Brasileiras presas na Alemanha injustamente têm visto americano negado: ‘Mais uma vez somos vítimas’

Casal sofreu “golpe da mala” no Aeroporto de Guarulhos e foi acusado de tráfico internacional de drogas injustamente em 2023; investigação da Polícia Federal provou a inocência da dupla

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Foto do author Giovanna Castro
Atualização:

As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini, presas injustamente na Alemanha em março de 2023 após sofrerem um “golpe da mala” no embarque no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, Grande São Paulo, tiveram o visto americano negado por conta do episódio.

No Instagram, as mulheres postaram um vídeo contando a negativa e reclamando do impacto que o ocorrido gera em suas vidas, mesmo após terem sido inocentadas e liberadas pelo governo alemão.

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“Em razão da prisão injusta, mais uma vez somos vítimas e os Estados Unidos cancelaram os nossos vistos”, diz Kátyna no vídeo. “Já tem quase dois anos que fomos presas na Alemanha devido ao golpe da mala, devido à falta de segurança no despacho da bagagem no aeroporto de Guarulhos”, afirma Jeanne.

As goianas ficaram um mês presas em Frankfurt, na Alemanha, depois de terem as etiquetas das malas trocadas, conforme apontou investigação da Polícia Federal brasileira. Elas foram acusadas de tráfico internacional de drogas por seus nomes constarem em uma mala com cerca de 40 quilos de cocaína.

As goianas Jeanne Paollini, de 40 anos, e Kátyna Baía, de 44, foram presas injustamente na Alemanha em 2023 após terem a etiqueta de suas malas trocadas e serem acusadas de tráfico internacional de drogas. Foto: Reprodução/Instagram: @katynabaia

“Nós estamos aqui nos recuperando, planejando as nossas viagens, retomando as nossas vidas, curando as cicatrizes, que são várias, várias camadas foram afetadas, e aí pagamos tudo, deixamos tudo organizado há mais de 6 meses e, mais uma vez, mais uma frustração pela vulnerabilidade e da baixa segurança do Aeroporto de Guarulhos”, diz Kátyna no vídeo. Ela e Jeanne são um casal e compartilham na rede social sua paixão por viagens.

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A reportagem procurou o aeroporto a GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto de Cumbica, mas ainda não recebeu resposta. Na época em que as mulheres foram presas, a concessionária afirmou que o manuseio das bagagens é de responsabilidade das empresas aéreas.

A Latam, empresa que operou o voo das goianas até Alemanha em 2023, declarou em nota que “se solidariza com a situação e reafirma que, como parte interessada no caso e no aprimoramento da segurança pública no transporte aéreo, acompanhou e colaborou com as investigações das autoridades desde o primeiro momento deste acontecimento”.

“A companhia reforça ainda que, desde então, tem trabalhado em conjunto com os agentes aeroportuários e de segurança no sentido de melhorar a eficiência no manejo dos milhões de volumes que são transportados todos os dias”, diz a Latam.

A reportagem também procurou o Consulado Americano e o Ministério das Relações Exteriores para comentarem sobre a negativa do visto e a situação da ficha das brasileiras após o ocorrido, mas não recebeu respostas até o momento.

Relembre o caso

As brasileiras Jeanne Paolini e Kátyna Baía foram presas no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, no dia 5 de março de 2023, depois de terem as etiquetas das suas malas trocadas no Aeroporto Internacional de Cumbica, em São Paulo. Elas pretendiam passar 20 dias de férias no país, mas as etiquetas com seus nomes foram colocadas em malas contendo 40 quilos de cocaína. Elas foram acusadas e presas em flagrante por tráfico internacional de drogas.

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As mulheres só foram libertadas no dia 11 de abril, depois que a Justiça brasileira enviou à Justiça alemã vídeos que comprovaram a manipulação das etiquetas por funcionários do Aeroporto de Cumbica. Jeanne e Kátyna entraram com pedido de indenização pelo ocorrido e a Justiça alemã determinou que elas deveriam receber cerca de R$ 15 mil cada uma pela injustiça que sofreram.

Seis pessoas foram presas suspeitas do esquema de tráfico internacional de drogas. Segundo a Polícia Federal, um dia antes do embarque das duas brasileiras, outra goiana teve a etiqueta da mala trocada por bagagem com drogas ao viajar para Paris, na França, mas não foi presa.

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