O número de mortos em conseqüência das chuvas de segunda-feira subiu para cinco em Campinas, 95 quilômetros a noroeste de São Paulo, e seis na região. O bombeiro Assis Degrossoli Filho, de 42 anos, que estava internado no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), morreu às 22h50 desta terça-feira por afogamento e falência múltipla de órgãos. Um homem continua desaparecido no Jardim Melina, em Campinas. Durante as fortes chuvas do final da tarde de segunda-feira, que provocaram destruição na região, o sargento Degrossoli Filho se atirou na correnteza, na Avenida Princesa D?Oeste, no Jardim Proença, para retirar moradores que estavam sendo arrastados dentro de seus veículos. O bombeiro estava de colete salva-vidas e tentava levar uma corda para os ocupantes de um carro. Não conseguiu resistir à força das águas e sofreu uma parada cardíaca. Foi levado por outros bombeiros ao hospital, mas morreu em conseqüência de afogamento. Seu corpo foi enterrado na Mausoléu do Soldado, no Cemitério da Saudade, no final da tarde desta quarta-feira. Degrossoli Filho atuava como bombeiro há 22 anos, 8,5 dos quais no 7º Grupamento, em Campinas. Era comandante de prontidão e da guarnição de auto-bomba, o caminhão usado para apagar incêndio. Os colegas lamentaram sua morte. ?Era um líder nato, leal, cumpridor de metas. Agora é um herói, com honras militares?, afirmou o bombeiro e tenente Alecsandro Vieira. Vieira atribuiu a tragédia a uma fatalidade. ?Dividimos com a família o pesar de perder uma pessoa de tanto valor. E tiramos disso uma lição de empenho e unidade. Ele morreu salvando vidas, dentro do espírito de unidade de nossa corporação?, afirmou. Três pessoas de uma mesma família morreram no Parque Imperador, em Campinas, um dos mais atingidos pelas chuvas. Uma moça de 21 anos foi soterrada na tubulação de água no Jardim Tamoios, também em Campinas. Em Valinhos, um moço de 22 anos morreu ao cair dentro de um bueiro e ser levado pela correnteza. A Defesa Civil de Campinas informou que havia atendido 333 ocorrências até o final da tarde desta quarta-feira, 1.850 casas foram alagadas, quatro desabaram e 320 pessoas permaneciam desabrigadas em quatro abrigos municipais. A prefeitura de Campinas mobilizou 1,5 mil funcionários municipais, desde esta quarta-feira, para auxiliar na limpeza da cidade e das casas atingidas. Quatro escolas permaneciam fechadas nesta quarta para reparos e três delas devem retomar as aulas nesta quinta. A escola infantil Lions Clube Campinas Norte, na Vila Lemos, continuará fechada. Pelo menos 200 mil pessoas ficaram sem água em Campinas, Sumaré, Indaiatuba e Valinhos. O abastecimento começou a ser normalizado na tarde desta quarta-feira.
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