PF apura se barco achado com corpos no Pará veio da África

Protocolos da Interpol serão aplicados para identificar identidade, origem e causa da morte das pessoas que estavam na embarcação

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Foto do author Rariane Costa
Atualização:

A Polícia Federal (PF), em conjunto com a Polícia Científica do Pará, iniciou na noite desta segunda-feira, 15, os trabalhos para identificar os corpos encontrados no sábado, 13, em um barco à deriva na região de Bragança, a 215 km de Belém. Ao todo, foram encontrados nove corpos, oito dentro da embarcação e um próximo a ela. Segundo a PF, este último corpo se encontrava em circunstâncias que sugeriam fazer parte do mesmo grupo de vítimas.

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Além da identidade, os trabalhos periciais buscam agora verificar a origem dos passageiros, causa e o tempo estimado dos óbitos. De acordo com a PF, documentos e objetos encontrados junto aos corpos apontam que as vítimas eram migrantes do continente africano, da região da Mauritânia e Mali, “não sendo possível descartar a existência de pessoas de outras nacionalidades”.

Agora, as atividades para identificar os corpos irão se basear em critérios do protocolo de identificação de vítimas de desastres da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Esse protocolo é geralmente aplicado em situações de desastres naturais, ataques terroristas e acidentes aéreos, por exemplo. O trabalho é realizado em quatro etapas principais.

  • Fase 1 – Exame do local: Recuperação das vítimas e dos bens;
  • Fase 2 – Dados post-mortem: Os restos mortais são examinados por especialistas para detectar o máximo possível de dados biométricos. Isso pode incluir: impressões digitais; dados odontológicos; indicações físicas como tatuagens e cicatrizes que possam ser exclusivos da vítima
  • Fase 3 – Dados ante-mortem: Os familiares mais próximos são entrevistados sobre o familiar desaparecido para coletar informações sobre a pessoa. Dados biométricos também podem ser coletados para complementar a investigação da fase 1, principalmente com impressões digitais, DNA, dados odontológicos e médicos;
  • Fase 4 – Reconciliação: Uma vez recolhidos os dados das fases anteriores, uma equipe de especialistas compara e reconcilia os conjuntos de informações para identificar as vítimas. A identificação só é possível se houver 100% de correspondência entre os dados da Fase 2 e 3, do DNA e/ou dados odontológicos e/ou impressões digitais.

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Segundo os princípios estabelecidos pela Interpol, durante o processo de identificação, as equipes deverão “tratar os restos mortais das vítimas com o máximo respeito e cuidado”. Segundo a organização, o processo de identificação deve ser transparente para informar o máximo possível os familiares.

Protocolos adotados são baseados nos trabalhos de identificação de vítimas de desastres da Interpol Foto: Divulgação/Polícia Federal

Além da PF, as atividades de resgate dos corpos no fim de semana tiveram participação da Marinha, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Cientifica, Defesa Civil, Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará, Defesa Civil do Pará, Guarda Civil Municipal, Departamento Municipal de Trânsito de Bragança e Prefeitura de Bragança.

O barco com 15 metros de comprimento por 2 metros de largura, onde estavam os corpos, foi encontrado por pescadores na Baía do Maraú.

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