O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e o ex-presidente norte-americano Bill Clinton apresentaram na terça-feira uma série de mudanças sociais e econômicas que, segundo eles, seriam necessárias para tirar o Haiti da pobreza. Após uma visita de 24 horas ao país mais pobre das Américas, os dois se disseram impressionados com o potencial de crescimento haitiano, e conclamaram o governo a aproveitar rapidamente os termos favoráveis do comércio com os EUA e a presença estabilizante de cerca de 9.000 soldados da ONU. "Eles precisam fortalecer a capacidade da polícia nacional haitiana, devem melhorar as instalações correcionais, deveriam ter melhores estruturas de governo, que possam funcionar melhor, e deveriam fazer mais pelo desenvolvimento socioeconômico", disse Ban em entrevista coletiva. Ele acrescentou que o país, marcado historicamente pela violência e as perturbações políticas, fez avanços na restauração da paz e da estabilidade, mas ainda precisa se empenhar mais para atrair investimentos. No ano passado, distúrbios provocados pela alta nos preços dos alimentos derrubaram o governo local. Os baixos custos trabalhistas, a proximidade com EUA e Canadá e o acesso comercial sem tarifas que os produtos haitianos terão nos Estados Unidos durante os próximos nove anos podem servir de base para o futuro crescimento econômico, disse Ban. Mas ele e Clinton viram sinais dos problemas políticos quando manifestantes exigiram a volta do presidente deposto Jean-Bertrand Aristide e a recriação do seu partido, o Família Lavalas. Aristide, que formou o partido em 1996, exilou-se depois de ser deposto por uma rebelião em 2004. Por causa de uma tecnicalidade, o partido foi proibido de disputar a eleição do mês que vem para o Senado, o que gerou temores de que os resultados sejam distorcidos. Na segunda-feira, um juiz ordenou que supervisores eleitores coloquem os candidatos do Lavalas na cédula de 19 de abril, caso eles estejam individualmente qualificados para tal. (Reportagem adicional de Joseph Guyler Delva)