaz, de 14 anos, teve a perna direita amputada. Já a garota, de 15 anos, foi ferida na barriga, nas pernas e teve parte do braço esquerdo amputado.
Desde que os registros de ataques foram iniciados, em 1992, foram contabilizados 77 casos. Deste total 26 vítimas morreram e 51 sobreviveram com sequelas ou amputações. Dos ataques, 67 ocorreram em cidades da Região Metropolitanas e outros 10 no arquipélago de Fernando de Noronha.
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