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Avião que caiu em Vinhedo registrou incidente em março e foi encaminhado para manutenção

Dados do sistema da Força Aérea Brasileira mostram que aeronave teve problema no Aeroporto de Salvador; Voepass diz que avião estava apto para voo

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Foto do author Paula Ferreira
Atualização:

BRASÍLIA- Dados da Força Aérea Brasileira (FAB) mostram que o avião que caiu em Vinhedo deixando 62 pessoas mortas passou por um incidente em março que fizeram com que a aeronave fosse encaminhada para a manutenção. Não há indicativo até agora de que esse problema tenha elo com o acidente, mas as causas do desastre ainda precisam ser investigadas pela perícia. A Voepass (antiga Passaredo), responsável pelo voo, disse que o avião estava “aeronavegavel” e “apto para realizar voo”.

Avião caiu em área residencial em Vinhedo Foto: Alex Silva

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Segundo os registros, durante voo de Recife a Salvador, o avião emitiu uma mensagem de baixo nível de óleo hidráulico. Na ocasião, procedimentos foram tomados pela equipe e o voo prosseguiu. Em seguida, ao pousar no Aeroporto Deputado Luis Eduardo Magalhães, em Salvador, a aeronave fez “contato anormal” com a pista. Diante dos danos causados, a aeronave foi encaminhada para a manutenção. A informação foi revelada pelo “Fantástico”, da TV Globo, e confirmada pelo Estadão.

Segundo a FAB, algumas ações são classificadas no sistema como de “contato anormal com a pista”. São elas: pousos bruscos; pousos longos/embalados (com velocidade maior que a prevista); pousos com pequeno deslocamento lateral; pousos em que ocorre o toque precoce da roda do trem dianteiro; batida da cauda no solo; e toques de ponta de asa durante pouso ou decolagem. A Força Aérea não especificou qual dessas ações foi registrada na ocorrência do ATR 72-500.

O voo da Voepass partiu de Cascavel, no Paraná, rumo a Guarulhos, em São Paulo. A maneira como a aeronave caiu, na posição conhecida como “parafuso chato”, indica que o avião perdeu a sustentação no ar, o chamado “estol”. Uma das hipóteses levantadas por especialistas em aviação é de que o acúmulo de gelo nas asas possa ter desestabilizado o avião. As causas do acidente, no entanto, só serão descobertas a partir das investigações.

As apurações do acidente estão a cargo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à FAB. As caixas-pretas do avião foram localizadas no mesmo dia do acidente, na sexta-feira, 9. A Força Aérea disse que foi possível extrair 100% dos dados.

O avião operava, no entanto, com uma autorização temporária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para não registrar todas as informações exigidas pelas autoridades brasileiras. Com essa autorização, a empresa ficou isenta de cumprir oito parâmetros de gravação do voo. Em nota, a Anac afirmou que a falta dessas informações não compromete a investigação.

A Voepass Linhas Aéreas disse, em nota, “que a aeronave estava aeronavegável e apta a realizar o voo, dentro da legislação estabelecida”. Acrescentou que “quaisquer outras informações que estejam relacionadas à investigação, neste momento, serão restritas ao Cenipa - Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos ou demais autoridades que necessitarem”.

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