Brasileiras detidas na Alemanha tiveram etiquetas de mala trocadas, aponta investigação da PF

Empresária e veterinária foram presas após desembarcar em aeroporto alemão há um mês. Inquérito brasileiro mostrou esquema de tráfico e prendeu seis suspeitos; ‘Ao que tudo indica, elas são inocentes’, diz delegado

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Por Andreia Bahia
Atualização:

A empresária Katyna Baía e a veterinária Jeanne Paolini estão detidas há um mês na Alemanha após ser atribuída a elas a posse de malas com carregamento de drogas. Nesta semana, a Polícia Federal tornou uma pública uma investigação que mostra a troca de etiquetas das bagagens realizadas por funcionários do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos; seis foram presos suspeitos de um esquema de tráfico internacional de drogas.

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Os presos são funcionários que prestam serviço no aeroporto de Guarulhos e têm acesso à área restrita. Segundo a PF, a quadrilha agia trocando as etiquetas das bagagens de passageiros e o esquema envolvia pessoas no Brasil e no exterior. A investigação teve início com o caso das duas goianas.

O delegado regional da Polícia Judiciária de Goiás, Rodrigo Teixeira, que comandou a investigação, afirma que “ao que tudo indica, elas são inocentes”. Segundo ele, o perfil das duas mulheres não se assemelha ao de “mula”. “Foi feito toda uma análise de perfil pela equipe de investigação de pessoas que costumam viajar para o exterior para traficar e não é o perfil de quem prática esse tipo de delito”.

Um dos elementos que segundo a PF aponta para a inocência das duas mulheres é o peso das malas. De acordo com o policial, ao embarcarem em Goiânia a bagagem delas pesava menos de 20 quilos cada e as malas com as etiquetas com os nomes delas que chegaram ao aeroporto na Alemanha tinham cada uma 20 quilos de drogas.

Além das duas mulheres que foram presas em flagrante, a investigação identificou o caso de outra goiana que também passou pela mesma situação de troca de etiqueta das malas em uma viagem para a França. Não houve prisão em flagrante, porque ela retirou a bagagem dela sem verificar a etiqueta e a mala com droga que estava com a etiqueta com o nome dela permaneceu na esteira.

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Justiça alemã aguarda relatório completo por vias oficiais

Em audiência de custódia realizada na manhã desta quarta-feira, 5, em Frankfurt, a Justiça decidiu manter a prisão das duas goianas que tiveram as etiquetas de suas malas trocadas.

Segundo a advogada das duas, Luna Provázio Lara de Almeida, o juiz e o promotor que atuaram no caso alegaram para manter a prisão que receberam um relatório do inquérito da Polícia Federal brasileira, mas querem a íntegra da investigação e também vídeos que mostrem a troca das malas.

Querem também que o envio de toda documentação siga os ritos formais, ou seja, por meio do Ministério da Justiça e do Itamaraty e que o Ministério Público brasileiro atue em conjunto com o alemão na análise das provas. A Polícia Federal teria enviado o relatório via adido aduaneiro.

Katyna Baía e Jeanne Paolini tiveram as etiquetas de suas malas trocadas por bagagens contendo cocaína. Foto: Polícia Federal/Divulgação

“Eles disseram que há fortes indícios de elas serem inocentes, mas querem ter acesso a todos os vídeos obtidos pela Polícia Federal e ao inquérito completo, com a prisão dos reais suspeitos, antes de soltá-las e que assim que receber as provas do jeito que eles pediram, irão de ofício pedir a soltura delas”, relatou a advogada. Mas até que o material solicitado chegue à Justiça alemã, as goianas vão permanecer presas.

Imagens da PF mostram que malas despachadas pelas brasileiras foram manipuladas por funcionário do aeroporto. Foto: Polícia Federal/Divulgação

Após o requerimento formal dos advogados na Alemanha, o Gabinete de Assuntos Internacionais de Goiás vai solicitar junto ao Itamaraty a entrega chancelada dos documentos à Justiça Alemã, por meio da autoridade consular brasileira em Frankfurt, segundo o chefe do gabinete, Giordano Souza, que foi acionado pelas famílias das duas goianas há duas semanas.

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“Para não haver erro, devemos obedecer ao procedimento solicitado pela Justiça alemã. Os advogados deverão formalizar o requerimento com notificação para a autoridade consular em Frankfurt. A partir daí, com a cópia deste pedido formal e detalhado, faremos as gestões para que os pedidos sejam atendidos o mais rapidamente possível juntos aos órgãos brasileiros envolvidos”, informou Souza. Estão envolvidos neste caso o Órgão de Cooperação Internacional da Polícia Federal, o Ministério da Justiça e o Itamaraty.

Imagens da Polícia Federal mostram que malas apreendidas eram diferentes das bagagens despachadas. Foto: Polícia Federal/Divulgação
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