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Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião|O que esperar de inovação em 2019?

Detalho aqui quatro tendências que mais me chamaram mais a atenção, a partir de movimentos apontados pela consultoria CB Insights

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Por Camila Farani

Início de ano é tempo de olhar para tendências dos 12 meses seguintes. Em tecnologia não é diferente. Dessa vez, me proponho a olhar sob o ângulo das movimentações não óbvias e que prometem impactos significativos. Detalho aqui quatro tendências que mais me chamaram mais a atenção, a partir de movimentos apontados pela consultoria CB Insights.

A primeira tem a ver com o poder crescente da posse da informação. Em linhas gerais, bem como diz Ann Winblad, investidora e sócia da Hummer-Winblad Venture Partners, dados são o novo petróleo e quem os detém, não medirá esforços para protegê-los. As pessoas estarão mais conscientes sobre o que desejam compartilhar e mais vigilantes sobre como seus dados são usados.

Bytedance é maior empresa privada de tecnologia da China Foto: Stringer/Reuters

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Isso começou a ser visto já em 2018: o caso do bairro inteligente proposto pelo Sidewalk Labs, do Google, em Toronto, é um exemplo. A ideia dessa área conectada na orla da cidade foi rejeitada por moradores, preocupados com o que a empresa faria com tantos dados de comportamento. Nem mesmo as primeiras regras de governança propostas – que previam que qualquer empresa interessada em usar ou manipular os dados deveriam fazer um estudo de impacto –, acalmaram os residentes. As discussões entre cidadãos, governos e empresas de tecnologia sobre o uso de dados devem se intensificar em 2019. É algo saudável, desde que as entidades envolvidas consigam atingir um equilíbrio entre deveres das empresas e direitos individuais.

Um segundo aspecto é o papel da China em liderar novas ferramentas de interação social. No ano passado, a Bytedance, maior empresa privada de tecnologia do país, avaliada em US$ 75 bilhões, saiu na dianteira com seu app de edição de fotos, vídeos e música. Ele não só foi sucesso de público (tem 500 milhões de usuários), como também pautou o Facebook. A expectativa é que mais empresas como a Bytedance rompam a fronteira operem globalmente, desafiando gigantes a inovar. 

Em uma terceira frente, está a transformação na forma de ensinar tecnologia. Modelos como os da Lambda School propõem capacitação tecnológica com contornos orientados diretamente à empregabilidade. Não é o fim dos cursos universitários, mas os “aprendizes” passam a dedicar-se cada vez mais à aplicação prática do conhecimento, uma vez que boa parte dessas escolas têm participação de empresas para cocriação do currículo.

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Particularmente, creio que essa tendência deve ajudar a preencher as lacunas ainda existentes entre o profissional recém-formado e o que as empresas desejam. No Brasil, vejo a possibilidade de redução no déficit de mão de obra especializada em TI, estimado em 150 mil profissionais, segundo a IDC. 

Por fim, não posso deixar de mencionar a importância das startups do setor de saúde. O ano de 2018 foi traumático para o setor com o caso da Theranos, promessa no fornecimento de exames de sangue, mas que revelou-se uma grande fraude supostamente capitaneada por sua fundadora, Elizabeth Holmes. O que se prevê para 2019 é uma onda de empresas com modelos capazes de reinventar atendimento domiciliar, barateando serviços de saúde. A expectativa está em companhias que atuem diretamente com o consumidor, fornecendo kits de coleta ou sistemas de controle. 

Enfim, a lista é vasta e a maior expectativa é sobre o que pode se materializar nos próximos meses. Como toda empreendedora, sou otimista por natureza e creio na renovação. O que virá por aí Feliz (e produtivo!) 2019! *É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL

Opinião por Camila Farani
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