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Bolsonaro na Casa Branca

Presidente brasileiro busca nova relação com EUA e aproximação com Donald Trump

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Foto do author Beatriz Bulla

Caro Leitor,

Em janeiro, você leu que o novo governo busca reorientar sua política externa e aproximar o Brasil dos EUA de Donald Trump. No domingo, 17, Bolsonaro e uma comitiva de 15 autoridades desembarcam em Washington. Na terça-feira, 19, o presidente será recebido na Casa Branca. A aproximação é vista com entusiasmo pelos dois lados. Bolsonaro é chamado de Trump Tropical pela imprensa internacional em razão de uma política externa semelhante à americana. Bolsonaro, como Trump, usa o Twitter como principal ferramenta de comunicação e, por meio dele, critica a imprensa como seu colega americano, que já “entregou” o prêmio “fake news” a repórteres e veículos dos quais discorda, como o New York Times

Bolsonaro se reúne com Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, em Brasília 

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A boa relação entre os dois é dada como certa por auxiliares. Mas como transpor isso para o diálogo institucional? Em visita a Washington, o chanceler Ernesto Araújo, que já escreveu que Trump é a “salvação” do Ocidente, disse que os dois países conversarão em pé de igualdade. Eliane Cantanhêde resumiu nesta coluna a nova política externa brasileira como "Brazil First" (Brasil Primeiro), um plágio do slogan de Trump. Bolsonaro diz que uma de suas missões é aproximar o Brasil de países com “ideologia semelhante". Nesta coluna, porém, Rolf Kuntz questiona como ficará a relação brasileira com países com outra ideologia no poder. Além disso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso critica neste artigo a subordinação da política externa a uma ideologia e diz que as consequências podem ser devastadoras.

O termômetro na relação com os EUA passa pela discussão sobre a Venezuela. O Brasil é importante para Trump por respaldar o endurecimento contra Nicolás Maduro. Mas o Brasil já avisou que há um limite. Aliás, quem avisou foi o vice-presidente, Hamilton Mourão, que rejeitou uma intervenção militar contra o chavismo. Na política externa, Mourão está de um lado e Olavo de Carvalho – que indicou o chanceler –, de outro. Até o controverso ex-estrategista de Trump, Steve Bannon, mostrou que sabe do racha durante jantar com Olavo, em Washington. Prova deste cabo de guerra é a notícia de que Araújo e Mourão tentam emplacar nomes diferentes para embaixador nos EUA.

Enquanto isso, o time econômico e o Itamaraty trabalham para que a aproximação resulte em efeitos comerciais e estratégicos inéditos. A medida mais importante a ser anunciada é o novo acordo de salvaguardas tecnológicas que permitirá o uso comercial da base de Alcântara, no Maranhão. O comunicado conjunto dos dois presidentes será estruturado em três eixos: valores comuns, anúncios e perspectivas para o futuro. Enquanto o pilar mais ideológico do governo vibra com a primeira parte, a equipe econômica trabalha pela última, onde está a aproximação comercial.

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No sábado, 16, você terá os detalhes dos anúncios e as novidades do encontro com Trump. Na quarta-feira, 20, quando o presidente estiver de volta ao Brasil, explicaremos os avanços obtidos na viagem. Convidamos você, leitor, a embarcar com o Estadão na visita de Bolsonaro aos EUA. Basta acompanhar a Supercoluna nos próximos dias. Nem precisa separar roupa de frio.