O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu hoje que a morte do menino João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, foi causada pela falta de preparo "psicológico e operacional" dos policiais que fizeram a abordagem, ontem à noite, na Tijuca, zona norte da capital. Beltrame iniciou a entrevista coletiva com um pedido de desculpas à família atacada no Fiat Palio Weekend e classificou de "desastrosa" a ação policial. Ele reconheceu que não há desculpa para o fato e relatou que o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) também estava "constrangido". "O que faltou foi treinamento, análise de critério e raciocínio voltado para o que deveria ser feito", declarou o secretário. Sobre a hipótese de fogo cruzado, levantada pelos acusados, ele afirmou que "a tese é irrelevante". Beltrame ressalvou, porém, que não pode "crucificar" os cerca de 30 mil homens da Polícia Militar fluminense pelo erro. "Dois policiais estão presos, as armas deles foram recolhidas, mas a tragédia está feita. As explicações (dos policiais) são todas irrelevantes diante do que ocorreu." O secretário citou a complexidade de se lidar com uma média de 1,7 mil ocorrências policiais diárias no Estado, mas ressaltou que o policial não tem o direito de errar, e deve ter rapidez para discernir. Beltrame voltou a defender o aumento do efetivo da PM e a manutenção da atual política de segurança, que quebrou recordes de mortos em supostos confrontos. Disse, porém, que o fato de ontem "de maneira nenhuma" deve ser ligado a essa política. "O combate vai continuar."