A empresária Katyna Baía e a veterinária Jeanne Paolini estão detidas há um mês na Alemanha após ser atribuída a elas a posse de malas com carregamento de drogas. Nesta semana, a Polícia Federal tornou uma pública uma investigação que mostra a troca de etiquetas das bagagens realizadas por funcionários do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos; seis foram presos suspeitos de um esquema de tráfico internacional de drogas.
Os presos são funcionários que prestam serviço no aeroporto de Guarulhos e têm acesso à área restrita. Segundo a PF, a quadrilha agia trocando as etiquetas das bagagens de passageiros e o esquema envolvia pessoas no Brasil e no exterior. A investigação teve início com o caso das duas goianas.
O delegado regional da Polícia Judiciária de Goiás, Rodrigo Teixeira, que comandou a investigação, afirma que “ao que tudo indica, elas são inocentes”. Segundo ele, o perfil das duas mulheres não se assemelha ao de “mula”. “Foi feito toda uma análise de perfil pela equipe de investigação de pessoas que costumam viajar para o exterior para traficar e não é o perfil de quem prática esse tipo de delito”.
Um dos elementos que segundo a PF aponta para a inocência das duas mulheres é o peso das malas. De acordo com o policial, ao embarcarem em Goiânia a bagagem delas pesava menos de 20 quilos cada e as malas com as etiquetas com os nomes delas que chegaram ao aeroporto na Alemanha tinham cada uma 20 quilos de drogas.
Além das duas mulheres que foram presas em flagrante, a investigação identificou o caso de outra goiana que também passou pela mesma situação de troca de etiqueta das malas em uma viagem para a França. Não houve prisão em flagrante, porque ela retirou a bagagem dela sem verificar a etiqueta e a mala com droga que estava com a etiqueta com o nome dela permaneceu na esteira.
Justiça alemã aguarda relatório completo por vias oficiais
Em audiência de custódia realizada na manhã desta quarta-feira, 5, em Frankfurt, a Justiça decidiu manter a prisão das duas goianas que tiveram as etiquetas de suas malas trocadas.
Segundo a advogada das duas, Luna Provázio Lara de Almeida, o juiz e o promotor que atuaram no caso alegaram para manter a prisão que receberam um relatório do inquérito da Polícia Federal brasileira, mas querem a íntegra da investigação e também vídeos que mostrem a troca das malas.
Querem também que o envio de toda documentação siga os ritos formais, ou seja, por meio do Ministério da Justiça e do Itamaraty e que o Ministério Público brasileiro atue em conjunto com o alemão na análise das provas. A Polícia Federal teria enviado o relatório via adido aduaneiro.
“Eles disseram que há fortes indícios de elas serem inocentes, mas querem ter acesso a todos os vídeos obtidos pela Polícia Federal e ao inquérito completo, com a prisão dos reais suspeitos, antes de soltá-las e que assim que receber as provas do jeito que eles pediram, irão de ofício pedir a soltura delas”, relatou a advogada. Mas até que o material solicitado chegue à Justiça alemã, as goianas vão permanecer presas.
Após o requerimento formal dos advogados na Alemanha, o Gabinete de Assuntos Internacionais de Goiás vai solicitar junto ao Itamaraty a entrega chancelada dos documentos à Justiça Alemã, por meio da autoridade consular brasileira em Frankfurt, segundo o chefe do gabinete, Giordano Souza, que foi acionado pelas famílias das duas goianas há duas semanas.
“Para não haver erro, devemos obedecer ao procedimento solicitado pela Justiça alemã. Os advogados deverão formalizar o requerimento com notificação para a autoridade consular em Frankfurt. A partir daí, com a cópia deste pedido formal e detalhado, faremos as gestões para que os pedidos sejam atendidos o mais rapidamente possível juntos aos órgãos brasileiros envolvidos”, informou Souza. Estão envolvidos neste caso o Órgão de Cooperação Internacional da Polícia Federal, o Ministério da Justiça e o Itamaraty.
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